DISCURSO PROFERIDO PELO
PRESIDENTE DA REPUBLICA DE CUBA FIDEL
CASTRO RUZ, NO ACTO DE GRADUAÇÃO DOS
PIONEIROS DA 9ª CLASSE DA ESCOLA SECUNDARIA BÁSICA EXPERIMENTAL ¨JOSE MARTI¨, NO PALÁCIO DAS CONVENÇÕES, A 23 DE JULHO DE 2005.
Caros alunos finalistas;
Pais e familiares;
Professores;
Digníssimo coletivo que possibilitou o que hoje
estamos a celebrar:
Graduam-se, algo que já todo o mundo sabe, 345 pioneiros
que se encontravam na sétima classe no dia 6 de Setembro de 2002, quando foi
inaugurada a escola Secundária Experimental
¨José Martí¨.
São os primeiros
finalistas da nona classe desta escola,
formados sob a nova concepção de professor geral integral que trabalha
com 15 adolescentes, transita com eles
da sétima à nona classe e que é o amigo, o conselheiro, o guia de cada um.
Este professor geral integral manteve o estudo e o
trabalho sistemático com os pais –tento ver onde estão os pais, encima, lá
também (Aponta). Saúdo-vos especialmente e felicito-vos (Palmas)-, e solicito
a vossa cooperação, tal e como pedimos
naquela noite no cinema-teatro Payret,
onde tivemos que nos refugiar, se não recordo mal, porque se
aproximava uma forte chuva, então chovia
e agora voltou a chover.
Quando escolhemos esta escola, já tínhamos
ultrapassado o patamar de uma primeira experiência na ESBEC cosmonauta ´Yuri
Gagarin¨, sob a condução dos primeiros professores gerais
integrais: Os Valentes. Tornava-se
necessário estender a experiência a uma escola urbana externa, que desempenhava
a sua função numa das mais complexas circunstâncias da capital, não se escolheu
a mais fácil. Estávamos a médio dos
primeiros anos ardentes e criadores da batalha de idéias.
As reflexões que determinaram um especial esforço da
Revolução na sétima, oitava e nona classe, que em Cuba consideramos como ensino
secundário básico, estão contidas nas seguintes palavras que tive oportunidade
de proferir por aqueles dias, e que na minha opinião, conservam hoje total
vigência no âmbito mundial.
¨A situação do ensino secundário
básico é um desastre, critério
generalizado, apoiado inclusivamente
pelos organismos internacionais ligados à educação.
¨Era um sistema tradicional de ensino
herdado de Ocidente e concebido para elites minoritárias.¨
Gostaria de saber quantos de vocês
pertencem a elites minoritárias, ou qual
dos pais. Sabemos muito bem que é ao contrário.
¨Sob o sistema actual¨ -dizia naquela
altura- ¨que implica a atenção por um professor especializado por disciplina de numerosos grupos que podem
incluir centenas de alunos¨ -assim referiu Mara, quando falou de que ela atendia mais de
200-, ¨ninguém tem responsabilidade especial, nem conhece, nem pode conhecer a
criança, a sua conduta geral, carácter, temperamento, problemas pessoais,
dificuldades no seio familiar.
¨O aluno passava pelas mãos de 11, 12 e
até 13 professores segundo o nível, onde era difícil conhecer o nome de todos
os alunos e onde nos interrogávamos se realmente podiam ler e analisar profundamente os exames ou
trabalhos escritos de mais de 200 adolescentes.¨
Era um método que nada tinha a ver com a educação, um
método rudimentar, ineficiente e complicado de implementar –sem que, claro, os
professores tivessem qualquer culpa, eles tinham-no herdado dos últimos
séculos-, um método sem que ninguém
integre os seus conhecimentos, a sua cultura e seus valores. Sem dúvidas, não
era a forma ideal para formar um adolescente de 12 anos de idade,
como os que graduamos há dois dias em Cárdenas, recordo bem; crianças que recém estavam a
entrar na adolescência, que começam uma etapa decisiva e irreversível da sua personalidade
e da sua vida. Trata-se de seres humanos, não de máquinas, não de autômatos e
não de pessoas denominadas irracionais, de
outro gênero.
Ligado ao anterior, concretamente no nosso país,
nomeadamente na capital, registava-se a
falta de professores para muitas
disciplinas, a angustiosa procura de estudantes universitários para lecionar aulas,
uma ou várias horas por semana, o
recurso aos estudantes dos institutos pedagógicos, aos voluntários entre profissionais, as
mudanças ou elaboração de horários que
se ajustassem à escassez de professores.
As escolas viam-se forçadas a elaborar
horários ineficientes para encarar a
carência de professores especializados. Por acaso aconteceu isto com algum de
vocês?
No caso concreto de Cidade de Havana, ao analisar os
pormenores deste ensino, deparamos com que o número salas-de-aulas era bastante inferior
ao número de grupos de alunos nesse nível;
não se cumpria a dupla sessão, nem podia, não todos os alunos regressavam na sessão
da tarde; apreendiam, aproximadamente, entre 20 e 25% dos conteúdos do nível.
As dificuldades centravam-se fundamentalmente nesta
cidade, e dela partimos para, a braços
com o período especial e o bloqueio, enfrentar
a situação do ensino secundário básico. Referimos isto naquela altura, quando tudo
estava por fazer.
Qual foi o resultado aos três anos de iniciada a
experiência? Os principais indicadores de eficiência acusam os seguintes dados: 98,2% de assiduidade de alunos, 98,5% de pontualidade, 90,8% de eficiência no ciclo.
De 380 alunos que iniciaram a sétima classe, apenas
35 não terminaram os seus estudos na ¨José Martí¨, deles, 27 fizeram-no noutras escolas secundárias por
traslados das famílias a outras
províncias, ou para escolas de ofícios e
de conduta na cidade, e 8 alunos emigraram do país com o seu núcleo familiar.
Entre os principais avanços da escola registam-se a
consagração dos seus professores, a integração de todas às organizações do
centro e o relacionamento com a família.
A organização escolar atingiu uma viragem
impressionante, hoje é uma escola com estrita disciplina –pode-se ver, pode-se
perceber, pode-se respirar-, e é muito
agradável -eu já vi isso- que a
tal junta-se uma cuidada educação formal, que não existia por nenhum lado e não
sei se já se viu alguma vez no nosso país. É maravilhoso ver a forma educada
com que se dirigem aos outros, como
falam, como se exprimem. Nunca vi uma escola assim, e tenho a esperança de que um dia, não
muito distante, todas sejam assim.
