Reitera o presidente Fidel Castro oferecimento de ajuda médica ao povo
dos Estados Unidos da América no programa televisionado Mesa Redonda, em 2 de
setembro de 2005.
Foi necessário
improvisar esta intervenção, como
acontece algumas vezes, quando os acontecimentos se antecipam , e agora
explicarei porque.
Ontem se produziu
uma ronda de imprensa, daquelas habituais no Departamento de Estado, com a
participação de Porta Voz desse Departamento, Senhor MacCormack.
Tenho que
referir-me textualmente às declarações do Porta Voz.
"Sala de
imprensa do Departamento de Estado, Washington, DC, 12h46 pm, Quinta feira, 1°
de setembro de 2005."
Naquele momento
nós estávamos na celebração da Assembléia Nacional atendendo questões
importantes; entre elas um ponto ligado à tragédia nos Estados Unidos de
América.
"O
Senhor MacCormack disse: Boa tarde.
Queria começar com uma breve atualização dum tema que sim é de interesse
para todos os que cá estão presentes, sobre os esforços de ajuda após do passo
do furacão Katrina, abem como os oferecimentos de ajuda do exterior."
"Permitam-me
começar dizendo que temos recebido numerosos e generosos oferecimentos de ajuda
de governos estrangeiros e organizações forâneas, e a Secretária Rice, após consultar com a Casa Branca, deixou
bem esclarecido que aceitaremos todos os oferecimentos de ajuda vinda do
exterior. Qualquer coisa que sirva de
ajuda para aliviar a difícil situação, a trágica situação da gente da área
afetada pelo furacão Katrina será aceite."
Posteriormente
continua:
"Posso
mencionar-lhes uma lista, que até agora é uma lista que cresce e se atualiza
constantemente, de fato, cada uma hora."
"Recebemos oferecimentos gerais de ajuda, bem como
outros mais específicos de diversos países e organizações, que incluem a
Rússia, Japão, Canadá, França, Honduras, Alemanha, Venezuela, a OEA, Jamaica, a
OTAN, Austrália, Reino Unido, Holanda, Suíça, Grécia, Hungria, Colômbia, a
República Dominicana, El Salvador, México, China, Coréia do Sul, Israel e os
Emirados Árabes Unidos".
"Tentarei de
mante-los informados sobre o que se acrescente à lista. Como já disse, cresce literalmente cada
hora".
Só mais tarde, já
quase a noite, após de terminada a sessão da Assembléia, que começamos a ver as mensagens, e nem
sequer conseguimos lê-los todos. De
algumas das noticias recebemos informação hoje de manhã, hoje, entre elas a que
acabei de ler.
Isto me põe na
necessidade de esclarecer a posição de Cuba, porque na realidade muitas pessoas
amigas, dentro e fora dos Estados Unidos de América, sabendo que um hábito do
nosso país oferecer cooperação em situações como esta, para alem de conflitos, divergências
políticas e ideológicas e de qualquer tipo, começaram a nos chamar assombrados
de que tivéssemos oferecido nenhum apoio aos Estados Unidos da América perante
a tragédia ocasionada pelo furacão Katrina.
As chamadas se
repetiam uma trás outra, e por isso foi imprescindível fazer esta declaração,
cujo conteúdo se explica por sim próprio.
Entre outras coisas, se pode
apreciar que não se trata de uma simples questão de Relações Públicas, não, mas
sim de um fato importante, inclusive desde o ponto de vista prático.
Lerei uma breve
cronologia do oferecimento de ajuda por parte do governo cubano ao governos dos
Estados Unidos por motivo do furacão.
"25 de agosto
de 2005".
"O furacão
Katrina açoita a Flórida provocando perdas de vidas humanas e quantiosos danos prejuizos
materiais."
"Dias depois,
em 29 de agosto de 2005. Após atingir
categoria 4 na escala de Saffir-Simpson, o furacão Katrina açoita os Estados de
Louisiana, Mississippi e Alabama.
Começaram a publicar as primeiras notícias sobre a magnitude da
tragédia."
"Em 30n de
agosto de 2005 ainda estavam soprando as últimas rajadas sobre estes estados, como por exemto o
estado de Louisiana e outros do Sul, com os que temos relações comerciais, pelo
menos de importantes compras de alimentos.
Inclusive recebemos visitas de autoridades desse Estado ligadas a essas
compras por parte de Cuba aos Estados Unidos da América, que já tem diversos
anos de iniciadas."
Aconteceram muitas
coisas. Eu já falei com milhares de
agricultores, porque à primeira Feira vieram centos, tive um encontro com um
grupo, depois com outro grupo, e nestes quatro anos conversei com milhares de
agricultores e visitantes norte-americanos, autoridades estatais, governadores,
senadores, representantes.
