Mesa redonda informativa, A máfia, os grupelhos e o
dinheiro de Bush, realizada nos Estudos da Televisão Cubana, a 30 de Maio de
2002, “Ano dos Heróis Prisioneiros do Império”.
(Versão Taquigráfica Conselho de Estado)
Randy Alonso.- Muito boas tardes, estimados telespectadores e
radiouvintes.
No seu discurso o passado 20 de Maio, o presidente Bush anunciou mais
financiamento para as actividades subversivas da máfia terrorista anti-cubana
de Miami e os grupelhos contra-revolucionários no nosso país, aqueles que já
recebem milhões de dólares do governo norte-americano.
Desenvolvemos esta tarde a mesa redonda informativa “A máfia, os
grupelhos e o dinheiro de Bush, na qual me acompanham no painel Reinaldo
Taladrid, jornalista do Sistema Informativo da Televisão Cubana; Manuel Hevia,
director do Centro de Pesquisas Históricas da Segurança do Estado; Lázaro
Barredo, jornalista de Trabalhadores e Rogelio Polanco, director do jornal
Juventude Rebelde.
Convidados no estúdio de televisão compartilham hoje conosco companheiros
do Ministério da Indústria Sidero Mecânica
e do Ministério de Auditoria e Controlo.
No seu discurso do dia 20 de Maio, o presidente norte-americano George
Bush, dizia que “ a minha administração relaxará as restrições à assistência
humanitária a organizações não governamentais que atendem directamente as
necessidades do povo cubano e que ajudarão para a construção de uma sociedade
civil cubana”.
De que sociedade civil estava a falar o senhor Bush? A quem vai
destinado o dinheiro que a administração norte-americana decidiu incrementar no
seu já avultado orçamento para as actividades subversivas contra Cuba? Quais
são os planos do presidente Bush e que antecedentes tem esta política? Disso
estamos a falar na nossa mesa redonda informativa de hoje.
Isto tem muitos antecedentes, e destes lhe proponho fazer um resumo a
Lázaro Barredo.
Lázaro Barredo.- Está mais do que comprovado que o fabrico, ou a
criação, ou o fomento das chamadas dissidências em Cuba, tem sido o centro dos
planos da agressão dos governos dos Estados Unidos nestes 43 anos.
As administrações norte-americanas não tem outra alternativa que tentar
criar uma oposição à Revolução, e digo que não tem outra alternativa, porque
realmente, nenhuma força patriótica se aliará jamais aos Estados Unidos;
nenhuma força patriótica – isto está provado ao longo de toda a história da
Revolução Cubana desde 1868 – aliar-se-á contra o programa da Revolução, a
independência nacional, a justiça social, o direito ao desenvolvimento, à
unidade nacional que foi e ainda é o componente principal para resistir os
embates dos Estados Unidos, que tem sido o inimigo natural da existência da
nação cubana nestes 200 anos.
Acho que isso está provado pela história e no caso da criação da
oposição, está provado pelos próprios elementos, que se tem estado analisando e
toda vez que os Estados Unidos desclassifica documentos, aparecem questões
novas, como aconteceu no ano de 1998, quando foi desclassificado o relatório do
Inspector Geral da CIA e foi conhecido pormenorizadamente o programa de acção
contra Cuba que tinha aprovado o presidente Eisenhower a 17 de Março de 1960, e
onde num desses aspectos medulares de orientação às agências do governo, se
expressava criar a dissidência para o interior de Cuba, para o qual em 1960
destinou inicialmente 4 milhões de dólares, mas já para 1961, no ano seguinte,
aumentaram-no imediatamente a 40 milhões – de 4 a 40 milhões – fazendo parte da
intencionalidade da subversão à ordem
interna dentro de Cuba, criando um mecanismo de oposição, criando-o de alguma
maneira.
No Programa de Santa Fé Um de 1979, uma das recomendações no programa de
governo de Ronald Reagan é a promoção da dissidência a partir de hipotéticos
grupos de direitos humanos.
Isso é o que está escrito nesse documento de 1979, o programa de Santa
Fe que foi a plataforma ideológica da administração Reagan, está refletido
concretamente no programa sobre Cuba.
Reagan usou como livro de cabeceira para o seu governo – o declarou ele
próprio – O mandato para um liderasgo -, um documento que tinha elaborado a
Fundação Heritage. Nesse livro, a estratégia que teve como principal via de
manifestação foi o denominado “Projecto Democracia”, em que foram traçadas as
directrizes estratégicas da ofensiva mundial dos Estados Unidos contra o
socialismo e outras forças progressistas, e foi feito público pelo próprio
presidente Reagan num discurso perante o Parlamento britânico a 9 de Junho de
1982.
Reagan convocou textualmente aos seus aliados “a acções para o
desenvolvimento de uma campanha pela democracia, sustentando a estrutura da
democracia, o sistema livre de imprensa, sindicatos, partidos políticos, tudo o
que permita aos povos” –conforme ele dizia – “ escolher o seu próprio caminho”.
A partir dai surgiu a Directiva de Segurança Nacional número 77, emitida
nos começos dos anos oitenta pelo presidente Reagan, que foi a que incrementou
esta ideia do “Projecto democracia” e que definiu sobre o nosso país – e eu
insisto nesta ideia porque é medular, estamos a falar dos anos 1981 até 1983, em que Reagan está
focalizando o objectivo sobre Cuba deste “Projecto democracia”. O objectivo é o
desenvolvimento de pressões públicas contra Cuba, e que para isso desenhou como
estratégia o multi-propósito de desgastar a Revolução com processos de
dissidência interna, para propiciar a imagem de que a situação cubana não era
devida a sua oposição histórica com os Estados Unidos, senão à incapacidade –
sublinhou este elemento porque é importante – e a intolerância do Governo Revolucionário cubano por procurar “uma
solução entre cubanos”, ao negar-se ao suposto diálogo como solução para
instrumentar uma chamada abertura política.
Um dos centros desse “Projecto democracia” foi estimular a alguns
grupelhos ou individualidades, que no seio da sociedade cubana, com diferentes
objectivos e aspirações, mas com uma boa dose de oportunismo e ressentimento,
decidiram guardar distância do projecto revolucionário no meio das confusões
geradas pela perestroika soviética, depois perante a hecatombe russa foram se alienando
com os inimigos seculares da nação cubana. Desde posições críticas até o
projecto nacional cubano, estes indivíduos estão se movimentado em todos estes
anos no espaço de uma campanha internacional dirigida pelos sectores mais
conservadores da direita contra Cuba, são convidados por quanto estrangeiro
quer mostrar uma hipotética imagem de imparcialidade perante o caso cubano e se
converteu numa fonte permanente de informação para alguns meios de imprensa
estrangeiros, sobre tudo estadunidenses e miamenses em particular, com os quais
mantêm uma comunicação bem fluida.
Com as supostas acções “pacificas” dessa oposição, a 14 de Agosto de
1990, começou o desenvolvimento de uma nova estratégia, uma operação concebida
durante o mandato de George Bush (pai) e deu-se a conhecer publicamente o
inicio da chamada Plataforma Democrática Cubana, como uma coligação de três
organizações e outras figuras do chamado exílio cubano que tinham decidido
juntar esforços para contribuir para uma “transição pacífica para a democracia”
em Cuba e em essência propunham uma negociação entre o governo cubano e a
oposição interna, que levasse a um processo de eleições, que deveria observar
todas as regras da democracia burguesa, celebrar-se sob supervisão
internacional e que desembocaria num sistema pluri-partidarista e de economia
de mercado.
Existe uma famosa carta que se publicou no jornal Granma naquele ano de
1991, porque esta operação encoberta encheu de felicidade a Bush (pai), de tal
maneira, Randy, que a 20 de Maio de 1991 – parece que os 20 de Maio e os Bush
têm a ver muito – Bush (pai) disse em Miami – depois deste projecto, que ele
seria o primeiro Presidente em pisar território livre de Cuba. Isso foi dito
por ele a 20 de Maio de 1991, em que como é lógico, cortejavam os
cubano-americanos na véspera do ano eleitoral. Desta operação saiu esta carta
que foi publicada no jornal Granma, carta que foi enviada por um agente da CIA,
um terrorista jovem, detido em 1960 com explosivos plásticos que detonavam em
centros comerciais – como já o disse aqui numa destas mesas redondas - , o
senhor Carlos Alberto Montaner, aos grupelhos da contra-revolução interna de
Cuba, dando-lhe instruções para que se aliassem às internacionais: “E tu,
fulano, és liberal, e tu, beltrano, és social-democrata; e tu fulano, és
democrata cristão”.
Há coisas muito interessantes nesta carta: “ Se acontecer uma revolta
militar”- que era o que estavam a pensar -, “devemos exigir-lhe ao vencedor
exactamente o mesmo que hoje lhe
exigimos a Castro, que lhe devolva ao povo as liberdades e convoque a umas
eleições abertas e vigiladas, e multipartidarista, possivelmente precedidas por
um plebiscito”, quer dizer, um referendo. “Obviamente, enquanto mais forte for
a oposição, mais possibilidades tem de deixar sentir o peso”, afirma.
E acrescenta: “Esse documento poderá ser extraído do país por uma
delegação internacional formada por um liberal, um social-democrata e um
democrata cristão, enviados a Cuba com esse objectivo e aqueles que
imediatamente depois chegassem ao estrangeiro, dariam uma conferência de
imprensa e anunciariam a formal constituição da plataforma dentro da ilha”.