Nesta escola
ouve-se o critério dos alunos,
concretiza-se o conceito estratégico de macro-universidade, resgatou-se
ou criou-se, a sã tradição de hinos e canções nacionais ou patrióticas, por
vezes as duas coisas; trabalha-se sistematicamente no desenvolvimento de uma
cultura integral dos alunos em temas políticos, para ultrapassar o pior e mais terrível, a
ignorância sobre este tema tão decisivo para a vida das sociedades e do mundo;
temas também de atualidade nacional e internacional, sem o qual iríamos cegos pelo mundo, sem um cajado sequer, temas
de história, arte, economia e ciências. Sem conhecermos destes temas, não
saberemos nada de nada.
O trabalho com a família intensifica-se com a visita
à vivenda por parte dos professores e a realização de reuniões de pais,
convertidas em verdadeiras escolas de preparação familiar, ao qual aderem os contactos individuais quando
a situação precisa de tal.
Não pode haver
outra forma de trabalhar como professor, de cooperar e de alcançar os
sagrados e altíssimos objectivos de uma escola e da educação.
A Organização de Pioneiros ¨José Martí¨ assumiu novas
e mais eficientes vias de trabalho.
Conseguiu-se um maior protagonismo dos alunos, a
autogestão, as análises profundas durante as assembléias que elevaram a qualidade e a obtenção da crítica
e autocrítica consequente.
A utilização de vídeo-aula, tele-aulas e softwares educativos com que conta o
ensino, e o papel do educador, do professor geral integral, foi um ponto
nevrálgico na preparação dos docentes
junto ao trabalho metodológico em cada
um dos níveis, para dar resposta ao
objectivo estratégico das transformações e elevar o nível de conhecimento dos
alunos.
Nesta escola não se perde um turno de trabalho.
Os resultados da aprendizagem comportaram-se da seguinte forma: numa disciplina tão importante como a
matemática, de 29,2% das respostas correctas em Outubro de 2002, no diagnóstico
inicial da escola, passou para
69,1% no controle operativo de qualidade realizada no mês de
Maio último. Dois estudantes resultaram vencedores a nível nacional no concurso
de matemática.
Em espanhol, de 59% das respostas correctas em
Outubro de 2002, no diagnóstico inicial da escola –não estava tão crítica a
situação como em matemática-, passou para 69% no conrole operativo
de qualidade realizado em Maio de 2005.
Na quinto controle
operativo de qualidade realizada, os resultados da escola experimental ¨José Martí¨
apresentaram-se superiores à média nacional em 20,42 pontos porcentuais em
matemática e 4,83 pontos porcentuais em espanhol.
Os resultados confirmam, embora seja algo totalmente novo e sem
experiência prévia, a validade do novo modelo educativo a partir da conceição
do professor geral integral e um maior tratamento personalizado para cada aluno e a sua família.
Eis aqui algumas opiniões dos pais dos alunos graduados neste dia:
¨Os nossos filhos mudaram a forma de
pensar e de agir.
¨Os nossos filhos estão melhor preparados
na orientação profissional.
¨Melhorou a disciplina dos nossos filhos.
¨Adquiriram maturidade e responsabilidade
quanto as suas determinações.
¨Estamos admirados de como os nossos
filhos foram mudando o seu comportamento em casa e as suas preferências.
¨Interessam-se pelos estudos e pelo que
vão fazer no futuro.
¨O meu filho surpreendeu-me quando decidiu ser professor.
¨Que o meu filho tenha participado na
experiência é o melhor que sucedeu.
¨O meu filho cresceu muito do ponto de
vista humano. Agora se preocupa mais pelos outros.
¨Hoje o meu filho pensa continuar os seus estudos;
antes apenas se preocupava por terminar a nona classe.
¨Os professores dos nossos filhos influíram
correctamente na tomada das suas decisões.
¨Agradecemos a forma como desenvolveu a escola nestes três
cursos.
¨Notam-
se as mudanças positivas, tanto no domínio da aprendizagem quanto no educativo.
¨Com
a experiência ganhou-se em comunicação entre a escola e a família.
¨Pensamos
que os nossos filhos adquiram mais
cultura com esta experiência.
¨O
meu filho hoje é responsável perante cada tarefa.
¨Como
mãe, orgulho-me de que o meu filho tenha
recebido o cartão da União de Jovens Comunistas.¨
Aprecia-se
realmente satisfação, orgulho.
Tínhamos
ouvido falar nisto, mas entendemos melhor nesta tarde, neste acto, perante
vocês todos, os pais, os professores e os estudantes.
Em
Setembro de 2003, há apenas dois anos,
generalizaram-se em todo o país estas transformações nas escolas
secundárias básicas, constituindo uma concepção radical e profunda no seu modelo educativo e
formativo.
Foi este
um passo audaz, a partir da experiência que
íamos acompanhando na escola experimental e decidimos não aguardar mais,
nem sequer elaborar um programa de três anos para o implementar. Calculamos o
que era necessário. Naquela altura
estavam vários milhares de jovens a formar-se como professores integrais na escola ¨Salvador Allende¨ e noutras escolas
pedagógicas do país.
Os
recursos humanos não eram muitos. Os professores desse nível e de outros não
estavam convencidos. Eu diria que nem
sequer metade, possivelmente, menos que
uma terceira parte.
A Cidade
de Havana, o lugar dos desastres educativos, não tinha nem suficientes
professores, e muito menos suficientes alunos da décima primeira e décima segunda classe para entrar nas escolas onde se iriam formar os
professores gerais integrais.
Esse foi o
nome dado, como os de primária tinham
sido chamados professores emergentes, e todo o mundo admirado a pensar: ¨E essa gente o quê vai fazer? O quê é que
vai acontecer com o ensino secundário e
primário?¨
Em 2000
–acho que foi em Setembro, por essa altura mais ou menos- deparamos com que estavam a acabar os professores em
Cidade de Havana; a média de idade crescia entre os professores, muitos estavam
a atingir a idade da reforma e em virtude do seu estoicismo, do seu espírito de
sacrifício, mantinham-se nas salas-de-aulas,
e naquelas instalações de primária que
eram outro desastre, pois tinham sofrido as calamidades de mais de 10 anos de
período especial: quantas estavam sem janelas, cheias de infiltrações, e como estavam as
casas de banho, a situação da água corrente, da cozinha, etc. E digo
isto porque visitei muito lugares e ficamos admirados.
