Discurso proferido pelo Presidente da República de Cuba, Fidel Castro Ruz, no ato pelo Dia Internacional do Trabalho, realizado na Praça da Revolução no dia 10 de maio de 2005.

(Exclamações.)

Escutem, escutem, escutem, resistir um pouco mais, que hoje, felizmente para vocês, não serei muito extenso (Exclamações de. Não!"). A natureza tem-nos ajudado, vejam que ar e que sombra, todo está em favor da nossa nobre causa.

Pessoalidades e lutadores de mais de 60 nações que partilham conosco este histórico Primeiro de Maio;

Prezados delegados ao IV Encontro Hemisférico de Luta contra a ALCA e pela ALBA;

Queridos compatriotas de toda Cuba:

Perante o império mais poderoso que tem existido na história da humanidade, empenhado em destruir a nossa identidade como nação independente no passado e mais tarde em destruir a uma Revolução ineludível, aqui estamos, nesta gloriosa Praça, após 46 anos de heróica luta, contra a qual se espatifaram suas mais pérfidas calúnias e seus mais grosseiros crimes.

A 90 milhas dessa potência Cuba está cometendo, e continuará cometendo – ninguém o duvide-, o pecado de existir.

Cada vez parecem mais ridículas, vergonhosas e impotentes as falácias da guerra cibernética que supostamente Cuba se preparava a realizar; a grande mentira sobre a fabricação de armas biológicas, na qual esteve envolvido o iracundo John Bolton, cuja máscara cínica tentam apresentar –talvez com toda razão- como símbolo perfeito do atual governo dos Estados Unidos perante as Nações Unidas.

Fracassou a sua renovada guerra ideológica com o rádio e a televisão anti-cubanas, chefiando um enxame de emissoras subversivas com as que invadiram ou tentaram invadir o nosso espaço radioelétrico; a tentativa de isolar Cuba no âmbito internacional; a promoção de mercenários vadios e seu uso como cavalos de Tróia dentro do país; as grosseiras ações da Repartição de Interesses sob a liderança de um provocador especialmente escolhido e instruído para promover a sua expulsão com uma merecida pancada no traseiro; as tentativas de asfixiar-nos com o recrudescimento do criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro.

Ao contrário, se fortalece, o crédito de Cuba, se ampliam suas relações econômicas internacionais e cresce o comércio com produtores agrícolas dos Estados Unidos, apesar dos numerosos obstáculos impostos pelo fraudulento e nojento inquilino da Casa Branca.

Fracassou igualmente a manobra para privar ao nosso país do uso do dólar, hoje expulso desonrosamente do nosso território, no qual, numa etapa muito difícil do período especial, reinou como um Luis XIV das moedas.

Todos seus projetos de agressão contra o nosso povo fracassaram. Aqui estamos mais fortes do que nunca, mais unidos do que nunca, mais decididos do que nunca a continuar a obra excepcional da criação de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais humana, mais próspera, como terra prometida ao alcance visível das nossas mãos.

Entre tantas e sinistras estratégias contra a nossa Pátria, o governo norte-americano apelou ao grosseiro recurso de incluir Cuba numa espúria e cínica lista de países terroristas.

Esta mesma semana que hoje conclui, o Departamento de Estado voltou a publicar a sua lista atualizada. De maneira perversa e vil afirma-se que: "Cuba continuou opondo-se ativamente à coalizão chefiada pelos Estados Unidos que travou a guerra contra o terrorismo mundial".

Por que Cuba tem que seguir o rumo de um governo gângster e genocida?

Após o dia 11 de setembro de 2001 e do ato atroz cometido nas Torres Gêmeas, planejado e executado por chefes fanáticos ligados financeiramente à dinastia que hoje impera na Casa Branca, que, aliás, foram treinados e utilizados pelos serviços especiais dos Estados Unidos, a política do império focalizou-se no que logo foi qualificado como cruzada mundial contra o terrorismo que inventado por eles contra Cuba, Vietnã e outros países, tornou-se numa tragédia mundial. Proclamou-se a doutrina nazista do ataque preventivo e por surpresa contra "qualquer canto escuro do mundo". Foram grosseiramente citadas cifras de 60 ou mais estados como possíveis alvos -e dentre deles, evidentemente, Cuba-, em cuja lista, como já se viu, o nosso povo aparece no primeiro lugar entre os possíveis objetivos.