Para concluir: “Simultaneamente nós o teríamos tudo preparado para
anunciar, a toda voz (a bombo e platillo), a consolidação em Cuba de uma
oposição moderada, respeitável e com um grande reconhecimento internacional...”
“Essa seria a oposição, a grande e internacionalmente reconhecida oposição”.
É claro, a Carlos Alberto Montaner não se lhe escapava o grande
problema, e ele próprio o reconhecia nessa carta que foi publicada no jornal
Granma. Diz: “Não se me oculta que nessa exposição há um aspecto mecânico um
pouco difícil de engolir, como e por que transformar-se subitamente em
liberais, social-democratas ou democrata cristão”.
Quer dizer, já desde os começos dos anos noventa estava em andamento
esta grande operação que ainda é mais reafirmada com o projecto de Torricelli e
o Chamado Carril II. É ainda mais recalcada o dia 6 de Outubro de 1995, quando
Clinton vai a Freedom House e dá meio milhão de dólares publicamente a esta
organização para o financiamento dos grupelhos internos no nosso país. É
reafirmada também a 28 de Janeiro de 1997, quando o próprio presidente Clinton
da a conhecer o seu famoso Programa de transição política em Cuba, em que
aparece o mesmo elemento:
Multipartidarismo, economia de mercado, eleições livres, etc, etc, é a
mesma prova gasta, que depois vai aparecer novamente no projecto de Lei
Helms-Burton, a essência do Título II, que é a mesma questão: devolver as propriedades,
criar um “governo democrático”, destruir as instituições revolucionárias e
criar um governo democrático com os cubano-americanos e como é lógico, com a sua oposição fabricada.
Otto Reich, recentemente, numa entrevista que lhe fazem, responde a um
jornalista: “ O que o presidente Bush quer é uma transição pacífica, mas
rápida, à democracia em Cuba” – isso o disse nos fins de Abril – “ para que não
haja que falar de embargos”.
O jornalista lhe pergunta: “Mas depois de 40 anos não aconteceu essa
transição e não há realmente maneira de antecipar que também não vai acontecer,
não como resultado do embargo, por que não atirá-lo?”
Otto Reich responde: “O que há que mudar é o governo de Cuba”.
Creio, Randy, que esse é o propósito destinado a essa “oposição” e isso
é o que estivemos a ver aqui de como a USAID (Agência Internacional para o
Desenvolvimento dos Estados Unidos) lhe entrega dinheiro, bem como o acordo do
próprio Congresso norte-americano, depois da Lei Helms-Burton, de destinar pelo
menos 2 milhões”...
Em todos os Parlamentos, como já se explicou, você coloca um topo, você
pode ter uma despesa até tanto dinheiro. Quando você diz: “ Não menos de 2
milhões”, é que você pode dar 50,100,200, 1 bilhão, o que se precisa para
conseguir esse objectivo sem que exista nenhuma dúvida é o fariam se nos
“volvêssemos doidos” e lhes déssemos beligerância a estes grupelhos.
Nas actas do Congresso dos Estados Unidos – isto não é ocultado – podem
ser encontrados testemunhos sobre esse apoio logístico e a cobertura política
do governo norte-americano para esses grupelhos contra-revolucionários que
atuam no nosso país. Isso foi apresentado em 1999, perante o Sub-Comité para o
Hemisfério Ocidental da Câmara de Representantes, o senhor Michael Ranneberger,
então chefe do Balcão dos Assuntos Cuba no Departamento de Estado, quem não se
ruborizou quando disse que essa “activa participação dos Estados Unidos no
financiamento e a promoção da suposta oposição cubana”, fazia parte dos
mecanismos de pressão para a subversão da ordem constitucional do nosso país.
É o dinheiro entregue pela National Endowment for Democracy, a diversas
instituições, e aqui o vemos, não só a Cuba, senão a terceiros países. O vemos
aqui, quando querem entregar um prémio, querem entregar um diploma, convidam
para dar conferências aos senhores dos grupelhos, ou mandam enviados, como já
vimos com os checos, com os polacos, etc, etc.
Randy Alonso.- Ou lhe fornecem fundos a diversas fundações e
instituições de outros países para que também sejam utilizados de canal para
esse financiamento.
Lázaro Barredo.- Deixa-me dizer-te falo de Carlos Alberto Montaner
porque realmente é o agente da CIA mais
activo para este “Projecto democracia”. Agora mesmo acaba de oferecer uma
declaração onde está a dizer que este projecto de pedir referendo, convocar
eleições livres, tudo isto que foi pedido pelo próprio presidente Bush a 20 de
Maio, todo esse objectivo, é provocar a subversão da ordem constitucional de
Cuba.
Num artigo que tenho, escrito por Carlos Alberto Montaner, diz:
“Essa é a maneira de desmontar pacificamente à ditadura totalitária
cubana, enterrar o castrismo sem violência, chapada a chapada, sem represália,
tendo em conta certos resquícios que existem na legislação vigente na ilha”.
Esse é o objectivo dos grupelhos. E se houver dúvida, está a representação que
fizeram no ano passado, apoiado por alguns congressistas da ultra-direita,
tanto o senador Jesse Helms como o congressita Lincoln Díaz-Balart, de um
projecto para a Lei de Assistência à chamada oposição interna cubana, para dar
os 100 milhões que os grupelhos aqui imediatamente apoiaram. Tenho aqui
declarações de Rádio “Martí”, por exemplo:
“Para cada um dos dissidentes tem que ser alguma coisa muito importante
saber que pessoas tão ocupadas, que pessoas que têm tanta responsabilidade se
lembram de nós”, disse uma das líderes destes grupelhos.
Outro disse ainda mais: “Apoiamos totalmente a posição desses
congressistas com relação ao embargo. Sobre esta lei de apoio à dissidência
acho que marcará um pilar dentro da história, é a primeira lei do século XXI
que dá um total apoio à dissidência”. Quer dizer, estas pessoas sentem-se
enaltecidas com esses gestos destes congressistas, que, realmente, é uma
desfaçatez, porque nos Estados Unidos existem as regulamentações de controlo
por parte do Departamento do Tesouro, onde nenhum cidadão norte-americano pode
receber um tostão, nem uma esferográfica de um cidadão cubano, e muito menos de
um funcionário do governo cubano.
As regulamentações prevêem, como punição, a privação de liberdade que
pode ser até de 10 anos e coimas de até 250 000 dólares. Essa é a pena para
aquele que recebe dinheiro mandado por um cubano.
“ O cabala agrícola e os seus seguidores do bipartidismo no Capitólio
estão tentando remover as proibições comerciais ou pelo menos suavizar as
existentes restrições às limitadas exportações agrícolas”.
“ Por enquanto, na luta geopolítica entre os estados agrícolas e o sul
da Flórida, Miami estão a ganhar, depois de tudo, possui as chaves da Casa
Branca e da mansão do Governador da Florida. Esta é uma terrível vergonha, mas
menos do que a determinação dos Estados Unidos de financiar a resistência
política a Fidel Castro”.
“ O presidente Bush prometeu formalmente que dará ainda mais ajuda a
grupos norte-americanos que dizem ajudar os cubanos”.
“Bush pretende dar 6 milhões de dólares em ajuda no Ano Fiscal 2003 a
grupos que apoiam liberdades políticas em Cuba. É muito mais do que os três
milhões e meio que deu no ano 2000”.
“ Segundo nossa Agência Internacional para o Desenvolvimento,
provavelmente receberá apoio bipartidarista”.
“ O senador Joseph Lieberman, cuja presença na campanha democrata de
2000 foi parcialmente com o propósito de ganhar a Flórida, encontra-se entre
aqueles que promovem o aumento de ajuda. O dinheiro não vai directamente a
Cuba, vai a Nova Iorque e Washington e mais generosamente a Miami”.
“Dentre os grupos receptores da ajuda destaca-se o Centro para uma Cuba
Livre, um grupo de exilados conservadores com base em Miami e dirigido por
Frank Calzón, aquele que foi – conforme lembram - uma das vozes truculentas que demandou que Elián permanecesse
para sempre separado do seu pai, está também o Instituto Republicano
Internacional, uma organização radicada em Washington, com estreitos vínculos
com a administração Bush”.
“ O instituto apoiou grupos de oposição que encenaram uma fracasada
intentona contra o Presidente da Venezuela, eleito democraticamente, golpe que
a Casa Branca pareceu apoiar”.
“ Funcionários do instituto também actuaram como contactos por trás do
tapete (trás bambalinas) entre os conspiradores venezuelanos e a administração
Bush. Agora estão para criar solidariedade com os activistas de direitos
humanos em Cuba”.
“A listagem poderia continuar, mas, inclusive, nesta casa de diversões a
imagem é o suficientemente clara: quando se tratar de Cuba não nos afanamos
pelo sucesso, só por ganhar a política nacional e a vergonha internacional.”
“Assim está refletido neste artigo de News Day do passado 23 de Maio.
Tal como fica esclarecido neste artigo, e como já foi ao longo destes anos, o
governo dos Estados Unidos da uma quota de dinheiro a organizações
institucionais desse governo para o financiamento das actividades subversivas
contra o nosso país”.