Também de
forma audaz –é preciso dizer-
determinou-se não apenas preparar os professores emergentes –era inevitável- e
iniciar um programa- por isso considero que foi em 2000- de reparação capital
de 769 escolas primárias e secundárias da cidade, em dois anos.
Todo o
Povo engajou-se na tarefa, como apenas pode fazer uma revolução, trabalhando não se sabe quantas horas de dia e
de noite. Acho que o nosso país nunca
fez um esforço como aquele, em tão breve tempo, inclusivamente, com muito menos recursos do que hoje. E
adiantou-se que para Setembro do ano tal tudo devia estar pronto; era um compromisso e os
compromissos é necessário cumpri-los.
Quanto
trabalhou todo o mundo, quanto trabalhou o Partido, a Juventude, as
organizações de massa, os organismos. Todo o mundo se comprometeu e se
apaixonou pela tarefa, coisa que não era difícil, porque era a tarefa de remodelar aquelas escolas para as crianças.
Se a
situação era difícil com a vivenda e problemas de todo o gênero, pelo menos aquelas crianças teriam
escolas sem infiltrações, com lâmpadas, com janelas, com água corrente, com casas de banho, com cozinhas que funcionavam, com
refrigeração; com uma dieta que se não
era óptima pois era uma dieta melhorada,
com incremento de algumas coisas como as
quantidades, por exemplo, de grãos que se duplicaram, e outras coisas. Foi um esforço grande e
cumpriu-se à letra.
Não foi pouco
o sofrimento à espera da hora, por ocasiões
sob forte chuva, quando apenas
faltavam três semanas; noutras
quando se descobria um tecto com um problema e parecia impossível de resolver.
A última escola acho que era a 400 foi
inaugurada em finais de Maio e faltava o resto, mais de 360, e algumas eram
novas, era necessário construí-las. Faltavam apenas dois meses. Cerca de 45 mil
construtores e vizinhos trabalhavam todos os dias.
Foi
realmente uma façanha, a médio do bloqueio nojento e do período especial herdado dos erros de outros,
falando com muita fineza. Nós sozinhos, lutando, resistindo, quando alguns
confiavam, nos inícios daquela etapa, que em
poucos dias apareceriam os cabeçalhos
da queda da Revolução
Cubana. E a Revolução Cubana o que
fez foi crescer, embora alguns parvos não entendam, e outros palermas que estão a Norte entendam ainda menos,
porque cada dia são mais burros em virtude do ódio e as decepções, amargurados, já que não
conseguem vergar este Povo; dedicam-se a comprar uns quantos marionetes, mercenários, que falam besteiras
e defendem incluso o bloqueio. São estas coisas para falar noutro ensejo.
Agora não
se deve perder um minuto: se vier um
ciclone é preciso atender o perigo, e se outro ameaça, pois
também, se há uma crise de energia, na seqüência de erros de conceitos
daqueles que se supunha sabiam, que pela sua vez tinham copiado esquemas de
outros países –de quase todos- que se supunha que sabiam o que estavam a fazer,
derivado da época em que um barril de combustível
custava vinte vezes menos; não se aperceberam das coisas novas que se passavam no Mundo.
Mas esses
erros de conceição uma vez descobertos, de imediato foram atacados. Não vou
dizer mais, aguardemos. Esse é tema de outra altura, porém gostaria de vos
dizer que sabemos o que estamos a fazer
e que não é pouco. Vamos ver o quê fazem os que falam à toa, os ignorantes e tolos.
Não chamo tolos àqueles que sofrem, não chamo
tolos àqueles que arcam as conseqüências
de alguma escassez que no mundo vai em aumento; porque na sociedade moderna isso
que antes não existia, isso que antes se resolvia com velas de gordura de baleia -já que as baleias acabaram, incluso- ou de
outro tipo, ou com faróis, como aqueles
que portaram os alfabetizadores nas montanhas, onde por acaso nem se via uma
localidade com algumas luzes, ou uma casa com luz elétrica.
Presentemente,
essa energia e esse sistema é vital numa sociedade moderna, e numa sociedade
que levou esse serviço a mais de 90% da população, quando, realmente, não atingia 50% a 1 de Janeiro de 1959, ao
triunfo da Revolução, e eram pingos de eletricidade
o que consumia cada vivenda. Hoje é basilar e ainda mais quando se registam ciclones como estes; no entanto, já teremos
tempo para abordar demoradamente o tema, e não uma, senão mais
de uma vez, e também o que fizeram os bárbaros, os selvagens, os genocidas, que
invadem nações inteiras para se apropriarem da energia, já será a vez deles
ouvirem as verdades que devem ouvir. Apenas refiro o que fizemos para recordar que não há nada que este Povo não
seja capaz de fazer em quaisquer circunstância
(Palmas).
Falei do que se fez em Havana, porém continua o
esforço no resto do país, e continuam as obras da Batalha das Idéias, cada vez
ganham mais força, e são cada vez mais as escolas de ensino primário,
secundário, tecnológico, no resto do país, que são remodeladas totalmente,
embora as escolas no resto do país, com muitos problemas, não tinham uma
situação nem sequer parecida com as da Cidade de Havana. E não só isso, tudo
ficou organizado para que não se repita aquilo, e embora às vezes o homem é
capaz de tropeçar três vezes no mesmo tronco, achamos que o número de tropeços
seja cada vez menor.
Adianto-lhes algumas coisas que vocês vão aprender na
vida, que já estão aprendendo, à qual chegarão — refiro-me a essa vida que se
aproxima de vocês — com um nível de instrução indiscutivelmente maior daquele que encontramos no povo no dia do
triunfo, ou daquele que na passagem de dezenas de anos se foi adquirindo. E não
são poucas as coisas aprendidas, não são poucas as centenas de milhares, quase
um milhão de graduados universitários, mas que não é nada comparado com os que
teremos no futuro, nem sequer longínquo, em matéria de inteligência, preparados
e portadores não só de uma longa e heróica experiência, senão de elevadíssimos
conhecimentos.
