Mesa-redonda
“Quem são os verdadeiros terroristas?”, realizada nos estúdios da Televisão
Cubana, em 26 de maio de 2002,
“Ano
dos Heróis Prisioneiros do Império”
(Versões taquigráficas – Conselho de Estado)
Randy Alonso – Muito boa tarde, caros telespectadores e ouvintes.
As centenas de tentativas de atentados contra nosso Comandante-em-Chefe e outros dirigentes da Revolução, as incontáveis mortes provocadas pela Lei assassina de Ajuste Cubano e o cruel seqüestro de uma pequena criança, são parte do longo e tenebroso histórico de ações terroristas contra nosso povo. Vítimas de tais atos da máfia, criada e financiada pelo governo norte-americano, têm sido também cidadãos e instalações daquele país.
Enquanto são condenados cinco jovens cubanos, lutadores contra o terrorismo, a longas penas, em um julgamento arranjado, vivem placidamente, em solo norte-americano, criminosos e torturadores da ditadura batistiana e terroristas confessos, vários dos quais acompanharam ao presidente Bush em seu giro e seu discurso em Washington e Miami.
Continuamos nesta tarde nossa mesa-redonda “Quem são os verdadeiros terroristas?”, em cujo painel me acompanham o doutor Pedro Álvarez-Tabío, diretor do Gabinete de Assuntos Históricos do Conselho de Estado; Arleen Rodríguez Derivet, editora da revista Tricontinental; Lázaro Barredo, jornalista do Trabalhadores; Manuel Hevia, diretor do Centro de Pesquisas Históricas da Segurança do Estado; José Pérez Fernández, pesquisador do Ministério do Interior e um dos peritos da Demanda do povo cubano contra o governo dos Estados Unidos por danos humanos; Renato Recio, jornalista do Trabalhadores; Rogelio Polanco, diretor do periódico Juventud Rebelde, e José Luis Méndez, pesquisador do Centro de Pesquisas Históricas da Segurança do Estado.
Acompanham-nos, nesta tarde, no estúdio, membros de nossas Tropas Guarda-Fronteiras, da Brigada Especial Nacional e da Polícia Nacional Revolucionária.
(Passam-se breves imagens sobre o tema.)
Randy Alonso – Em suas tentativas desesperadas, nestes 43 anos, de destruir a Revolução Cubana, sucessivos governos norte-americanos tentaram por todos os meios a eliminação física dos principais dirigentes da Revolução, especialmente, de nosso Comandante-em-Chefe, Fidel Castro.
São centenas, as tentativas de atentado contra a figura do companheiro Fidel, e delas participaram, dirigidos pelo governo norte-americano, agências especializadas, membros da máfia norte-americana e também da máfia terrorista cubano-americana. Sobre esse tema, proponho-lhes escutar o testemunho de José Pérez Fernández, que foi o perito que apresentou, na Demanda do Povo cubano perante o governo dos Estados Unidos, esse importante tema, entre as agressões e os atos terroristas dos governos norte-americanos contra nosso povo.
José Pérez – Existem alguns antecedentes que levam a crer que a história dos planos do governo dos Estados Unidos para eliminar fisicamente o Comandante-em-Chefe remonta à etapa anterior ao triunfo da Revolução.
É sabido como, naquela época, o governo norte-americano realizou não poucos esforços para impedir a vitória do Exército Rebelde sobre as forças da tirania batistiana e que, quando perceberam que isso não seria possível, trataram de escamotear o triunfo com aquele golpe de Estado contra-revolucionário planejado nos escritórios da embaixada ianque em Havana.
A história registra que, como parte desses esforços, infiltraram agentes nas fileiras do Exército Rebelde, do que dá fé o caso do agente da CIA Frank Sturgis, conhecido como Frank Fiorini, que, disfarçado de revolucionário e acompanhando a Pedro Luis Díaz Lanz, penetrou na Serra Maestra levando um carregamento de armas para o Exército Rebelde, meses antes do triunfo da Revolução.
Posteriormente ao triunfo, prestando serviços, subordinado a Díaz Lanz, que havia sido nomeado chefe da Força Aérea rebelde, ele trai e, em 1959 e 1960, planeja vários atentados contra o Comandante-em-Chefe, que revelaria, anos depois, em 1977, ao jornalista da revista norte-americana High Time, Ron Rosembanm. Esse agente teve uma longa carreira de ações subversivas e terroristas contra Cuba. E tem lógica pensar que, ao entrar para as fileiras do Exército Rebelde, já tinha designada essa missão que confessou anos depois.
Também se conhece o caso do agente mercenário do FBI, Alan Robert Nye, enviado a Cuba em dezembro de 1958, o qual, contratado e pago pela cúpula militar batistiana, adentrou na Serra Maestra com o mesmo propósito. Esse fato foi frustrado quando ele foi detido por forças rebeldes, que tomaram o potente fuzil com mira telecópica, um Remington-30.06, que portava. A benevolência da Revolução possibilitou que ele não fosse sancionado, sendo expulso do país.
A história deixa claro que, se antes do triunfo da Revolução o governo dos Estados Unidos realizou esforços para eliminar fisicamente o chefe do Exército Rebelde, que então lutava contra o exército de uma ditadura instalada no poder e apoiada por aquele governo, depois do triunfo, os esforços foram para eliminar o chefe da Revolução triunfante, que se tornou chefe de Estado cubano. Algo similar foi feito com o líder congolês Patrice Lumumba, vilmente assassinado.
A história registra também como, desde os primeiros momentos do triunfo da Revolução, o governo dos Estados Unidos, que havia dado refúgio em seu território aos esbirros, assassinos e ladrões do regime derrotado, permitiu e alentou que, desde ali, conhecidos esbirros, como Rolando Masferrer, organizaram planos para assassinar ao Comandante-em-Chefe, do que dá fé a captura, em março de 1959, em Havana, de um grupo de terroristas que, dirigidos e pagos por aquele esbirro, procurou realizar o atentado.
Os exemplos antes expostos bastam para corroborar que a eliminação física do chefe da Revolução converteu-se em objetivo prioritário do governo norte-americano, primeiro para impedir, e depois para destruir a Revolução, objetivo que não foi abandonado até a atualidade. Disso dá fé o fato de que já em 24 de abril de 1959, após seu regresso de uma viagem a Havana, o ajudante especial do Sub-Secretário de Estado para Assuntos Interamericanos do Departamento de Estado, John Hill, redigiu um memorando para o Secretário de Estado, que foi desclassificado anos depois, no qual expressou “que as opiniões recebidas, sobre o que aconteceria se Castro fosse assassinado ou incapacitado de outra maneira, coincidiam em que a situação [em Cuba] se desintegraria, com possibilidade, perigosamente [...] já que não existira nenhuma força capaz de resistir a uma histeria de massa que poderia sobrevir” – chamo a atenção para o fato de que essa avaliação tão precoce não era da CIA, era uma avaliação do Departamento de Estado –; mas também dá fé o memorando datado de 11 de dezembro de 1959, também desclassificado, anos depois, em que J. C. King, então chefe da Divisão do Hemisfério Ocidental da referida agência, ao expor ao chefe da CIA, Allen Dulles, os objetivos dos Estados Unidos para derrubar a Castro em um ano, assinalou entre eles o seguinte: “Deve-se considerar a eliminação física de Fidel Castro”, e acrescentou: “Muitas pessoas bem informadas acreditam que o desaparecimento de Fidel Castro acelerará a caída do atual governo”.
Também é revelador de como o governo dos Estados Unidos encomendou e ordenou à CIA, precoce e diretamente, a ação para eliminar o Comandante-em-Chefe, o relatório apresentado ante o Senado dos Estados Unidos, em 1975, pelo senador Frank Chruch, responsável pelo Comitê Seleto que o Senado norte-americano criou para investigar as atividades governamentais de inteligência, entre elas, os planos de assassinar a dirigentes políticos. Esse relatório, igualmente desclassificado, cita, por sua vez, um relatório secreto do então inspetor geral da CIA, J. S. Earman, em que ele reconhece, entre outros, os seguintes planos de atentados contra nosso Comandante:
O planejado através da oferta de uma caixa com charutos envenenados.
Dois planos para assassiná-lo, utilizando membros da máfia, e sobre os quais também testemunharam Richard Bissell, ex-chefe de operações da CIA, que foi um dos principais dirigentes da invasão de Girón, e William Colby, que chegou a ser diretor da CIA entre 1973 e 1976, durante as administrações dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford.
Outro consistia em fazer explodir um artefato explosivo que colocariam em um caracol, na zona onde o Comandante costumava praticar a pesca submarina.
Outro foi planejado para oferecer-lhe um traje especial para a prática da pesca submarina, impregnado com o bacilo de uma doença letal, o que seria um precursor da guerra biológica que decretariam depois.
No próprio relatório da Comissão Church, existem evidências que incriminam o Departamento de Ciência e Tecnologia da CIA, como encarregado de pesquisar e buscar meios tóxicos e bacteriológicos altamente sofisticados para assassinar ao Comandante.
Outro dos planos referidos naquele relatório é o que se concebeu executar através do traidor Rolando Cubela Secades, a quem recrutaram e deram o código Am Lash, encomendando-lhe essa missão, a qual deveria cumprir bem, envenenando-o ou disparando contra ele, para o que lhe entregaram os meios necessários para ambas as alternativas.
Depois da desclassificação desses documentos, o governo dos Estados Unidos se fez de mudo e não revelou um só plano mais, das 638 conspirações que a Segurança do Estado tem registradas.
Quero esclarecer que, quando se apresentou esse relatório pericial na Demanda do povo de Cuba, o registro era de 637; mas agora são 638, porque somamos o plano que se frustrou no Panamá, por ocasião da X Cúpula de Chefes de Estado Ibero-Americanos, que foi organizado após a apresentação daquele relatório.
Entre essas conspirações, encontram-se tanto as dirigidas diretamente pelos serviços especiais norte-americanos, através de seus agentes, como os realizados ou planejados através de membros das organizações contra-revolucionárias criadas e financiadas por eles, bem como os planejados por iniciativa de outros elementos contra-revolucionários, influenciados pelas sistemáticas campanhas de propaganda, através da qual se tem induzido e alentado a realização do crime. Poderíamos perguntar: por que calam?
Uma explicação poderia ser: porque ocultar, mentir, enganar sempre foi consubstancial à filosofia política do império. Assim o evidenciou, há mais de quarenta anos, o presidente Eisenhower, quando, ao aprovar o Programa de Ação Encoberta contra o regime de Castro, entre outras coisas, disse que “todo mundo tem de estar disposto a jurar que ele [Eisenhower] não sabe nada disso... Disse que nossas mãos não devem aparecer em nada que se faça”, e assim se demonstrou em outros numerosos exemplos, nestas mesmas mesas-redondas.
O antes expressado pelo Presidente era coerente com o conceito por eles adotado da negação plausível, segundo o qual as operações encobertas de inteligência e subversão de seus serviços especiais devem organizar-se de tal forma, que o governo não possa ser responsabilizado como gestor, instigador, planejador e executor das ações subversivas e terroristas que promove e dirige, caso elas sejam descobertas.
Outra explicação – que é, a nosso ver, a principal – é que os documentos desclassificados revelaram, ante a opinião pública norte-americana e internacional, que o assassinato de líderes e dirigentes revolucionários ou progressistas era, e continua sendo, consubstancial à filosofia e política de terrorismo de Estado praticada pelo governo dos Estados Unidos e, com a desclassificação de novos documentos sobre tema tão sensível, estariam vindo a público outras contundentes provas de que não abandonaram essa política, da qual o mundo, e Cuba em particular, dispõe de muitas evidências.
Mas não é só em assuntos de inteligência e subversão que eles executam, ocultam, mentem e enganam, senão também em outros que os afetam, do que é revelador o atual escândalo surgido naquela sociedade, com o aparecimento a luz pública de relatórios e evidências que demonstram como o presidente Bush e outras autoridades principais ocultaram que haviam sido advertidos, antes dos bárbaros atos terroristas de 11 de setembro, de que aquela tragédia vinha sendo preparada e, sem dúvida, não adotaram as medidas necessárias para preveni-la.
Até agora, nada se sabia disso, parece que tiveram bastante cuidado em ocultar o que, se fosse comprovado, poria a nu tão grave irresponsabilidade daquele governo e o evidente desprezo que têm por seu povo. Não cabe dúvida, Randy, de que Bush é um aluno adiantado dos bons professores de embuste que teve.
Outro plano em que interveio a estação local da CIA na Embaixada norte-americana em Havana, foi o criado pelos oficiais, major Robert Van Horn e coronel Jack Nichols, que encobriam suas ações subversivas e terroristas sob o cargo de adidos militares.
Os mesmos utilizaram a também agente Geraldine Shamma, que tinha sido recrutada pelo já citado Frank Sturgis, para organizar um plano de assassinato do Comandante-em-Chefe, por ocasião de uma das visitas que assiduamente fazia à casa de um dirigente da Revolução.
O referido plano seria executado por terroristas da organização contra-revolucionária Milícias Anticomunistas Operárias, da qual Shamma era contacto. O plano foi aprovado pelo chefe da estação da CIA, James Noel, e supervisionado por Luis Herbert, responsável da CIA para a área da América Central e do Caribe, que viajou a Havana especialmente com esse fim.
A década de 60 foi pródiga em planos altamente perigosos; aos já citados, podemos acrescentar, apenas a título de exemplo, por sua magnitude, os seguintes:
Em 1961, em apoio à invasão mercenária por Playa Girón, o governo dos Estados Unidos ordenou à CIA elaborar um plano para assassinar o Comandante-em-Chefe. Para isso, a Agência se valeu dos terroristas que integravam a organização contra-revolucionária MRP, fundada pelo traidor Manuel Ray Rivero, que, ao ir para os Estados Unidos, foi substituído, como chefe da mesma em Cuba, por Reynold González, quadro procedente da Juventude Operária Católica e fundador da União de Trabalhadores Católicos. Foi a este que a CIA encomendou a missão, o qual, junto com Antonio Veciana Blanch, conhecido agente da CIA e principal organizador do plano, Bernardo Paradela Ibarrichi e outros, planejaram o atentado por ocasião do ato multitudinário que se realizou em frente ao antigo Palácio Presidencial, em cujo varanda norte estaria o Comandante, junto com os principais dirigentes da Revolução.
O plano consistiu em disparar contra a tribuna, com armas automáticas e uma bazuca, ao mesmo tempo em que seriam lançadas granadas contra o povo ali concentrado. Sobre este plano, o próprio terrorista Reynold González testemunhou diante das cãmaras de televisão.
Também em março de 1961, o governo dos Estados Unidos ordena à CIA o assassinato de Fidel. Para isso, a agência utilizou a Rafael Díaz Hanscom, designado coordenador civil da organização contra-revolucionária Frente Interna, organizada para dirigir as ações contra-revolucionárias, em apoio à invasão mercenária, o qual planejou o assassinato para uma das freqüentes visitas que o Comandante realizava às obras da construção do Instituto Nacional de Poupança e Habitações.
O plano consistia em fazer explodir um potente artefato explosivo. Em apoio ao mesmo, realizou-se a infiltração de um comando da CIA, encabeçado pelo traidor Humberto Sorí Marín e outros, que introduziram os explosivos e um considerável número de armas, que seriam também utilizadas em outras ações contra-revolucionárias.
Ainda em 1961, às vésperas da invasão mercenária, volta o governo dos Estados Unidos a ordenar à CIA desenvolver outro extenso plano subversivo, que tinha por finalidade provocar um grande levante armado no país. O plano continha, entre suas ações, o assassinato do Comandante-em-Chefe durante a celebração do ato que, em comemoração ao 26 de Julho, seria realizado na Praça da Revolução, e simultaneamente assassinar ao então Comandante Raúl Castro, que falaria em um ato similar que se realizaria no estádio “Guillermón Moncada”, na cidade de Santiago de Cuba.
Simultaneamente, prepararam, com a participação também do Serviço de Inteligência Militar da Base Naval de Guantánamo, um auto-ataque contra a referida instalação, para simular que era um ataque de forças revolucionárias, o que tinha por finalidade provocar a intervenção militar dos Estados Unidos.
Há que considerar que a envergadura e o comprometimento deste plano revela, como poucos, a participação direta do governo dos Estados Unidos na direção de planos para assassinar ao chefe da Revolução e a outros dirigentes. Revela, ademais, a falta de escrúpulos que os caracteriza, pois um auto-ataque à referida instalação militar supunha também a morte de cidadãos norte-americanos.
Outro plano foi gerado em julho de 1961, pelos contra-revolucionários Mario Chanes de Armas – traidor –, seu irmão Francisco, José Acosta Quintalla, Orlando Ulacia Valdés e outros, pertencentes às organizações MRP, 30 de Novembro e FRD, os quais planejaram assassinar o Comandante disparando contra ele de um lugar próximo da casa de outro dirigente que ele visitava.
Também em 1961, os contra-revolucionários Noel Goderich Rodríguez, José René Martínez Carratalá, Abelardo González Fernández, conhecido como “O Manquinho” – todos com antecedentes de gangsterismo durante governos anteriores –, junto com Manuel Pérez Dulzaides e outros, prepararam e planejaram assassinar o Comandante, por ocasião do recebimento do dirigente argelino Ahmed Bem Bella, durante sua visita a nosso país. O plano consistia em estourar uma carga explosiva em um trecho do itinerário por onde supunham que passariam os dirigentes.