Há apenas dois
meses, nos visitou a governadora do
Estado da Louisiana, uma pessoa muito agradável, vinha, como fazem os
governadores, interessada pêlos temas e os problemas do Estado. E este, é um
dos mais afetados pelo furacão, é um estados
mais pobres; agricultura desempenha um
papel importante para eles, bem como os portos, por onde se exportam os
produtos.
"As 11h32 da
amanhã do 30 de agosto de 2005, chamei ao nosso Ministro de Relações
Exteriores, o companheiro Felipe para pedir-lhe que transmitisse imediatamente,
à Repartição de Interesses dos Estados Unidos da América em Havana e através do
nossa Repartição em Washington, uma
mensagem de condolências ao Governo dos Estados Unidos pelas afetações
provocadas pelo motivo do furacão e se lhe oferece ajuda na área de atendimento
de saúde, porque sabíamos pelas notícias
que chegavam, que lá se estava
produzindo uma catástrofe."
Se nalguma ocasião
foi importante oferecer o que nós podíamos oferecer, fundamentalmente, pela
experiência que temos na luta contra furacões e nas medidas de proteção à
população, evacuação, apoio, etc., etc., é na área de atendimento médico. Quando aconteceu a catástrofe do 11 de
setembro, Cuba foi o primeiro país que ofereceu apoio, porque escutamos as
notícias de que os aviões estavam voando e não podiam aterrar nos
aeroportos. O que nós fizemos
imediatamente foi oferecer nossos aeroportos, e posteriormente oferecíamos o
que podíamos oferecer: assistência
médica, levando em conta a magnitude do enorme número de vítimas.
Estamos mais perto
de Nova Iorque do que da Califórnia, uma
ajuda de Cuba pode chegar primeiro desde Cuba até Nova Iorque que da
Califórnia, são uma três horas de Cuba a
Nova Iorque. Acho que é o dobro do tempo
de Califórnia a essa cidade.
Em fim, oferecemos
ajuda médica, não era nada ridículo, as vezes para salvar uma vida é necessário
um grupo sangüíneo estranho para uma transfusão, uma, dois, três, 10 vidas,
esse não é o problema; si se consegue salvar uma vida, existe a obrigação de
salvá-la.
"Às12h45 pm
cumprindo as instruções a Diretora Interina de América do Norte do Ministério
das Relações Exteriores, Josefina Vidal, teve um encontro com o segundo Chefe
da SINA, Edward Alexander Lee, para trasladar-lhe a mensagem de maneira verbal,
e, além disso, entregar-lhe cópia por escrito."
Não perdemos nem
um minuto sequer, essa é a verdade. Pôr
aqui está a companheira Josefina.
"Cumprindo as
instruções recebidas, a ca. Josefina Vidal lhe expressou ao Senhor Lee
textualmente: `Queremos fazer uma
pausa __aludindo o estado atual das
relações entre Cuba e o Governo dos Estados Unidos__, `devido a gravidade da
situação provocada pelo furacão Katrina´. "Nós também fomos afetados, não
esqueçam que quando estava chegando à Flórida, estávamos na mesa redonda e
tinha derrubado postes elétricos, e tinha interrompido a eletricidade.
Foi uma coisa
quase de repente. Quando a cauda do
furacão atravessou a Flórida do Este ao Sudeste da península, também nos
afetou, muitos vôos foram suspensos, outros foram desviados com pacientes que fariam intervenções
cirúrgicas em Cuba: uns foram para
Camagüey, outros para Holguín; aviões nossos que tinham que sair da Venezuela
não conseguiram decolar.
Ao dia seguinte,
ninguém sabia por onde passaria o furacão, que inclusive se aproximou a Cuba,
criou problemas em Pinar del Río,
grandes chuvas; depois foi para o norte, deixando chuvas fortes, inunandoções
em alguns lugares, advertência de penetração do mar, penetrações do mar em
Pinar del Río, há que ver as fotos. Ao
dia seguinte nós estávamos realmente sob os efeitos do furacão e simplesmente
escutávamos notícias de que se dirigia para o Norte e que ia adquirindo força,
categoria 4 e 5, exatamente igual ao
outro que passou por aqui há varias semanas.
Após das primeiras
palavras de Josefina, deu leitura à mensagem indicada, cujo texto é o seguinte:
"Pôr
instruções da direção do Governo cubano, lhe transmito as nossas condolências
pela perda de vidas humanas e os danos materiais ocasionados pelo furacão
Katrina e lhe informo sobre o nosso dispor de enviar imediatamente às zonas
afetadas os médicos e o pessoal de saúde que for necessário em qualquer parte
e, para além, 3 hospitais de campanha com o pessoal necessário."