Como lhes contava, não podíamos ter tanta paciência
para esperar e tivemos que atuar no ensino secundário, que estava pior, ainda
mais do que o primário. Eu recordava-lhes aquele período quando iniciamos esta
experiência, ou quando decidimos fazê-lo apenas na capital. Reflexionem e verão
quanto esforço: professores para não mais de 20 alunos no ensino primário,
professores para não mais de 15 alunos no ensino secundário; e para isso
deveriam ser professores integrais.
Acontece que todas as pessoas devem aspirar à
integralidade como norma, porque, bom, como dizia honestamente a professora:
“Eu não acreditava que isso fosse possível”; porém, por exemplo, eu não acho
que seja possível que cada um de vocês fale na casa todos os dias e a toda hora
do mesmo assunto: de manhã falam a respeito de um; no meio dia, de outro; à
tarde, de mais outro; e no jantar, ou à noite, mais outro.
A vida não se reduz apenas a uma coisa, os conhecimentos
não se devem reduzir a uma esfera só. Sinto muito não ter a possibilidade de
freqüentar uma escola como esta que freqüentaram Os Valentes, ou essa escola de
onde saíram com o título de embriões de professores gerais integrais, para
serem o que já quase são, acho que em breve atingirão o título de nível
superior.
Eu vi alguns cá, conheço-os e lembro-me muito bem
deles. Vejam quantas coisas, Valentes, professores dos que vinham desempenhando
sua nobre missão durante muitos anos, novos graduados, um número que cresce e
cresce. Até onde? Até o infinito.
Nós todos devemos tentar ser professores gerais
integrais. Vocês se imaginam desempenhando o papel de qualquer de nós, tendo
que saber de tudo sem saber de nada, ter que falar de tudo antes de nos graduar
de professores gerais integrais, que jamais seremos.
Tivemos que estudar Direito, quase, quase sem saber
por que estudamos Direito. Como já expliquei noutro momento, alguns diziam:
“Ele vai ser advogado, ele fala muito” E quase, quase me pergunto, que rapaz não
fala muito, e se defendem cada vez mais.
Alguns dos graduados aqui presentes querem ser
advogados, e eu os cumprimentei; outros me disseram que queriam ser médicos.
Respondi: “De qual missão queres fazer parte?” E assim foi de interessante. O
mesmo aconteceu com as crianças de Cárdenas, porém agora é mais concreto e com
adolescentes, e já quase mais do que adolescentes, com jovens que há três anos
tinham a mesma idade de Elián e de seus colegas. Vejam só, como correm os anos,
como passa o tempo.
Hoje, e graças à audácia, o país todo, as escolas de
ensino secundário do país todo, estão sob este sistema de educação. Por isso,
há apenas dois anos, estas
transformações nas escolas de ensino secundário se generalizaram em toda a
nação, constituindo uma concepção radical e profunda em seu modelo educativo e
formativo. Isto não tivesse sido possível sem a participação dos 30.758
professores que trabalharam neste nível de ensino, deles 26.328 aceitaram tornar-se
professores gerais integrais.
A eles se somaram 12.553 professores gerais integrais
formados em cursos emergentes. O próximo ano letivo começará com 4. 980 novos
professores gerais integrais, graduados recentemente, o que quer dizer que nos
últimos quatro anos da Batalha das Idéias se formaram 18.533 professores gerais
integrais emergentes para trabalhar no ensino secundário.
Foram instalados 19. 324 televisores de 29 polegadas,
lembro-o. A decisão se toma
primeira
experiência na história de um sistema desse tipo. Infelizmente os incrédulos
não podem olhar através de um buraquinho tudo o que nós vemos aqui hoje.
Aliás,
aqueles televisores de 29 polegadas, que se vem ainda melhor, houve que
comprá-los; quase trazê-los de avião para que em setembro estivessem cá. Porém
anteriormente se fez um esforço com um grupo de professores e alunos
selecionados que passaram o verão todo preparando as lições.
Também, por outro lado, se instalaram máquinas
capazes de reproduzirem os vídeos, e eram mais de 2 mil lições, parecia que
aquilo jamais acabaria.
Chegaram os televisores, se prepararam os vídeos e os
programas, e se prepararam as lições que tinham que ser preparadas no país
todo, quase todas, para começar e não perder um ano, nem dois, nem três.
Foi assim que começou o curso, esse do qual estamos
falando, há dois anos que já possui hoje essa força, esses recursos e a
experiência, que é o mais importante.
Também estavam os televisores de 21 polegadas, 1.018,
nas bibliotecas, e 15.989 máquinas de vídeos.
Gravaram-se 2.240 lições em vídeo para as cadeiras de
matemática, espanhol, história e inglês para as três séries, e física para a
oitava e nona série, com a participação de 40 prestigiosos professores, que
foram os que conformaram esses cursos, e 250 alunos da capital.
Temos a televisora educativa, criada dentre a Batalha
das Idéias, da qual já existem três, e podemos ter as que quisermos, é bom
dizer isso: nacionais, provinciais e até municipais. Os professores, que
estejam preparados!, pois os municípios do país terão suas emissoras! Já verão,
com todos esses meios que não tínhamos, nem sequer parecidos, quando começamos.
A televisora educativa transmite 21 programas
semanais dirigidos ao tratamento dos conteúdos das cadeiras e à cultura geral dos alunos. Aliás,
incrementaram-se as freqüências das lições em matemática e espanhol, duas
cadeiras básicas, em todas as séries, e história na nona série.
Já contamos com 13.590 computadores, que permitem uma
relação no país de um em cada 40 pioneiros, e no caso da capital um em cada 25.
No futuro teremos mais, aqui e lá, e um dia será igual para todas as escolas,
os que se precisarem.
Posso lhes dizer, por exemplo, de maneira indiscreta,
que existe um programa para adquirir 100 mil computadores anuais. Já veremos
que acontece.
Dispomos da coleção “O Navegante” integrada por 10
softwares educativos e 29 softwares complementares para o ensino secundário.
Foi possível implementar o turno único em todas as
escolas pertencentes a esse nível de ensino — turno único quer dizer dois
turnos, e parece um antagonismo, mas assim se chamava; que cada qual utilize a
expressão da qual mais goste — que começa a partir das 7 h:30 da manhã e
conclui às 4 h:30, à tarde.
Com este objetivo se construíram, dividiram ou
adaptaram locais, garantindo a existência de 1.545 novas salas-de-aulas e 2.281
locais adaptados.