Em abril de 1962, Juan Manuel Guillot Castellanos, quadro procedente da Agrupação Católica Universitária, conhecido agente da CIA e coordenador militar nacional da organização contra-revolucionária MRR, planejou assassinar o companheiro Juan Marinello, naquele momento reitor da Universidade de Havana. O assassinato de Marinello era a isca para assassinar ao Comandante-em-Chefe e a outros dirigentes da Revolução, quando assistissem a seus funerais.
Um membro dessa mesma organização, Juan José Martori Silva, foi quem realizou o atentado contra o companheiro Carlos Rafael Rodríguez, quando este regressava a Havana, procedente de Matanzas.
Plano similar foi organizado também contra o companheiro Raúl Roa – ou seja, também utilizando a Roa de isca, como fizeram com o companheiro Marinello.
Em 1962, os terroristas Luis David Rodríguez, Ricardo Olmedo Moreno e outros, da organização RCA, planejaram atentar contra o Comandante-em-Chefe por ocasião da celebração do ato pelo 26 de Julho, que se supunha que se repetiria naquele ano, no mesmo lugar. O plano se frustrou ao celebrar-se o ato em Santiago de Cuba; sem dúvida, não desistindo de seus propósitos, no ano seguinte planejaram-no para o ato celebrado na escadaria universitária, em 13 de março. Esse plano consistia em disparar contra ele com um fuzil com mira telescópica, de um lugar próximo. Durante a operação de captura, morreu o chefe dos terroristas, Luis David Rodríguez, mas caiu também o combatente da Segurança do Estado, Orlando López González, que passou a integrar a longa lista de mártires do Ministério do Interior.
Outro dos planos altamente perigosos, encomendados pelo governo dos Estados Unidos à CIA, foi o concebido em março de 1963, para assassinar o Comandante-em-Chefe por envenenamento, em uma das ocasiões em que fosse à cafeteria do hotel Habana Libre. O plano consistia em colocar no alimento do Comandante o veneno que a CIA havia enviado em uma cápsula. Os executores desse plano foram terroristas da organização Resgate, um de cujos cabecilhas foi Leopoldina Grau Alsina, pessoa procedente de família politiqueira da pseudo-república e quadro das senhoras católicas. O terroristas que teve a missão de pôs o veneno foi Santos de la Caridad Pérez Núñez, empregado da cafeteria. Esse mesmo plano foi tentado em outros estabelecimentos que o Comandante freqüentava.
A mencionada Leopoldina, mais conhecida como Polita Grau, foi também uma participante ativa e de alta responsabilidade na organização e desenvolvimento da tenebrosa Operação Peter Pan.
Outro plano ocorreu em 1963, quando os terroristas da organização RCA, Julio Omar Cruz Cicilia e outros, planejaram o assassinato do Comandante quando este comparecesse ao estádio latino-Americano. Fracassado o referido plano, tentaram realizá-lo no ano seguinte.
Outro foi o planejado pelos terroristas Pierre Quand Diez, Francisco Blanco e outros, das organizações FIUR e Triple A, os quais planejaram-no para a ocasião da celebração do ato pelo aniversário dos CDR’s e o realizariam mediante a colocação de cargas explosivas que fariam estourar.
Na década de 70, continuaram os planos. Exemplos deles são os planejados pela CIA em 1972, por ocasião da visita do Comandante-em-Chefe ao Chile, dos quais o companheiro Taladrid, em sua intervenção anterior, fez uma ampla exposição, que não repetirei.
Em 1973, os contra-revolucionários Orlando Benítez Hernández Valdés e Agustín Benítez Planas, assíduos ouvintes das emissoras contra-revolucionárias e estimulados pela incitação para assassinar o Comandante-em-Chefe, planejaram assassiná-lo em uma das vias pelas quais passaria, por ocasião da visita que nos faria, naquele ano, o presidente chileno Salvador Allende. Para isso, utilizariam um fuzil com mira telescópica e duas pistolas calibre 9 milímetros.
Já na década de 80, continuaram esses planos, embora com menor freqüência. Por exemplo, em 1985, os terroristas de origem cubana Manolo Reyes e Rigoberto Milián Martínez, com o apoio de um terrorista de origem nicaragüense, planejaram assassinar o Comandante-em-Chefe durante sua visita à Nicarágua, por ocasião da posse do presidente Daniel Ortega. O plano consistia em derrubar o avião que transportava o Comandante.
Em 1988, os terroristas Pedro Corzo Eves, Pedro Martín Orozco e Gaspar Jiménez Escobedo, membros da Fundação Nacional Cubano-Americana, planejaram assassinar ao Comandante durante sua visita à Venezuela, por ocasião da posse do presidente Carlos Andrés Pérez. O plano consistia em fazer estourar, por controle remoto, vários artefatos explosivos de alto poder.
Já na década de 90, isso se incrementa, coincidindo com as freqüentes saídas do Comandante ao exterior. Alguns exemplos são: em 1994, por ocasião da participação do Comandante na IV Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado, celebrada em Cartagena das Índias, Colômbia, os dirigentes da Fundação nacional Cubano-Americana, Alberto Hernández, Francisco José (Pepe) Hernández e Roberto Martín Pérez, com a participação de conhecidos terroristas, como Luis Posada Carriles, Ramón Orozco Crespo, Gaspar Jiménez Escobedo, Félix Rodríguez Mendigutía e Raúl Villaverde, organizaram o assassinato do Comandante no referido evento. Para financiar esse plano, a cúpula da Fundação designou vários milhares de dólares, que foram entregues a Gaspar Jiménez Escobedo, que, por sua vez, enviou-os a Posada Carrieles. Nessa mesma ocasião, adquiriram um fuzil Barret calibre 50 e meios explosivos, que mandaram para a Colômbia, de Miami, por via aérea.
Francisco José (Pepe) Hernández é o mesmo personagem que recrutou o agente da Segurança do Estado, Percy Alvarado, a quem ofereceu 10.000 dólares, para que colocasse, no ano de 1994, um artefato explosivo no Tropicana.
Roberto Martín Pérez é filho do conhecido esbirro batistiano Lutgardo Martín Pérez, e foi um dos integrantes da expedição trujillista, capturada em Cuba em 1959.
Gaspar Jiménez Escobedo, conhecido como Gasparito, participou no assassinato do companheiro Artagnán Díaz, técnico de pesca, em Mérida, Yucatán; esteve preso no México e conseguiu, com a ajuda de narcotraficantes, sair da prisão.
Outro plano foi preparado pela Fundação, para ser executado durante a participação do Comandante na IV Cúpula Ibero-Americana, no ano de 1995, e voltam a participar nesse plano Roberto Martín Pérez, Gaspar Jiménez Escobedo e Eugenio Llameras.
Posteriormente, no mesmo ano, por ocasião da celebração da Cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados, também em Cartagena das Índias, Colômbia, o plano antes concebido foi reativado pelos terroristas anteriormente mencionados.
Em 1997, na ilha Margarita, Venezuela, na celebração da VII Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, o terrorista Luis Posada Carriles, com o apoio direto de Arnaldo Monzón Plasencia e outros dirigentes da Fundação Nacional Cubano-Americana, como Pepe Hernández, Alberto Hernández, Roberto Martín Pérez, Antonio (Tony) Llamas, Feliciano Foyo e Roberto Well Pineta, organizaram um plano para assassinar ao Comandante-em-Chefe, por ocasião de sua participação no evento.
Relacionado com esse plano, o mundo soube da captura, em águas de Porto Rico, do iate La Esperanza, propriedade do terrorista José Antonio Llamas, a bordo do qual viajavam os terroristas Angel Alfonso Alemán, Francisco Córdova Torna, Juan batista Márquez e Angel Hernández Rojo, os quais, portando dois fuzis Barret de alto calibre que lhes foram tomados, um de propriedade do dirigente da Fundação, Francisco Pepe Hernández, e o outro do também terrorista Juan Evelio Pou, dirigiam-se à ilha Margarita, para participar no citado plano de assassinato.
Como se sabe, todos foram absolvidos por um tribunal corrupto e servil aos interesses da Fundação, com a cumplicidade do tristemente célebre Héctor Pesquera, naquela época chefe do FBI naquele país.
Depois do julgamento, os terroristas, os promotores, os juízes e Pesquera, com evidente falta de escrúpulos e de ética, fundiram-se em uma orgia de euforia que nos faz recordar a recente orgia que se repetiu entre os terroristas, promotores e o próprio tristemente célebre Pesquera, depois que o júri federal declarou culpados a nossos cinco heróis.
Em agosto de 1998, antes da anunciada visita do Comandante-em-Chefe à República Dominicana, os terroristas Luis Posada Carriles, Ramón Font, Enrique Bassa e outros planejaram também assassiná-lo, com o apoio, naquele país, dos terroristas Ramón Orozco Crespo e Frank Eulalio Castro Paz, com preparativos que apareceram publicamente, através da imprensa.
Por ocasião da VIII Cúpula Ibero-Americana, celebrada em Portugal, os irmãos de origem cubana Manuel e Jesús Guerra, contra-revolucionários declarados, fizeram preparativos para assassinar ao Comandante-em-Chefe, em sua participação no referido evento.
Para encerrar essa enumeração, devemos recordar o plano frustrado no Panamá, em novembro de 2000, por ocasião do comparecimento do Comandante à X Cúpula Ibero-Americana ali realizada, ocasião em que foram presos em flagrante o terrorista Luis Posada Carriles e seus cúmplices Gaspar Jiménez Escobedo, Pedro Remón Rodríguez e Guillermo Novo Sampoll, e tomados os explosivos de alto poder que portavam.
São conhecidos os esforços que realiza a Fundação Nacional Cubano-Americana, com a anuência do governo dos Estados Unidos, para liberar a esses terroristas.
Gostaria de compartilhar com vocês e com nosso povo a seguinte reflexão:
O que teria sucedido também a muitos de nossos compatriotas, congregados em atos multitudinários, se tivesse se materializado algum desses planos em que se utilizariam potentes armamentos e explosivos?
O que teria sucedido aos irmãos panamenhos, se tivessem explodido as cargas explosivas que os terroristas iam colocar na universidade daquele país, onde centenas de estudantes e professores se reuniram com o Comandante?
Então, quem são os terroristas?
Randy Alonso – Sem dúvida, é uma resumida enumeração dos mais de 600 atos de terrorismo, que são as tentativas de atentado contra nosso Comandante-em-Chefe, ao longo desses 43 anos, um recorde olímpico, como o próprio Comandante disse e que, além disso, incluem as tentativas de atentados contra outros dirigentes da Revolução.
Agradeço a Pérez Fernández esse – poderíamos dizer – rápido, mas intenso, resumo de todas essas abomináveis ações contra os dirigentes da Revolução.
Utilizados desde o princípio da Revolução, o tema migratório e a Lei de Ajuste, como instrumentos agressivos da política norte-americana contra nosso país, tiveram um importante clímax durante a década de 90, pelo desejo de provocar uma desordem dentro do país, de provocar manifestações que levassem a uma suposta caída da Revolução, e de utilizar todas as vias possíveis para criar um ambiente contra-revolucionário no país.
O uso do tema migratório na década de 90 é outro que se soma à longa lista de ações terroristas contra nosso povo. Renato Recio comenta isso.
Renato Recio – Primeiro, Randy, quero recordar o conceito da Lei de Ajuste Cubano, que é, precisamente, o coração da política de provocações e de agressões nesse campo, por parte dos inimigos de Cuba e dos governos norte-americanos já há muitos anos.
A Lei de Ajuste Cubano foi aprovada pelo presidente Johnson, em 2 de novembro de 1966, e estabeleceu status especiais e exclusivos para os cidadãos cubanos que chegassem, por qualquer via, aos Estados Unidos, inclusive para aqueles que haviam chegado ali desde o Primeiro de Janeiro de 1959, algo que, como se recordou aqui nestes dias, era um desejo de favorecer aos elementos que chegaram lá desde o triunfo da Revolução, fugindo da justiça revolucionária, malversadores, assassinos, criminosos do antigo governo da tirania batistiana.
A Lei de Ajuste Cubano tinha, como você recordava, um afã desestabilizador, queria destruir a Revolução Cubana; fazia parte desse mecanismo, desse sistema de ações que se entrelaçam todas e que o que buscam é, precisamente, sufocar o povo cubano, para submetê-lo, contra sua vontade, aos desígnios imperiais. Isso, é claro, misturado; ou seja, a Lei de Ajuste Cubano, com os privilégios que dava, combinada com os ataques terroristas, que se faziam a rodo naquela época, combinada com o bloqueio rigoroso para prejudicar a economia do país, combinada com a propaganda e combinada com a política malévola de impedir, pela via legal, a viagem dos cidadãos cubanos que queriam ir aos Estados Unidos, que queriam residir lá, que queriam visitar familiares, etc., que digo desde agora que foi uma política constante da Revolução não interromper o processo das pessoas que querem encontrar-se com seus familiares nos Estados Unidos; bem, isso unido a essa política malévola, ou seja, eu crio uma lei que estimula a imigração ilegal e ao mesmo tempo proíbo a imigração legal, isso explodiu, mais de uma vez, em crises migratórias. Ou seja, gente que foi se acumulando, com seu desejo de ir aos Estados Unidos, impossibilitadas de ir porque constantemente lhes negavam o visto por via legal. Mais de uma vez, como disse anteriormente, estourou em chamadas crises migratórias.
Como vou para os últimos anos, vou lembrar um antecedente importante, a crise migratória de 1980, que se produziu a partir da saída maciça em embarcações, pelo porto de Mariel, antecedida da ocupação violenta da embaixada do Peru por um grupo grande de delinqüentes e anti-sociais, que assassinaram o guarda daquela instalação. Aquela crise – que não vou detalhar, foram dezenas e dezenas de milhares de pessoas, que saíram para os Estados Unidos, em embarcações que vinham de lá para buscá-las – influiu, logicamente, em que, anos depois, já com Ronald Reagan no governo, se fizesse outro acordo migratório, em 14 de dezembro de 1984. Nesse acordo migratório, o governo dos Estados Unidos se comprometia a reiniciar a concessão, a cidadãos cubanos, de vistos preferenciais de emigrantes, até o número de 20.000 vistos anuais. Bem, 20.000 vistos anuais são, sem dúvida, um número de importância. Além disso, especificava-se que esse número de 20.000 podia ser ultrapassado, se eram incluídos os familiares dos que já eram cidadãos norte-americanos e se também se incluíam uns 3.000 vistos anuais, para aquelas pessoas que haviam cumprido sanções por atividades qualificadas como delitos contra a segurança do Estado em Cuba.
O que aconteceu realmente? Do número total de vistos que deviam ser concedidos, em virtude desses acordos, quando se chega a 1994, do número total que devia somar 160.000, apenas haviam sido concedidos 11.222 vistos.
De maneira que, evidentemente, esse fato, o fato de que havia um grande acúmulo de pessoas que queriam mudar-se para os Estados Unidos, e a quem não se dava a oportunidade de ir legalmente, e o fato de que, em 1994, estávamos vivendo um momento duro do período especial – sabe-se o que aconteceu em Cuba, naquele momento em que caiu o campo socialista, os países que fundamentalmente comerciavam com Cuba, reforçou-se ao máximo o bloqueio norte-americano –; a divisão familiar e a impossibilidade do reencontro criavam a necessidade; a propaganda e a incitação à imigração ilegal crescia; a tentação de viver no país mais rico do mundo, com rendas e salários necessariamente superiores aos de um país como Cuba, subdesenvolvido, pobre, bloqueado, e a negação de vistos, insisto, trouxe como conseqüência outra crise migratória.
Creio que é bom – embora isso seja recente, porque aconteceu em 1994 – recordar os fatos, ainda que de maneira sucinta: houve assassinatos, houve seqüestros de embarcações, houve violência; aquelas imagens dos assassinos chegando à Flórida, chegando às costas de Miami, e sendo recebidos como heróis, o povo cubano jamais esquecerá. Era algo realmente terrível ver que assassinavam a uma pessoa aqui, e algumas horas depois chegavam lá – vejam, aí se vê perfeitamente essa imagem (projetam imagens) – com absoluta impunidade.
Randy Alonso – Essa é a imagem de Leonel Macías, o assassino de Roberto Aguilar Reyes, o jovem marinheiro cubano assassinado no Mariel, cuja mãe, profundamente emocionada, falou na tribuna aberta de ontem, em Sancti Spíritus; uma tribuna de um profundo conteúdo humano e revolucionário, que tocou a cada um dos que participamos e dos que a viram por televisão; esse testemunho da mãe de Roberto Aguilar foi um dos que mais profundamente nos tocou, a cada um de nós.
O assassino de Roberto Aguilar Reyes foi absolvido nos Estados Unidos e está lá, vivendo tranqüilamente nesse país.
Renato Recio – Naquele momento – estou falando de agosto de 1994 –, Cuba decide que devem parar os esforços que exclusivamente assumia nosso país para impedir a emigração ilegal, as saídas ilegais; os Estados Unidos não faziam nada para impedir, pelo contrário, estimulava-se por todos os meios que ocorresse. Então nossas autoridades limitaram-se a apenas persuadir as pessoas a não viajarem em condições inseguras, a patrulhá-los, eliminar ao máximo os riscos no trajeto pelas águas jurisdicionais de Cuba; mas abriu-se a possibilidade de que as pessoas que tivessem necessidade, desejo ou por qualquer outra razão, de que pegassem suas embarcações, aquelas embarcações rústicas, e se fossem; os guarda-costeira norte-americanos os esperavam, e umas 30.000 pessoas viajaram assim, o que se conheceu como outra crise migratória.