Ninguém se surpreenda de que, com o mais profundo desprezo, usemos os qualificativos mais fortes contra tão etílicas e demenciais ameaças.

Com aquele pretexto começaram as guerras supostamente, destinadas a combater o terrorismo. Cuba advertiu o próprio 11 de setembro de 2001 sobre o disparate dessa concepção, bem como, que as guerras jamais seriam a solução do problema.

Notícias destes dias do Centro contra o Terrorismo dos Estados Unidos refletem que no ano 2004 aconteceram três vezes mais atos terroristas significativos (651 por 175) que no ano 2003.

Quando o governo norte-americano lançou a injustificada invasão do Iraque, argumentou como pretexto uma mentira consciente: a existência de armas de destruição em massa. Na verdade, procurava-se petróleo; era uma grosseira guerra de conquista. O hipócrita discurso de Bush de que o mundo é hoje mais seguro do que quatro anos atrás, cai esmagado sob as dolorosas evidências.

Que credibilidade pode merecer o espantalho sem vergonha contra Cuba elaborado pelo Departamento de Estado, que tem cometido, além disso, o erro de colocar no primeiro lugar ao país que menos temor lhe inspira e quem mais pode desmascarar suas desprezíveis mentiras?

Acima de tudo, o governo desse país comete a estupidez de afirmar que "o mais preocupante, é que esses Estados (dentre os quais está incluída Cuba em primeiro lugar) têm a capacidade de fabricar armas de destruição em massa e outras tecnologias instabilizadoras que poderiam cair nas mãos dos terroristas". E isso acontece precisamente quando John Bolton, o perturbado autor desse engendro, está sendo questionado por diversos e dos mais importantes serviços de inteligência dos Estados Unidos, nos quais arremeteu contra honestos funcionários que tiveram a coragem de opor-se a suas depravadas e insustentáveis mentiras. Importantes órgãos da imprensa, e o que é mais preocupante para a máfia extremista, belicista e genocida, até os membros da Comissão de Relações Exteriores do Senado estão espantados de tão inaudita conduta.

Os objetivos sinistros dessas mentiras já são conhecidos. Além desse comportamento histérico, a passada sexta-feira 29 de abril uma notícia informava que o muito ilustre Presidente dos Estados Unidos acabava de ordenar ao Departamento do Tesouro que entregasse uma generosa cifra de fundos cubanos congelados visando satisfazer outra demanda da máfia extremista e terrorista cubano-americana de Miami.

O verdadeiramente incompreensível e inexplicável dessa conduta do governo dos Estados Unidos, é que publica o referido documento do Departamento de Estado no momento em que a atual administração está envolvida –escute-se bem- num dos episódios mais embaraçosos e delicados de suas aventuras terroristas, de suas agressões e mentiras contra Cuba. Serão estúpidos?

O mundo inteiro sabe que Luis Posada Carriles, o mais famoso e cruel terrorista do hemisfério ocidental, como reconhecem os mais importantes órgãos da imprensa desta região do planeta, chegou ao território norte-americano e solicitou asilo ao governo desse país, cujos soldados estão morrendo todos os dias e cujas baixas mortais já ascendem a quase dos mil, em nome de uma guerra contra o terrorismo travada a partir dos fatos do 11 de setembro de 2001.

Os nossos compatriotas, que têm acompanhado de perto esse escândalo sem precedentes, sabem muito bem ao que estou-me referindo. Neste momento muitos estarão perguntando-se se a administração de George W. Bush pariu o monstro que levava pesadamente em suas entranhas. Resposta: o parto continua atrasando-se incrivelmente, apesar de que o assunto pode pôr em causa, tanto a saúde da mãe quanto do filho, e o número de parteiros e dos que estão botando as mãos nesse delicado assunto cresce constantemente.

Como nesses últimos três dias estávamos voltados para os convênios e documentos assinados entre a República Bolivariana da Venezuela e Cuba, e de maneira especial para os fatos ligados à visita do líder da Revolução Bolivariana, o nosso entranhável irmão Hugo Chávez Frias (Aplausos), e os históricos avanços que em brevíssimo período de tempo estamos conseguindo numa marcha rápida para a integração dos povos da América Latina e do Caribe, após duzentos anos de iniciadas suas lutas pela independência, dominados e saqueados até hoje pelo colonialismo e o imperialismo que os têm conduzido a uma situação já insustentável, não pudemos ocupar-nos da excepcional situação criada pelo retorno do monstro ao lugar onde foi engendrado e treinado para a longa série de crimes que tem cometido contra os povos de Cuba e de outros países.