Distribuíram-se 50 mil mesas escolares e 100 mil
cadeiras.
Dos 474.365 alunos do ensino secundário, 469.093 —
quer dizer, 98,88% da matrícula total deste nível de ensino — recebe
alimentação grátis em suas escolas, através do lanche escolar.
Não pensem que foi simples, queridos companheiros e
companheiras, o esforço dos lanches, os investimentos realizados no país para
garantir o pão de 100 gramas, que surgiu, vocês sabem quando? Quando aquele
plano das 769 escolas, durante a madrugada. Esse pão suave de trigo especial, umas
vezes melhor confeccionado, outras, não. Tudo depende da preparação do pessoal
que os elabora, dos equipamentos, da disciplina, e também de outras coisas, e o
iogurte de soja do qual hoje não vou falar, mas é, realmente — cada vez recebo
maior informação —, um alimento excelente. O que podíamos fazer? Eram centenas
de milhares de alunos, dezenas de milhares de professores e uma cifra elevada
de outros que trabalham nas escolas. Saibam que são milhões e milhões de
dólares os que se investem nesta atividade.
Todo se foi realizando de maneira simultânea,
comprando os televisores e o resto das coisas, os computadores, e as
reparações, e os móbeis: “procurem recursos, poupem”; exigindo disciplina.
Vemos como vai melhorando.
Ontem na televisão, vimos a mesa redonda, onde se
falava sobre a situação das padarias: Melhoraram, e tinham que melhorar.
Conhecemos quantas calorias, quantas proteínas tem o lanche. Conheço de cor,
logicamente, as histórias: o sabor do qual mais gostam, se é morango, banana ou
o de geléia. Garanto-lhes, companheiras e companheiras, que conhecemos de
memória até o custo de cada um dos produtos, e do processo, porque dessas
coisas é que você tem que ser íntegro. Que de repente digam: há que dar uma
merenda, e que você não saiba a que se refere, que você não saiba quanto
custa cada coisa, cada insumo, e quanto
leite em pó se necessita, e quantas toneladas de soja enriquecida, seria o
cúmulo, e, aliás, de qual gostam mais os adolescentes. Bom, vocês sabem o que
sabem, que neste mundo não existe a igualdade total, e que neste país, onde
existe maior igualdade que em nenhuma outra parte, ainda existem muitas
desigualdades, vocês sabem como são essas coisinhas.
Passará o tempo, e num dia qualquer terão um nível de
instrução, de conhecimento de todo tipo, porque foram educados desta maneira,
porque os pais de vocês contribuíram tanto em sua educação, que ao mesmo tempo
eles mesmos se educam, porque aprendem, vem as vantagens, vem o papel
importante que desempenham os pais numa revolução como esta, a qual os
bárbaros, os selvagens, os genocidas do império caluniaram, inventando que iam
tirar os filhos aos pais para enviá-los à Rússia, diziam, de onde seriam
devolvidos convertidos em carne enlatada. Vejam se são burros, inescrupulosos,
e vejam como abusam da ignorância. Só por ignorância suprema podia ser possível
que alguém imaginasse que aquilo seria certo, e quando inventaram aquela
mentira os monstros criminosos fizeram com que aproximadamente 14 mil famílias
enviaram as crianças para os Estados Unidos. Muitos ficaram separados para
sempre.
Conto-lhes essa história... Porque ainda há
mentirosos iguais ou piores; porém hoje tropeçam com o Himalaya, embora alguns
nem o saibam. Ao melhor nestes dias falo sobre algumas dessas coisas das quais
há que falar, e vocês compreenderão ainda melhor devido à excelente educação
que tem recebido.
Inventaram aquilo, e era tudo o contrário. A
Revolução chamando todos os dias aos país, convidando-os a visitarem as escolas
de ensino primário e secundário, e outras. A educação não se concebe sem a
participação dos pais, ai começa a educação, e quando vocês sejam pais terão muito maior preparação, e seus filhos,
quando sejam pais, terão ainda melhor preparação do que vocês, porque vocês os
educarão e será algo muito diferente do que tem sido na passagem da história,
porque realmente chegou a hora em que o mundo não tenha outra alternativa que
mudar ou deixar de existir.
Não falo de um mundo como geografia, senão do ser
humano como espécie. Digo-o com a mais profunda convicção. Que grande
satisfação e alento nos proporciona pensar que se prepara o tipo de homens e
mulheres que possam ajudar verdadeiramente a salvar esta humanidade.
Mencionei o número dos que já têm alimentação nas
escolas; porém ainda restam 5.272 alunos que ainda não a recebem, isso acontece
em 19 escolas isoladas, mas no próximo ano letivo isso estarão generalizado, e
nenhum aluno ficará sem receber esse complemento. E em que tempo se fez tudo?
Em dois anos, E quanto tempo já passou desde aquele 9 de setembro? Menos de
três anos, ainda não se cumpriram, restam dois meses.
Devo mencionar que todas as bibliotecas receberam
coleções de enciclopédias, Atlas, dicionários, quer dizer, seu fundo
bibliográfico foi renovado. Devemos dizer que dispomos de tipografias novas, e
uma da qual não sei qual é seu estado atual, a última... (Alfonso lhe diz que
em agosto começará a montagem de todo o equipamento tecnológico).
Quanto vai demorar isso? (Responde-lhe que a primeira
produção deve começar no mês de outubro).
Alfonsito, qual a capacidade de produção?
(Responde-lhe que 45 milhões de livros). E nem falamos nisso, pois não os
dedicamos à propaganda. Ações mais do que palavras. Nada é superior e mais
poderoso que as ações. Ações que nascem das idéias e das novas ações nascem
novas idéias.
Devo ter em consideração que estou falando de garotos
e garotas de 14 anos, ou que já estão no fim da adolescência, isto é, de 14 e
15 anos, que não viveram aquelas experiências, mas também não viveram a
história da descoberta da América ou a história do império romano ou da chamada
civilização grega há muito tempo, e vocês sabem muito disso; não viveram no
tempo das guerras de independência em Cuba, não viveram no tempo de Martí e
vocês sabem muito dele. Isso é aprender, isso é estudar, esses são os frutos da
educação.