Isso trouxe, como conseqüência, intensas negociações entre delegações norte-americanas e cubanas, para estabelecer um novo acordo migratório. Dessa vez, incluíam-se, aparentemente de maneira séria – desde o primeiro momento se via –, medidas para conceder, a cada ano, não menos de 20.000 vistos para emigrar de forma legal e segura, e se estabelecia o compromisso, por parte dos Estados Unidos, de interceptar no mar, além das águas jurisdicionais de Cuba, aos que tentassem realizar uma viagem ilegal para os Estados Unidos, e, é claro, de devolvê-los a Cuba. Cuba, por sua parte, comprometia-se a não aplicar nenhuma sanção pela tentativa de saída ilegal.
Mais de uma vez, avaliaram-se esses acordos migratórios e seu cumprimento. Em geral, estima-se que as autoridades norte-americanas, sem deixar de selecionar um grupo de pessoas que não devolvem, evidentemente para agradar à máfia e aos políticos de direita dos Estados Unidos, devolvem cerca de 80% dos emigrantes ilegais, e efetivamente foram concedidos não menos de 20.000 vistos anuais. É um fato que se pode avaliar como positivo, não se rompeu a essencialidade daquele convênio; mas continua acontecendo, como se viu, continuamos vendo o desejo, a constante intenção, da máfia terrorista norte-americano-cubana, dos políticos de direita, de bloquear, de sabotar, de conluiar contra esses acordos migratórios. Isso ocorre constantemente.
É preciso acrescentar a isso, Randy, o fato de que, nos últimos anos – já desde aquela data até agora, provavelmente –, incrementou-se enormemente o tráfico ilegal, o tráfico de emigrantes, o contrabando de pessoas; ou seja, já se utilizam as lanchas rápidas, que cobram 8.000 dólares, 10.000 dólares, 11.000 dólares, para transportar gente pra lá. As próprias autoridades norte-americanas dizem que 80% ou 85% das viagens ilegais são feitas nesse tipo de lanchas.
Randy Alonso – Inclusive, no ano passado, chegou-se a falar em mais de 90%.
Renato Recio – Isso, é claro, é uma maneira de violar o espírito dos acordos migratórios, porque não é igual interceptar barcos rústicos, embarcações de pouca velocidade, e a essas lanchas muito sofisticadas, muito rápidas, utilizadas – como já dissemos, mais de uma vez, nestas mesas-redondas – para o narcotráfico, para o terrorismo, para qualquer tipo de delito, e essas lanchas, ainda que o desejem, às vezes não podem ser detectadas ou detidas em alto-mar pelos guarda-costeira norte-americanos.
Agora, esses contrabandistas, que não estão em função apenas do dinheiro que ganham, mas também em função dos interesses da máfia e dos direitistas norte-americanos, para sabotar os acordos migratórios, gozam também de absoluta impunidade.
Aqui, nesta mesma mesa, dissemos o parque em que se reúnem em Miami, onde se fecham os negócios, oferecemos nomes, endereços, telefones dos balseiros, dos donos de embarcações, e, pelo que sabemos, pelo menos pelo que eu sei, não houve ainda uma verdadeira ação séria das autoridades norte-americanas, para impedir um delito universalmente reconhecido como um delito criminal, um delito atroz. Essas lanchas continuam sendo inseguras, apesar de serem rápidas e sofisticadas; houve muitos acidentes, houve muitos mortos, inclusive com essas lanchas rápidas. Por outro lado, os lancheiros são pessoas violentas, capazes de qualquer barbaridade. Realmente, esses lancheiros atuam como se estudassem em uma escola de futuros terroristas, se já não são, e de futuros narcotraficantes, se já não são.
Definitivamente, continuam as mesmas condições de estímulo à emigração ilegal; mas, nestes anos, ocorreu um fato que, a meu ver, devemos recordar como muito transcendente, nesse aspecto da emigração ilegal e da Lei de Ajuste Cubano: o seqüestro do menino Elían González.
Levavam a Elián em um desses casos de emigração ilegal, sem a autorização de seu pai, quando a embarcação em que viajava sofreu um acidente, foi a pique. Elián foi um dos poucos sobreviventes, foi resgatado em alto-mar, perto da costa da Flórida, por alguns pescadores, e a máfia e os políticos de direita – não apenas a máfia, os políticos norte-americanos de direita também – pensaram que tinham encontrado uma possibilidade maravilhosa para criar um precedente que sempre haviam buscado, um caso que questionasse o dever dos guarda-costeira de reter e devolver a Cuba as pessoas interceptadas em alto-mar – esse acordo é uma coisa que sempre doeu à máfia, e querem destruí-lo –, e o seqüestraram. O povo cubano lembra-se bem desses trágicos acontecimentos, e não é necessário detalhá-los muito.
Mas o caso de Elián, que foi vilmente seqüestrado e depois resgatado pela ação do povo cubano e a solidariedade dos norte-americanos, quando 80% do povo estadunidense compreendiam que não era possível, não era humano tirar uma criança de sua pátria e de sua terra, e arrebatá-la de seu pai, esse caso nos lembrou a todos a quantidade de mortes ocorridas por essa razão, de cidadãos cubanos que morreram, de crianças cubanas que morreram, de mulheres cubanas que morreram, ainda que não saibamos a quantidade exata. Foi um exemplo de qual é a essência desse mecanismo brutal que se chama Lei de Ajuste Cubano.
O fato de que Elián fosse seqüestrado, e que – como todos lembramos – a casa dos seqüestradores fosse constantemente visitada por conhecidos terroristas, por gente que matou, por gente que pôs bombas, por gente muito desprezível; de que aquela casa onde o mantinham seqüestrado fosse protegida por uma organização contra-revolucionária terrorista, todos aqueles espetáculos atrozes nos fazem lembrar, neste instante, que quando Bush, em 20 de maio, esteve em Miami, entre o público que delirantemente o aplaudia, nesse público histérico, nesse público estavam aqueles seqüestradores, estavam os seqüestradores diretos e os indiretos. Por isso se disse, com razão, que Bush se reuniu com terroristas e com seqüestradores de crianças. Reuniu-se, enfim, com todos os que causam essa política desumana que está relacionada com a Lei de Ajuste Cubano e com a emigração ilegal.
A pessoa se pergunta, depois dessa famosa reunião, até quando as autoridades norte-americanas vão permitir que atuem impunemente esses lancheiros e esses donos de embarcações que saem de lá.
Randy Alonso – Evidentemente, não haverá resposta, Renato, enquanto os Estados Unidos continuem utilizando o tema migratório como um elemento político de agressão contra nosso país. Como você dizia, no encontro com Bush, estava Delfín, estava Lázaro, estava Marysleisis, estava Ileana e estavam outros membros dessa fauna.
Renato Recio – Quero acrescentar uma coisa que me parece, inclusive, mais terrível na mentalidade dessa máfia. A sabotagem, o complô contra o acordo migratório vigente produz-se pelo desejo, pela intenção explicitada de que se produza uma nova crise migratória, com conseqüências, inclusive, trágicas; desejam-no, lutam por isso, trabalham para isso, para justificar um bloqueio naval dos Estados Unidos a Cuba, uma provável resposta cubana, porque Cuba nunca se deixa humilhar, e assim criar condições para que os Estados Unidos empreenda atos de guerra, como fez em outros países, com outros povos. Esse é o verdadeiro desejo dessa máfia e dessa direita, e tudo o que fazem em relação aos acordos migratórios visa, em última instância, a esse objetivo.
Randy Alonso – Esses seqüestradores de crianças são parte da política que os Estados Unidos pratica contra nosso país, de utilizar o problema migratório como um método de agressão, uma política que, ademais, como você dizia, tem sido aproveitada pela máfia anticubana, para provocar uma situação que leve a uma agressão militar direta contra nosso povo, e que continua sendo um instrumento de morte contra cidadãos cubanos, mulheres, crianças, homens, anciãos, que perecem no estreito da Flórida, muitas vezes sem que nem mesmo se saiba seus nomes ou quantos foram. Este é um testemunho que nossa mesa-redonda ofereceu uma vez e que, sem dúvida, merece ser recordado, no dia de hoje, de uma das inocentes vítimas da Lei assassina e terrorista de Ajuste Cubano.
Belkis Pérez – Esta é a escola 26 de
Julho, de Porto Esperança, no município pinarenho de Viñales, esta é a classe
do Quarto A, onde uma carteira está vazia. Claudia Montané Castro, de 9 anos,
já não compartilha com seus amigos e com sua professora, os mesmos que a
acompanhavam há quatro anos.
Professora – Ela nunca demonstrou
nada, nem aqui, nem na rua, em nenhum lugar. Ela era uma menina muito
preocupada, gostava muito da escola, do grupo, compartilhava com todos.
Belkis Pérez – Parece que deixou um
trabalho que você havia pedido.
Professora – Um trabalho de curso
sobre Camilo, deixou com uma menina, para que me entregasse.
Menino – Ela gostava de estudar
com a gente. Eu digo à professora que Claudia nos faz falta, porque nos ajudava
bastante.
Menina – Fiquei triste, porque
ela sempre estava com a gente; sempre estava junto com seus amigos, e senti
muita tristeza quando soube a notícia.
Menina – Ela era uma menina muito
bonita, tinha o cabelo bem comprido, participava em todas as atividades da
escola, vinha todas as manhãs. Ela dividia tudo com a gente, era legal, estava
sempre com a gente, brincávamos, fazíamos muitas coisas. Além disso, ela sempre
estava muito contente com a gente, brincando, falando, jogando.
Belkis Pérez – Ela nunca lhes disse que
queria ir para onde estava vivendo seu pai?
Menina – Não, nunca disse isso.
Menino – Eu me senti triste,
porque ela era boa, nos ajudava, participava em todas as atividades, vinha
todas as manhãs ao tiro, aos filmes, à formação de valores. Bom, ela dividia
com a gente tudo que tinha e nos ajudava muito.
Belkis Pérez – Desde quinta-feira à
tarde, Claudia não vem à escola, foi levada por sua mãe, Jackelín Castro Sentí,
de 29 anos, ao que acabou sendo uma irresponsável aventura.
Neste povoado de
pescadores, todos sentem o que aconteceu. Esta é a casa da avó de Claudia,
Aleida Sentí, um lar em que se semeou a dor.
Avó de Claudia – Eu não pensei nisso; que
ela um dia se fosse por via legal, sim, mas que se fosse assim, não. Inclusive
a mim, ela não disse nada que ia, porque, se tivesse dito, eu lhe tiraria essas
idéias, mas ela não me disse, honestamente, eu sou sua mãe, e ela não me disse.
Belkis Pérez – Porque a senhora, sim,
está consciente do perigo que corre.
Avó de Claudia – Sim, como vou arriscar
minha neta, que criei com tanto trabalho, arriscá-la a esse perigo? Ela não me
disse nada porque, se me diz, eu lhe tiro a menina; se quer ir, que vá sozinha,
mas minha neta, não. Ela fez porque quis. É que ela, todo o tempo, o que me
disse é que ia a Havana buscar um pacote, não me disse a verdade. Que ia buscar
um pacote, e só me dizia isso, e foi nisso que eu acreditei, porque ela não foi
franca, não me disse a verdade; ela se foi na quinta-feira, e já não soube nada
mais dela.
Belkis Pérez – É claro que a família
está sofrendo muito.
Avó de Claudia – Claro que sim, isso é o
que ela deixou, muita dor na família, porque eu não sei onde está, não sei. A
única coisa que posso dizer é que tenho uma dor muito grande no coração.
Tia de Claudia – Ela sempre disse que
iria, mas que seria de forma legal, ela nunca disse que iria assim com a
menina, e até aquele momento, ela nunca disse que ia, escondeu até a última
hora, e se foi porque queria estar ao lado de seu esposo, era o que queria, e
que a menina estivesse ao lado de seu pai; mas nunca disse que iria por essa
via, jamais.
Belkis Pérez – Vocês teriam feito que
mudasse de idéia?
Tia de Claudia – Nós lhe teríamos tirado a
menina, e, se ela quisesse ir, talvez fosse, porque é maior de idade; mas a
menina, nós teríamos tirado dela, não permitiríamos que a levasse.
Belkis Pérez – Como é, para vocês, que
Claudia não esteja aqui?
Tia de Claudia – Imagine! Que podemos
dizer, se elas sempre estavan em minha casa, e eu vinha aqui, sempre estava
junto com elas. Claudia também tinha muito apego com a gente; uma inocente, que
não devia ter sido submetida a isso.
Belkis Pérez – O pai de Claudia está
lá.
Tia de Claudia – Sim, ele está nos
Estados Unidos.
Belkis Pérez – E ele sabia alguma coisa
de que Jackelín pensava ir pra lá?
Tia de Claudia – Com certeza que sabe,
imagine, ela sozinha não teria dado esse passo. Tenho certeza de que ela
sozinha não daria esse passo.
Tio de Claudia – Essa mudança foi desde
que Carlos chamou para cá, que ela ficou desesperada – Carlos, seu esposo, o
pai da menina –, porque ele falou de um pacote. Desde que ele esteve aqui em
Cuba, eles falaram muitas vezes, estiveram sozinhos durante todo esse tempo, e
ele lhe disse que ia mandar um pacote, que tinha de ir a Havana, que não saísse
daqui, que o esperasse.
Belkis Pérez – Vocês teriam feito que
mudasse de idéia, se tivessem sabido?
Tio de Claudia – Claro que sim, com
certeza, imagine, a dor tão grande da família agora, sem saber delas, sem ter
notícias, nada, imagine, e da menina, principalmente.
Vizinha de Claudia – Nunca demonstrou que
pensava ir assim, nesses barcos, não; ela gostava muito da filha. Sempre disse
que atirá-la ao mar, assim, não, não, ela gostava muito de sua menina,
dedicava-se muito ao bem-estar da filha, muito limpa, a menina ia à escola,
muito ativa com as crianças, gostava muito delas. Ela tinha uma bicicleta, e
levava os menores para dar voltas, montados na frente, assim, para darem uma
voltinha.
Belkis Pérez – Em sua opinião, se ela
tinha dito que nunca levaria a filha por mar, porque decidiu fazê-lo?
Vizinha de Claudia – Bem, eu penso que foi
pelo pai da menina.
Belkis Pérez – Mais uma vez o
sofrimento se apodera de uma família cubana. A classe de quarta série da escola
26 de Julho, de Porto Esperança, em Viñales, ficou com uma carteira vazia. Essa
é mais uma amostra do absurdo da uma lei que os cubanos continuaremos
combatendo, até o final de nossos dias.
Randy Alonso – São as vítimas de uma lei assassina e de uma lei terrorista. Quando os Estados Unidos pretendem rotular quem são os Estados terroristas no mundo, ou as chamadas nações que patrocinam o terrorismo, é preciso lembrar, nesta mesa-redonda, quantos torturadores e assassinos batistianos foram acolhidos pelo governo norte-americano, após o triunfo da Revolução.
Sobre esse tema, pedimos ao historiador Pedro Alvarez-Tabío que nos apresente um resumo, da longa lista que se poderia mencionar.
Pedro Alvarez-Tabío – Muito obrigado, Randy.
Como é possível acusar a Cuba de amparar terroristas, e fazê-lo sem pudor, com a cara tão limpa, quando precisamente Estados Unidos foi o país que serviu de refúgio seguro e cômodo para centenas – para não dizer milhares – de terroristas de origem cubana, terroristas comprovados e, em muitos casos, até confessos? Pode-se ser mentiroso, isso já é mau, condenável e repudiável; mas é que, nesses senhores do Departamento de Estado, a hipocrisia, a deliberada falta de memória histórica, a falta de pudor chega a extremos tão insólitos, que realmente dá trabalho encontrar um precedente no mundo.
Para começar a tratar esse tema dos Estados Unidos como refúgio de terroristas, eu vou me referir, nesta ocasião, a um aspecto que já foi mencionado nestas mesas-redondas, mas que, em minha opinião, convém recordar, porque é uma demonstração palpável dessa impudicícia e dessa hipocrisia. Refiro-me precisamente ao que foi a primeira manifestação concreta de hostilidade do governo dos Estados Unidos contra a Revolução triunfante em Cuba, no Primeiro de Janeiro de 1959, que foi a acolhida oferecida a dezenas de criminosos de guerra, assassinos, torturadores, ladrões descarados do tesouro público do povo, que conseguiram fugir da justiça revolucionária e encontraram hospitalidade e asilo em território dos Estados Unidos, diretamente desde o primeiro momento, visto que saíram de Cuba diretamente para os Estados Unidos, ou após um trânsito mais ou menos rápido por um terceiro país.
Trouxe aqui uma lista de conhecidos esbirros da ditadura que conseguiram escapar para o estrangeiro, ao triunfo da Revolução, e foram parar nos Estados Unidos. Essa lista tem 41 nomes, e não está completa.
Randy Alonso – Estamos falando dos mais famosos.