Hoje mesmo, enquanto por um lado falava-se sobre aquele crime cometido em 6 de outubro de 1976 em Barbados com a explosão do avião de passageiros e a perda de mais de 70 vidas, entre essa data e o dia em que assassinaram ao jovem italiano num hotel da capital, tinham transcorrido 20 anos, o que significa 20 anos de assassinatos, de crimes cometidos pelos governos dos Estados Unidos, usando mercenários e utilizando terroristas do nível de Posada Carriles.

Também não podem esquecer-se mais de 45 anos de agressões, invasões mercenárias, ataques piratas, sabotagens, guerra suja que, em meio de um atroz e desapiedado bloqueio, ao custo da vida de milhares e milhares de compatriotas, vítimas desses atos de terrorismo. Como pode o governo dos Estados Unidos, e menos o atual, acusar Cuba, a vítima, e colocá-la no primeiro lugar na lista de terroristas, quando o que deveriam fazer é colocá-la no primeiro lugar dos países que têm sido vítimas, durante quase meio século do terrorismo imperialista (Exclamações).

Como temos quase 72 horas sem notícias do parto, procederei por isso imediatamente a oferecer-lhes à maior brevidade possível –levando em conta as circunstâncias do tempo e o esforço realizado por vocês nas últimas doze horas – as primícias das últimas notícias recebidas:

El Nuevo Herald informou em 29 de abril que perante o pedido de extradição apresentado pela Venezuela, os cúmplices do terrorista aprestavam-se a reforçar a equipe legal.

O conhecido terrorista e cúmplice de Posada Carriles, Santiago Álvarez declarou que "está fortalecendo-se a representação legal com advogados de diversas procedências".

Segundo o jornal, entre os advogados contratados para assistir ao terrorista encontram-se Kendall Coffey, o ex-procurador de Miami que chefiou a sinistra equipe de advogados que tentou manter seqüestrado ao menino Elián González, e Joaquín Chafardet, um outro advogado também mafioso bem conhecido na Venezuela, que representou anteriormente a Posada durante o processo em Caracas pela explosão do avião de Cubana, fortemente associado a Ricardo Koesling, representante da Fundação Nacional Cubano-Americana na Venezuela e um dos promotores do assédio à Embaixada Cubana durante o efêmero Golpe de Estado do 11 de abril de 2002 na República Bolivariana da Venezuela.

Versões citadas pelo jornal falam sobre um possível comparecimento do "ilustre" Posada Carriles perante a imprensa em breve tempo.

Santiago Alvarez Fernández Magriñat a mesmíssima personagem que conduziu a Luis Posada Carriles desde Ilha das Mulheres para a cidade de Miami entre o dia 16 e 18 de março, isto é, há 44 dias, numa entrevista que concedeu ontem a um canal de televisão de Miami, disse com absoluto cinismo que Posada Carriles "está bem, está pintando, ouvindo notícias e lendo"; textualmente e, pela sua vez, disse com sua linguagem própria de indivíduo ignorante e inculto que "é muito provável que nos próximos dias seja chamado à Imigração, e assim se apresente a Imigração terão que vê-lo, terão que falar com ele". "Nos próximos dias esta-se preparando que ele conceda uma entrevista limitada, assim que os advogados o considerem oportuno para informar sobre determinados pontos que precisam resposta". Na verdade, há um milhão de pontos que precisam resposta: Será que o senhor George W. Bush está a par disso?

Segundo o Herald - que como vocês sabem tem muitas ligações com a máfia, especialmente me refiro ao chamado El Nuevo Herald - fontes na capital estadunidense asseguraram que a petição de asilo de Posada caiu como "um balde de gelo" nas altas esferas estadunidenses. "Tem criado muita fricção política", disse um alto funcionário que pediu o anonimato. "É o pior momento em que isto podia acontecer". Escutem a frase desse funcionário: "É o pior momento em que isto podia acontecer".

Informações recebidas indicam que a administração Bush não sabe como sair deste emaranhado e embaraçoso problema. Têm uma bomba de tempo em suas mãos. À força de jogar com o terrorismo, engendrá-lo, apóia-lo, e desenvolvê-lo, nada tem de estranho que tenham uma bomba de tempo nas mãos.