Nenhum de nós tivesse podido estudar, senão teria
tido esse privilégio. E quantos? A imensa maioria não podia estudar, e nem 10%
dos cidadãos desse país conseguiram chegar à sexta série. Quando da vitória da
Revolução, li que — não tenho certeza dessas cifras — havia, segundo um censo
ou outra pesquisa, por volta de 400 mil graduados do ensino fundamental.
De cada graduado do ensino primário, há quatro
universitários e, certo dia, haverá mais pessoal com diplomas científicos neste
país do que os graduados de ensino primário em 1959.
Senhores imperialistas, esta é um revolução, cheguem
com tanta tolice e fiquem já sabendo o que é, e isso que é, é indestrutível
(Aplausos).
Tem-se constatado um avanço na organização escolar do
ensino secundário, na disciplina dos alunos, na relação com a família por meio
das visitas aos lares e das escolas dos pais, as quais contam com 97% de assistência
das famílias.
Uma prova da disciplina neste ensino foi a
participação dos pioneiros da capital na multitudinária marcha de 17 de maio,
onde os pioneiros se caracterizaram por sua organização e combatividade.
O novo modelo educativo e a concepção do
Professor Geral Integral tornaram possível que em nossas escolas, se forem
cumpridas as orientações, não se perca uma só hora de aula. Antes, nem se sabe
quantas aulas se perdiam, e se eram mais as aulas que se perdiam ou se
aproveitavam.
Os principais indicadores de eficiência,
em comparação com os dois anos letivos anteriores, cresceram: 99% de freqüência
escolar às aulas — em todo o país —, 99,8% de permanência na escola (109
desertaram, 343 menos do que no mesmo período do ano letivo anterior). Onde?
Onde podem se encontrar dados tão parecidos com esses? Será nesses paraísos da
liberdade que inventaram esses bárbaros? Será nessas democracias onde apenas o
dinheiro vale e onde jamais se fala uma verdade? Será nessas democracias onde
se compra e vende tudo, até a presidência da República, como fez o fürerzinho
que hoje dirige os Estados Unidos ?
Proferi a palavra fürerzinho, não sei
quanto lhes ensinaram de história da Segunda Guerra Mundial, do fascismo, do
nazismo e de um senhor que se chamava Adolf Hitler; mas se não for assim,
nestas férias deverão ir à biblioteca e informar-se bem. Este é o conselho de
um aprendiz de professor geral integral (Risos).
Reparem, reparem nestas cifras. Onde? Vão
à
América Central, a todos esses países, a
todos esses lugares. Onde. Quantos conseguiram chegar à sexta série e quantos
chegaram à nona?
Cá chegam a esta série mais de 98%. São
apenas algumas centenas as que, por um motivo ou por outro, não continuam
estudando, por causa de gravidez precoce, ou alguns alunos que vão embora
quando emigram seus pais. Com certeza, a esses países não chegam analfabetos, é
impossível. Muitos foram para lá, seria necessário lhes perguntar quantos
analfabetos cubanos receberam. Essas crianças chegam lá com muita preparação;
sabem muito mais que as crianças deles, pois o sistema de ensino nos Estados
Unidos é um desastre no primário, no secundário, e o pior é que não lhes
incutem valores e, às vezes, essas crianças matam-se umas a outras nas escolas, visto que nesse
sistema bárbaro todo mundo leva uma arma, como no tempo do Oeste americano.
Esses não ficaram sabendo, esses ainda não passaram do século XVIII em muitas
questões morais.
Agora andam pelo mundo todo torturando e
privando o povo estadunidense de seus direitos elementares, submetendo-o a todo
o tipo de vigilância e restrições, que, um belo dia, os próprios cidadãos
norte-americanos vão se encarregar de varrer. Não esqueçam isso.
Ora bem, devo-me referir os outros
assuntos, embora poucos.
Em apenas dois anos, como lhes dizia, já
estão sendo atingidos resultados que são notáveis na conduta, na disciplina, no
comportamento humano, na segurança e na qualidade de vida de nossos
adolescentes no sistema escolar, onde todos foram também incluídos e aqueles
que não podem, estão nas escolas especiais que se correspondem às suas
deficiências. Não foram esquecidos. Há dezenas de milhar em escolas especiais,
nem um só, nem um só foi esquecido, e aqueles que moram em lugares afastados,
contamos com os assistentes sociais, que já totalizam 28 mil no país inteiro. É
mais fácil encontrá-los que achar uma agulha num palheiro. Recentemente, eles
fizeram a listagem das 40 mil famílias mais pobres ou com mais dificuldades no
país e estamos atendendo-os, estamos enviando-lhes a assistência, e de vez em
vez, aparece um discípulo desses bárbaros, ao qual lhe fizeram crer uma mentira
qualquer, e dizem: Olhem, levaram tal coisa a um menino, não sei se um
televisor, e esse é filho de um preso». Vejam qual a maneira de pensar ainda
dalgumas pessoas. Se existe uma pessoa que está precisando mais, é exatamente
essa criança, que não cometeu nenhum crime e que teve o azar de que o pai, por
um motivo ou outro, cometeu um delito.
Devo-lhes dizer que o número dos que vão à
cadeia, futuramente, na medida em que avançar a educação, será cada vez menor.
Custa-me muito pensar que quaisquer desses
adolescentes que temos na nossa frente possam virar delinqüentes, depois de
todos os valores que lhes foram incutidos, por vocês, os professores e os pais.
A uma criança, em qualquer canto do país,
pode-lhe faltar uma cama, até um colchão. Nós apuramos tudo, não imaginem que
nós não sabemos, sei muito bem o que estamos apurando e sei muito bem o que
estamos fazendo. Esta Revolução, que é socialista, e se rege pelo princípio de
dar a cada um conforme seu trabalho, não esquece nem pode esquecer ninguém,
caso contrário não seria uma Revolução, nem mereceria tal nome, se uma pessoa que ficar paralítica
lhe pagarem segundo seu trabalho. Não, para isso estão todos os que trabalham e
podem trabalhar, para darem àqueles que não podem fazê-lo. Por uma criança,
embora tenha um mês de vida, temos que fazer tudo, temos que dar tudo.
Por uma criança, este país esteve disposto
a fazer o que for preciso, poderíamos dizer que, até dispostos a morrermos, não
aceitávamos a idéia de abandoná-lo. Por isso foi elaborado esse tablóide que
deram a vocês: A verdade é invencível.