Pedro Alvarez-Tabío – Os mais famosos. Agora, essa lista pode servir para demonstrar a atitude acolhedora e cúmplice com o terrorismo que, desde aqueles primeiros momentos, o governo dos Estados Unidos teve com esses criminosos, com esses assassinos, com esses ladrões, que encheram o povo cubano exatamente de terror, de luto, de dor.
Vou mencionar alguns dos nomes dessa lista, e, à medida que os mencione, vamos perceber que se trata de uma verdadeira galeria do crime.
Conrado Carratalá Ugalde: A simples menção de seu nome, junto com o de Esteban Ventura, infundia terror em Cuba. Era um dos mais sanguinários esbirros da Polícia em Havana, autor de inumeráveis assassinatos.
Martín Díaz Tamayo: Cupincha de Batista, um dos conluiados no golpe de Estado de 10 de março de 1952, subiu de capitão da reserva a general, de uma vez, no mesmo dia do golpe. Foi – vocês lembram muito bem – o portador da ordem de Batista de assassinar aos assaltantes do Moncada que caíram prisioneiros. Depois atuou como vice-chefe do Birô de Repressão de Atividades Comunistas, o sinistro BRAC, de sangrenta memória, e como chefe do Regimento 1 “Maceo”, em Santiago de Cuba.
Alberto del Río Chaviano: Outro golpista do 10 de março. O assassino do Moncada, executor dos assassinatos de mais de 50 moncadistas prisioneiros, responsável pelas horríveis torturas aplicadas a esses heróicos combatentes, entre eles, Abel Santamaría, Boris Luis Santa Coloma e muitos outros.
Mariano Faget Díaz: Chefe do já mencionado Bureau de Repressão de Atividades Comunistas (BRAC), homem de confiança do FBI em Cuba. Acusado, em um momento, de ser o assassino do líder ortodoxo Pelayo Cuervo Navarro, por ocasião do assalto ao Palácio Presidencial em 13 de março, cujo cadáver – como nosso povo recordará – apareceu atirado no Laguito do exclusivo bairro Country Club.
Armentino Feria Pérez: Membro da organização chamada Tigres de Masferrer – a que vou referir-me mais adiante –, tristemente célebre por seus numerosos crimes cometidos em Manzanillo, Sagua de Tánamo e Santiago de Cuba.
Pilar García García: Nome de mulher e alma de assassino. Executor do assassinato dos assaltantes ao quartel Goicuría. Chefe da Polícia Nacional, famoso por seus crimes e pelo método “García”. O que era o método García? Assassinar o detido com um tiro pelas costas.
Irenaldo García Báez: Filho de Pilar García. Neste caso, vou ler o que escreveu a revista Bohemia em 1959, sobre esse assassino. Diz:
“De tenente que era, juntou uma palavra mais a seu posto, e converteu-se em tenente-coronel. Havia duas razões para isso: ela filho de Pilar e tinha alma de criminoso. Nomeou-se segundo chefe do SIM, e são muitos os cubanos que podem contar histórias em que ele aparece como o carrasco-maior. Enquanto a juventude cubana se imolava para derrubar o regime, esse homem jovem se entregava de corpo e alma à nefasta tarefa de afogar em sangue todo intento de liberdade. Utilizando o slogan de uma firma cigarreira, bem se poderia dizer: ‘Com meu pai, aprendi’.”
Leopoldo Pérez Cougil: De capitão a coronel, em 10 de março, chefe do Regimento 4 “Plácido”, da Guarda Rural, em Matanzas, vice-chefe do BRAC. Nos últimos meses da ditadura, chefe do Serviço de Inteligência Militar, o funesto SIM.
Agora vêm na lista duas personagens que não é preciso recordar aos cubanos – pelo menos aos de minha geração – quem eram, porque foram bem conhecidos.
Julio Laurent Rodríguez: Oficial da marinha de Guerra batistiana, de quem talvez a única coisa que faltaria dizer é que foi o assassino direto do lutador revolucionário Jorge Agostini, e de pelo menos oito expedicionários do Granma que caíram prisioneiros, entre eles nada menos que Ñico López, Cándido González e José Smith. Sob suas ordens, a estação da Marinha no Castillo de la Chorrera, na desembocadura do rio Almendares, converteu-se em um antro de morte, tortura e crime.
Rolando Masferrer Rojas: Outro personagem de extensa trajetória. Ganhou notoriedade já desde a década de 40, como cabecilha de uma organização de gângsteres, autor intelectual ou direto de uma série de atentados contra seus inimigos políticos, exemplo de oportunista, renegado de suas filiações políticas cada vez que foi conveniente a seus interesses, como quando se converteu, de repente, de autêntico, em batistiano, no 10 de março. Acaba organizando e dirigindo pessoalmente o grupo paramilitar conhecido como os Tigres de Masferrer, responsáveis por incontáveis assassinatos e abusos no sul do Oriente.
Continuamos com a galeria de assassinos que encontraram refúgio nos Estados Unidos.
Agustín Lavastida Álvarez: Apelidado “Massacre”, dispensa comentários. Chefe do Serviço de Inteligência Regimental em Holguín e também em Santiago.
Lutgardo Martín Pérez: De sargento, ascendeu a tenente-coronel, certamente não por méritos profissionais. Chefe da Polícia em Havana, notório assassino, torturador e pai – como se disse aqui – de um dos principais cabecilhas do braço terrorista da Fundação Nacional Cubano-Americana. Outro que aprendeu com o pai.
José Eleuterio Pedraza Cabrera: Outra extensa folha de serviços ao crime, desde a greve de março de 1935, que banhou em sangue.
Orlando Piedra Negueruela: Chefe do tenebroso Bureau de Investigações da Polícia batistiana, outro centro de terror, tortura e crime.
José María Salas Cañizares: Infundiu o terror em Santiago de Cuba. Dele, direi apenas que foi o autor material direto do assassinato de Frank País, aquele a quem Fidel qualificou como “o mais valioso, o mais útil, o mais extraordinário de nossos combatentes”.
Ángel Sánchez Mosquera: O que podemos dizer de Sánchez Mosquera? Em síntese, militar assassino, responsável pelo assassinato de dezenas de camponeses na zona das Minas de Bueycito, durante a luta na Serra Maestra; pela pérfida morte do colaborador camponês Lucas Castillo e de outros membros de sua família e vizinhos, na zona de Santo Domingo.
Merob Sosa García: Rival de Sánchez Mosquera quanto a crimes contra a inocente população civil da Serra; depois designado para o posto de comando da tirania, conhecido como La Presa de Bayamo, uma infernal câmara de torturas, onde se cometeram crimes abomináveis.
E poderia continuar dizendo nomes, como, por exemplo, os de Francisco Tabernilla, seus filhos Carlos e Silito, Manuel Ugalde Carrillo e muitos outros, mas não haveria tempo para isso.
Agora, não quero terminar esta enumeração, sem mencionar o nome de quem é, a meu juízo, o arquétipo do assassino, na história da luta revolucionária em Cuba: Esteban Ventura Novo, falecido no ano passado, placidamente, em Miami. Dos incontáveis crimes de Ventura, creio que bastaria mencionar apenas o assassinato dos combatentes de Humboldt-7, Fructuoso Rodríguez, Joe Westbrook, Juan Pablo Carbó Serviá, José Machaco, os principais quadros do Diretório Revolucionário, após a morte de José Antonio Echeverría; ou o massacre de Goicuría e O’Farrill, em que foram assassinados Machado Ameijeiras, Rogito Perea, Pedro Gutiérrez, que são duas das ações de sangue mais abomináveis de nossa história.
Estas são, Randy, algumas das “jóias” que receberam acolhida generosa e amável do governo dos Estados Unidos. Todos eles e os demais da lista, que não mencionei por problemas de tempo, num total de 41, são, simples e singelamente, terroristas, porque sua ocupação, durante a luta insurrecional, e muitas vezes também depois da luta insurrecional – como vamos ver daqui a um momento – não foi outra senão semear o terror na população civil cubana.
Esses são alguns dos que encontraram amparo nos Estados Unidos, porque conseguiram escapar da justiça revolucionária.
Em matéria de história, há vezes em que o historiador necessita formular-se perguntas hipotéticas. Eu creio que este é um caso. E eu me perguntaria: O que teria acontecido, se, entre os que conseguiram escapar da justiça revolucionária, se encontrassem também, digamos, por exemplo, Joaquín Casillas Lumpuig, o assassino de Jesús Menéndez, ou Jesús Sosa Blanco, o autor da horrível matança de Oro de Guisa, onde foi assassinada a sangue frio uma dúzia de moradores inocentes desse remoto povoado da Serra Maestra, entre eles, nove membros da família Argote? O que teria acontecido, se Fermín Cowley Gallegos, o brutal executor das Páscoas Sangrentas, no norte do Oriente, o assassino dos expedicionários do Corynthia, não tivesse sido justiçado por um comando revolucionário em Holguín, e tivesse escapado no Primeiro de Janeiro de 1959? Ou se Caridad Fernández, o assassino de Juan Manuel Márquez e de tantos outros revolucionários na zona de Manzanillo, não tivesse sido capturado?
O que teria acontecido? Eu não tenho a menor dúvida de que teriam sido igualmente acolhidos, como respeitáveis refugiados políticos, dignos de desfrutar de um cômodo, agradável e luxuoso exílio, graças aos milhões que haviam roubado do povo cubano, entre assassinato e assassinato, sem que suas consciências fossem sequer perturbadas pela sombra de seus horrendos crimes.
Pelo simples fato dessa acolhida cordial que todos, sem exceção, desfrutaram até sua morte, ou ainda continuam desfrutando os que não morreram, de total impunidade e agradável tranqüilidade, os Estados Unidos se converteram num país que ampara e patrocina o terrorismo, digno de figurar, em primeiro lugar, na famosa lista do Departamento de Estado.
É preciso dizer que as autoridades do Governo Revolucionário cubano esgotaram todas as vias diplomáticas estabelecidas, para tentar a devolução desses criminosos a Cuba. Existia e estava em pleno vigor um tratado de extradição entre Cuba e Estados Unidos, que previa esses casos e os procedimentos que deviam ser adotados. O que não existia, simplesmente, era a vontade política de cumprir esse compromisso, mas ao contrário, havia a expressa vontade política de manifestar por essa via o desagrado norte-americano pelo triunfo revolucionário em Cuba, a hostilidade, a oposição ao novo governo estabelecido em Cuba, fruto da Revolução.
Mas eu acredito que há outra coisa. Já desde aquele primeiríssimo momento, esses criminosos cubanos eram vistos, pelo governo dos Estados Unidos, como aliados potenciais e instrumentos materiais de qualquer política de agressão contra Cuba, na qual, muitos planejadores norte-americanos já estavam pensando.
Não há tempo para enumerar as incontáveis negociações realizadas pelo Governo Revolucionário, tentando conseguir a devolução desses criminosos. O mais importante, e é o que quero destacar, é que, apesar da existência de um tratado de extradição em vigor entre os dois países, apesar das múltiplas negociações realizadas pelo Governo Revolucionário, nenhum desses criminosos assassinos, torturadores e ladrões da ditadura, comprovados agentes terroristas contra seu próprio povo, jamais foi devolvido a Cuba; ao contrário, foram protegidos pelo governo dos Estados Unidos, utilizados como instrumento de sua política de agressão contra nosso país. É o mesmo que ocorrerá depois, com traidores, seqüestradores de embarcações e outros terroristas, que, ao longo desses anos, encontraram refúgio naquele país.
Vários desses criminosos, como já se disse aqui em uma mês anterior, foram chamados a depor em julho de 1959, diante de comissões do Congresso dos Estados Unidos, como se, em vez de vulgares assassinos, fossem respeitáveis personalidades, a que se pudesse pedir critérios sobre uma verdadeira revolução. Não cabe dúvida de que o Senado e a Câmara de Representantes norte-americanos foram muitas vezes cenários de espetáculos indignos, mas eu me atrevo a afirmar que poucas vezes houve um tão vergonhoso, tão mesquinho e tão infame.
Muitos desses criminosos batistianos – como eu já disse – participaram depois de algumas das organizações contra-revolucionárias que foram promovidas pelo próprio governo dos Estados Unidos e dedicadas à realização de agressões armadas e ações terroristas contra Cuba, e essa foi outra razão – como eu também já disse – para que os Estados Unidos nunca deixassem de ampará-los: para utilizá-los em seus planos agressivos contra nosso país.
Conrado Carratalá integrou o grupo de criminosos de guerra envolvidos na chamada “conspiração trujillista” de 1959, uma das primeiras ações de grande envergadura destinadas a derrubar a Revolução, e que foi desbaratada pela ação muito efeiciente de penetração e inteligência e por uma operação pessoalmente dirigida pelo Comandante-em-Chefe. Depois continuou vinculado a diversos planos contra-revolucionários terroristas.
Alberto del Río Chaviano dirigiu, na República Dominicana e no Haiti, em 1960, treinamento de grupos terroristas anticubanos que seriam utilizados em agressões contra Cuba.
Martín Díaz Tamayo, favorito dos ianques já desde antes do triunfo da Revolução – quando seu nome costumava aparecer em todas as fórmulas de juntas cívico-militares que , com a aprovação dos Estados Unidos,substituiriam a Batista –, agente do FBI, formou parte, em 1960, da chamada Junta Contra-revolucionária no Exílio, assessorou o Pentágono na elaboração de planos de agressão e serviu como agente recrutador de elementos do antigo exército da tirania, para a realização de ações terroristas.
Mariano Faget esteve vinculado, em junho de 1959, a um grupo que, sob o comando de Orlando Piedra, outro de nossa lista de esbirros e assassinos, projetava uma invasão a Cuba. Atuou como entrevistador da CIA, na base de Opalocka, na Flórida, a possíveis candidatos a integrar grupos terroristas de ação contra Cuba. Foi parte da chamada Operação 40, grupo treinado, como parte dos planos de invasão por Playa Girón, para a eliminação física de dirigentes revolucionários e outras tenebrosas tarefas subversivas.
Armentino Feria infiltrou-se, em outubro de 1960, pela baía de Navas, em Baracoa, com o objetivo de promover um grupo de bandidos e abrir uma frente de levantes naquela região, mas foi neutralizado e capturado pelas forças revolucionárias.
Julio Laurent teve responsabilidades logísticas e operacionais em grupos contra-revolucionários destinados a realizar planos de atentado e outras ações terroristas.
Lutgardo Martín Pérez esteve implicado na já mencionada “conspiração trujillistas”, na qual participou seu filho Roberto, atual cabecilha da Fundação, que cumpriu sanção em Cuba por essa ação.
Rolando Masferrer organizou planos de invasão a Cuba em 1959, planos de infiltração em 1962, planos de assassinato do Comandante-em-Chefe, planos de provocações que justificassem uma agressão militar a Cuba e muitas outras ações terroristas, até que foi assassinado em Miami, em 1977, em um ajuste de contas mafioso.
José Eleuterio Pedraza, além de estar também envolvido na “conspiração trujillista”, realizou inumeráveis ações terroristas contra Cuba nos anos sessenta, quando dirigiu as organizações chamadas Exército Anticomunista de Cuba e Bando Unificado, projetadas para empreender missões especiais de terrorismo em Cuba.
Ángel Sánchez Mosquera formou parte do quadro de comando de uma Legião Internacional Anticomunista Cubana, integrada em 1961 para realizar ações paramilitares contra Cuba, e continuou depois, durante muitos anos, vinculado a planos terroristas contra nosso país.
Merob Sosa foi dirigente da organização contra-revolucionária La Rosa Blanca, responsável por numerosos atos terroristas. Foi um dos que testemunhou contra Cuba no Senado norte-americano, em julho de 1959.
Os Tabernilla, pai e filhos, também não ficaram ociosos no terrorismo contra Cuba. Carlos Tabernilla é membro ativo da organização Hermanos al Rescate. Tanto o velho Pancho como seu filho Silito foram membros notórios da AFIO, associação de ex-oficiais da CIA.
E, por último, Esteban Ventura esteve vinculado a dezenas de organizações terroristas contra-revolucionárias, entre elas, o grupo Abdala e a Fundação Nacional Cubano-Americana.
Creio, Randy, que é suficiente.
Para terminar, eu apenas deixaria colocadas perguntas como as seguintes:
Diante de tudo isso, está ou não certo dizer que o governo dos Estados Unidos amparou a comprovados assassinos e ladrões, ofereceu-lhes total impunidade e lhes deu a possibilidade e criou as condições para que prosseguissem sua criminosa carreira terrorista contra o povo cubano? Está ou não certo, portanto, que o governo dos Estados Unidos amparou deliberadamente a conhecidos culpados de ações terroristas contra o povo cubano? Qual é, portanto, o país que deveria, esse sim, figurar na lista do Departamento de Estado, como promotor do terrorismo? Esse privilégio não corresponderia aos próprios Estados Unidos?
Randy Alonso – Sem dúvida, Pedro, essa enumeração que você nos fez, de maneira bastante sintética, porque na verdade são muitos os que poderiam estar nessa lista, demonstra a falácia, a imoralidade, a hipocrisia dos dois discursos do senhor Bush, especialmente de seu discurso em Miami. Ele, que é representante dos governos norte-americanos, que deram amparo, refúgio e, além disso, utilizaram contra Cuba a esses assassinos de tantos jovens cubanos, e que foram, ademais, conhecidos torturadores e depois terroristas contra nosso povo, após a Revolução.