Veículo principal desse financiamento para a máfia anti-cubana e para os
grupelhos contra-revolucionários foi a USAID, uma das agências governamentais
norte-americanas”.
Sobre o papel desta agência e o que reportam oficialmente – não se sabe
Por trás do tapete estas agências; bom, que é o que está a acontecer com
o financiamento para a actividade subversiva contra Cuba? Rogelio Polanco.
Aparece nesses momentos em que também, no caso da América Latina, era
produzida aquela Aliança para o Progresso, que não tinha outro objectivo que
desalentar na América Latina o exemplo da Revolução Cubana.
Esta é uma agência pública, tem dinheiro das instituições oficiais dos
Estados Unidos. Calcula-se que há por volta de 3 000 companhias e mais de 300
organizações privadas que participam de qualquer maneira com esta agência.
No caso do nosso país, o Programa Cuba surge a partir do ano de 1995, em
que o presidente Clinton anuncia uma concessão financeira por parte da USAID,
no relativo a Cuba, para o que recebeu o nome naquela altura de promoção de uma
transição democrática em Cuba, como foi chamado por eles de maneira eufemista o
derrubamento do Governo Revolucionário Cubano.
Para isso tomaram como pretexto o que consideravam que estabelecia a Lei
Torricelli, quer dizer, artigos da Lei Torricelli que “permitiam” ao governo
dos Estados Unidos dar ajuda, mediante as organizações não governamentais, para
“a mudança democrática não violenta em Cuba”. Depois também a Lei Helms-Burton
falava do mesmo assunto.
É preciso ter em conta que, neste caso, o Programa Cuba possui uma
característica especial: é o único dos programas da UDAID em que as decisões da
entrega de dinheiro a organizações têm que adaptar-se por um chamado Grupo de
Trabalho Inter-agências; ou seja, que são várias instituições, várias agências
públicas do governo norte-americano as que administram e dirigem directamente o
Programa Cuba, o que demonstra, como é claro, que é uma intromissão directa do
governo norte-americano nas concessões financeiras para Cuba.
Este Grupo de Trabalho Inter-agências está formado por um conselheiro
principal e coordenador para Cuba da USAID, e, aliás, por outro coordenador,
que não é outro que o Director do Escritório de Assuntos de Cuba do
Departamento de Estado, também por representantes do Conselho de Segurança
Nacional, o Departamento de Estado, e evidentemente, a Repartição de Interesses
dos Estados Unidos em Cuba, que é segundo dizem, o que proporciona informação
sobre a situação em Cuba, revisa as propostas e programas, e avalia a sua
efectividade.
Em relação com o mais recente dos programas, quer dizer, dos orçamentos
do Programa Cuba, tenho aqui aquele que acaba de sair em Maio de 2002.
(Mostra-o).
É um programa que foi iniciado em 1997 e está previsto que acabe, se
calhar em 2005. Até hoje, foram outorgados mais de 15 milhões de dólares ao
redor de 27 organizações – são chamadas deste jeito – são instituições
localizadas nos Estados Unidos, sobre tudo em Miami e em Nova Iorque, e como é
evidente outorgados também aos grupelhos contra-revolucionários em Cuba.
Existe uma diferença entre o orçamento do ano de 2002 e o do ano
anterior, o qual foi anunciado. Mais cinco organizações são integradas a este
orçãmento há 2,2 milhões que se entregam a essas novas organizaçõs, e 2,9
milhões de dólares se incrementam às organizações já existentes no orçamento
anterior.
Tu já mencionaste algumas delas, Randy, só darei uma olhada por cima:
Freedom House – que conhecemos bem – Center for a Free Cuba, o Instituto para a
Democracia em Cuba, o Grupo de Trabalho para a Dissidência em Cuba, também
CUBANET, Cuba Free Press, numerosas organizações, alguma delas organizações
fantasmas, criadas única e exclusivamente
para receberem este dinheiro de fontes públicas norte-americanas, com o
único objectivo que está demonstrado no título do Programa Cuba, de “promover
uma transição rápida e pacífica para a democracia em Cuba e ajudar ao
desenvolvimento da sociedade civil”.
Questão interessante: no título, no objectivo deste ano, incluem a
palavra “rápida”. Acho que isto é algo que demonstra algum desespero, porque
antes diziam “uma transição pacífica à democracia em Cuba”, acrescentaram-lhe a
palavra “rápida” porque além disso, estão desesperados, porque o objectivo
ainda não chega nem chegará. Para isso exprimem um aumento do fluxo de
informação sobre democracia, direitos humanos, livre empresa para Cuba, e
dentro de Cuba.
Tenho aqui alguns dos temas que estiveram apresentando-se como
prioridades. Bom, fala-se de dar ajuda às denominadas organizações não
governamentais em Cuba; aos direitos dos trabalhadores em Cuba, já sabemos que
esses são os chamados sindicatos “livres” que agora encontraram em Bush um
promotor, coisa inaudita; os activistas dos direitos humanos em Cuba, que só
são os grupelhos contra-revolucionários e os chamados jornalistas
independentes, que é outra variante destes empregados do governo dos Estados
Unidos em Cuba, e como é lógico, propõem-se também para o planeamento para a
“transição” em Cuba.
Uma das instituições que receberam agora um milhão de dólares foi a
Universidade de Miami, exactamente 1 045 000 dólares para o planeamento da
transição em Cuba; outra organização que acaba de receber uma boa quantidade de
dólares é uma instituição que avalia o resultado do projecto, 225 000 dólares,
a PriceWaterhouseCoopers. Esta é uma organização que eles tiveram que
contratar, de alguma maneira, porque não tem clareza com relação ao efeito
deste programa, querem saber exactamente que está a acontecer.
Eu tenho o relatório que redigiu esta instituição, isto foi de Fevereiro
a Maio de 2000, que tem conclusões muito interessantes, Randy. A primeira
conclusão desta entidade, a qual a USAID contratou para dizer se estava a
funcionar ou não o programa em relação com Cuba, é a existência de pontos de
olhar opostos sobre a política para Cuba e sobre o próprio programa dentro do
Congresso, que complicam o processo de discussão dos projectos, demoram a sua
aprovação e, em alguns casos, retardam a implementação de actividades do
programa. Quer dizer, é um reconhecimento a que no Congresso a opinião de um
sector importante é que esta política está fracassada e, como é evidente, não
concorda com ela.
Outro resultado desta avaliação é que o impacto do programa é a longo
prazo, o impacto real do programa não pode ser medido nesta fase de
implementação.
Creio que isto é um reconhecimento de que não conseguiram nada, de que
fracassaram totalmente em todo este financiamento para a subversão interna em
Cuba, e só lhes resta como consolo, que no futuro o conseguirão.
Outro é a carência de cooperação do governo cubano. Dizem que pelo
ambiente repressivo mantido pelo governo cubano, é imposta a necessidade de
métodos operacionais totalmente discretos que por sua vez, limitam a avaliação
das actividades do programa.
Bom, é claro que o governo cubano vai estar em oposição sempre da
subversão e a facilidade do derrubamento, por parte dos Estados Unidos, da
nossa Revolução. Agora estão a recorrer a métodos encobertos, que só são os
métodos que utilizam as agências de inteligência. O estão a dizer publicamente
nesta avaliação que fazem sobre o resultado e a ineficiência desse programa.
Outra das avaliações é colocar um funcionário todo tempo para o programa
da Cuba da USAID se dedicar a tempo completo ao Programa Cuba, à Seção de
Repartição Norte-americanos em Havana, em reconhecimento de que a Repartição de
Interesses em Cuba é a que se encarregaria , e se encarrega, de facto, como já
vimos em numerosas ocasiões, em nossas mesas redondas, de dar estes recursos
directamente a estes empregados em Cuba.
Designar, ademais, um funcionário adicional a tempo completo para o
escritório principal da USAID para o programa, quer dizer, dedicar-se só uma
pessoa ao tema deste programa no escritório central.
Provar todos os produtos informativos perante a sua disseminação ao
público cubano, porque não estão certos da efectividade do que estão a fazer, e
então querem submetê-los a prova, mediante grupos recém chegados de Cuba para
que escutem isto.
Procurar canais novos para a distribuição da informação a Cuba. Isto
somente é utilizar os mercenários de terceiros países que, como sabem, foi o
último método empregue, para tentar trazer o dinheiro para os grupelhos
contra-revolucionários.
Ajustar o grau de publicidade sobre os fundos em reconhecimento dos
riscos potenciais aos beneficiários e os seus clientes em Cuba. Algumas
actividades podem ser postas em risco mediante uma publicidade inapropriada,
dizem. Ou seja, estão fazendo um apelo para que o que fazem seja cada vez mais
encoberto. Querem continuar fazendo aquilo que querem, tentando derrubar o
Governo Revolucionário cubano em silêncio. Por isso nosso trabalho será sempre
denunciá-los cada vez publicamente e dizer cada vez mais alto o que estão a
fazer com seus empregados em Cuba.
Randy Alonso.- Eu tenho – como tu dizias – o relatório também é de
Maio de 2002 e há assuntos muito interessantes que se poderiam dizer também, em
apoio do que já estiveste a explicar é que este relatório abrange sete
programas específicos para Cuba, e a quantidade de dinheiro é considerável.
Tu dizias que havia mais de 15 milhões de dólares que já tinham
entregado. Este é um orçamento milionário para a subversão em Cuba.