Com a verdade, com a moral, com a consciência vencemos aquela batalha. E foi
ganha porque os argumentos ganharam o coração e a simpatia do povo
norte-americano, jamais esquecemos isso e estamos confiantes em que, um certo
dia, assim como hoje o esmagam, como hoje o saqueiam, como hoje o obrigam a
pagar guerras criminosas, esse mesmo povo varrerá toda essa lixeira.
Eu estava me referindo algumas questões
que não estão ótimas, a situação de nossa adolescência. Estava falando que se
atingiram resultados notáveis em muitos ramos. Porém, devo acrescentar que
ainda estamos longe de alcançar todos os resultados docentes que poderíamos e
deveríamos obter. Sem dúvida, esta será a tarefa mais difícil que, em face da
necessidade de uma mudança total de conceitos e costumes milenares em sociedade
bem divididas entre ricos e pobres, os muito privilegiados e massas que sofrem
desigualdade e injustiça, serão necessários esforços árduos e constantes.
Fatores que hoje dificultam a tarefa,
segundo os especialistas:
É necessário um melhor adestramento dos
professores para lecionar aulas. Não possuem amplo conhecimento do software
educativo, deficiências no atendimento diferenciado aos 15 alunos, não orientam
suficientemente as tarefas diferenciadas de acordo com o nível de desempenho de
cada estudante, existem professores que não visualizam todos os vídeos de aulas
as vezes necessárias.
É preciso continuar fortalecendo o
trabalho social com seus alunos e suas famílias.
Vocês sabem muito bem quais as dificuldades,
os empecilhos, os problemas, às vezes, o tempo, mas não devemos nos desanimar,
haverá cada vez mais professores e melhor preparados. Cuidado! Veremos.
Sim, é preciso escutar todos os pontos de
vista e examiná-los, mas com base, certamente, num propósito firme e tenaz, e
não podemos nos livrar dos esforços, fazemo-los com maior determinação, na
medida em que amemos mais a causa pela qual lutamos e os objetivos que nos
tracemos.
Avaliação dos pioneiros:
“Os 94,36% dos pioneiros consideram que os professores
se preocupam por serem melhores.
“Os 90,20%
consideram que dão aulas ótimas” — estou falando do país todo, dos do ensino
secundário.
“Os 87,79%
consideram que lhes prestam atenção quando precisam.
“Os 87,12%
consideram que seus professores permitem a eles opinarem, os escutam e os
respeitam”. Parece-me satisfatório e merecido para os professores.
“As
cadeiras preferidas (na ordem) são: matemática”, número um, excelente;
espanhol, muito bem; história, bem; computação, bem; inglês, quinto lugar, bem;
mas não só inglês, é preciso aprender também outras línguas. Acontece que esta
virou língua universal, uma das poucas coisas boas que deixou o colonialismo
inglês e o imperialismo, que está tão perto de nós; geografia, sexto, regular;
química, sétimo, não gostaria opinar; era a única cadeira que eu não conseguia
estudar sozinho, porque os H2O e tudo aquilo dos íons positivos e
negativos era um pouco complicado para mim (Risos). Eu era um péssimo aluno.
Falando em
professores gerais integrais, tenho que lhes confessar que eu era aluno ausente
geral integral nas aulas (Risos). E não pensem que era porque eu não estava lá,
estava lá na sala-de-aula desde a primeira série, todo o bacharelado, as séries
que vocês passam e as outras, e quando estudei eram cinco anos de bacharelado,
mais um que adicionaram no curso em que entrei a esse nível de ensino. Eu
estava lá, mas não prestava atenção a aula alguma, estava pensando noutros
assuntos, e nem sempre nas garotas, como parece que fizeram alguns dos meninos
desta escola, porque, decerto, fiquei espantado, pois era uma longa relação de
graduados excelentes: garotas, garotas, garotas (Risos). Não vi um só garoto.
Diziam-me: “Há um no fim da lista”. E vejam, os homens mandando por todo lado,
ocupando cargos, dirigindo, decidindo. E
lá na escola de Elián, julgo que, dos 25, quatro ou cinco receberam o diploma
de excelente. Mas cá, eu imaginava que tudo estava melhorando, e acontece o
contrário, vai de mal para pior (Risos). Digo: “Este miúdo que fez” “São
ótimos”. Porém, não podem competir.
Devo
acrescentar que me alegrei imenso, pois as sociedades têm sido muito injustas
com a mulher, discriminaram-nas tanto, suas capacidades têm sido tão
desperdiçadas, que agora ficamos contentes. Espero que psicólogos e estudiosos
examinem o assunto. Ora bem, afirmo: “Não vai ficar um só homem mandando”.
É pena que
em meu tempo não ocorresse assim, pois eu podia me ter dedicado aos esportes, a
estudar o que não estudei e a preencher as lacunas que herdei de meus hábitos
de autodidata inveterado. Isso aconteceu quando estudava no ensino secundário e
estava lá fechado na sala de aula, mas minha imaginação viajava para toda
parte, menos para o professor e o quadro. Não existia a computação e, aliás,
não havia garotas. Naquela escola reinava a segregação.
Lembrei-me
da química, visto que era a única cadeira que me custava. Por isso, não quero
opinar.
Gostava
muitíssimo da biologia e não sei por que, não tive oportunidade de estudá-la.
Educação
física: a estudei demais, todas as elevações que via, queria subi-las, e todos
os esportes, praticá-los.
Física: a
última da relação, gosto dela, mas não se trata de minhas preferências, mas das
diferenças que percebo entre estes alunos que não querem saber nada dela
(Risos). E eu gostava dela. Estudava-a também sozinho, quando se aproximavam as
provas, certamente, é mais inteligível.
A
geometria, até as matemáticas, estudava-as assim; mas eu teria preferido ter
professores como vocês. Ah! Então, sem dúvida, teria sido muito mais útil neste
mister ao qual dediquei finalmente minha vida.
“Avaliações
das famílias”. Escutem a opinião dos pais:
“Os 81,70%
dos pais consideram que o interesse de seus filhos pelos estudos é bom e 15,54%
consideram que é regular”. Isso é bom, visto que assim se interessam mais e
exigem mais. Mas para exigir é necessário cooperar com a escola e não estar
fazendo queixa de que se o professor tal coisa, que se aquele outro... Eu
alegro-me muito disto, porém, é alta a percentagem.