Creio que é uma mostra irrefutável de quem são os verdadeiros terroristas e de quem é o representante supremo do terrorismo no mundo. Sobre essa falácia, eu creio que os que hoje continuam fazendo terrorismo contra nosso povo não são mais que o resultado e os filhos daqueles batistianos que mataram a milhares de filhos de nosso povo.
Obrigado, Pedro.
(Passam breves imagens sobre o tema.)
Randy Alonso – Resultado daqueles batistianos que serviram para organizar as primeiras organizações contra-revolucionárias contra nosso país, a partir de território norte-americano, são as dezenas de organizações contra-revolucionárias e as dezenas de terroristas que foram formados, financiados ou treinados nos Estados Unidos, para executar ações contra nosso povo, durante todos esses anos. São muitos os terroristas de origem cubana, que andam soltos por Miami ou por outras cidades dos Estados Unidos. Eu proponho a Lázaro Barredo fazer apenas uma breve enumeração dessa longa lista.
Lázaro Barredo – Bem, se medimos a proteção a esses assassinos, e a própria decisão que o Conselho de Segurança nacional do presidente Eisenhower toma, em data tão imediata como 10 de março de 1959, em reunião secreta na Casa Branca, onde decidem derrubar a Revolução e pôr outro governo no poder, já temos idéia de como, desde o início revolucionário, o governo dos Estados Unidos é responsável direto pelo fomento das organizações terroristas contra nosso país.
Quantos terroristas de origem cubana há nos Estados Unidos, é um número que ninguém hoje pode dizer exatamente; mas, se consideramos apenas a década de 60, a estação CIA JM/Wave – que foi a maior estação que os Estados Unidos tiveram fora de sua estação central em Langley, Virginia, e que adotou o compromisso de levar adiante a política orientada pelo governo dos Estados Unidos –essa estação CIA chegou a contar com um quadro de pessoal de cerca de 400 oficiais e mais de 3.000 agentes residentes nos Estados Unidos, fundamentalmente na cidade de Miami, e foi o núcleo de todas as organizações contra-revolucionárias, de todas as organizações terroristas que se desenvolveram e que atuaram, com total impunidade, a partir de território norte-americano.
Eu tenho aqui uma lista de alguns desses personagens, que pode dar uma idéia aproximada do número de pessoas que atuam com total impunidade dentro dos Estados Unidos; alguns, como dissemos, transformaram-se em políticos aparentemente, porque continuaram com suas atividades terroristas, amparados pela cumplicidade do governo dos Estados Unidos. Reitero essa idéia, porque é muito importante.
Aí está, por exemplo, Francisco José Hernández Calvo, Pepe Hernández, o atual presidente da Fundação Nacional Cubano-Americana e membro de seu grupo militar, que, como foi dito, é um dos proprietários de um dos fuzis calibre 50 Barret que foram destinados ao plano de atentado contra o companheiro Fidel na ilha Margarita, em 1997.
Francisco Pepe Hernández é um especialista em ações de sabotagem e atentado desde 1960; esteve vinculado às principais organizações contra-revolucionárias; acompanhou a Mas Canosa desde a organização do RECE, até estes últimos tempos; esteve vinculado a quase todos os planos de atentado que, na década de 90, por ocasião das cúpulas de presidentes ibero-americanos, foram organizados contra nosso Comandante-em-Chefe. Esteve envolvido em todos esses planos de atentado. Há uma longa lista de ações terroristas realizadas por Pepe Hernández. Eu quero apenas contar o caso que ele e Mas Canosa compraram um bombardeiro B-26 – isto foi declarado pelo próprio Pepe Hernández ao diário Miami Herald –, equipado com bombas e mísseis, para atacar uma refinaria de petróleo em Cuba. Esse avião, como ele próprio diz, nunca foi utilizado porque não pôde encontrar um país como base de lançamento, para levar adiante essa ação criminosa.
Nessa mesma época, adquiriram um bote equipado com mísseis, para disparar contra Havana, estiveram tentando ver como lançar mísseis a partir de pequenas embarcações; falaram, inclusive, com um amigo deles, para que consultasse a um general retirado da Força Aérea, consultaram-no, o general disse que era uma idéia louca, e foi aí que desistiram dessa ação. Ou seja, o homem tem um imenso histórico de ações.
Esse homem esteve em Washington, no ato de 20 de maio, com o presidente Bush.
Randy Alonso – E de lá regressou a Miami.
Lázaro Barredo – E de lá regressou a Miami, é claro, junto com outros terroristas.
Há o caso de Andrés Nazario Sargent, fundador e secretário-geral de Alpha-66, que desde a década de 60 foi autor intelectual e instigador de múltiplas ações terroristas executadas contra nosso país, contra nossos cidadãos, contra nossas representações em outros países, atos criminosos que provocaram numerosos mortos, feridos e vultosos prejuízos.
No princípio deste ano, esse senhor publicou várias mensagens – fevereiro deste ano, estamos falando de depois dos fatos do 11 de setembro –, nos Estados Unidos, em que diz que vai incendiar Cuba com infiltrações de terroristas e a realização de sabotagens, e está pedindo, em Miami, neste momento, uma contribuição de um milhão de dólares, para seguir adiante com todos esses planos terroristas. E esse homem publica isso abertamente em território norte-americano.
É a situação de Silverio Rodríguez Pérez, delegado de Alpha-66 em Nova Jersey, o qual está envolvido em vários planos de atentado contra o companheiro Fidel e é um dos responsáveis por numerosas ações terroristas executadas por Alpha-66 contra nosso país.
O de Rubén Darío López Castro, também membro de Alpha-66 e um de seus principais homens de ação; participou de vários ataques a barcos de pesca cubanos, que tiveram como resultado oi afundamento de várias embarcações, cujos tripulantes eles assassinaram, seqüestraram ou deixaram abandonados no mar. Esse homem foi o piloto da lancha que, em 1995, atirou contra o hotel Guitar Cayo Coco e esteve também ligado a vários planos de atentado contra a vida de nosso Comandante-em-Chefe.
Há o caso de Ramón Ignacio Orozco Crespo, conhecido como “El Pirata”, que formou parte dos grupos de infiltração da CIA e depois se incorporou a Alpha-66; participou também de vários planos de atentado contra a vida do companheiro Fidel, particularmente um que seria executado na República Dominicana, em 1998, por ocasião de uma viagem do Comandante-em-Chefe àquele país.
José Pérez Fernández – Orozco Crespo foi quem dirigiu o comando terrorista do ataque a Boca de Samá, sobre o qual a companheira Nancy Pavón testemunhou ontem no ato de Sancti Spíritus.
Lázaro Barredo – Está o escandaloso exemplo de Rodolfo Frómeta Caballero, principal dirigente dos Comandos F-4, organização terrorista promotora de ataques contra instalações localizadas nas costas cubanas e de atentados contra dirigentes da Revolução.
Eu quero informar que Frómeta testemunhou no juízo de Miami contra nossos cinco companheiros, criminosamente presos e condenados a prolongadas penas nos Estados Unidos.
Frómeta reconheceu que foi detido no início dos anos noventa, em duas oportunidades. Quando era membro de Alpha-66, ele e outros terroristas foram detidos pelas autoridades norte-americanas, em outubro de 1993, próximo da ilhota Maratón, portando um rifle semi-automático de alto calibre, e outros sete rifles de assalto, quando vinham para realizar missões de sabotagem e de atentados em nosso país. Não foram presos, e as armas não foram confiscadas, sendo imediatamente liberados pelas autoridades norte-americanas.
Em fevereiro de 1994, ele e outros seis membros de Alpha-66 foram detidos em uma lancha, próximo da ilhota Vizcaíno, portando armas, rifles de assalto e pistolas, para realizar ações contra Cuba. De novo foram liberados.
Frómeta reconheceu – e por isso foi sancionado; cumpriu 41 meses de prisão – que tinha tentado adquirir, dos arsenais militares norte-americanos, mísseis Stinger, para realizar atentados, para derrubar aviões e, como ele reconheceu, para levar adiante seu objetivo – reconheceu-o em juízo, impunemente –, o plano de fazer desaparecer a Fidel Castro. O objetivo do grupo, reconheceu ele, “sempre foi de matar a Castro e a quatro ou cinco de seus ajudantes principais, incluindo seu irmão Raúl Castro”; este é o cavalheiro que testemunhou no julgamento arranjado de Miami, o conhecido terrorista que anda livre por Miami.
Há o caso de Nelsy Ignacio Castro Matos, que preside a organização Resistência Nacional Cubana, que também esteve envolvido, desde a década de 80, em planos de atentado contra a vida do companheiro Fidel e participou de numerosos planos terroristas contra nosso país, em muitíssimas ações violentas. É um dos que estiveram vinculados ao plano de atentados elaborado por Luis Posada Carriles, durante a cúpula do Panamá, e foi um dos principais vínculos das organizações terroristas de Miami para liberar a Luis Posada Carriles e escapar da justiça no Panamá.
Há o caso de “Desaparece” – que já é o apelido que temos de dar-lhe, “Desaparece” –, Santiago Álvarez-Fernández Magriña, que participou de ações violentas contra Cuba desde a organização Comandos-L, que tem meios navais e aparatos bélicos que utilizou e utiliza nesse tipo de ações em Miami. Preparou, financiou e dirigiu uma infiltração armada contra Cuba, em 24 de abril de 2001, por orientação de Luis Posada Carriles, e continua gerando planos anticubanos.
Há o “fofoqueiro” Higino Díaz Anné, que participou de infiltrações para apoiar os bandos de levantes que, na década de 60, atuaram em Pinar del Río e em Las Villas; foi ele quem dirigiu o famoso “bordejo” de Cuba durante a invasão mercenária de Playa Girón, que tinha a missão de desembarcar no Oriente e propiciar uma provocação sobre a Base Naval de Guantánamo, facilitando a intervenção direta dos Estados Unidos sobre nosso país, mas teve medo e seguiu rumo a Porto Rico, com o beneplácito de seus seguidores, como Jorge Mas Canosa e companhia.
Participu de planos de atentado contra o companheiro Fidel e de ações contra nosso país, como também realizou atos terroristas contra missões diplomáticas cubanas na América Latina e Europa.
De Orlando Bosch Ávila, já falamos mais que suficiente desse conhecido terrorista, que não apenas tem a liberdade, como a carteira de impunidade para andar por Miami, ainda hoje preparando planos de atentados; não duvido que estivesse no ato do presidente Bush, em 20 de maio.
Há o caso dos irmãos Ignacio e Guillermo Novo Sampoll, a quem as próprias autoridades norte-americanas atribuem a autoria comprovada de 75 ações terroristas, entre elas o assassinato do ex-chanceler e embaixador do Chile em Washington, Orlando Letelier.
Guillermo Novo Sampoll, atualmente preso no Panamá, para dar apenas um exemplo, reconheceu ao colunista Jack Anderson ser o homem que disparou uma bazuca contra a sede das Nações Unidas em 1964, e assegurou-lhe também que não se arrependia de suas atividades.
Há o caso de Luis Manuel de la Caridad Zúñiga Rey, o famoso representante da Fundação na delegação da Nicarágua em genebra, na Comissão de Direitos Humanos. Todo o nosso povo recorda como nossos companheiros desnudaram ali, no próprio recinto da ONU, suas atividades terroristas, desde que, em 1974, infiltrou-se em nosso país cumprindo missões terroristas, e esteve desenvolvendo, na década de 90, uma enorme quantidade de ações terroristas contra nossa pátria.
Não vou falar de Luis Posada Carriles. Não vou falar de Gaspar Eugenio Jiménez Escobedo, responsável pelo assassinato de nosso companheiro Artagnan Díaz Díaz. Não vou falar de Pedro Remón, que também está preso no Panamá, assassino do diplomata cubano Félix García, em Nova York, e do emigrado cubano José Eulalio Negrín, em Nova Jersey.
Gostaria de falar, rapidamente, de um político da máfia em Miami, que estava no ato com o presidente Bush, Tomás “Tomasito” Pedro Regalado, atual comissionado na prefeitura de Miami, membro de Abdala, de Alpha-66 e do CORU; responsável por muitas atividades de terrorismo contra nosso país; instigador de violência e causador do terror na comunidade cubana, por sua intolerância nos meios de comunicação de Miami.
“Tomasito” Pedro Regalado, em dezembro do ano passado, depois dos acontecimentos do 11 de setembro, foi ao Congresso de Alpha-66 e foi o principal orador naquele congresso, para incitar aos terroristas daquela organização a que seguissem em sua luta de violência contra nosso país.
E o que dizer de José Dionisio Suárez Esquivel, “Cepillo”, também livre pelas ruas de Miami, graças às ações dos advogados contratados pela Fundação Nacional Cubano-Americana. “Cepillo” foi membro de Alpha-66, dos Comandos Cero, de CORU, de Omega-7, participou diretamente de mais de 35 ações terroristas. O FBI o incluiu na lista dos terroristas mais perigosos residentes nos Estados Unidos; é autor de três planos de atentado contra a vida do companheiro Fidel, é um dos que planejaram o assassinato de Letelier, junto com Pablo Virgilio Paz Romero, que também foi libertado recentemente e tem um enorme expediente de ações terroristas.
Gostaria de terminar com dois personagens que não se pode deixar de mencionar, entre os terroristas que andam livres pelas ruas de Miami; refiro-me a Ramón Saúl Sánchez, o famoso Comodoro, o Almirante, presidente do Movimento Democracia, terrorista precoce, que foi chefe de uma organização que levava o romântico nome de Jóvenes de la Estrella (Jovens da Estrela), dedicada a atos de terrorismo, e que chegou a ser o segundo chefe do CORU, a organização mais terroristas, que aglutinou aos mais conhecidos terroristas, responsável pela explosão do avião de Cubana de Aviación em Barbados; organização que não apenas se caracterizou pela criminalidade e pela violência de suas ações terroristas, mas também por uma ideologia marcadamente fascista. É preciso destacar isso, ao fazer este resumo.
Finalmente, José de Jesús Basulto León, o famoso “pacifista” de Hermanos al Rescate, membro das equipes de infiltração que vieram a nosso país, na década de 60, antes da invasão de Playa Girón; agente da CIA; instigador de numerosas ações contra nosso país; incitador e provocador das mais de 25 violações do espaço aéreo cubano e das provocações que trouxeram consigo os acontecimentos de 24 de fevereiro de 1996; responsável pelos fatos que ocorreram naquele dia e pela morte de quatro pessoas que vinham nesses aviões no dia 24 de fevereiro de 1996, e culpado pelo incremento da política de agressão que continuou contra nosso país, a partir daqueles acontecimentos, e que trouxe consigo o estabelecimento da Lei Helms-Burton e de numerosos outros instrumentos que realmente congelaram as relações entre os dois países e que levaram a ultradireita norte-americana a estabelecer, contra nosso país, uma política muito mais cruenta, no genocídio que se cometeu durante esses 43 anos. Isso é o que eu queria dizer, Randy, neste momento, sobre os terroristas que andam soltos. Há muitos mais, de quem falaremos proximamente.
Randy Alonso – Esses são os mais representativos.
Lázaro Barredo – Dentre esses representativos, veremos alguns mais adiante.
Randy Alonso – São alguns dos mais representativos e são os principais cabecilhas de muitas das organizações terroristas que hoje continuam atuando, com total impunidade e em convivência com as autoridades norte-americanas – como acaba de demonstrar a reunião do presidente Bush com todos esses mafiosos, em 20 de maio, em Miami –, contra o povo de Cuba, desde território norte-americano.
Sobre isso, Rogelio Polanco nos fará um rápido resumo.
Rogelio Polanco – Sim, há uma obsessão do governo norte-americano com relação a essas listas, listas de países patrocinadores do terrorismo, e listas para certificar e “descertificar” a qualquer que eles considerem que não faz o que deveria fazer.
Há também uma lista, que supostamente foi atualizada há alguns meses, a partir dos acontecimentos de 11 de setembro, que é a lista de organizações terroristas, e nessa lista, de maneira muito estranha, não aparece nenhuma dessas organizações, que são bastante mencionadas pelos comentaristas nestas mesas-redondas e que, ademais, são muito conhecidas por nosso povo.
Há realmente um rosário de organizações terroristas, vinculadas a todos esses personagens terroristas anticubanos, que surgiram durante todos esses anos. São dezenas e dezenas: reproduzem-se, realmente, como uma hidra, aparecem e desaparecem, às vezes por discrepâncias internas, pelo dinheiro, pelo financiamento, por lutas intestinas, por estrelismo e também por sua própria tática terrorista; ou seja, uns aparecem em Alpha-66 e depois aparecem em Comandos F-4, e vão mudando os nomes para também buscar esse financiamento que recebem, de diversas formas, das próprias instituições norte-americanas.
É preciso dizer que têm, então, uma colcha de organizações políticas, de fundações, de entidades educacionais, de lobistas e de organizações filantrópicas e não-lucrativas; ou seja, essas são as formas com que se apresentam ante os que, talvez ingenuamente – penso que cada vez menos –, não se dão conta de que são, na verdade, organizações terroristas, porque por trás dessa colcha está todo o aparato para financiar essas atividades terroristas e o aparelho militar para levá-las e executá-las diretamente em nosso país e, como já se viu também, em outros países que foram vítimas dessas ações terroristas contra Cuba.
