Reflexões do
Comandante-em-Chefe
Os superrevolucionários
Leio cuidadosamente
todos os dias as opiniões sobre Cuba de agências tradicionais de imprensa,
incluídas as dos povos que fizeram parte da URSS, as da República Popular China
e outras. Chegam-me notícias de órgãos de imprensa escrita da América Latina,
Espanha e do resto da Europa.
O quadro é cada vez
mais incerto perante o temor de uma recessão prolongada como a dos anos
posteriores a 1930. O governo dos Estados Unidos recebeu no dia 22 de julho de
1944 os privilégios outorgados
A teoria do
crescimento continuo do investimento e do consumo, aplicada pelos mais
desenvolvidos aos países onde a esmagadora maioria é pobre, rodeada por luxos e
esbanjamentos de uma exígua minoria de ricos não é apenas humilhante senão
também destrutiva. Esse saque e suas desastrosas conseqüências é a causa da
rebeldia crescente dos povos, embora uns poucos conheçam a história dos fatos.
As inteligências
mais dotadas e cultas se incluem na lista de recursos naturais e estão
tarifadas no mercado mundial de bens e serviços.
O que acontece com
os superrevolucionários da chamada extrema esquerda? Alguns o são por falta de
realismo e pelo agradável prazer de sonhar coisas doces. Outros não têm nada de
sonhadores, são peritos na matéria, sabem o que dizem e para que o dizem. É
uma armadilha bem armada na qual não se deve cair. Reconhecem os nossos avanços
como quem concede esmolas. Carecem realmente de informação? Não é assim.
Posso-lhes assegurar que estão absolutamente informados. Em determinados casos,
a suposta amizade com Cuba lhes permite participar em numerosas reuniões
internacionais e conversar com quantas pessoas do exterior o do país desejem
fazê-lo, sem nenhum impedimento de nosso vizinho imperial a só 90 milhas das
costas cubanas.
O que aconselham à
Revolução? Veneno puro. As fórmulas mais típicas do neoliberalismo.
O bloqueio não
existe, pareceria uma invenção cubana. Subestimam a mais colossal tarefa da
Revolução, a sua obra educacional, o cultivo maciço das inteligências.
Sustentam a necessidade de pessoas capazes de viver realizando trabalhos
simples e rudes. Subestimam os resultados e exageram os gastos em investimentos
científicos. Ou algo pior: ignora-se o valor dos serviços de saúde que Cuba
oferece ao mundo, onde na verdade com modestos recursos, a Revolução despia o
sistema imposto pelo imperialismo, que carece de pessoal humano para
realizá-lo. Aconselham-se investimentos que são ruinosos, e tais serviços como
o alugel, são praticamente de graça. De não ter-se detido oportunamente os
investimentos estrangeiros nas moradias, construiriam dezenas de milhares sem
mais recursos do que a venda prévia das mesmas aos estrangeiros residentes em
Cuba ou no exterior. Além disso, eram empresas mistas regidas por outra
legislação criada para empresas produtivas. Não existiam limites para as
faculdades dos compradores como proprietários. O país forneceria os serviços a
esses residentes ou usuários, para o qual não se requerem os conhecimentos de
um cientista ou de um especialista
Não se pode
prescindir de algumas empresas mistas, porque controlam mercados que são
imprescindíveis. Mas, também não se pode inundar com dinheiro o país sem vender
soberania.
Os
superrevolucionários que receitam tais medicamentos ignoram de forma deliberada
outros recursos verdadeiramente decisivos para a economia como é a produção
crescente de gás, que já purificado se transforma numa fonte inestimável de
eletricidade sem afetar o meio ambiente o que produz centenas de milhões de
dólares anuais. Da Revolução Energética promovida por Cuba, de vital e decisiva
importância para o mundo, não se diz uma palavra. Chegam ainda mais longe: vêem
na produção canavieira uma cultura que se manteve em Cuba com mão-de-obra
semi-escrava, uma vantagem energética para a ilha, capaz de contrarrestar os
elevados preços do diesel que esbanjam sem limites os automóveis dos Estados
Unidos, da Europa Ocidental e de outros países desenvolvidos. Estimula-se o
instinto egoísta dos seres humanos, enquanto os preços dos alimentos
duplicam-se ou triplicam-se.
Ninguém foi mais
crítico do que eu da nossa própria obra revolucionária, mas nunca me verão
esperando favores ou perdões do pior dos impérios.
Fidel Castro Ruz
3 de setembro de 2007
20h36