“Os 76,90%
consideram, em geral, que a aprendizagem de seus filhos é boa e 19,58%
consideram que é regular”. Estou falando de estimativas nacionais, não me
refiro a esta escola, faço o esclarecimento para os pais.
“Avaliação
dos pais a respeito das qualidades morais de seus filhos”, também em nível
nacional:
“Ao fazer
uma sondagem aos pais, consideraram de boas as seguintes qualidades de seus
filhos: revolucionário, 96,42%; solidário, 94,56%; honesto, 92,35%; respeitoso,
91,54%” — julgo que esta percentagem aumente na medida em que os alunos
adquiram os modos que constatamos cá — “responsável, 84,85%; disciplinado,
83,64%.”.
Contudo,
reparem numa coisa bela dos pais dos alunos desta escola experimental, que são
famílias muito humildes: operários, 65%; donas-de-casa ou trabalhadores e
noutras atividades, 20%; profissionais, 15%. Percebam mesmo o número de
profissionais entre os pais dos alunos desta escola, naquela região muito
humilde da capital e com muitas dificuldades sociais, de habitação, de todo o
tipo, talvez dentre as que têm mais. Olhem a carta que endereçaram à direção da
Educação e a nós:
Prezados
companheiros:
“O
Conselho dos Pais da Escola de Ensino Secundário Experimental ‘José Martí’
sugere, através desta missiva, um reconhecimento especial a todos os
trabalhadores, ao claustro de professores, aos dirigentes da Juventude, do
Partido e, nomeadamente, do Conselho de Direção da Escola ‘José Martí´’ pelos
esforços e sucessos obtidos. É admirável com quanto amor, dedicação, esmero,
ternura e coragem assumem esta responsabilidade.
“Os alunos
desta escola, como outras do município, têm características complicadas e bem
diferenciadas. No entanto, se assumiu o desafio e obteve-se um alto índice de
disciplina, de qualificações, assiduidade às aulas e preparação política. Os
nossos filhos receberam uma atenção mais personalizada, o qual é muito
importante nessas idades, em que ocorrem mudanças. Todos tornaram realidade um
princípio muito conhecido na educação: a relação interdisciplinar.
“As
atividades são cumpridas com muita responsabilidade. Existe grande comunicação
entre os pais e professores. Eles todos merecem um reconhecimento sincero,
nosso carinho e respeito. São exemplo de luta para cumprir com o maior dos
desafios, o que enfrentamos com orgulho há mais de quatro décadas: dar
continuidade histórica ao socialismo em frente do império.
“É pequena
a homenagem a estas pessoas que, pondo de lado seus próprios problemas,
entregam o melhor de si numa sala-de-aula.
“Agradecemos
seus esforços, ficamos em dívida com vocês.
“Sem mais,
uma saudação afetuosa.
“Conselho
dos Pais
“Escola
Experimental ‘José Martí’ (Aplausos prolongados)
“Solicitamos
que seja lida publicamente esta carta”, que fiz há pouco com muito prazer. Este
é também um exemplo. Essa é uma mensagem a todos os pais do país inteiro, a
todos os professores, a todas as crianças, onde lhes dizem: Muita coisa pode-se
conseguir. Por isso, quando vi esta carta, alegrei-me muito.
Já devo
terminar. Faltam-me algumas questões, mas vou guardá-las para a próxima vez,
não se preocupem. Veremos o que vocês avançarão para o ano que vem.
Há muitos
assuntos a tratar, uma vez que estamos progredindo e queremos progredir à toda
no ensino médio superior. Está se fazendo um tamanho esforço nas escolas
tecnológicas de programação ou de informática. Estamos criando extraordinários
centros universitários, como uma instituição que mencionei muito e na qual
estudarão muitos destes alunos, a Universidade das Ciências Informáticas. Além
do mais, há uma outra, não só aquela, na Cujae (Cidade Universitária ‘José
Antonio Echeverría’ há uma faculdade excelente.
Da
CUJAE emergeram os professores que ajudaram a organizar esta Universidade.
Está
ainda a Escola Latino-Americana de Ciências Médicas, que tem quase 10 mil
estudantes.
Há
coisas que o país está a fazer que nem se podiam imaginar há apenas uns anos, e
o que está é a criar capital humano. Esse capital é insubstituível. País nenhum
estará à nossa frente, pois ninguém nos ultrapassa. Levamos várias pistas de
vantagem e já o capital humano é a fonte principal dos recursos e do
desenvolvimento do país.
Um
brilhante futuro espera-nos e por ele trabalhamos. Nada nos poderá vencer.
Podem desaparecer do mapa o país, mas não poderão desaparecer a Revolução do
mapa do país. Este povo não se rende, não haverá revolucionário que claudique.
Nós não fizemos isso, nem o faremos jamais.
Arrisco-me
a pensar que estes alunos finalistas que terminam hoje serão mais decididos,
muito mais revolucionários, muito mais preparados, muito mais valentes,
partindo dos valores que defendem, das ideais que preconizam, e estarão muito mais preparados.
Olha
lá, cavalheirinho do Norte revolvido e brutal, furerzinho, com esta geração o
império não pode, nem com a primeira, nem com a segunda, nem com a terceira.
Esqueçam-se,
que o Povo norte-americano se encarregará de por cobro à selvajaria, e ao risco
que vocês representam para a humanidade, aqui encontrarão cada vez mais um
baluarte firme das idéias justas, das idéias de Martí, de Bolívar, de Marx, de
Engels, de Lenine. Nós não temos medo de o dizer (Palmas). Não temos medo de
falar daqueles que nos abriram os olhos e nos mostraram o caminho que temos andado durante décadas, dando ao mundo
provas de que não existe obstáculo capaz de travar uma causa justa, uma
verdadeira revolução, façam aquilo que
fizerem.
Agora
pretendem agredir e ameaçar os venezuelanos. Não aprendem, mas vão aprender.
Os
que estão a presenciar esta graduação, coincidirão conosco nesta mesma opinião
e na mesma esperança que depositamos em vocês, vanguarda de centenas de jovens
que hoje seguem por este caminho, seguem esta mesma experiência.
Hoje
já não poderia falar-se
Vocês
talvez não consigam ver isto ainda com suficiente clareza; mas garanto-lhes que
acabam de escrever uma página na história.
Pátria
ou Morte!
Venceremos!
(Ovação)