Fazem suas declarações de maneira pública, divulgam nos periódicos; algumas têm, inclusive, meios de imprensa, emissoras de rádio, fazem suas coletas para o terrorismo de maneira pública nesses meios, e têm seus endereços públicos, suas caixas postais, seus telefones, seus sites na Internet também; ou seja, essas organizações terroristas são públicas e gozam de impunidade, da cumplicidade e da tolerância das autoridades norte-americanas, dos governos norte-americanos, durante todos esses anos.
Realmente vivem disso, obtêm muito dinheiro. Creio que seu procedimento corrupto os faz buscar cada vez mais dinheiro, e cada vez tentam conseguir mais prebendas pela via de suas ações terroristas.
Essas atividades foram documentadas por nós – ou seja, pelos cubanos, pelo governo cubano, em numerosas oportunidades –, mas também, em algumas ocasiões, por instituições norte-americanas, como já vimos aqui, e as autoridades norte-americanas não agiram; não apenas não agiram, senão que, pelo contrário, não são presos, não são julgados, são, definitivamente, estimulados a realizar essas atividades, porque os que são presos são, justamente, os que lutam contra essas ações e essas organizações terroristas.
Tenho uma lista – alguns foram mencionados aqui –, apenas vou mencionar, talvez, uma seleção dos que mais ativamente atuam contra Cuba hoje; mas recordemos que houve, durante toda essa história, muitas organizações que apareceram em atos terroristas que mencionamos e que já desapareceram, mas cujos integrantes, muitos deles, continuam ativos em outras organizações. Recordemos algumas delas: Omega-7, Poder Cubano, CORU, Unidade Cubana, Partido Unidade Nacional Democrática, Comandos L, Resistência Cubana no Exílio; ou seja, são muitas as que existiram em todos esses anos.
Menciono em seguida uma seleção das que hoje continuam atuando muito ativamente contra Cuba:
Fundação Nacional Cubano-Americana, muito conhecida por todo o nosso povo, criada em julho de 1981, por Jorge Mas Canosa, e que é a autora intelectual e material de muitas das ações terroristas contra Cuba, organizou e financiou essas ações; tem uma ala paramilitar encoberta, que se encarregou do planejamento das mais diversas ações terroristas e atentados contra nosso Comandante-em-Chefe, até as últimas ações, no Panamá, e as ações contra os hotéis em nosso país; tem filiais em outras cidades norte-americanas, em Porto Rico, e uma suposta “embaixada” em Washington.
Alpha-66, já bastante mencionada aqui, com alguns de seus cabecilhas. Esta é uma das que possuem uma emissora de rádio. Foi fundada no ano de 1962, ou seja, tem 40 anos de terrorismo contra Cuba e atuou impunemente, durante todos esses anos, naquele país. Tem seus escritórios oficiais em Miami e também delegações em Nova Jersey e na Califórnia.
Comandos F-4. Lázaro já se referiu a seu cabeça, Rodolfo Frómeta. Foi criada em maio de 1994 e esteve participando em atividades, até essa última que mencionamos, de abril de 2001, quando tentou ingressar no território nacional, para realizar atentados contra instalações turísticas e industriais em nosso país. E, segundo imagens transmitidas por emissoras de televisão nos Estados Unidos, seus membros recebem treinamento em um acampamento militar localizado em Montura Ray, a 100 quilômetros ao norte de Miami. Isso é uma coisa que também divulgaram muitas televisões, nos Estados Unidos, algumas das quais nós vemos constantemente aqui em nossas mesas-redondas.
Resistência Nacional Cubana. Começou a funcionar em 1997, e tem como fundador e chefe principal a Nelsy Ignacio Castro Matos, a quem Lázaro já se referiu, e que também usa o nome de Partido do Povo. Observem que usam muito isso de ter outro nome, supostamente, para buscar dinheiro por diferentes vias e para encobrir as ações terroristas que realizam. Tem também sua sede em Miami.
Há várias organizações de declarados contra-revolucionários, que criaram algumas delas a partir do ano 1979, ativadas em 1981, e que também planejaram várias ações terroristas contra Cuba: uma, chamada Coordenadora Internacional de Ex-Presos Políticos; outra, Federação Mundial de Ex-Presos Políticos de Cuba, e todas elas também encobriram, é claro, ações terroristas.
Uma suposta Federação dos Sindicatos de Empresas de Eletricidade, Gás e Água, criada na década de 90, por René Díaz. Desde seu surgimento e em atenção a seu nome, seus promotores tentam mostrá-la como uma organização de tipo sindical – de sindicato não tem nada –; mas seus integrantes planejaram atentados contra nosso Comandante-em-Chefe e sabotagens contra objetivos econômicos e sociais em Cuba. Também tem sua sede em Miami.
A Associação de Veteranos da Baía dos Porcos, a conhecida brigada 2506, fundada em 1962 com participantes da invasão de Playa Girón, muitos dos quais participaram em outras ações de atentados e terrorismo contra Cuba.
Frente de Libertação Cubana (FLC), criada em 1993 por William (Willy) Chávez e seu filho de mesmo nome, em Miami, para executar sabotagens e que introduziram em Cuba meios para confeccionar artefatos explosivos.
O norte-americano Walter Van Der Veer, por encomenda dessa agrupação, ingressou em Cuba para realizar ações subversivas, tendo sido detido.
Hermanos al Rescate (Irmãos ao Resgate), também muito conhecida e que tem amplamente documentadas suas ações terroristas e provocadoras contra Cuba, em muitos anos e cada vez mais recentemente. Foi fundada em 15 de maio de 1991, por José Basulto León, William Schuss e Osvaldo Pla.
Conselho pela Liberdade de Cuba – talvez seja a mais recente dessas organizações, é conhecida aqui como o clone da Fundação –, apresentada publicamente em coletiva de imprensa no hotel Biltmore, de Coral Gables, em 10 de outubro de 2001, embora tenha sido inscrita desde 22 de agosto daquele ano; criada por 25 ex-diretores da Fundação Nacional Cubano-Americana, muitos deles com um amplo currículo terrorista.
A Junta Patriótica Cubana, uma agrupação de organizações sediadas nos Estados Unidos e em outros países, fundada em abril de 1980, por seu presidente Manuel Antonio (Tony) Varona, que a dirigiu até sua morte, em 1999. Seus integrantes também participaram de planos de atentados contra Fidel e em ações terroristas contra Cuba.
O Partido Protagonista do Povo, fundado nada menos que por Orlando Bosch, em 15 de novembro de 1993, para realizar sabotagens e ações terroristas contra Cuba, através da introdução, no país, de explosivos, fósforo vivo e detonantes elétricos.
Bem, uma pergunta. Como é possível que esse terrorista possa ter a possibilidade de criar, nos Estados Unidos, sua própria organização supostamente política? A realidade é que, enquanto as autoridades dos Estados Unidos têm uma lista sobre organizações terroristas e tomam uma série de medidas contra elas, a estas, às organizações terroristas contra Cuba, não se impede que seus membros residam nos Estados Unidos, não se congelam suas contas, seu financiamento se mantém, não se invadem nem se ocupam suas instalações, não se fecham seus meios de imprensa, e elas continuam agindo impunemente.
Creio que isso demonstra mais uma vez que não têm moral para acusar a Cuba de terrorista, quando continuam estimulando e albergando a muitas dessas organizações terroristas que cometeram essas ações criminosas contra nosso país durante esses 43 anos.
Randy Alonso – Obrigado, Polanco.
(Projetam breves imagens sobre o tema.)
Randy Alonso – Mas essa seleta lista de batistianos, assassinos e torturadores de que falamos em nossa mesa-redonda de hoje, essa ampla lista de terroristas que andam soltos nas ruas de Miami e em outras cidades norte-americanas, essas organizações de caráter mafioso e criminoso, de que Polando nos fez um resumo na tarde de hoje, não apenas são responsáveis por atos terroristas contra o povo cubano e causaram vítimas entre nossa cidadania. São também os responsáveis por inumeráveis ações terroristas executadas em territórios dos Estados Unidos, contra instalações, contra cidadãos daquele país, e também de outras nações do mundo, às quais de alguma maneira agrediram, em seu próprio território ou em outros lugares. Esse é um tema do qual o presidente Bush se esqueceu, em seu discurso de 20 de maio, quando se reuniu com essa máfia terrorista de que hoje estamos fazendo um resumo, e que é autora de todos os atos que durante essas quatro mesas estivemos analisando.
Creio que o professor Hevia pode ajudar-nos a recordar algumas dessas ações da máfia terrorista, dentro do próprio território norte-americano.
Manuel Hevia – Muito obrigado, Randy, e muito boa tarde.
O povo norte-americano foi também vítima dos grupos terroristas de origem cubana, engendrados precisamente por seus próprios governantes, em meio a uma criminosa política de cumplicidade e tolerância, que já dura mais de 40 anos.
Gostaria de tentar localizar historicamente esse episódio, que não é menos ignominioso que outros temas que vêm sendo tratados hoje nesta mesa.
No final da década de 60 – a partir de 1967, mais exatamente –, a tendência de algumas atividades terroristas contra Cuba começou a modificar-se.
O que havia acontecido dentro de nosso país? Já em 1967, em Cuba, as organizações contra-revolucionárias tinham sido desmontadas, e o banditismo criminoso nas montanhas tinha sido totalmente liquidado. A poderosa estação da CIA em Miami, promotora, junto com outros serviços especiais norte-americanos, por ordens do governo daquele país, de infiltrações, ataques piratas e outros atos terroristas, tinha sido desmantelada, em grande medida, pela ação e pela resposta de nosso povo frente a essas atividades.
Enquanto a Revolução Cubana continuava sendo submetida a uma intensa atividade subversiva, em matéria de planos de atentado, atividades de propaganda e ações de espionagem no plano interno, o centro de algumas atividades terroristas se transferiu para o território dos Estados Unidos, dirigido contra interesses assentados naquele país, que mantinham comércio com nossa nação, contra funcionários cubanos na missão das Nações Unidas, contra instituições federais e instituições privadas daquele país e, inclusive, contra imigrantes cubanos que estavam em desacordo com a política terrorista da máfia cubano-americana.
As bombas começaram a explodir em 1968, em muitas cidades dos Estados Unidos, e o povo daquele país experimentou com horror, em sua própria casa, como nunca antes, o terror que seus próprios governantes tinham desatado, em 1959, contra um pequeno país a apenas 90 milhas de suas costas. Seus autores eram os mesmos que tinham sido treinados em Forte Meyer, os mesmos que haviam sido treinados em Forte Benning, nas selvas do Panamá, nas selvas da Nicarágua, ao longo de 1960, 1961 e depois em 1962, que em poucos anos tinham criado seus próprios bandos, para lucrar com o novo negócio do terrorismo contra Cuba. Muitos desses terroristas são os mesmos que, em 20 de maio passado, aclamavam o presidente dos Estados Unidos em Miami.
Esses cabecilhas, antigos membros da Brigada 2506 e de outros grupos terroristas, ou dos “times de infiltração clandestinos”, assentaram suas bases essencialmente nas cidades de Miami, Nova Jersey e Nova York. Mantiveram suas velhas ligações com os oficiais da CIA, dos serviços das forças armadas dos Estados Unidos, com oficiais do FBI que os haviam treinado e atendido, e continuaram essa atividade terrorista contra nosso país. Outros se dedicaram a extorquir comerciantes, aliaram-se às máfias locais e aplicaram sua experiência em fatos delitivos de toda índole.
O uso desmedido dessa atividade terrorista dentro dos Estados Unidos, durante 1968 e 1969, provocou a lógica reação das autoridades daquele país, que detiveram a alguns terroristas ou tentaram desmantelar certos grupos que atuavam de forma independente e por conta própria, com fins políticos e, inclusive, com fins pessoais; sem dúvida, os bandos terroristas que evidenciaram, diante das autoridades norte-americanas, sua conduta agressiva contra a Revolução Cubana, foram tolerados.
Um estudo realizado pela CIA, naquele momento, avaliou que os grupos terroristas Poder Cubano, o Escorpião, Ação Cubana e a Frente de Liberação Nacional Cubana foram as organizações mais ativas e lhes atribui dezenas de ações terroristas dentro do território norte-americano naquele momento.
Iniciou-se então um processo dirigido a tentar tirar, do território norte-americano, alguns daqueles grupos, considerados pelo próprio FBI como os mais perigosos de todo o país naqueles anos. Ou seja, de fato, tratava-se de um “pacto”, entre terroristas e autoridades policiais, para que o terrorismo saíra dos Estados Unidos. Isso equivalia a redimensionar o terrorismo contra Cuba, evitando o impacto negativo que todas essas ações vinham causando dentro do território norte-americano.
Não se tratava – e não nos enganemos – do interesse de deter essa onda de atentados terroristas contra Cuba, mas exatamente o contrário. Muitos grupos criminosos continuaram atuando contra Cuba, com total impunidade e tolerância e com a anuência daqueles serviços policiais.
Em 4 de abril de 1972, uma explosão destruiu o Escritório Comercial de Cuba em Montreal, Canadá, e causou a morte do diplomata cubano Sergio Pérez Castillo. Esse acontecimento é considerado a primeira ação criminosa que deu início a uma nova etapa da chamada “Guerra pelos caminhos do mundo”, que foi uma consigna elaborada e levantada, naquele momento, pelos terroristas do chamado Movimento Nacionalista Cubano, para tentar justificar suas ações terroristas contra objetivos cubanos fora do território dos Estados Unidos.
Sem dúvida, outros terroristas, do denominado Governo Cubano Secreto, continuaram realizando suas ações dentro do território dos Estados Unidos, do ano 1972 até 1973, sem que fossem molestados.
Os bandos terroristas empreenderam-na também, a partir daquele momento, contra a própria colônia cubana em Miami e em Nova Jersey, que começava já a negar o apoio econômico e político a tais ações criminosas dentro dos Estados Unidos, ou seja, começa a produzir-se certa oposição em determinados setores dos imigrantes nos Estados Unidos.
O ano de 1974, segundo informações da CIA, marcou um incremento na execução dessas ações contra Cuba, dentro do território norte-americano. Durante esse ano produz-se o caso Watergate, fato que abalou a sociedade norte-americana e que, como se sabe, provocou a crise da administração de Richard Nixon.
É curioso observar que neste fato desempenharam um papel central, entre outros, três cubanos de extensa trajetória terrorista e vínculos históricos com a Agência Central de Inteligência. É sabido que foram esses cubanos os que penetraram nos escritórios do Partido Democrata, para realizar ações de espionagem.
Isso atraiu novamente a atenção do povo norte-americano, naquele momento, sobre os perigos que significavam, para a própria segurança dos Estados Unidos, o treinamento indiscriminado de milhares de homens no trabalho subversivo contra Cuba.
No final do ano 1974, o terrorismo contra Cuba dentro dos Estados Unidos estava em pleno apogeu. Os agentes federais tentaram deter, em algumas ocasiões, a ação de meia dúzia de organizações terroristas, e foram criados tribunais especiais na Flórida, para tomar conhecimento dessas atividades, mas na realidade o tratamento dado pelas autoridades foi tão brando, e tantos os interesses criados que se opuseram à repressão desses atos, que muitos dos terroristas detidos e encarcerados foram liberados após sanções breves, e novamente se incorporaram a suas andanças, em aberto desafio ao povo norte-americano.
O ano de 1975 também transcorreu em meio a uma intensa atividade; podemos mencionar o surgimento dos grupos fascistas Omega-7, o Escorpião Cubano (Lacrau Cubano), o Escorpión Cubano (Escorpião Cubano), e os Jóvenes de la Estrella (Jovens da Estrela). As próprias autoridades se viam obrigadas a reconhecer a índole daqueles agrupamentos.
Vou citar aqui algumas opiniões de Tomás Lyon, detetive do Gabinete de Segurança do condado Dade, na Flórida, o qual declarou o seguinte, ante uma audiência do Subcomitê Judicial: “Alguns grupos de cubanos que se supõem envolvidos em atos de tipo terrorista contra o governo cubano, não são mais nem menos que delinqüentes que se nutrem à custa da população e ficam com os fundos que recolhem”.
Em 1976, torna-se público novamente um pacto entre as autoridades dos Estados Unidos e os principais grupos terroristas. Volta Orlando Bosch a figurar como cabeça e se transfere novamente ao exterior, a serviço dos corpos repressivos da Venezuela e do Chile, mas continua desenvolvendo seus crimes contra Cuba.
Esta aparente repressão por parte das autoridades dos Estados Unidos sobre os grupos terroristas tinha também outro sentido oculto: os terroristas que aceitassem esse pacto não seriam reprimidos, e isso também é importante destacar. Os grupos terroristas teriam novamente que suspender as ações dentro dos Estados Unidos e operar em terceiros países.
Esse novo pacto engendrou o CORU, que internacionalizou o terrorismo contra Cuba, a partir de terceiros países.
Para evitar a ação das autoridades, vários outros grupos utilizaram também, como ardil, dissolver-se, mudar seus nomes suspender suas ações e depois aparecer operando em outros estados da União.
Naquele momento, entre a imigração cubana nos Estados Unidos, estava surgindo uma tendência ao diálogo e à aproximação com Cuba; isso desata a reação dos grupos terroristas de extrema direita, e ocorrem assassinatos, como os de Carlos Muñiz Varela e José Eulalio Negrín, por suas posições favoráveis a Cuba.