Afirma-se igualmente que até a golpeada Fundação Nacional Cubano-Americana, principal protetora e financista de Posada Carriles, em estreita coordenação com os governos de Estados Unidos, está preocupada porque este assunto possa sujar ainda mais a sua esbanjada imagem política, e pela sua vez temem que o terrorista possa fazer-lhes mais exigências visto que conhece muitas coisas.

Por sua parte, em círculos da imprensa de Nova Iorque, comenta-se que o governo dos Estados Unidos está realizando intensas gestões com diversos países centro-americanos para deslocar secretamente ao terrorista para qualquer país da área.

Por outro lado, afirma-se que o governo salvadorenho teria informado ao governo dos Estados Unidos por diversas vias que não quer a Posada Carriles em seu país – ninguém quer saber disso, como ratos que fogem em meio da tempestade- bem como pouco provável que aceitem o terrorista. O país de destino final dependerá das pressões que exerça o Departamento de Estado. Já saberemos que resultados obteve a distinta dama que ocupa o cargo de Secretária de Estado e que hoje percorre este hemisfério para tratar temas sobre democracia e ingovernabilidade ou governabilidade neste hemisfério. Nem sequer sabem o que está acontecendo, nem sequer reparam de que numa semana, em apenas uma semana, três governos caíram em graves crises.

Os jornalistas comentam que a denúncia cubana sobre esse tema de Posada Carriles surpreendeu às autoridades dos Estados Unidos, que conhecem a sensibilidade do tema e alteraram qualquer intenção inicial de aceitar a Posada no seu território.

Aqui um dos destacados oradores que me antecederam – foi Schafick- falava da "batata quente". Os cubanos sabem bem o que é uma batata quente acabada de sacar, talvez de uma panela de pressão, que está acessa, queima as mãos, queima os lábios, queima a língua, o queima todo, e assim andam, com uma batata especial que não se quer esfriar e, aliás, não vamos deixá-la esfriar (Aplausos).

Em círculos políticos salvadorenhos comenta-se que para algumas lideranças do governamental partido ARENA seria um problema não ajudar a Posada.

Nesse quadro, o ex Ministro do Interior e empresário do ramo cafeeiro Mario Acosta Oertel, "muito amigo de Posada e da gente de Miami" seria a pessoa encarregada de mover o tema do terrorista em El Salvador.

A esposa de Acosta é prima-irmã do terrorista detido em Cuba, Otto René Rodríguez Llerena.

Segundo jornalistas de uma importante cadeia de televisão dos Estados Unidos, seus colegas em Miami dizem estar convencidos de que Posada Carriles encontra-se oculto numa casa na Flórida.

Os repórteres dessa cadeia em Miami consideram que o FBI sabe onde se encontra Posada e quem o acompanha, e não rejeitam que entre as variantes que manejem para forçar a sua saída do país usem o procedimento de acusar à pessoa que o abriga e aquelas que lhe deram entrada, às que lhe deram licença para entrar, e às que sabem como entrou, onde está e não dizem nada.

Esses repórteres afirmam não compreender por que o FBI ainda não deteve a Posada, pois o terrorista está indicado como fugitivo da justiça venezuelana por um governo que antecedeu ao do Presidente Chávez.

Não obstante, exprimem que também não poderiam enviá-lo para a Venezuela dado que o governo norte-americano está certo de que seria como entregá-lo a Cuba.

Vejam que sofisma. Precisamente Cuba, desde o primeiro momento, renunciou ao seu direito a julgá-lo, o mais legítimo de todos, porque foram os seus filhos num número elevado, os que tinham sido vítimas dos crimes desse monstro, engendrado e treinado nos Estados Unidos e utilizado durante dezenas de anos. Caso contrário, como poderia explicar-se todo, ou como poderia explicar-se a chantagem sem vergonha ao qual têm submetido ao governo da superpotência mais poderosa que nunca tem existido?

Segundo a opinião dos repórteres, o FBI estaria avaliando cuidadosamente os cenários aos que se expõem, e acham que a administração Bush ainda não tem decidido como encarar o caso –na verdade, estão mudos, paralisados, desconcertados-, mas supõem que quando Posada apareça publicamente, já o FBI deverá ter pronto um plano.