Em cumprimento das
instruções, Josefina concluiu exprimindo-lhe ao Senhor Lee que: "Não nos propomos fazer publicidade com isto,
esperamos a vossa resposta. Por isso não fizemos publica a mensagem, na verdade
não publicamos nada. É que não queríamos que parecesse uma questão de publicidade.
O mesmo dia 30,
"O chefe da Repartição de Interesse de Cuba em Washington, Dagoberto Rodríguez, foi recebido a pedido dele, às 4h30 no Departamento de Estado pelo
funcionário John Reagan, a quem transmitiu exatamente a mesma mensagem que foi
transmitido em Havana, deixando-lhe por escrito o texto da mensagem".
O dia 31, às 2h15,
"O Chefe da Repartição de Interesses de Cuba em Washington, Dagoberto Rodríguez, assistiu a uma reunião
convocada pelo Departamento de Estado com o corpo Diplomático em Washington, na
qual se informou sobre o furacão Katrina
e se deram instruções sobre os mecanismos de informação e as
instituições ligadas à proteção contra desastres."
Na realidade
achamos que foi um gesto positivo que ao dia seguinte se desse o passo de
convidá-lo, questão que nem sempre acontece.
Transcorridos dois
dias, após o nosso oferecimento, ontem, 1° de setembro, na hora que indiquei e enquanto estávamos na
Assembléia Nacional do Pode Popular, se produziu a declaração do Porta Voz que
na realidade é a que eu vejo hoje dia
2. Quase todas as notícias as assistimos
hoje. Estivemos na Assembléia até as
11h00 e posteriormente recebendo alguns visitante.
Ao acontecer isto,
essa declaração de ontem, se produz hoje a chuva de chamadas. Nós não desejávamos nenhuma publicidade ao
respeito disto. Mas, que vamos dizer aos
que chamam?. Ou ficaremos agora perante
toda a opinião mundial com uma posição estranha, rara, e que fase a uma tragédia
de tal magnitude que não tivéssemos nenhuma palavra de condolência para o povo
dos Estados Unidos?
Há mais outra
coisa, ontem ao começar a
Assembléia, a primeira coisa que
propõe a presidência da mesma é uma mensagem de solidariedade ao povo norte-americano,
que foi publicada hoje na íntegra.
Diz assim.
"Mensagem de
solidariedade ao povo norte-americano"
"O povo de
Cuba tem acompanhado com preocupação as noticias ligadas aos prejuízos que o furacão
Katrina tem causado nos territórios de Louisuiana, Mississippi e Alabama. Informações ainda incompletas, permitem
compreender que se trata de uma verdadeira tragédia de dimensões
extraordinárias.
"Em termos de
destruição física e prejuízos materiais, se lhe considera como o mais custoso
desastre natural da história norte-americana.
A Cruz Vermelha desse país estima que seu trabalho será mais duro do que
aquele que realizou com motivo do feroz ataque do 11 de setembro de 2001."
"Dezenas de
milhares de pessoas estão presas nas áreas inundadas, perderam seus lares,
estão dislocadas ou refugiadas. A Governadora de Louisiana qualificou como
desesperada a situação
"Este
desastre com sua enorme carga de morte e sofrimento, bate a toda a população
dos Estados Unidos, mas açoita com maior força aos afro americanos,
trabalhadores latinos e norte-americanos pobres que fazem parte da massa de aqueles
que ainda esperam serem resgatados e
levados a lugares seguros e é entre eles onde se concentra o maior número de
vítimas fatais e pessoas que ficaram sem lares.
Essas notícias
produzem dor e tristeza aos cubanos. Em
nome deles queremos expressar a nossa
profunda solidariedade ao povo dos Estados Unidos, às autoridades estaduais e
locais, bem como às vítimas desta catástrofe.
O mundo todo deve sentir esta tragédia como própria.
"Assembleia
Nacional dfo Poder Popular da República de Cuba,
"Havana, 1º
de setembro de 2005."
Guardou-se um
minuto de silencio pelas vítimas.
Realmente foi um gesto emotivo e natural no sentimento do nosso povo
para o povo dos Estados Unidos e respeitoso pelo resto das autoridades, sem
ofensa, nem nenhum ataque.
Estamos perante
essa situação, as notícias cada vez são mais duras, haverá milhares, centenas de milhares, talvez milhares de
pessoas estranhadas de que Cuba não
tenha oferecido nenhum apoio, e estamos ao lado. Nenhum pais está mais próximo; está muito mais perto do que Japão, qualquer
coisa que seja necessário por modesta que seja chega mais rápido de aqui ao sul dos Estados Unidos que do Japão ou
Ásia. Bom, eles falaram, inclusive com admiração, acho
que até de Sri Lanka, de alguma ajuda oferecida para alem das suas
dificuldades. Os Emirados Árabes estão
muito mais longe.