As ações terroristas executadas contra Cuba, nesse ano de 1977, foram majoritariamente realizadas pelo CORU e pelos comandos “Pedro Luis Boitel”.
Em 1978 e 1979, o nível dessas atividades terroristas dentro dos Estados Unidos manteve-se elevado. Em março de 1980, sabemos da colocação de uma potente bomba no auto do representante de Cuba ante a ONU, em Nova York, e em 11 de setembro desse ano assassinam ao diplomata Félix García, credenciado diante da mesma organização.
Dez anos depois, na década de 90, o território dos Estados Unidos seria utilizado mais uma vez como base de agressões terroristas contra nosso país, sob a tolerância e cumplicidade de seus governos.
Randy Alonso – Esse é o histórico dessas organizações em território norte-americano, contra instalações e contra cidadãos daquele país; um histórico que apresenta momentos importantes, podemos dizer, da história do terrorismo dentro dos Estados Unidos, e que, além disso, dá-nos informação sobre a índole dessas organizações, a índole desses mafiosos que se reuniram com o presidente Bush, o mesmo que se proclamou líder mundial da luta contra o terrorismo; o mesmo que disse ao povo norte-americano que sua prioridade é lutar contra o terrorismo é que se reúne, em 20 de maio, com os terroristas que assassinaram a cidadãos norte-americanos e destruíram instalações naquele país.
José Luis também pode ajudar-nos a conhecer mais sobre esse tema.
José L. Méndez – Obrigado, Randy.
Esse terrorismo foi uma ameaça constante para a segurança nacional dos Estados Unidos, foi um caso de terrorismo doméstico e, além disso, foi um risco legal imposto à sociedade norte-americana, durante 43 anos.
Essa política de deixar fazer e atuar, e de permitir aos terroristas utilizar uma patente de corso para realizar suas atividades afetou também aos interesses de Cuba e aos interesses das vítimas estadunidenses, e provocou vultosos danos materiais a suas entidades públicas e privadas. Basta dizer que 18 países foram vítimas dessas atividades, em território dos Estados Unidos. E os terroristas anticubanos radicados nos Estados Unidos executaram 542 ações terroristas entre 1959 e 2001; destas, 360 foram realizadas dentro do território dos Estados Unidos. Esses fatos afetaram, ademais, interesses daquele país em 186 ocasiões – não se consideram, nesta cifra, os planos, intenções ou tentativas, somente os fatos consumados.
Vale destacar que 52% do total dos atos terroristas afetaram a interesses estadunidenses em seu território, e 69 atos, naquele território, foram dirigidos contra Cuba, 19%, e quero mencionar apenas alguns exemplos.
Durante 1968, o terrorista Orlando Bosch Ávila fez detonar 72 bombas dentro do território norte-americano.
Em 29 de dezembro de 1975, o terrorista Rolando Otero Hernández fez detonar uma bomba no aeroporto internacional de La Guardia, na cidade de Nova York, que ocasionou a morte de 29 pessoas, e ferimentos a 75, a maioria norte-americana. Esse mesmo terrorista, já no dia 3 de dezembro daquele ano, havia detonado sete bombas na cidade de Miami, contra alvos federais e locais, entre eles, o Escritório do FBI, o da polícia local, o edifício governamental (Federal Building), uma ponte, e contra a Agência do Seguro Social e agências de correios.
Em 21 de setembro de 1978, a organização Jovens da Estrela reivindicou o desaparecimento de um avião em pleno vôo, que se dirigia a Cuba, com quatro norte-americanos a bordo. Nessa organização militava o terrorista Ramón Sánchez Rizo, recentemente isentado de acusações por outras ações, em um tribunal de Miami.
Em 21 de setembro de 1976, terroristas do chamado Movimento Nacionalista Cubano, integrado por Guillermo Novo Sampoll, Dionisio Suárez Esquivel e Virgilio Paz Romero – que já foram mencionados nesta noite –, assassinam à jovem estadunidense Ronnie Moffitt e provocam ferimentos e seqüelas profundas a seu esposo, de mesma nacionalidade, no centro da capital daquele país.
Randy Alonso – No assassinato, ademais, do ex-chanceler chileno Orlando Letelier.
José L. Méndez – Os terroristas assassinaram também, por meio de bombas e disparos, a 29 emigrantes cubanos nos Estados Unidos; os aeroportos “John F. Kennedy” e La Guardia, em Nova York, os de Newark, em Nova Jersey, e o Internacional de Miami foram alvo do terror anticubano em 14 ocasiões.
Na cidade de Nova York, os terroristas cubanos executaram 47 atos de terror; é preciso acrescentar também as ameaças que, durante o ano 2000, foram feitas contra o então Presidente dos Estados Unidos, contra a Secretária de Justiça e contra funcionários do INS que participaram do caso da liberação do menino Elián.
Randy Alonso – Estamos falando de 47 só na cidade de Nova York.
José L. Méndez – Sim. Há um relatório, cuja menção aqui me parece muito interessante, feito pelo Birô Federal de Investigações (FBI), de 1977 a 1982, e a análise realizada por essa entidade teve como resultado que o comportamento do terrorismo doméstico, durante seis anos, demonstrou que os grupos terroristas cubanos eram mais perigosos que os grupos terroristas do Oriente Médio, os grupos armênios e os croatas, juntos; enquanto os grupos do Oriente Médio realizaram, naquele período, apenas oito atos de terror dentro dos Estados Unidos, os grupos terroristas cubanos executaram 52 atos de terrorismo, apenas comparável aos grupos terroristas israelenses que naquele momento atuavam nos Estados Unidos.
Esses terroristas, é claro, não estavam preparados de forma autodidata. O testemunho de Charles Zemuda, xerife do condado Dade, é muito eloqüente, quando diz:
“Esses rapazes eram bons, realmente bons, eu os conheci em nossa área de bombas, a noroeste do condado Dade; tínhamos problemas com alguns explosivos que não sabíamos detonar, eles nos ensinaram, realmente conheciam seu ofício. Uma coisa é certa, o governo treinou bem seu pessoal; é claro que eles não se identificaram como agente da Agência, mas nós sabíamos quem eles eram.”
Randy, penso que é importante colocar que ainda está pendente a reivindicação e o que expressou o senador democrata norte-americano pelo estado de Iowa, Tom Harkin, em 22 de setembro de 1988, quando o vice-presidente George Bush estava à frente de um comitê de luta antiterroristas, e Tom Harkin, o senador, disse: “O povo americano merece que lhe prestem contas, da forma mais completa possível, sobre o conhecimento do vice-presidente George Bush acerca do papel do terrorista Luis Posada Carriles nas operações secretas de apoio à Contra [escândalo Irã-Contra]”. Eu acrescentaria que merece também que lhe expliquem por que se permite que os terroristas anticubanos continuem atuando impunemente nos Estados Unidos, e até onde a atual administração de George W. Bush sabe e tolera, agora, desses atos de terror em seu próprio território, onde estão os verdadeiros terroristas, que em 20 de maio se erigiram como os homens do Presidente.
E para terminar, Randy, quero precisar o seguinte:
Muito antes de o terrorista Timothy McVeigh fazer em pedaços o edifício Alfred Murrah, na cidade de Oklahoma, em 1995, já os terroristas cubanos, treinados por peritos norte-americanos, utilizavam com eficácia letal o nitrato de amônia, o C-4 e outros explosivos de alta periculosidade. Também sobre isso, penso que o povo norte-americano merece uma explicação, sobre esse deixar fazer e atuar aos terroristas anticubanos no território norte-americano, que tem sido uma vítima fatal dessas ações que mencionamos, e na quantidade em que se realizaram.
Randy Alonso – Sim, são mais de 500 ações, ao redor do mundo, mais de 300 em território norte-americano, como assinalava José Luis, os causados por essa máfia terrorista, treinada, financiada, organizada pelos Estados Unidos, que realizou atos criminosos contra o povo norte-americano.
Depois de ouvir essa longa lista de ações que nos apresentou José Luis, depois de escutar os elementos que nos dava Lázaro, indicando a vários dos terroristas que se reuniram com Bush, no dia 20 de maio, em Washington e Miami, e o currículo que ele resenhou de cada um deles; pois bem, as imagens do ato de Miami, em suas poucas tomadas panorâmicas, porque as câmaras estavam centradas no presidente Bush, permitiram-nos identificar outros terroristas, além dos que Lázaro mencionava, que compartilharam o cenário com o Presidente norte-americano.
Essas imagens que vão ver comprovam a hipocrisia e a mentira.
(Passam imagens.)
Locutora – Em 20 de maio passado, o
presidente norte-americano George Bush reuniu-se, na cidade de Miami, com
representantes da extrema direita cubano-americana. Presidindo esse ato,
encontravam-se conhecidos terroristas:
Alberto Marcelino Hernández
Hernández.
Ocupou o cargo de chairman da Fundação Nacional Cubano-Americana, depois da
morte de Jorge Mas Canosa. Foi o intermediário entre essa organização
terrorista e Luis Posada Carriles e Orlando Bosch, quando estes se encontravam
presos na Venezuela, por serem autores do atentado ao avião cubano de
Barbados.Em 1985, ajudou Posada Carriles na fuga da prisão venezuelana. Desde
1990, participou diretamente no financiamento e organização dos planos de
atentados contra o Presidente cubano planejados por sua organização e para os
quais utilizaram os serviços de Posada Carriles e outros terroristas
cubano-americanos.
Roberto Martín Pérez
Rodríguez,
filho do sicário Ludgardo Martín Pérez, tenente-coronel da polícia batistiana.
Em 1959 participou da conspiração trujillista, desembarcando por Trinidad, em
13 de agosto do mesmo ano, onde foi preso.
Em 1989 integrou-se à
Fundação Nacional Cubano-Americana, sendo responsável pela provisão financeira
e apoio logístico a organizações paramilitares que atuam contra Cuba.
Participou de planos de atentado contra o Presidente de Cuba, nas distintas
cúpulas ibero-americanas. Em 1997, foi signatário da Declaração de apoio ao
terrorismo contra Cuba, publicada pela Fundação Nacional Cubano-Americana, em
11 de agosto daquele ano.
Horacio Salvador García
Cordero –
Nos anos sessenta, esteve vinculado ao Diretório Revolucionário Estudantil, o
qual promoveu ações terroristas contra Cuba. Em 1994, integra o grupo
paramilitar da Fundação Nacional Cubano-Americana, em substituição a Luis
Zúñiga Rey; o grupo promoveu projetos violentos contra a vida do Presidente de
Cuba e introduziu explosivos e outros meios em Cuba, que foram aprendidos.
Entre 1995 e 1997, esteve vinculado às ações terroristas da Fundação Nacional
Cubano-Americana em Cuba, particularmente aos atentados às instalações
turísticas havanesas. Em 1997 foi um dos signatários da Declaração de apoio ao
terrorismo, publicada pela Fundação Nacional Cubano-Americana, em 11 de agosto
do mesmo ano.
Feliciano Foyo Hechevarría. Foi membro da Brigada
2506, que invadiu a Cuba por Playa Girón. Integrou-se à organização terrorista
Fundação Nacional Cubano-Americana;ocupou o cargo de tesoureiro de 1987 até
agosto de 2001, financiando as ações terroristas contra Cuba e o planejamento
de atentados contra o presidente cubano. Foi um dos signatários da Declaração de
apoio ao terrorismo, publicada pela Fundação Nacional Cubano-Americana, em 11
de agosto de 1997.
Hubert Matos Benítez. Traidor que criou em 1979
a organização Cuba Independente e Democrática, a partir da qual organizou
atividades de caráter violento e intimidador, para desestimular os
investimentos econômicos em Cuba, e incitou a realização de atos terroristas
contra nosso país. Sua organização abrigou a elementos terroristas como Nelsy
Ignacio Castro Matos, o qual se vinculou diretamente aos planos violentos de
Luis Posada Carriles contra Cuba, e atualmente é um dos que financiam a defesa
dos quatro terroristas detidos no Panamá, por tentar realizar um atentado
contra o Presidente cubano. Sua organização esteve vinculada a operações de
narcotráfico.
Armando Pérez Roura. Foi membro da organização
paramilitar Alpha-66 e correspondente da organização terrorista Coordenadora de
Organizações Revolucionárias Unidas (CORU), agrupamento dirigido por Orlando
Bosch, que cometeu mais de 30 atentados com dinamite contra interesses cubanos
no exterior. Dirige a emissora Rádio Mambí, através da qual incita a realização
de ações violentas contra Cuba e organiza arrecadações de fundos para a defesa
dos quatro terroristas detidos no Panamá. É o principal cabeça da organização
Unidade Cubana, formada por vários grupos que realizaram ações terroristas
contra nosso país.
Rafael Díaz
balart-Gutiérrez. Ocupou um importante cargo durante a tirania de Fulgencio Batista,
emigrou para os Estados Unidos no início da Revolução e criou a organização
terrorista La Rosa Blanca, composta basicamente por ex-batistianos e membros da
burguesia cubana, através da qual organizou várias ações contra interesses
civis e econômicos em Cuba, que causaram danos físicos a pessoas. É pai do
congressista federal Lincoln Díaz-Balart, que representou nesse órgão do
governo, junto com Ileana Ros-Lehtinen, as organizações ultradireitistas e
terroristas de origem cubana no sul da Flórida.
No momento em que o governo dos Estados Unidos pretende impor de maneira hegemônica a luta contra o terrorismo, quem pedirá explicações ao presidente Bush, por sua cumplicidade e proteção aos que cobriram de luto o povo cubano?
Essas imagens nos permitem saber com quem se reuniu o presidente Bush, em 20 de maio. Para acrescentar apenas alguns elementos: Rafael Díaz Balart, o pai do congressista Lincoln Díaz Balart, foi o fundador, como se dizia, da organização contra-revolucionária A Rosa Branca, formada fundamentalmente por batistianos, e que executou numerosas ações terroristas em nosso país. De maneira rápida, vou dar três exemplos dessas ações:
Em 23 de dezembro de 1959, os membros da organização terroristas A Rosa branca assaltaram a casa de um camponês a quem causaram ferimentos graves, como também a sua esposa.
No ano de 1960, foi sabotada a tecelagem de Havana, por terroristas pertencentes à organização A Rosa Branca, dirigida por Rafael Díaz Balart. Nesse mesmo ano, são surpreendidos alguns membros de A Rosa branca, quando incendiavam uma escola rural de Matanzas, após destruir outros dois centros docentes. Nesse mesmo ano de 1960, os membros de A Rosa Branca participam na queima de diversas lojas na capital do país.
Esta é a organização de um dos terroristas que integravam a presidência do ato onde esteve o senhor Bush.
Mas notícias do próprio ato e outras informações que possuímos nos permitiram identificar outro grupo de terroristas que estavam presentes ao ato do discurso do senhor Bush. Aí estava também, junto aos mencionados por Lázaro, os que estão neste vídeo:
Elpidio Núñez Ojeda, que desde meados da década de oitenta converteu-se em diretor da organização Fundação Nacional Cubano-Americana, através da qual financiou os atos terroristas contra Cuba preparados por Luis Posada Carriles, e também as numerosas tentativas de atentado que este último planejou contra o presidente cubano Fidel Castro. Em 11 de agosto de 1997, Elpidio Núñez subscreveu a Declaração da Fundação em apoio às atividades terroristas contra Cuba, no momento em que se praticavam atentados explosivos contra as instalações turísticas de nosso país.
Estava também Felipe Vals Bravo, que em meados da década de 80 converteu-se em diretor da organização Fundação Nacional Cubano-Americana e foi também um dos financiadores dos atos terroristas contra Cuba preparados por Luis Posada Carriles, durante a década de 90, e dos planos de atentado contra o Comandante-em-Chefe, planejados por ele.
Estava Silvia Iriondo, a presidenta da organização contra-revolucionária Madres ante la Repressión por Cuba (Mães diante da Repressão por Cuba), participante ativa na organização e financiamento, junto com o Movimento Democracia, das flotilhas de provocação contra nosso país, e que foi acompanhante do terrorista José Basulto, no vôo de 24 de fevereiro de 1996.
Estava também Maritza Lugo, que é membro da organização terrorista Movimiento 30 de Noviembre (Movimento 30 de Novembro), participando ativa e diretamente na realização de atos violentos em nosso país.
A organização Movimento 30 de Novembro é autora de atos revoltantes, como a queima da loja La Época, em 31 de dezembro de 1960, e essa organização é também autora de várias tentativas de atentados contra nosso Comandante-em-Chefe.
Estava ali, no Coliseu de Miami, Miguel Saavedra, presidente da organização Vigília Mambisa, agrupamento utilizado como bate-pau, pela ultradireita cubano-americana, diante de qualquer evento que aponte a uma melhora das relações com Cuba, participante direto em muitas das ações violentas contra as apresentações culturais de artistas cubanos em Miami. Durante o seqüestro de Elián, encabeçou os ataques de quadrilhas contra cidadãos norte-americanos e membros da emigração cubana que apoiaram o regresso do menino a nosso país, e foi participante de várias flotilhas provocadoras organizadas pelo Movimento Democracia e Irmãos ao Resgate.