Por exemplo, exprime-se a solidariedade com os activistas dos direitos
humanos em Cuba, quer dizer, com os grupelhos. Traduzido para o espanhol:
financiar aos grupelhos contra-revolucionários em Cuba. Que diz? Que para isso
a USAID financiará a oito instituições
que se encarregarão, aliás, de que chegue esse financiamento. Por exemplo,
alguma delas: o instituto para a Democracia em Cuba receberá um milhão de
dólares, que já os tem – segundo este relatório – o Grupo de Trabalho para a
Dissidência Cubana receberá 250 000 dólares que já estão entregues; o instituto
Republicano Internacional receberá 1 674 462, que se estão a entregar ainda, o
Grupo de Apoio à Dissidência receberá 1 200 000 dólares, e Acção Democrática
Cubana receberá 400 000 dólares. Este é um dos pontos específicos que tem este
programa.
Há outro que é Ajudar ao desenvolvimento das organizações não
governamentais independentes, isto é, é outra maneira de encobrir os chamados
grupelhos. Aí são designadas cinco organizações diferentes para entregarem o
dinheiro a estas chamadas ONG independentes. Vou-lhes falar só de duas designações.
À Fundação para o Desenvolvimento Pan-americano lhe estão sendo entregue 553
500 dólares e à Universidade de Miami, para ajudar ao desenvolvimento de uma
“sociedade civil” em Cuba, 320 000 dólares, que está dentro do milhão e tal que
lhe entregaram a essa universidade.
Na criação dos chamados “sindicatos independentes” que quer o senhor
Bush, num programa que eles denominaram na USAID: Defendendo os direitos dos
trabalhadores cubanos, pois vão entregar às duas organizações, isto é, o Centro
Americano para a Solidariedade com os Trabalhadores, por volta de 168 575
dólares, e que já foram entregues e à Associação da Política Nacional, 424 000
dólares para a criação de sindicatos supostamente independentes no nosso país.
Outros dos sete programas é a chamada Preparação da transição, na qual
já lhe foi entregue dinheiro a quatro organizações e entre elas, por exemplo, o
Conselho para os Negócios Cuba - Estados Unidos, que é muito recordado, porque
a ele pertencia o seu principal executivo, o senhor Otto Reich. A este centro
lhe foi entregue já 852 000 dólares para essa chamada transição em Cuba, e à
Universidade de Miami, para o seu plano de transição, lhe entregaram 1 045 000
dólares, como dizia Polanco. Quer dizer, só lhe limos alguns destes programas,
porque é uma listagem bastante extensa, e tudo o que falamos soma alguns
milhões de dólares que a USAID diz que publicamente lhe está a entregar a estas
organizações, para a promoção da actividade subversiva contra Cuba, nas
organizações mafiosas de Miami, que estão localizadas em Nova Iorque e
Washington e também o financiamento que devem receber os grupelhos
contra-revolucionários no nosso país.
Creio que é a melhor prova e a mais transparente para saber qual é o que
destinou o senhor Bush, quais são os que o receberão e até onde são
independentes os grupelhos, os chamados jornalistas e as organizações que
subversivamente se preparam para derrubar a Revolução Cubana.
Agradeço-te Polanco os teus comentários.
E esta não é a única organização dedicada a enviar dinheiro para a máfia
anti-cubana e para os grupelhos contra-revolucionários, já tínhamos falado de várias delas, a USAID,
se calhar a mais representativa, e outra que possui um importante papel neste
negócio anti-cubano é uma organização privada, que de privada tem bastante
pouco, a National Endowment for Democracy, a conhecida NED, que também
desempenhou um importante papel no financiamento desses grupelhos e dessa máfia
contra-revolucionária. Sobre ela lhe propomos o seu comentário a Reinaldo Taladrid.
Reinaldo Taladrid.- Com muito prazer Randy.
Vamos ao sítio da NED em Internet a ver que diz a própria organização
sobre o que eles são.
National Endowment for Democracy: “É uma organização privada,
bipartidarista, não lucrativa e geradora de donativos, fundada em 1983, até aí
o que diz o sítio da NED.
Diz que “recebe designações financeiras do Congresso dos Estados Unidos”
e ademais donativos do sector privado”.
“Tem uma junta directiva integrada por personalidades de diferentes
sectores dos Estados Unidos”.
“ O trabalho da NED”, explica o próprio sítio deles, “está baseado em
três programas básicos: O primeiro é chamado Programa de financiamento”.
Noutras palavras, eles próprios dizem que “todo aquele que apoie “o livre
comércio” e “a empresa privada” e que esteja vinculado ao Instituto Nacional
Republicano e ao seu homólogo democrata, cada partido tem um instituto
parecido, pode ser objecto destes donativos. Quer dizer, este primeiro programa
é de dar dinheiro a aquele que defender o capitalismo.
Número dois: Programa de cooperação internacional para a democracia.
Isto segundo eles, visa a cooperação com outras fundações ao redor do mundo,
que tenham um ideário semelhante ou em concordância com o que eles querem, e
monitorar eleições etc. Esta monitoria de eleições que eles fazem não é para
preocupar-se se vota a metade das pessoas que tem direito ao voto ou não, senão
que o candidato que saia ou os que estejam na disputa , garantam o statu quo
que eles consideram para esse país, não se preocupam por dessas outras questões.
O número três, chama-se Foro Internacional de pesquisas sobre a
democracia Toda essa série de eventos, universidades, publicações, etc que
recebem dinheiro deles porque dizem o que eles gostam de ouvir.
Alguns analistas disseram e eu concordo com eles que esta NED é criada
na administração Reagan para inovar, em que sentido? Que estas questões a
realizava a CIA até esse momento nos anos oitenta e, simplesmente, decidiram
fazê-las publicamente, com dinheiro do governo, do mesmo jeito como o fazia a
CIA, simplesmente, atirar-lhe todo o tema, ou tentar atirar-lhe todo esse tema
de coisa encoberta, de serviços especiais que tinha. Todas estas coisas
descritas aqui, até aos começos destes anos eram realizadas directamente pela CIA,
ou seja, os serviços especiais por indicações do governo dos Estados Unidos.
Há duas etapas importantes com relação a Cuba, no trabalho da National
Endowment for Democracy, que como já sabemos recebe dinheiro do governo dos
Estados Unidos , uma primeira etapa a partir da fundação da NED em 1983 até a
queda da União Soviética em Setembro de 1991. Até essa data quase todo o
dinheiro da National Endowment for Democracy ia para a Fundação Nacional Cubano
Americana, a FNCA. Por exemplo, durante os anos 1986-87 foram dados à Fundação
110 000 dólares.
Há uma questão curiosa que quero salientar aqui. Há um estudo do
professor Jonh Spencer Nichols, da Universidade de Pensilvânia, que atirou uma
conta. Vejam onde está o truque, quanto dinheiro recebeu a Fundação Nacional
Cubano Americana da NED?
Esse dinheiro é proveniente do governo dos Estados Unidos à NED e da NED
à Fundação Nacional Cubano Americana. Entre os anos 1983 e 1988 a Fundação
recebeu 380 000 dólares da NED, ou seja, do governo e nessa mesma etapa
1983-1988, a Fundação Nacional Cubano Americana tinha entregado às campanhas
dos políticos, aqueles que eles queriam entregar dinheiro, que depois apoiam os
seus projectos, exactamente 380 000 dólares. É muito curioso que seja a mesma
quantidade que veio do governo à Fundação e que acabou nas campanhas de
políticos afins aos interesses da Fundação e vice-versa. É um estudo publicado
por Jonh Spencer Nichols, professor da Universidade de Pensilvânia.
Agora, ano 1991, cai a União Soviética e começa uma segunda etapa.
Quando digo: Começa uma segunda etapa é que aumenta o mesmo que se estava a
fazer, em dinheiro e em actividades. Por exemplo, só entre 1991 e 1992 dos 110
000 dólares que, lembrem, oferecia-lhe à Fundação, deram-lhe 240 750, quase
instantaneamente começa o dinheiro a duplicar-se.
A seguir, digo-lhes alguns anos para ir ilustrando o que começa a fazer
esta Fundação, a NED, com relação a Cuba.
Entre 1990 e 1998 apoiaram 80 projectos diferentes, projectos tão
diferentes como pode ser pagar publicações.
Por exemplo, Encontro da Cultura Cubana, é uma publicação pagada com
dinheiro da NED e como é lógico, com dinheiro proveniente do governo dos
Estados Unidos, portanto, aquele que escreve em Encontro da Cultura Cubana está
a receber dinheiro dos Estados Unidos, conforme as estatísticas e os dados que
aqui estejam. Depois vamos dar-lhe a quantidade de dinheiro que lhe deram.
Também fizeram “eventos internacionais”, todos esses eventos que se
realizam sobre transições, como levar o capitalismo para Cuba, etc, pagado com
dinheiro da NED.
Outra partida do uso do seu dinheiro diz deste jeito: “Apoio monetário e
envio”. Isso é o salário aos empregados norte-americanos que estão em
território cubano, refiro-me aos grupelhos.
“ Compendio de informação anualmente”, para as denuncias e testemunhas
que se apresentam todos os anos em Ginebra. Vocês sabem que há um, inclusive,
dos empregados cubanos que vivem de fazer listagens e sobe e desce números. São
dois irmãos, acho, que fazem as listagens, e bom, imaginem, há suficiente
dinheiro para fazer as listagens.