Bom, estamos até
mais perto que Honduras, mais perto que América Central e ainda mais perto que
qualquer país de América do sul. Fizemos
todos os cálculos, numa hora e 50 minutos, um avião nosso pode aterrar no
aeroporto internacional mais próximo ao lugar da tragédia.
Assinalar a
verdade e reiterar nossa disposição para cooperar é causa fundamental desta
comparência, não para criticar, esse não é o nosso ânimo. Não nos mencionaram nessa longa lista, e
talvez fomos os primeiros, porque se
repara a hora em que foram dadas as instruções e se transmite a mensagem,
parece-me que o nosso oferecimento foi bastante rápido e foram coisas concretas: médicos ao lugar da tragédia, precisamente o
que está faltando agora em muitos lugares.
A nossa posição
não pode ser de ressentimento ou de queixa sequer. Como realmente se lhe disse ao Segundo Chefe
do Repartição de Interesse, o Senhor
Lee, que não nos propúnhamos fazer publicidade com isto, talvez se interpretou
como que não desejávamos que se fizesse nenhuma publicidade. Talvez for um equivoco, não estou afirmando
que a omissão do nome de Cuba se produziu intencionadamente; mas, embora se
tivesse feito intencionadamente, não é coisa que nos preocupe, nunca fizemos
nada para que se nos reconheçam ou nos agradeçam, assim atuamos não uma vez, senão um monte de
vezes.
Estava Somoza na
Nicarágua quando aquele terremoto tremendo que destruiu a cidade das primeiras
coisas que chegaram lá foram hospitais de campanha e médicos cubanos.
Não tínhamos
relações com Peru, e outros muitos países, e isso não foi obstáculo, os
apoiamos de imediato. Acaba de
produzir-se o tsunami do outro lado do mundo,
e enviamos a dois países uma brigada médica, e isso foi custoso pelo que
custa enviar um avião que não poupa tanto combustível, como um Boeing, o nosso consome bastante,
levar uma brigada médica até Oceania num
desses aviões custa muito, são centos de
milhares de dólares, precisamente pelo
custo hoje que hoje tem o combustível de avião e os medicamentos que leva, e
casas de campanhas, que não serão trazidas de volta no avião, ficarão lá.
Em São Domingo, em
Haiti e na América Central quando foram terrivelmente atacados por furacões que
custaram dezenas de milhares vidas na
última região mencionada, fizemos mais alguna coisa a mais.
De tais fatos saíram as brigadas que hoje constitui um tremendo
movimento, deles nasceu também a Escola Latino-americana de Medicina que já e
quase desde o ponto de vista da formação de médicos, como serviço à região e
como serviço à humanidade, algo extraordinário do qual se derivarão os 200 mil
médicos que formaremos em 10 anos, entre Venezuela e Cuba.
Todo isso nasceu
sempre precisamente do espírito de
cooperar, hoje reconhecido em muitas partes porque inclusive em Honduras onde
se falou que iam retirar os médicos, se produziram uma serie
de declarações da população solicitando que de maneira nenhuma os retirem, que estão dando atendimento a 2,5 milhões de
pessoas que não recebem outro atendimento.
Todos se mobilizaram para que não os retirassem, e nós dizemos que
nunca, por nenhuma ofensa retiraríamos uma ajuda médica, salvo se o governo do
país o solicita. Os nossos médicos ficam
inclusive quando há guerra, e assim
aconteceu no Haiti, nenhum médico se retirou
e atenderam doentes, feridos e a qualquer pessoa que o solicitasse.
Essa e a conduta
dos nossos médicos, essa é a ética dos nossos médicos e também os princípios do
nosso país. Não vamos a enviar uma força
médica para retirá-la quando surja qualquer conflito diplomático, qualquer
divergência, ou inclusive alguns fatos que são muito ofensivos para o nosso
país, jamais faríamos outra coisa.
Essa é a Linha,
por isso digo que este não é o momento para nos queixar nem sequer pela omissão do nome de Cuba por parte
do Porta-voz do Departamento de Estado. Queremos insistir, quer dizer, queremos
reiterar a nossa vontade de cooperar com o povo dos Estados Unidos, e com muita
mais razão depois do que vimos, por isso aqui queremos exprimir textualmente a
nossa posição e reiterá-la ainda mais
concretamente.