Ali estava, não podia faltar, Ninoska Lucrecia Pérez Castellón, filha do sicário Francisco Pérez González, tenente-coronel da polícia batistiana; companheira do terrorista Roberto Martín Pérez Rodríguez. Desde 1990, dirigiu a Voz da Fundação, na qual se dedicou a incitar e a apoiar a realização de ações terroristas contra nosso país e as tentativas de assassinato contra nosso Comandante-em-Chefe, e foi uma das signatárias de Declaração de apoio aos atos terroristas contra Cuba, que foi apresentada pela Fundação em 11 de agosto de 1997.
Estava Roberto Rodríguez de Aragón, um dos fundadores da organização contra-revolucionária Junta Patriótica Cubana, que apoiou a realização de atos violentos contra interesses cubanos no exterior, como os descritos no dia de hoje, e participou de ações provocadoras contra delegações de Cuba que participaram das cúpulas ibero-americanas.
No ato com o senhor Bush, estava também Diego Rolando Suárez Muñiz, um dos fundadores da organização terrorista Fundação Nacional Cubano-Americana,da qual se converteu em diretor, em meados dos anos oitenta; financiou os atos terroristas contra Cuba, preparados por Luis Posada Carriles, e também deu dinheiro para os planos de atentado contra o Presidente cubano que ele elaborou.
Estava no ato em Miami, Sixto Reinaldo Aquid Manrique, que em 1993 criou a organização terrorista Ejército Armado Secreto (Exército Armado Secreto), a qual realizou, em abril do mesmo ano de 1993, o ataque contra o navio de bandeira cipriota Mikonos, que se encontrava a sete milhas das costas de Matanzas. Em 2 de novembro de 1994, foi preso em flagrante pelo FBI, junto com outros dois revolucionários, ao tentar incendiar um local pertencente à Aliança de Trabalhadores de Cuba, onde se armazenavam algumas doações para nosso país, coletadas por Pastores pela Paz. Em outubro de 1995, foi condenado a cinco anos de privação de liberdade, em prisão domiciliar, por esse delito. No final de 1998, retomou a preparação de ações violentas contra nosso país, dirigidas fundamentalmente à realização de ataques contra interesses civis e econômicos.
E estava, também, festejando o 20 de maio com o senhor Bush, Eugenio Llameras Rondón, que participou na realização de ações terroristas, contra nosso país e interesses cubanos no exterior, como membro das organizações terroristas Comandos L, Partido Unidade Nacional Democrática, Exército Armado Secreto e Federação Mundial de Ex-Presos Políticos Cubanos.
Llameras é participante direto na tentativa de atentado contra nosso Comandante-em-Chefe, na Cúpula Ibero-Americana de 1995.
Os terroristas andam soltos em Miami, reúnem-se e jantam com o Presidente dos Estados Unidos, e os lutadores contra o terrorismo cumprem longas e humilhantes penas em prisões daquele país.
Arleen Rodríguez – Ontem, em um gigantesco e magnífico ato, creio que o povo de Cuba – mais de 300.000 compatriotas lotaram a praça em Sancti Spíritus – deu uma contundente resposta também ao ato de Bush de apadrinhamento e de bênção aos terroristas, no dia 20 de maio, em Miami.
Em Sancti Spíritus, comoveu-nos muitíssimo ver a Magaly Llort, mãe de Fernando González Llort. Fidel a qualificou de uma mãe extraordinária e heróica. Magaly chamou a atenção para dois pontos: um, para o uso dado à informação obtida por altos oficiais do FBI, em sua visita a Cuba, três meses antes da detenção dos heróis cubanos nos Estados Unidos. Entregou-se importante informação a esses membros do FBI, volumosos expedientes onde se informava sobre fatos precisos das ações terroristas e de quem as cometia nos Estados Unidos. A resposta do FBI foi a detenção de nossos cinco irmãos, em 12 de setembro de 1998, enquanto se continuou dando proteção e impunidade aos verdadeiros terroristas.
O segundo aspecto que chama a atenção de Magaly e de todo o povo de Cuba é este. Cada vez que aparece uma notícia relacionada com terroristas de origem cubana, radicados nos Estados Unidos, que são levados aos tribunais por alguma razão, como podem ser os terroristas que tentaram assassinar a Fidel na ilha Margarita, ou como pode ser o caso recente de Ramón Saúl Sánchez, terrorista precoce, como se lembrou aqui, ou como pode ser o caso de Eduardo Arocena, que podemos comentar um pouco mais adiante, sabemos que vem uma absolvição, a decisão de que são inocentes, apesar das provas contra eles; enquanto isso, nossos irmãos estão condenados, como você dizia, a longuíssimas penas, a humilhantes penas.
Recentemente, há apenas alguns dias, acabou-se de dar a notícia da absolvição de Ramón Saúl Sánchez, que havia violado um decreto do presidente Clinton, criado em 1996 e ratificado por Bush no ano passado, declarando que não se devia entrar em águas jurisdicionais cubanas nem a território cubano em geral. Há um decreto do presidente Clinton, ratificado por Bush, reitero, cuja violação é punida com pena longa e multa, e esse homem a viola e acabam de declará-lo inocente; e antes se declarou a seus dois cupinchas também inocentes. Já o esperávamos, porque é a impunidade o que se impõe, cada vez que se pretende julgar aos terroristas.
Este fato cria um tremendo precedente para futuras ações que se possam perpetrar contra nosso país, de violação das águas territoriais ou do céu de Cuba. Porque esse senhor, culpado e responsável por essas ações, acaba de ser absolvido e considerado inocente.
Há o caso, que eu lembrava, de Eduardo Arocena, em que está implicada a “bailarina” que entrou em cena no final do vídeo que vimos aqui, Ileana Ros Lehtinen, congressista norte-americana, representante da máfia no Congresso. Ileana Ros e Lincoln Díaz-Balart, duas das “grandes personalidades” presentes ao ato de 20 de maio, promovem a criação de um comitê para a liberação de um dos mais conhecidos terroristas de origem cubana: Eduardo Arocena, chefe de Omega-7, que chegou a ser considerado um dos grupos terroristas mais perigosos radicados nos Estados Unidos. Ao criar-se o comitê à frente do qual há outro terrorista de origem cubana, Héctor Fabián, diz uma das notícias publicadas mais recentemente: “O novo comitê pró-libertação de Eduardo Arocena está patrocinado pelos senhores Ileana Ros e Lincoln Díaz-Balart”.
Esse homem, que foi condenado a prisão perpétua e a 45 anos, evidentemente não vai cumpri-los, todo mundo sabe, não vai cumpri-los integralmente, pela força que tem esse comitê, graças ao apoio desses congressistas, que já viram o respaldo que têm junto ao presidente Bush. E esse Eduardo Arocena foi chefe de Omega-7. E quero chamar a atenção para um elemento, uma informação que nos foi entregue pelos companheiros que investigaram esse tema: Omega-7, essa organização superterrorista, foi criada em 11 de setembro de 1974, realizou ações de terror até 11 de setembro de 1983, é a que tem o mais longo expediente de atos terroristas dentro dos Estados Unidos e de Porto Rico, 55 atos terroristas nos Estados Unidos e 6 em Porto Rico.
Essa organização, por casualidade, realizou quase todas as suas ações em dias 11 de setembro: em 11 de setembro de 1976, coloca uma bomba em um navio soviético, nos Estados Unidos; em 11 de setembro de 1980, assassina ao funcionário cubano ante as Nações Unidas, em Nova York, Félix García, e coloca uma bomba no auto do embaixador cubano ante a ONU; em 11 de setembro de 1981, coloca três bombas nos Estados Unidos. Este é também Omega-7, e seu líder, Eduardo Arocena, que declara haver introduzido a dengue hemorrágica, tem também em sua consciência a morte de 158 cubanos, entre eles, 101 crianças, como comentamos em uma mesa anterior.
Então, personagens como Arocena são defendidos pelos que estavam na festa com o senhor Bush, celebrando o 20 de maio.
Possivelmente, esse homem está prestes a sair da prisão, e está prestes a sair da prisão graças à ação dos que estavam ali reunidos, em particular, dos congressistas a serviço da Fundação Nacional Cubano-Americana.
Vale a pena recordar o que dizia Fernando, um de nossos cinco irmãos presos, em uma carta a sua companheira Rosa Aurora. Falo precisamente do filho de Magaly, que em uma carta a Rosa Aurora lhe dizia: “A hipocrisia, os dois pesos, o oportunismo e o comportamento imperialista, tão comuns na política do governo deste país, refletem-se também nas decisões e no comportamento dos juízes. Quando a juíza foi sentenciar a René, disse que a luta contra o terrorismo não justificava vir a este país, violar a lei. Parece que isso não se justifica, apesar da história de cumplicidade e tolerância dessas mesmas autoridades que hoje nos julgam. Mas sim, justifica”, dizia Fernando, “a matança de crianças, por exemplo, no Afeganistão, um dos países mais pobres do mundo, e que não tinha nenhuma implicação direta real nos atentados de 11 de setembro, como povo”.
Na festa de 20 de maio, foi destacada a presença da cantora Gloria Estefan, que continua cantando também ao terrorismo, apesar de ser, ela mesma, filha de um terrorista e vítima do terrorismo.
Randy Alonso – Cantou ao seqüestro de Elián, e hoje canta aos terroristas.
Arleen Rodríguez – Exato. Pois ela é filha de um terrorista que foi mercenário da Brigada 2506, que se envolve também como mercenário no Vietnã, mas se converte em uma vítima do terrorismo de Estado do governo norte-americano. Porque seu pai acabou com uma enfermidade grave, contaminado pelo Agente laranja, como resultado da aplicação da guerra química em território vietnamita, contra o povo do Vietnã, outra das coisas que devemos recordar, nesse momento em que se pretende acusar a Cuba de algo tão vil como desenvolver armas biológicas.
Enfim, creio que o presidente Bush poderia ignorar o histórico terrorista de alguma dessas pessoas; mas não pode ignorar o expediente de todos os que estavam ali. É muito grosso o expediente.
Por isso, quando vemos o que aconteceu em 20 de maio, acreditamos que é muito mais que um ato de celebração dos 100 anos da fase imperialista da história; é muito mais que um ato plattista, é muito mais que um ato entreguista, é uma grave garantia da impunidade do terrorismo. É um sinal muito perigoso, ainda mais num momento em que, “casualmente”, há personagens tão terroristas como Otto Reich no Departamento de Estado, e se fazem circular no mundo mentiras tão graves como acusar a Cuba de produzir armas biológicas, ou incluir a Cuba em uma lista de países que patrocinam o terrorismo. Creio que isso confirma a impunidade; mas creio, ademais, que abre o caminho a novos atos contra o nosso país.
Vale lembrar o que disse Fidel ontem, no extraordinário ato em Sancti Spíritus. Dizia Fidel que “Nem uma só gota de sangue se derramou nos Estados Unidos, nem um átomo de riqueza ali se perdeu, em 43 anos de Revolução, por qualquer ação terrorista procedente de Cuba. Ao contrário, são milhares as perdas de vidas” – é preciso lembrar que tantas como no 11 de setembro, ou um pouco mais, perderam-se neste país, se estabelecemos a relação com um país 28 vezes maior que o nosso em população – “e cifras siderais em danos materiais que foram ocasionados a nossa Pátria, a partir de território norte-americano. É algo sobre o que o povo dos Estados Unidos deve ser informado, em lugar de saturá-lo com calúnias e mentiras”.
Quando o Presidente norte-americano se reúne com essa gente, quando celebra a festa com filhos de terroristas e terroristas em permanente exercício, com um extenso currículo, não apenas está auspiciando a impunidade, não apenas está favorecendo fatos graves em relação a nosso país, senão que, ao mesmo tempo, está mentindo, ou seja, está dizendo ao mundo: “Eu não sou nenhum lutador contra o terrorismo”. Quando esse homem se coloque diante do mundo a dizer, a nomear-se, a autoproclamar-se Comandante-em-Chefe das forças que lutam contra o terrorismo, é preciso responder-lhe: “O senhor mente, e mais, mente descaradamente, porque se exibiu com os maiores terroristas na história dos últimos 43 anos, dentro dos próprios Estados Unidos”.
Eu queria, para terminar, trazer aqui também um fragmento de uma carta enviada a uma amiga solidária no mundo, por René González Sheweret, que com seu extraordinário diário nos leva também à verdade da dupla moral e dos dois pesos e da hipocrisia com respeito ao tema da luta contra o terrorismo.
Diz René nesta carta:
“Pouco a pouco, a verdade vai brilhar, e não será então um privilégio de algumas pessoas dotadas de sensibilidade e sentido de justiça acima do comum. Doa a quem doer, cada palavra e cada oração pronunciada durante os seis meses deste processo é agora parte da história e está documentada nos arquivos da Corte Federal de Miami. Tenho certeza de que esta história será resgatada algum dia, para conhecimento do mundo.”
O que tratamos de fazer em nossas mesas é mostrar ao mundo a verdadeira história do terrorismo e dizer-lhe também que este homem que se auto-intitula chefe da luta contra o terrorismo, acaba de jogar lama sobre sua própria campanha, convertendo-se em mais um mentiroso. Está indo contra si mesmo, nesse discurso de Miami, em 20 de maio.
Randy Alonso – Muito obrigado, Arleen, a você e também aos demais comentaristas que nos acompanharam na tarde de hoje e aos convidados que tivemos em nosso estúdio.
Compatriotas:
Esta tarde, falamos de atentados contra os líderes da Revolução, de seqüestros de crianças, mortes provocadas pela Lei de Ajuste Cubano, terroristas soltos em Miami, ações terroristas cometidas nos Estados Unidos e uma impressionante lista de criminosos de guerra, responsáveis pela morte de milhares de cubanos, e que não apenas receberam refúgio nos Estados Unidos, senão que, com suas centenas de milhões roubados, foram utilizados para organizar e dirigir muitos dos planos terroristas do governo dos Estados Unidos contra Cuba.
Todos esses fatos e argumentos apresentados na tarde de hoje desmascaram e demolem, praticamente pulverizam as cínicas e hipócritas acusações do senhor Bush, afirmando que Cuba dava refúgio a terroristas, e que essa era uma das causas por que estava incluída na lista de países que patrocinam o terrorismo. Tudo isso demonstra a monstruosa hipocrisia do governo dos Estados Unidos, a repugnante mentira de colocar a Cuba em uma lista que realmente deveria ser encabeçada pelo governo dos Estados Unidos.
Amanhã o povo norte-americano comemorará o Memorial Day, quando recordarão a seus mortos nas guerras, ou os assassinados em atos terroristas. Nenhuma das flores que serão postas sobre o túmulos do cemitério de Arlington, ou ao pé do imenso memorial de mármore negro que recorda aos caídos, ou no memorial das vítimas dos atos terroristas em Nova York, será colocada em lembrança de uma vítima de atos agressivos ou terroristas planejados, organizados ou financiados pela Revolução Cubana.
Como destacou, em seu discurso de ontem, nosso Comandante-em-Chefe, e recordou Arleen, “Nem uma só gota de sangue se derramou nos Estados Unidos, nem um átomo de riqueza ali se perdeu, em 43 anos de Revolução, por qualquer ação terrorista procedente de Cuba. Ao contrário, são milhares as perdas de vidas e cifras siderais em danos materiais que foram ocasionados a nossa Pátria, a partir de território norte-americano. É algo sobre o que o povo dos Estados Unidos deve ser informado, em lugar de saturá-lo com calúnias e mentiras”.
Os 3.478 cidadãos cubanos mortos, nesses 43 anos, como resultado de atos terroristas contra nosso povo, são tantos ou mais que os mortos no World Trade Center, durante os abomináveis e horrendos fatos do 11 de setembro.
Um país com uma população mais de dez vezes menor e com um território dezenas de vezes menor que o dos Estados Unidos, viu correr em abundância sangue de seus filhos, por ações terroristas dos governos do mais poderoso império da história, em uma proporção maior que todos os estadunidenses tombados nas guerras do Vietnã e da Coréia.
Mas o povo cubano não considera seu inimigo o povo norte-americano, que também foi vítima das ações criminosas dos mafiosos terroristas com quem o presidente Bush acaba de reunir-se e jantar, neste 20 de maio, enquanto soldados estadunidenses morriam no Afeganistão, na chamada luta contra o terrorismo, e quando cinco jovens cubanos resistem a humilhante e dura prisão, por lutar contra o terrorismo dessas máfias criminosas.
Como destacou Fidel ontem, “Em suas dificuldades atuais e na luta contra o flagelo do terrorismo, o povo dos Estados Unidos pode contar com este povo amistoso, solidário e generoso”.
Mas o senhor Bush e as sucessivas administrações norte-americanas deverão responder, diante da história e de seu povo, por haver dado refúgio aos torturadores e assassinos batistianos, por haver organizado a invasão mercenária de Girón, por haver financiado e equipado aos bandos de amotinados que mataram a mais de 500 cubanos, por suas tentativas de assassinar a Fidel e a outros dirigentes da Revolução; por haver criado, financiado e dirigido as dezenas de organizações da máfia anticubana que cometeram inumeráveis crimes contra este pequeno povo, mas grande em generosidade e heroísmo, que se propôs a construir a mais justa das sociedades até hoje conhecidas.
Estamos respondendo tudo ao senhor Bush, como ontem nos disse Fidel, demoliremos uma a uma suas falácias e mentiras.
Seguimos em combate!
Muito boa noite.