“Obtenção de informação sobre o que realizam os grupos em Cuba”, quer
dizer, qual o comportamento dos empregados, é preciso controlá-los.
“Envio de emissários a Cuba que viajam como turistas, para contactar e
fornecer aos grupos de dinheiro e espécie”, ou seja, aqui estão a dar-lhe
dinheiro e coisas em espécies, isto aconteceu em ambos casos.
Tudo isto, entre 1990 e 1998, este é o cálculo, porque creio que foste
tu, Randy que disseste há pouco, que aqui nunca se sabe exactamente quanto
dinheiro foi empregue; uma questão é o que está nas partidas do orçamento
estabelecidas, mas como há donativos privados e há outro dinheiro, nunca fica
totalmente claro, que em tudo isto usaram, mais de 6 milhões de dólares entre
1990 e 1998.
Agora vejamos alguns anos específicos e projectos específicos, para que
vocês possam perceber em que está sendo utilizado o dinheiro do contribuinte
norte-americano.
No ano de 1995, por exemplo, deram dinheiro ao Free Trade Union Institute
destes 6 milhões. Esse instituto é para a criação de sindicatos, não vou falar muito, porque já foi explicado nestes
dias o que querem criar, que tipo de sindicato; realmente o mais importante não
é a criação de um sindicato, senão qualquer um que tente derrubar o governo,
que se oponha, dão-lhe dinheiro, podem colocar-lhe o nome de sindicato ou o
nome que for.
Mais outro: Institute for Democracy in East Europe (Instituto para a
Democracia na Europa do Leste). E que dizia a partida? Ouçam que curioso: “
Enviar a Cuba activistas pró democracia da Europa do Leste e Central”. Isto foi
aprovado em 1995 e depois materializa-se, já vimos os casos dos tchecos, dos
polacos, do Letón etc, etc.
Outros anos que eu quero compartilhar com vocês são: os anos 1997 e
1998.
Por exemplo, nesses dois anos deram-lhe 61 363 dólares ao Instituto de
Estudos Cubanos, que entre outras questões, financiou um seminário de cinco
dias, “O passado e o presente de Cuba numa perspectiva comparada”, Desta
publicação Encontro da Cultura Cubana. Isto inclui, é claro, a ajuda de custo
dos assistentes. Todo o mundo compreende o que estou a dizer, nestes anos
nestes 61 000 dólares está incluída a ajuda de custo dos expositores que
assistem ao seminário.
Também ofereceram neste ano, por exemplo, 55 000 dólares ao Comité
Cubano pelos Direitos Humanos. Este é Bofill. Imaginem vocês dar-lhe 55 000
dólares de um dinheiro do governo norte-americano. Olhem até onde chega o nível
de irresponsabilidade com o próprio dinheiro, ainda desde o ponto de vista do
interesse de derrubar o governo cubano dar-lhe 55 000 dólares a Bofill, é
preciso ser tolo.
Agora, no ano de 1999, deram-lhes 182 000 dólares para viagens a Cuba a
emissários e entrega de dinheiro. Onde estão esses 182 000 dólares? Nos bolsos
dos empregados cubanos dos grupelhos. Aqui está, este é um documento da
National Endowment for Democracy (mostra-o), este é dinheiro do governo
norte-americano.
Num ano só deram-lhe aqui aos grupelhos, para os seus bolsos, porque ai
não é especificado: “Dou-te 10 000 dólares para que saias fazer protestos na
rua”, dou-te 5 000 dólares para que apresentes isto ou aquilo”. Não, não é
especificado, dão-lhe dinheiro e eles gastam-no a discrição.
Acho que foi o Doutor Hevia, foi você doutor?, que várias vezes explicou
aqui restaurantes, comidas e questões em que o dinheiro é gasto. Não? Lembro
haver ouvido de você essa explicação aqui pormenorizadamente. Digo-o para você
porque são 182 00 dólares para o bolso só em um ano.
Num ano só deram-lhe a revista Encontro da Cultura Cubana 80 000
dólares, de tal maneira que aqueles que publicaram nesta revista Encontro da
Cultura Cubana devem saber que receberam dinheiro do governo dos Estados
Unidos.
E, por se fosse pouco, voltaram a dar para Bofill 65 000 dólares, o
salário dele aumentou 10 000. Na verdade, entregar 65 000 dólares do
contribuinte americano a Ricardo Bofill é uma loucura, mas isso acontece.
Para findar, gostaria partilhar com vocês quatro idéias:
Primeiro: toda essa atividade implica um desconhecimento do governo e
das leis cubanas. O governo dos Estados Unidos não acaba de reconhecer que aqui
há um governo e que neste país há leis, isso é o primeiro.
Segundo: vê-se claro que o verdadeiro objetivo de todo isso é o
derrubamento dum governo. Tudo aquilo que seja opor-se e derrubar um governo
recebe dinheiro.
Terceiro: faz falta que alguém tenha a coragem de lhe dizer a um
contribuinte americano, a um cidadão que paga impostos sobre suas rendas, para
quê é utilizado esse dinheiro, que o dinheiro dele vai parar às algibeiras de
Bofill e dos empregados que estão dentro de Cuba. Que digam para ele: Olhe, uma
parte de seus impostos nós damos a Ricardo Bofill Pagés, para ver o que diz
esse granjeiro, esse mecânico que paga seus impostos.
Quarta e última –e esta é uma idéia que em minha opinião, há que
aprofundar nela–, todos dizemos e sabemos que o dinheiro sai de Washington e
vai para Miami, para Nova Iorque, para todos esse grupos, aí fica a maioria.
Dizemos que há escritórios, fax, carros, telefones, salários, secretárias,
eventos, etc.; fica a maioria do dinheiro aqui. Esses 182 000 que vieram aqui é
a minoria desse dinheiro.
Faço-me duas perguntas: Quem me garante que esse dinheiro que foi para a
Fundação Nacional Cubano Americana, e que ficou aí a maioria, não foi empregue
numa atividade terrorista daquelas que fez a Fundação Cubano Americana? De que
maneira se garante que o dinheiro enviado a Posada Carriles para Panamá, desde
o gabinete de Alberto Hernández, nesse momento, Presidente da Fundação, não
faça parte desse dinheiro? Quem garante que esse dinheiro não seja utilizado
numa atividade terrorista? Se você dá dinheiro a essas pessoas, deve saber quem
são, como se garante ao povo americano que não se tenha pago terrorismo com
esse dinheiro?
(passam breves imagens sobre o tema).
Randy Alonso: E na longa lista que fazíamos cá das organizações
que recebem dinheiro em Miami, em Washington ou em Nova Iorque, da USAID, da
NED e doutras organizações que utiliza o governo americano para o financiamento,
tanto da máfia contra-revolucionária quanto dos grupelhos em Cuba, foi
mencionado mais duma vez o chamado Grupo de Apoio à Dissidência, uma
organização com sede nos Estados Unidos e com conexões com os grupelhos
contra-revolucionários em nosso país.
No relativo ao que recebe essa organização e seu principal chefe,
faz-nos um comentário o companheiro Manuel Hevia.
Manuel Hevia: Boa tarde e
muito obrigado, Randy.
Vou fazer referência de maneira sucinta, a essa organização que, como já
foi dito, faz parte das vinte e tal organizações que estão agindo como
intermediárias e de fachada desse gigantesco plano de subversão dos Estados
Unidos contra Cuba, dirigido fundamentalmente à sustentação financeira dos
grupelhos contra-revolucionários em Cuba.
Gostaria, ao fazer referência a essa organização, vinculá-la com outra
dessas organizações, que também faz parte desse grande grupo do qual você
falou, chamada Instituto para a Democracia em Cuba, e ligar essas duas
organizações a uma personagem de longa trajetória, primeiro, terrorista e
depois em ações de subversão de diferente tipo, chamada Francisco Hernández
Trujillo.
Francisco Hernández Trujillo, conhecido por Frank Hernández Trijullo,
vinculado e agindo há algum tempo como dirigente principal do chamado Grupo de
Apoio à Dissidência e como funcionário do Instituto para a Democracia em Cuba,
é um caso típico de terrorista, tornado próspero funcionário no negócio da
contra-revolução contra Cuba em Miami.
Nestes momentos, a través dessas duas organizações, que mantêm uma
intensa atividade de subversão contra Cuba, FranK Hernández Trujillo,
desenvolve todo seu trabalho.
Hernández Trujillo nasceu em 1942 em Havana. Em 1960 emigra de Cuba para
os Estados Unidos, depois de asilar-se numa embaixada latino-americana, e entre
outubro de 1962 e abril de 1963 já era membro ativo do exército americano, das
chamadas “unidades especiais cubanas”, que treinavam para invadir Cuba, onde
passou para a reserva de pois de ter-lhe sido conferida a medalha do Serviço
Nacional, embora não participara em nenhuma ação de guerra.
Hoje é Presidente da Junta de Diretores do chamado Grupo de Apoio à
Dissidência, organização de fachada contra-revolucionária, sediada em Miami,
que faz atividades de todo tipo e que –como foi dito aqui– recebe fundos
extraordinários da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados
Unidos.