“Nosso país está
pronto para enviar em horas da madrugada desta noite 100 Médicos Gerais e
especialistas
Da mesma maneira,
Cuba está pronta para enviar pela via de Houston ou qualquer outro aeroporto
que se lhe indique. 500 Especialistas
“Um terceiro grupo
de 500 especialistas
E o dano que
deixou, nas condições de uma planície, baixa, muitos rios. Parece que nessa
zona também aconteceram outros acidentes, alguma barragem, ou diques que não
resistiram, todas essas situações. Um furacão é um furacão, de categoria cinco
mesmo. O que passou por aqui, entrou por Cienfuegos com categoria quatro.
Entrou com mais
força, inclusive, ao se aproximar.
“Este pessoal
médico possui a experiência internacional e os conhecimentos lingüísticos elementares para atender os doentes.
“Só aguardamos
resposta das autoridades dos Estados Unidos de América.”
Nossos médicos
estiveram na África do Sul, em muitos lugares de fala inglesa, até em zonas de
dialetos, inclusive; porém é muito fácil comunicar-se com o médico. As crianças,
por exemplo, de oito meses não falam, os médicos fazem o diagnóstico, são
capazes simplesmente de diagnosticar, às vezes o idioma não faz falta; mas têm
os conhecimentos elementares necessários.
A importância
deste oferecimento se pode deduzir de uma informação procedente da cidade de
Nova Orleáns, de hoje, 2 de setembro, da agência Efe, e que diz textualmente, é
bom lê-la.
«Sem eletricidade
nos hospitais, as farmácias de Nova Orleáns sob mais de um metro de água,
milhares de doentes sem assistência sanitária e a crescente ameaça de surtos
infecciosos, a saúde de dezenas de milhares de pessoas afetadas pelo furacão
‘Katrina’ está em perigo.
“A crise pela que
atravessam Nova Orleáns e grandes áreas do sul de Lousiana se agrava pelo fato
de que a maioria das dezenas de milhares de pessoas atingidas pelas enchentes
são as mais pobres dentre os pobres do país, indivíduos que padecem mais que
outros grupos sociais de doenças mentais e físicas.
“Um trágico
exemplo dos problemas de sanidade que ‘Katrina’ e as inundações que a
acompanharam trouxeram aos habitantes de Nova Orleáns, se podia observar na
quinta-feira nas portas do Centro de Convenções da cidade, onde se refugiam de
20 mil a 25 mil pessoas.
“Numa das paredes
exteriores do Centro descansa o cadáver de uma idosa, sentada numa cadeira de
rodas, coberta por uma manta Em outro extremo do Centro de Convenções duas
pessoas faziam uma massagem cardíaca a um homem que se encontrava no solo
inconsciente, numa tentativa vã por salvar sua vida.
“Idosos, crianças
e doentes dentre os pobres de Nova Orleáns — onde segundo as cifras oficiais
perto de um terço de seu 1,4 milhão de habitantes é pobre —” quase meio milhão,
“os mais vulneráveis pagam o maior custo
do desastre.
“Alguns peritos já
advertiram sobre as conseqüências psicológicas que o caos e a violência
presentes
“Outra preocupação
dos peritos é o possível surgimento de surtos de cólera ou de febre tifóide.
“ 80% de Nova
Orleáns encontra-se sob os níveis das águas. As autoridades temem que centenas,
possivelmente milhares de pessoas morreram em dias passados e ficaram presas em
suas casas”
Falamos de
oferecer apoio a pessoas que ficaram presas num prédio, num estádio, num lugar
qualquer, numa aldeia, o pessoal médico que trabalha onde seja preciso, com os
medicamentos. Este pessoal médico pode
salvar a vida em casos como o daquele homem que recebia massagens devido a um
ataque cardíaco, e um medicamento para esses casos ou outros problemas sérios
pode ser resolvido por um médico com sua mochila de medicamentos essenciais. Quem
sabe se eles poderiam salvar essa pessoa que estava na cadeira de rodas, seria
bom saber por que ela morreu.
Isto é, não
oferecemos médicos para Disneylândia ou para se hospedarem em hotéis de cinco
estrelas.
“Com temperaturas
que ultrapassam os 30 graus centígrados” — isso não é nada para um médico
cubano —, “os corpos descompostos de pessoas e animais se convertem em lugares
de bactérias”.
“Aliás, os esgotos
da zona urbana de Nova Orleáns verteram seu conteúdo nas águas estagnadas nas
ruas da cidade, por onde têm que passar
as pessoas que tentam fugir.
“E também, desde o
ar se podem observar, às claras, as manchas de produtos químicos perigosos que
flutuam nas águas procedentes de empresas e indústrias, como as refinarias ou
empresas agrícolas, que se encontram nas redondezas da cidade.