Jornalistas da televisão de Miami comentam que as principais cadeias dos Estados Unidos seguem a pista de Posada e algumas delas estão muito perto de descobrir o seu paradeiro. Existem versões de que está oculto numa residência muito cara, avaliada em quase três milhões de dólares, situada num bairro exclusivo nos arredores de Miami. Ali será onde lê, escuta notícias e pinta, como um novo Picasso, lá nos covachos do império, cuja política e cujo ideal cultural, pelo menos desse governo, é ter pintores com as mãos manchadas de sangue e no cérebro aquela afirmação bárbara: "Pusemos a bomba, e que?" ou aquela na qual referendo-se ao jovem italiano Giustino Di Celmo carimbou aquela famosa frase: "Estava no lugar errado, no momento errado". Agora parece ser que tanto ele como o governo dos Estados Unidos ou o Presidente da atual administração estão no lugar errado, no momento errado (Aplausos).

E vejam o que puderam conseguir os 180 000 homens que trabalham no Departamento de Segurança, as 22 entidades que cooperam e participam na luta contra o terrorismo e a proteção da segurança interna dos Estados Unidos, nem as 15 agências de inteligência que têm centenas de bilhões de dólares de orçamento; o que eles não têm podido fazer nem encontrar, os órgãos de imprensa norte-americanos vão terminar fazendo-o e descobrindo-o.

Também dizem que o FBI não está vigiando a área onde supostamente se encontra Posada, e que Eduardo Soto, advogado do terrorista preferiu oferecer as suas declarações e entrevistas públicas à televisão hispana sem levar em conta que atualmente Posada tornou-se num alvo priorizado da maioria dos canais de televisão do país, que começam a mobilizar-se para de encontrá-lo e filmá-lo, e que se o FBI não o descobrir, a televisão o fará.

Em carta recente o Senador republicano Norm Coleman confirma que o Departamento de Segurança da Pátria dos Estados Unidos recebeu um pedido de asilo em nome de Posada Carriles.

Lembrem que há alguns dias a Universidade das Ciências Informáticas (UCI) estava indagando sobre o formulário onde se indicam as obrigações do advogado ou quem seja que apresente um documento de petição de asilo, e que as leis sancionam com vários anos de prisão aos que violam esses requisitos. O que diria a lei sobre aqueles que ostentando altos, e inclusive, altíssimos cargos são cúmplices dessa ocultação, são cúmplices desse terrorista, tanto como para permitir ou autorizar a entrada, ou talvez pior, que o tivessem entrado sem o seu consentimento prévio? E ai há um governo paralisado durante mês e meio, incapaz de prender ao terrorista e a todos os cúmplices de menor quantia, que desobedeceram as ordens das autoridades superiores.

Esta carta do Senador significa que, finalmente, há notícias de um documento zelosamente guardado que o temos procurado com muito interesse em dias recentes.

O que diz textualmente esta carta?

"Prezado senhor Hughes:

"Obrigado por dedicar tempo para contatar-me ao respeito do senhor Luis Posada Carriles".

"Como você conhece, o senhor Carriles foi perdoado pela Presidenta panamenha Mireya Moscoso em 26 de agosto de 2004. O advogado do senhor Carriles tem alegado que este entrou nos Estados Unidos através do México há algumas semanas.

"Eu tenho partilhado as suas preocupações com o Departamento de Segurança da Pátria (DHS).

"DHS tem-me confirmado que o advogado do senhor Carriles apresentou uma petição de asilo para o seu cliente. No entanto, devido aos atos passados de terrorismo que ele tem, e que ele mesmo admitiu que planejou e realizou, Carriles não é elegível para o asilo.

"DHS não pode confirmar que Posada Carriles tenha entrado no país, mas alertou às principais agências encarregadas de implementar a lei de sua possível presença." Se quer sabê-lo, essa instituição não tem mais do que procurar a este senhor Santiago Alvarez, o que o levou no pequeno navio desde Ilha das Mulheres para Miami. Isso não o poderão desmentir nunca, têm que engolir isso que poderia parecer um pesadelo, mas não é um pesadelo, é uma irrefutável e irrebatível verdade. Em cinco minutos podiam ter investigado onde é que estava a criatura que naquele país engendraram as autoridades, os serviços especiais e o governo.

Continua dizendo o senador:.. "Se fosse encontrado, Carriles poderia encarar uma deportação imediata dos Estados Unidos pelas suas passadas atividades terroristas.

"Obrigado mais uma vez por ter dedicado tempo para contatar-me. Apreço o seu conselho, e se eu pudesse ser de alguma utilidade para você no futuro, por favor, não vacile em contatar-me de novo.