O Grupo de Apoio à Dissidência foi registrado no Estado da Flórida em
março de 1995, como uma corporação não lucrativa, criada com o objetivo de
oferecer apoio logístico aos grupos de “dissidentes em Cuba”, isto é, grupos
contra-revolucionários. É precisamente, uma das invenções –por dizer dalguma
maneira– que os órgãos tradicionais da inteligência fabricam como instituições
de fachada para realizar um trabalho de subversão, neste caso contra Cuba,
tentando ou aparentando ser uma organização não governamental.
O Instituto para a Democracia em Cuba (ICID), é um grupo formado por 10
organizações contra-revolucionárias de Miami que recebeu –como já se fez
referência aqui– um milhão de dólares da USAID para a execução dum projeto de
subversão interna contra Cuba; isto é, tanto o GAD (Grupo de Apoio à
Dissidência) quanto o Instituto para a Democracia em Cuba, são organizações de
fachada que fazem parte desse sistema de medidas para tentar fomentar a
contra-revolução em Cuba, e são os que mais dinheiro recebem. Contam com
financiamento, um deles o Instituto para a Democracia em Cuba, de um milhão de
dólares e o Grupo de Apoio à Dissidência de 1 200 000 dólares que receberam por
partes.
Frank Hernández Trijullo fez parte também do chamado Conselho Militar
Cubano-Americano e faz parte da direção, bem como doutra organização de caráter
terrorista nos Estados Unidos de América, a Associação de Veteranos
Cubano-Americanos.
Segundo os comentários feitos em determinados círculos
contra-revolucionários de Miami, com ligações com Frank Hernández Trijullo, e
isto é típico entre muitos dos diretores dessas organizações, apontam que
trabalhou para a Agência Central de Inteligência há alguns anos e que ainda
mantém relações com essa organização.
Frank Hernández Trijullo mantém contatos muito estreitos com chefes de
grupelhos contra-revolucionários dentro de Cuba, ao que envia emissários com
instruções, dinheiro, aparelhos telefônicos, fax, computadores e outros
equipamentos para promover e incentivar precisamente as ações subversivas
dentro do país.
Gostaria precisar outros elementos com respeito ao chamado Instituto
para a Democracia em Cuba. Este instituto foi constituído em setembro de 1996,
também como uma organização não lucrativa e formada por um grupo de
organizações contra-revolucionárias. Vou mencionar algumas dessas organizações
para que conheçam das características deste instituto. Por exemplo: foi formada
e fundada, no início, pela chamada Agenda Cuba, Aliança Cubana, Associação de
Veteranos Cubano-Americanos (CAVA), a que fiz referência ha alguns minutos; a
Associação de Ex-presos e Combatentes Políticos Cubanos e o Miami Medical Team
Foundation, também referido aqui em muitas ocasiões nesta mesa redonda, como
vocês conhecem, de estreitos vínculos históricos com a Fundação Nacional Cubano
Americana.
A plataforma programática desta organização, elaborada e apresentada à
USAID em 1996 está dirigida a apoiar o chamado “Movimento Dissidente em Cuba”,
em primeiro lugar; promover uma suposta “transição pacífica para o
capitalismo”, “uma democracia representativa” e o estabelecimento dum “sistema
econômico livre de mercado”. De tais organizações que a integram, pode
esperar-se realmente um programa com essas características. Logicamente, que
isso pressupõe o apoio e o financiamento dos grupos contra-revolucionários
dentro de Cuba; fornecer informação e material de apoio à “oposição interna”
–isto é, elaborar propaganda para ser introduzida de forma clandestina em nosso
país, para fazê-la chegar a esses grupos–; criação duma rede de “opositores” em
todo o país –ou seja, facilitar as possibilidades de comunicação entre
diferentes grupos–; dar ajuda material e financeira aos presos contra-revolucionários
e oferecer supostas experiências sobre a transição a sistemas de economia de
livre mercado nos antigos países socialistas.
Nesta mesa redonda também –já foi referido– fomos testemunhas do envio
de emissários a Cuba de diferentes países que foram socialistas: cujas missões,
entre outras, foram precisamente transmitir a “experiência” da destruição do
socialismo nesses países.
Randy, era isso o que eu queria apontar, com respeito a essas duas
organizações que se definem com um caráter totalmente subversivo e que agem
como organizações de fachada desse
grande plano subversivo contra nosso país.
Randy Alonso: Na verdade Hevia, é a falácia da chamada mudança
pacífica que pretendem essas pessoas em Cuba. Estão falando do financiamento
através duma organização presidida por um conotado terrorista, que pertenceu a
organizações terroristas e financiaram, aliás, ações terroristas contra nosso
país.
É aquilo que dizia Taladrid: Ninguém sabe para onde vai o dinheiro, mas
daquilo que estamos convencido é que parte desse dinheiro serviu também para o
financiamento das ações terroristas que contra nosso povo esta mesa redonda
denunciou nas últimas jornadas.
Além desse Grupo para a Dissidência, outro dos muitos mencionados nesta
lista dos que tomam banho nesta orgia de dinheiro para a contra-revolução
cubana é o chamado Center for Free Cuba, uma organização duma longa história
contra-revolucionária e hoje com vínculos diretos evidentes no poder americano.
Sobre essa organização nos pode falar Lázaro Barredo.
Lázaro Barredo: Acho que Frank Calzón que é o diretor deste Centro
por uma Cuba Livre, deve viver um uma grande frustração. Frank Calzón que foi
recrutado pela CIA, aquando era estudante universitário, no fim da década de
60; vinculou-se a Alpha 66, a Abdala dois grupos de conotação terrorista, duas
organizações terroristas –desse jeito foram qualificadas não apenas por nós,
mas por oficiais do Bureau Federal de Investigações–, contudo, Calzón, eu
diria, fez de sua vida o exemplo mais contundente de como viver a custa da
indústria anti-cubana, sempre a custas de Cuba, de toda a política de subverter
a ordem em Cuba, de entronizar a fabricação da oposição contra-revolucionária e
realmente viveu sempre disso.
No fim da década de 70, esteve com algumas personagens tais como
Humberto Medrano, que se tem falado muito dele quando falamos da Radio ”Martí”
e de todos aqueles problemas que houve no início dessa rádio; duma senhora
chamada Elena Mederos e Sirio del Castillo, pessoas que viviam dos famosos direitos
humanos no início da década de 70, para manter uma sistemática campanha de
difamação.
Daí recebiam o dinheiro de muitas dessas organizações. Depois integrou
um comitê de intelectuais pela liberdade de Cuba, para encarar o movimento
juvenil que se formara na revista Areíto –aí apareceu Muñiz Varela e um grupo
de jovens que estiveram aqui no fim da década de 70–; depois fez parte da
Fundação, foi fundador da Fundação Nacional Cubano Americana, junto dos
terroristas Jorge Mas Canosa e Francisco “Pepe” Hernández. Foi o primeiro
diretor executivo da Fundação, entrou na luta pelo protagonismo com Mas Canosa.
Mas Canosa se pôs de acordo com o esbirro Esteban Ventura Novo e nessa
luta pelo protagonismo, Mas Canosa um dia lhe fez uma inovação gramatical ao sobrenome
Calzón, no crioulo que todos os cubanos devem imaginar, e conseguiu tirar ele
da Fundação. Não obstante, Calzón conseguiu logo trabalho numa grande campanha
de imprensa dirigida contra as Forças armadas revolucionárias e contra o
companheiro Fidel, e rapidamente entrou em Freedom House, esteve aí, no
Programa Cuba; lá foi Clinton, deu todo o apoio a este grupo onde estava Frank
Calzón e, finalmente, mais uma vez na luta pelo protagonismo, vai embora da
Freedom House e, então, com o apoio da estrema direita americana, cria o Center
for a Free Cuba, Centro por uma Cuba livre, com o mesmo objetivo de receber
fundos da USAID e da NED, e viver desse conto, promovendo os direitos humanos,
promovendo a contra-revolução interna, promovendo movimentos da comunidade
internacional, como fizemos referência aqui, os tchecos, os polacos, todos esse
problemas, e junto dele agrupa a personagens bem conhecidas: Otto Reich, que
não pode deixar de aparecer, ele tem muito vínculo com Frak Calzón; a senhora
Kirkpátrick, a embaixadora, que é um dos emblemas da ultra-direita americana.
Randy Alonso: Otto Reich
foi da junta diretiva desta organização e continua tendo uma excelente amizade
desde seu novo posto como subsecretário de Estado para América Latina.
Lázaro Barredo: Excelente amizade. Susan Kauffman, são apenas,
primeiros diretivos, junto de Modesto Maidique e outras personagens tais como:
Néstor Carbonell, Carlos Saldrigas, Filiberto Agusti, dos que já falamos aqui,
demos bastante se seu pedigree, e onde há, no Conselho de Investigações
Cubanólogos, intelectuais e diferentes elementos ligados a atividades
anticubanas, tais como: Malcom Falcoff, que é da extrema direita, da mesma
maneira que Susan Kauffman Porcel da American Enterprise Institute; aí está
Edward Gonzáles, da Rand Corporation; isto é, que também não podia faltar, o
coordenador para as atividades acadêmicas de Mas Canosa e a Fundação Nacional
Cubano Americana, o senhor Jaime Suslicki, da universidade de Miami. Ou seja,
todas essas personagens juntam-se, logo, de Frank Calzón e não é para ganhar
pouco, olha recebeu 2 249 709 dólares, exatamente –nesse sentido os americanos
são exatos– apenas pela via da USAID, para todos esse projetos que fizemos
referência.