“Os peritos
advertem que se as pessoas têm contato com essas águas podem adquirir doenças
infecciosas.
“A Administração
de Alimentos e Medicamentos (FDA) advertiu que a população não deveria consumir
‘produtos perecedouros tais como a carne, peixe, leite e ovos que não estão
refrigerados da maneira apropriada, que podem provocar doenças se fossem
consumidos, inclusive se fossem cozidos da maneira apropriada’.”
Para todos estes
problemas é necessária a presença nesses lugares de um profissional, onde pode não houver um médico,
para que diga que tipo de alimentos se podem comer, e se nalgumas
circunstâncias podem ser enlatados. O importante é que chegue uma primeira
ajuda em breve, que atenda e salve vidas em 24 ou 48 horas, enquanto se
organiza. Podem existir centenas de lugares assim, e o número de vidas que se
podem salvar o perder é incalculável.
Esses médicos com
sua mochila de medicamentos, bem distribuídos em centenas de lugares
diferentes, podem ser extraordinariamente úteis.
Supõe-se que até
possam informar, se tem algum meio de comunicação, do que precisam e assim é
muito mais fácil, diagnosticam, prevêem a possibilidade do surgimento de uma
epidemia, vêem os sintomas. Não podem ser inúteis.
Se existe um momento
em que sua presença é necessária, é este, onde podem ajudar muitos médicos que
já trabalharam nas florestas, nos planaltos, em qualquer parte; não porque
sejam cubanos, não é o inimigo que vai lá para matar, é um profissional, dos
quais temos atualmente noutros países dezenas de milhares, aonde outros não
vão.
“A FDA acrescentou
que ‘não se pode comer nenhum alimento que teve contato com as águas das
enchentes’.
“Com os pedidos
desesperados de água e alimentos dos milhares de pessoas que se encontram no
Superdome e no Centro de Convenções — não sei se já foram evacuadas —, “que
nalguns casos não comeram nos últimos três dias, há muitas possibilidades de
que as advertências da FDA — no caso de serem ouvidas pelos danificados — não
tenham muito efeito.”
Esta informação
chegou hoje, a recebi umas horas antes deste comparência televisionada.
Por isso venho
para ratificar o oferecimento. Fomos tão leais à idéia de que não queríamos
publicidade, que já transcorreram três dias e ainda não recebemos resposta.
Todo o mundo disse: “Eu ofereci isto, eu ofereci US$ 50 mil, eu ofereci não sei
que outra coisa”. Nós oferecemos vidas, salvar 10, 100, 500, 1.000; ajudar a
que sejam implementadas as medidas necessárias que podem salvar dezenas de
milhares, embora seja evitar o triste espetáculo que o mundo esta vendo.
Vão recusar nossa
ajuda pelo acontecido entre ambos os países? Eu acho que seria útil para o
mundo e um bom exemplo, não só por nossa parte, mas também por parte deles,
porque estes fenômenos se podem repetir.
Hoje alguns
peritos norte-americanos falavam sobre a possibilidade de que se forme um
grande furacão como este, daqui a um mês ou dois, mais violento, que pode
açoitar os Estados Unidos.
Nossa disposição é
sincera e de paz, não procura a publicidade, não exige condições de nenhum
tipo, nem que acabe o bloqueio, nem nada disso. Jamais exigimos condições a
ninguém, apoiamos com o que temos, e isso é o que temos; não dispomos de grande
capital financeiro. Nós cobrimos as despesas da passagem, do combustível; não é
preciso adquirir combustível ali, é pertinho. Podem ir para lá ou para outro
aeroporto, ou para uma base militar, se existe alguma, e os levam para lá. Não
vão fazer declarações nem procurar publicidade, que todo isto fique bem claro.
Temos a esperança,
já que hoje constatamos mais outra mudança, pois a Secretária de Estado disse
que aceitam qualquer tipo de ajuda. Isto significa que se a ajuda vem de Marte,
a receberão; porém não é de Marte, é de uma ilha que esta aqui, apenas a uns
minutos daquele lugar, e que tem o direito moral de falar da possibilidade de
enviar médicos, é algo que já foi reconhecido pelo mundo.
Nossa intenção
não é criticar, não é colocar em condições difíceis o governo dos Estados
Unidos, estamos conscientes de que as autoridades estão passando por um momento
difícil, de críticas fortes. Nós não somos desse tipo de políticos — vamos
chamar-nos políticos, porque a palavra revolucionários poderia assustar alguém
— que aproveitam oportunamente determinadas situações para bater o adversário,
quero esclarecer isto, porque é um espírito real de cooperação.