"Sinceramente,

"Norm Coleman

"Senado dos Estados Unidos."

Pelo que pode apreciar-se nos próximos dias, nos esperam notícias de muito interesse. O governo dos Estados Unidos, chantageado pelos próprios corvos que criou, não teve a coragem de aplicar o único recurso que lhe resta: prender de imediato a Posada Carriles, cumprir as leis nacionais e internacionais e colocá-lo à disposição de um tribunal venezuelano que deve julgá-lo. Já disse que Cuba renunciou, justamente, para que não tivessem o menor pretexto.

Lá, na Venezuela há um governo bolivariano que tem enorme prestigio no mundo, o país fica cheio de jornalistas as vezes que quiser. Existirá um lugar melhor, visto que Cuba renunciou a julgá-lo? Que pretexto podem procurar agora para não enviá-lo ali?

Nós, inclusive, colocamos que a Venezuela tem o melhor direito e que até aceitaríamos um tribunal internacional, absolutamente imparcial, em um lugar em que as partes concordem para que esse assassino seja julgado. E não é que se trate, na verdade, de uma personagem importante, o importante da personagem é que revela ao mundo a imensa hipocrisia, as mentiras, as imoralidades e o cinismo com que o império mantém submetido ao mundo. O importante é isso, não esquecê-lo. O mundo exige que seja julgada a injustiça, o mundo exige que seja julgada a hipocrisia, o mundo exige que sejam julgados os métodos imperiais para enganar e dominar ou para manter um domínio cada vez mais insustentável sobre o mundo.

Prometi não estender-me demasiado, só me resta agradecer aos que aqui falaram (Aplausos).

Temia-mos que o ato se prolongara. Sabemos que estamos em verão, que o sol é forte, que vocês começaram a mobilizar-se, os da província vizinha de Havana, às 10h:00 da noite e que às 2h:00 da manhã já estavam deslocando-se para reunir a mais de um milhão trezentos mil cidadãos que não podem ver-se aqui, porque todos os espaços vazios e todas as avenidas ao redor desta Praça estavam lotadas de compatriotas.

Vocês merecem o mais infinito reconhecimento pelo seu espírito revolucionário e patriótico, pelo seu apoio a tão justa causa, por essa mostra de dignidade e de espírito revolucionário; o silêncio, e a incomovível atenção com que escutaram as palavras valentes, comovedoras e eloqüentes de todos os que passaram por esta tribuna no dia de hoje, para aprofundar em nossa informação e em nossos conhecimentos dos horrores cometidos pelo imperialismo ianque contra os povos da América Latina e cujas palavras fortaleceram a nossa confiança e a nossa convicção de que os nossos povos serão livres e se unirão estreitamente para defender as mesmas causas que defendemos aqui, com a mesma língua com que eles e outros falaram aqui, inclusive, os de língua inglesa, porque a final, e não será difícil, e pensando também naquele povo que num tempo começou suas lutas contra o colonialismo e na qual muitos de seus filhos morreram lutando contra o fascismo, se unirão ao seus irmãos latino-americanos na luta pela injustiça, na luta pela verdade, na luta pela sobrevivência da nossa espécie, que hoje está em jogo.

Nunca esqueceremos este ato, nunca esqueceremos as palavras solidárias dos nossos irmãos do sul, do centro e do norte. A língua não será um obstáculo, porque todos os que falamos espanhol ou português aprenderemos inglês, e um dia os que falam inglês aprenderão o idioma dos latino-americanos, espanhol e português (Aplausos).

Como exprimi recentemente e tem-se tornado na principal palavra de ordem da mobilização do atual Primeiro de Maio: "...esta humanidade tem anseios de justiça." É o que vocês demonstraram aqui hoje (Aplausos e exclamações de: "Fidel, Fidel!")

E ao contemplar esta gigantesca, insuperável e emocionada multidão, lembro, como se fosse hoje aquele inesquecível 15 de outubro de 1976, o instante em que despedíamos às vítimas do monstruoso sabotagem contra o avião cubano em Barbados, que me fez exclamar: "Quando um povo enérgico e viril chora, a injustiça treme!"

Já veremos!

Viva o XXX Aniversário –que lembramos também hoje- da gloriosa e exemplar vitória do povo de Vietnã, que o imperialismo não deve esquecer nunca!

Pátria ou Morte!

Venceremos!

(Ovação).