O papel que ele fez é triste, por isso é que eu digo que deve viver com
uma grande frustração, porque sempre todos seus planos se deitam por terra e o
triste papel que tem que jogar é de sargento político, porque agora tem que
mandar dinheiro para distribuir, 50 dólares per capita para todos seus empregados
que tem aqui em Cuba; o dinheiro que a NED lhe dá num ano o distribui depois
entre todos os bandidos que tem aqui em todas as tarefas.
Fez aparecer uma grande personagem, Carlos Franqui, agora que está em
Porto Rico, e está-lhe pagando. Teríamos que procurar quais são os vínculos
desse pessoal na década de 60, não é?; paga a Carlos Franqui por uma revista
cubana que quer fazer em Porto Rico. É das pessoas que fez estudos, promovendo
propostas, por exemplo: a intensificação das transmissões de Rádio e TV
“Martí”, fornecer apoio a cubanos no estrangeiro para que se juntem aos
projetos subversivos que desenvolve o Centro para uma Cuba Livre.
Randy, resumindo, é continuar vivendo com mais dinheiro a custas da
subversão contra Cuba.
Randy Alonso: Obrigado, Lázaro, pelo comentário.
Y outra das organizações que desde os Estados Unidos de América se
beneficiou de milhões de dólares que
destinou o governo americano para a subversão contra Cuba,, incluídas as
aventuras checas e outras que nosso povo conhece, é a chamada organização
Freedom House, sobre a qual lhe peço alguns comentários a Rogelio Polanco.
Rogelio Polanco: Freedom House esteve ligada a essas peripécias
dalguns mercenários de Europa do Leste, como você lembra, Randy. É uma
organização não governamental, foi fundada em 1941 em Washington, e o objetivo,
desde sua fundação, segundo seu registro, é fortalecer as instituições livres
nos Estados Unidos e noutros países. Ora bom, conhecemos do conceito de
liberdade que têm as organizações como esta, sobretudo, quando em 1995 decidiu
organizar um programa para uma Cuba livre, é a Cuba livre que fomenta o governo
americano, destinada, antes do mais, a fomentar o que eles chamam uma sociedade
civil democrática em Cuba, tradução que sabemos muito claro os cubanos que
significa derrubamento da Revolução Cubana.
Entre seus objetivos também tinha este programa, incentivar à comunidade
internacional para apoiar uma solução pacífica na ilha. Sempre este
qualificativo está entre os objetivos de muitas dessas organizações dos Estados
Unidos.
Lázaro esteve falando de Frank Calzón, um homem que nomeiam para chefiar
este programa, esteve aí até 1997, depois sai dessa organização e foi o
encarregue de enviar a algumas dessas personagens para Cuba, que tinha o objetivo
direto de executar o que já falamos, no relativo à maneira em que a USAID dava
o dinheiro a essas entidades e trazer diretamente os meios e o dinheiro aos
contra-revolucionários em nosso país.
Aqui tenho alguns exemplos, Randy, apenas para lembrar momentos em que
esteve envolvido Freedom House e, nomeadamente, Frank Calzón, nestas peripécias
de seu programa de subversão e de financiamento direto aos
contra-revolucionários em Cuba,, com o dinheiro do governo dos Estados Unidos.
Em julho de 1995, enviados por Frank Calzón, chegaram em Cuba os
cidadãos americanos Adams Rosch Davison e George Erwin Sledge, com a indicação
de fazer contato com cabecilhas de grupelhos contra-revolucionários na ilha e
fornecer-lhes remédios, alimentos e dinheiro. Aparece os nomes das pessoas e a
quantidade de dinheiro enviado.
Em janeiro de 1996, a proposta de Frank Calzón, John Sweeney, da
Fundação Heritage, visita Cuba em qualidade de “turista”, com uma lista com
nomes e sobrenomes para entregar dólares, e como é claro, depois tinha que
assinar, porque é a constância de que esse dinheiro chegou às mãos dessa
pessoa, e aí estão os nomes de algumas dessas personagens.
Em abril de 1996, com encomenda semelhante, visitou Cuba, Jozsed Szajer,
dissidente húngaro –é chamado aqui– e dirigente do grupo parlamentar FIDES, que
entregou aos cabecilhas dos grupelhos dinheiro, gravadores e disquetes de
computadores, enviados por Frank Calzón. Já aqui começa a ligação com a Europa
do Leste. Evidentemente, os americanos não queriam associar-se a essas entregas
diretas de dinheiro, portanto procuraram a conexão com Europa do Leste. É
parecida à variante que empregaram depois para a Comissão de Direitos Humanos,
buscar os tchecos para que apresentam o produto americano contra Cuba. Nisto fizeram
o mesmo, procuraram os renegados representantes de Europa do Leste para que
viessem em Cuba a cumprir o papel de mercenários.
A 28 de abril de 1997, o encarregado de negócios da embaixada tcheca em
Havana, Petr Pribik, forneceu dinheiro e materiais enviado dos Estados Unidos
por Frank Calzón a vários contra-revolucionários, Então procuraram aqui um
representante direto numa dessas missões diplomáticas, que se prestou para
essas ações de subversão.
Em agosto de 1997 é preso em Cuba David Norman Dorn, ativista sindical
americano, quem em viagem de “turismo” entregou dinheiro a cabecilhas
contra-revolucionários enviado pela Organização Freedom House.
Em junho de 2000 visitaram Cuba, o cidadão romeno –agora empregaram os
romenos, como bem lembramos–, Coronel Ivanciuc e a polaca Anna Krystyna, depois
de reunir-se em Washington com Freedon House, a Agência Internacional para o
Desenvolvimento (USAID) e o Departamento de Estado. O objetivo dessas reuniões
era analisar a ajuda às chamadas “bibliotecas independentes em Cuba”, que não
têm nada nem de bibliotecas nem de independentes.
Durante a estadia deles nos Estados Unidos, Frank Calzón lhes orientou
viajar como emissários a Cuba, trazendo ajuda material para um grupo
contra-revolucionário na ilha, missão que foi organizada e financiada por
Freedom House. Já aqui entram as orientações de que têm que ser ações
encobertas, isto é, aqui está a total ilegalidade, as ações de inteligência
para tentar burlar às autoridades cubanas, que os considera, logicamente, emissários
totalmente subversivos contra nosso país, coisa que em nenhum país do mundo
pode ser permitido.
Em agosto de 2000 visita Cuba, Douglas Schimmel, turista americano, a
que lhe foi apreendida uma lista certificando a quantidade de dinheiro entregue
aos cabecilhas. Esse emissário confessou que se reuniu a 24 de julho de 2000
com Frank Calzón, que lhe entregou uma lista de contra-revolucionários para
lhes entregasse o dinheiro.
Presentemente, no caso de novembro de 2000 –um dos que lembrava
Taladrid–, foi o caso dos cidadãos de Letônia, Anda Celma e Bladis Abols, que
receberam dinheiro e instruções de Frank Calzón e de Roberto Pontichera, o
diretor de programas de Freedom House, de viajar à ilha e investigar o que
acontecia com a chamada oposição.
Para isso entregaram uma lista de pessoas que deviam contatar e
orientaram-lhe oferecer uma palestra sobre o processo de transição em Letônia.
É tentar de aplicar aqui o que se fez em Europa do Leste, e que no caso de Cuba
não deu certo.
Em janeiro de 2001, tem lugar a célebre visita dos “turistas” tchecos,
Ivan Pilip e Jan Bubenik, que foi largamente informada naquela altura e
conhecida por nosso povo, os que ao serem presos declararam estar orientados e
financiados pela Organização Freedom House, por intermédio de Roberto
Pontichera.
Esses são apenas alguns dos momentos em que esta organização americana,
que recebe dinheiro do governo dos Estados Unidos para a subversão em Cuba, foi
surpreendida em flagrante em suas ações de subversão em Cuba, e aí está a demonstração,
estão os nomes das pessoas que vinham a entregar-lhes o dinheiro, estão o
momento e os meios que vinham entregar e os cidadãos estrangeiros que
utilizaram para essa ações subversivas em Cuba, que demonstra, evidentemente,
mais uma vez que são instituições ao serviço de subversão em nosso país, com
dinheiro do contribuinte americano.
Randy Alonso: Muito bem, Polanco, mas isso não é apenas no
território dos Estados Unidos da América, esse financiamento, essa procura de
gerar atividades de subversão contra nosso país se estendeu para outros
territórios, nomeadamente de América Latina.
Inclusivamente, na Espanha há uns dias, em 23 de maio, depois do
discurso do presidente Busch, o jornal mexicano La Jornada publicou um artigo
dos jornalistas James Cason e David Brooks, seus correspondentes nos Estados
Unidos que intitularam “México, , base de grupo anti-castrista de Estados
Unidos e o subintitularam: “É financiado pela Casa Branca e faz parte de um
grupo ou dum programa oficial para minar o governo cubano”.
Entre outras questões, este artigo dos dois correspondentes de La
Jornada disse que “ essas atividades desenvolvidas em México por grupos
anti-cubanos, segundo funcionários
estadunidenses, aquando do anúncio do presidente George Bush esta semana
de aumentar o que definiu como assistência direta ao povo cubano através de
organizações não governamentais, devem obter-se mais financiamento.