Digo novamente que
não é a primeira vez. Estamos totalmente alheios a toda posição de confronto
com os Estados Unidos ou com seu governo, já dei a palavra, digo: “Vamos fazer
uma paragem”. E não pedimos nada, e sim todos esses medicamentos vão por nossa
conta, o transporte e tudo o que resta.
Ali não sei, se
chegam a uma aldeia, imagino que terão o que as pessoas lhe ofereçam, não sei
se levem um pouco de água, porém nossos médicos sabem passar sede, sofrer calor
e estar sem alimentos junto aos pacientes. Quando estão nalguns lugares e lhes
enviamos alimentos, preocupados por eles,
o que fazem é entregar a seus pacientes.
Professores cuja
saúde nos preocupa, quando lhe enviamos alguma coisa eles entregaram aos
alunos, e um médico nosso que recebe algo dá para o paciente primeiro, essa é a
ética em que se formaram nossos médicos, que não são um nem dois, já são
dezenas de milhares, agora, neste mesmo momento, dezenas de milhares mais aqui.
Em Cuba se
graduaram recentemente 1.610 jovens de outros países, concluíram seus estudos
com uma boa experiência. Por estes dias já se graduaram mais 2 mil médicos
cubanos com experiência clínica, que constituem a reserva. Agora estão de férias
em nosso país muitos dos que cumprem missões noutros países, todos com muita
experiência. Aos lugares mais danados, enviaríamos os médicos com mais
experiência. Já sabemos quais são. Só estamos à espera da resposta, e tomara
que seja imediatamente, para não perder um minuto.
Foram tomadas
todas as medidas: mochilas, medicamentos, roupa, tudo, porque há três dias que
fizemos nosso oferecimento e não podíamos ter os homens mobilizados 1 não de maneira permanente. O que sim sabemos é o
tempo em foram mobilizados, e sim sabemos que é a única maneira de levar os
medicamentos a todas essas pessoas que aparecem na televisão em questão de
horas, porque ao amanhecer, passadas 12 horas do momento em que falo, podem
estar ali no aeroporto de Houston, e dali viajar em helicópteros aos pontos que
precisam deles num tempo muito breve.
Um helicóptero não
precisa de uma pista, ele pousa num lugar qualquer onde lhe forneçam
combustível, e leva o pessoal médico a qualquer canto, é o ideal; porém às
vezes pode ser um lugar aonde chegue um navio ou uma lancha rápida, ou às vezes
um veículo anfíbio, e há homens da Guarda Nacional, soldados norte-americanos
que participam dessa tarefa. Estou certo de que todos vão colaborar, e seria um
bom exemplo para o mundo que médicos norte-americanos, médicos cubanos,
cidadãos, não importa o que sejam, nessa espécie de paragem, nessa espécie de
trégua, ajudasem a salvar outros.
É uma guerra não
entre seres humanos, é uma guerra a favor da vida dos seres humanos, é uma
guerra contra as doenças, contra as calamidades que se possam repetir, e uma
das primeiras coisas que deveria aprender este mundo, principalmente agora, com
as mudanças que se produzem e os fenômenos meteorológicos deste tipo, é
cooperar.
Lá, na Indonésia,
há médicos nossos, na Sri Lanka.
Disto não tínhamos
dito uma palavra. Sou obrigado a dizê-lo aqui hoje, um pouco para que ninguém
duvide de como são as coisas e tirem um pouco de reflexos condicionados da
cabeça, porque o que há já não são somente mentiras inculcadas, mas também
reflexos condicionados criados na mente de muitas pessoas.
Aliás — como lhes
dizia —, temos muitos amigos nos Estados Unidos, e perto de 200 personalidades,
autoridades administrativas desses estados do sul, com os quais se relacionam
companheiros nossos, porque se comunicam constantemente em inumeráveis
atividades relacionadas com a compra, embarque e transporte de alimentos,
pagamentos dos mesmos, porque já levamos quatro anos pagando à vista esses
alimentos, sem um minuto de atraso e sem um centavo menos do que se deve pagar.
Desenvolveram-se realmente boas relações de confiança, todas as autoridades,
todos, receberam nossas condolências, e tiveram uma reação muito boa, ficaram
agradecidos, lhes comunicamos que tínhamos informado disso as altas autoridades
dos Estados Unidos, e a todos lhes informamos que queríamos atuar com
discrição.
Eles devem sabê-lo
bem, e não se sabe quantos testemunhas há, mas não importa. Não se trata de
discutir ou de polemizar. Não pedimos que alguém exerça a autocrítica; propomos
algo realmente construtivo que nos parece justo, e com fatos práticos,
concretos, imediatos, e em poucas horas, às 7 horas da manhã podem estar ali,
com suas mochilas, que estão prontas, o pessoal, os primeiros 100. Esses são os
primeiros 100, para que possam chegar ao amanhecer. O resto começará a chegar
ao meio-dia, um segundo grupo de 500, à tarde, e outros tantos no domingo.
Neste momento já
foram operados 64.367 doentes venezuelanos e caribenhos, através da Missão
Milagre, a um ritmo de 1.560 diários. Calculem vocês quantos aviões voam
trazendo e levando doentes para serem operados da visão. Aqui temos um grupo
preparando-se temos um grande número de pessoal encarregado do atendimento
intensivo, se alguns hospitais de emergência devido ao furacão precisam deles,
os podemos mandar.
Nos Estados Unidos
há muitos médicos e recursos, porém também têm uma situação especial numa zona
específica, por um problema específico, e estou certo de que é muito difícil
garantir que em 12 horas, em 24 horas esteja lá o pessoal necessário. Não se
pode improvisar um médico para situações extremas, um clínico treinado para
enfrentar essa tarefa não se pode improvisar, também não homens que cheguem a
um lugar qualquer. Não é a primeira vez, esta não é uma experiência nova para
Cuba.
Isto é o que quero
dizer. Há mais de 200 pessoas que já conhecem disso e todos foram informados de
que as autoridades de Washington foram avisadas e que queríamos discrição. Os
outros podem julgar se foi ou não correto pedir para vocês que me concedessem
uns minutos para explicar isto, para me dirigir ao povo norte-americano e dar
uma resposta para que muitos não pensem que somos vingativos e que devido às
nossas diferenças com os Estados Unidos não queremos ajudar. E repito
novamente, não pedimos nada! Acontece que realmente não necessitamos nada.
Medicamentos sim,
todos os que quiserem. Equipamentos deles, não para Cuba, mas sim para salvar
vidas e oferecer atendimento aos norte-americanos, e se querem mais médicos, se
quiserem mil, mais mil , se quiserem cinco mil, mais cinco mil nós temos e
sabemos onde é que estão, e que sabem trabalhar com os aparelhos de raios-X, de
ultra-som, endoscópio, e para muitas doenças. Você pode ter muitos
equipamentos, mas tem que ver se pode dispor de imediato do pessoal preparado
para trabalhar com eles. O problema é a rapidez como que cheguem. É o único que
eu digo.
Nestas palavras
expresso a boa vontade de nosso povo, os sentimentos amistosos que sempre teve
com o povo norte-americano, demonstrando ao longo de 46 anos, que somos uns dos
poucos países do mundo onde jamais foi queimada uma bandeira dos Estados
Unidos, onde jamais se ofendeu um norte-americano, esse é o aval; estamos
agradecidos do povo que apoio o regresso do menino Elián, do povo que em número
crescente apóia que se faça justiça com nossos Cinco companheiros, do povo com
o qual, confiamos que nalgum dia, possamos restabelecer relações de amizade e
não só para nos ajudar mutuamente, mas principalmente para ajudar outros.
O governo dos
Estados Unidos e o Congresso aprovaram US$ 15 bilhões para a luta contra a
Aids, mas o dinheiro não resolve o problema da Aids nas aldeias da África se
não há médicos lá. E esses médicos não existem; nós os temos e o teremos cada
vez mais por dezenas de milhares.
O Caribe vai ter
milhares de médicos, vamos ajudar na sua formação, e já formamos centenas
deles, que falam o idioma inglês, e um inglês perfeito.
O mundo precisa de
médicos, médicos que vão a esses lugares. A América Latina os terá, inclusive
já os tem, e somos toda uma família.
E se precisam logo
de equipamentos para ajudar as pessoas afetadas, Cuba dispõe deles, estão nos
armazéns prontos, os mesmos que nós adquirimos para nossos programas; na medida
em que vamos construindo, sempre há uma reserva. Não vamos tirar de nossos
centros de saúde. Trata-se de equipamentos destinados a outros lugares, que
podem ser substituídos em poucas semanas.
Também avisamos a
Washington que se realizaria esta comparência televisionada e que não tinha o
propósito de confronto, todo o contrário, reiterar nosso oferecimento. Às 5h da
tarde foi informada a Repartição de Interesses que tem sua sede aqui, e lá na
capital dos Estados Unidos também foram informados, eles estão acompanhando
isto pela televisão e sabem qual o espírito que o caracterizava. Oxalá todos
tirássemos uma lição proveitosa e uma lição útil, algo útil desta colossal e
triste tragédia que aconteceu nesse país.
Randy, demais
companheiros e compatriotas, acho que não tenho nada mais que dizer, nem devo
acrescentar algo mais ao que já expressei.