“Embora nenhum funcionário esteve disposto a dar pormenores dos novos
esforços anti-castristas, em particular em México, membros da Casa Branca
informaram esta semana que seu governo espera poder aumentar o financiamento
para os grupos de oposição a Castro, tanto em Cuba, quanto nos Estados Unidos e
em países como México e Espanha.
“É possível saber como funcionariam
estas iniciativas, ao rever as atividades que os Estados Unidos financiou
através das ONGs e em campanhas de sociedade civil neste e noutros países.
“Entre 1996 e 2000, o governo estadunidense outorgou 6 419 275 dólares a
15 ONGs e três universidades que se dedicavam a apoiar os dissidentes em Cuba.
“Ano passado, Washington outorgou 5 milhões de dólares para essa
atividades e está propondo gastar uma quantidade igual neste ano.
“Uma avaliação do programa da firma de contabilidade PriceWaterhouseCoopers,
documentou que em 2001, grande parte desses fundos ficou nos Estados Unidos, a
maioria deles em grupos sediados em Miami, que envidavam esforços vagos por
apoiar atividades anti-castristas.”
Mais afrente disse essa reportagem:
“Gilliam Gunn Klitsow, professora del Trinity College de Washigton e
perita com respeito a Cuba, acredita que esse programas têm mais a ver com a
política dos Estados Unidos que com a mudança em Cuba; essas críticas não
dissuadiram Bush quando disse: “Minha administração abrandará a assistência às
restrições à assistência humanitária oferecida por organizações estadunidenses
religiosas e outras não governamentais que atendem diretamente as necessidades
do povo cubano e que ajudarão construir a sociedade civil cubana, e os Estados
Unidos outorgará a esses grupos assistência direta, que pode dedicar-se a
atividades humanitárias e empresariais’, afirmou o presidente na segunda
passada.
“Antes de anunciar sua política para com Cuba esta semana” –disse La
Jornada–, “Bush falou por telefone com os presidentes Vicente Fox, Ricardo
Lagos, de Chile e Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, para lhes adiantar o
que ia a declarar e em seu discurso pediu a outros países do hemisfério usar a
influência sobre o governo de Cuba para que permita eleições livres e
imparciais para a Assembléia Nacional e promover reformas reais, significativas
e constatáveis.”
Semana passada, The New York Times informou que o governo de Bush tem a
intenção de pedir a outros países em Europa e América, nomeadamente México e
Espanha, que ajudem a gerar apoio para os críticos do governo de Castro; mas,
aparentemente” –diz La Jornada–, “o governo de Bush não apenas está procurando
promover essa linha com outros governos.
“Segundo o resumo de PriceWaterhouse, do Programa de assistência das
ONGs realizado em 2001, fundos do governo estadunidense também foram
viabilizados para apoiar uma rede de comitês de solidariedade estabelecidos em
vários países de América Latina e coordenados pela organização Diretório
Revolucionário Democrático Cubanos, sediado em Miami.
“Esta organização, segundo os documentos federais de Fazenda, recebeu
89% de seu orçamento total do Governo Federal estadunidense.
“Quando La Jornada contatou os escritórios do Diretório em Miami para
pedir informação sobre suas atividades em México, um de seus representantes,
constatou que trabalharam com agrupações mexicanas e doutros países
latino-americanos; mas negou-se a dar os nomes dos encarregues ou informação de
como contatá-los.
“Não obstante, segundo documentos legais de impostos submetidos ao
Governo Federal, La Jornada soube que o Diretório estabeleceu escritórios para
os comitês de solidariedade em México, República Dominicana e Argentina.
“O Diretório gastou 46 000 dólares em 1999 e outros 65 000 em 2000, no
rubro de gastos do escritório de México –segundo a forma 990 federal– que devem
apresentar as ONGs às autoridades fiscais dos Estados Unidos; contudo, o
relatório da contadoria PriceWaterhouse oferece mais pormenores sobre essas
atividades e descreve como trabalhou o Diretório com o chamado Comitê de
Solidariedade em México e outros grupos antes da celebração em 1999 da Cimeira
Ibero-Americana em Havana para organizar atividades anti-castristas.
Noutra altura disse: “Outras atividades em México, organizadas com o
apoio dos fundos estadunidenses viabilizados pelo Diretório em Miami incluíram
um protesto perante a embaixada de Cuba em Cidade de México em 23 de maio de
1999.”
São algumas das notícias que nestes dias publicou La Jornada, de México,
e que demonstra o canal para onde vão os chamados apoios financeiros do governo
americano, para os grupelhos contra-revolucionários e para a máfia anti-cubana
em nosso país.
E entre tanta partilha de dinheiro que há nestes dias nos Estados Unidos
neste chamado aumento do financiamento aos grupelhos contra-revolucionários e à
máfia anti-cubana, dito pelo presidente Bush em Miami, apareceu uma notícia
muito interessante nos últimos dias. Aos reclamos de dinheiro, ou à orgia de
dinheiro que está dando Miami, apareceu o senhor Joe Carollo reclamando que sua
demissão como prefeito de Miami na Flórida, que sua aposentadoria –pudéssemos
chamar assim– é insuficiente, e que se estão partilhando dinheiro que, por
favor, a ele lhe dessem um bocado mais.
Assim o diz essa reportagem de televisão.
Jornalista: E também não tem gostado muito a montante da aposentadoria que recebe o
ex-prefeito de Miami Joe Carollo.
Carollo receberá de pensão, para o resto de sua vida, 112 000 dólares no ano,
muito mais que seu salário como prefeito que era de 97 000 dólares.
Alguns líderes comunitários se perguntam porquê esta pensão é maior da
que tinha estabelecido uma comissão de avaliação antes de que Carollo deixasse
de ser prefeito, mas –segundo o Miami Herald– Carollo acredita que ele merece
uma pensão bem alta, porque, segundo ele, salvou à cidade de Miami.
Randy Alonso: Bom, já
sabemos qual é a salvação a que ele se refere. E além disso, Carollo ainda não
acabou com seu problema, porque nestes dias está no Tribunal de Miami, no
litígio de divorcio com sua mulher, depois da pancada na cabeça com a suposta
chaleira.
Bom, parece que está pedindo dinheiro por este litígio.
Mais além da anedota e da visão de qual é a situação que tem a máfia de
Miami e como o dinheiro constitui o leitmotiv de todas as atividades, há um
elemento muito importante em todo esse financiamento e apoio aos grupelhos
contra-revolucionários em nosso país. Não apenas são as atividades da máfia
contra-revolucionária em Miami, não é só a existência dessas organizações em
que Washington e Nova Iorque servem para viabilizar os fundos para os
empregados americanos em nosso país, mas também – e muito importante– é o papel
desenvolvido pela Repartição de Interesse dos Estados Unidos em nosso país.
Sobre esse tema proponho que fale Reinaldo Taladrid.
Reinaldo Taladrid: A última vez que cá falei da SINA, disse que eles
cometiam sete pecados capitais como sede diplomática; mas a dialética é muito
forte e, trabalhando nisto hoje, a lista de pecados chegou a 9, para além daqueles
7. E gostaria que vocês os conhecessem.
Por exemplo: a Repartição de Interesses de América em Cuba, uma sede
diplomática:
Em primeiro lugar uma sede diplomática não pode financiar nenhum grupo
local em nenhum país, e muito menos a um grupo ilegal, além disso um grupo que
se proponha aberta ou encobertamente derrubar o governo legítimo.
Se houvesse dúvida de que a Repartição de Interesses dá ou não dinheiro,
gostaria que se passasse mais uma vez uma imagem dum acontecimento que teve
lugar na Universidade de Miami há pouco, em fevereiro deste ano. (Projetam
imagem.) Neste ato o governo dos Estados Unidos –já foi dito– estão dando um
milhão e
45 000 dólares e tal à Universidade de Miami para aquilo chamado “Projeto de
transição cubana”, isto é, de que maneira vai mudar o governo cubano, de que
maneira derrubar o governo cubano. Olhem só, também aparece “a loba feroz”,
Ileana Ros, sorridente; junto dela, Adolfo Franco que era o empregado dela, e
agora é o encarregue de partilhar dinheiro na USAID para América Latina toda, e
olhem um bocado mais atras de Franco está nada mais e nada menos que a chefe da
Repartição de Interesses de América, a senhora Vicky Huddleston nesse ato. Lá,
ela disse que garantia que chegasse até o último centavo desse dinheiro a sua
destinatários.
Se a Repartição de interesses não está envolvida na partilha de dinheiro
a grupos ilegais em Cuba, como é que ela disse
que “garante que chegasse até o último centavo desse dinheiro a sua
destinatários? Uma das duas coisas é falsa, e o que é evidente é que estão
participando nisso.
Como eles vão aí, e já estão fartos de verificar que não há represália e não acontece nada com essas pessoas, então começaram a utilizar essas visitas, um para estudar e recrutar novos empregados –começam a procurar onde há pessoal para novos empregados–, e dois, também continuar procurando informação que não tem nada a ver com ir lá a verificar se foram reprimidos ou não –coisa essa que não acontece– os cidadãos que são devolvidos segundo estabelece o acordo migratório.
Por exemplo um grupo de ortopedistas veio a um
congresso de ortopedia, e de repente foram procurar eles, levaram-nos para a
Repartição de Interesses, começaram a falar de coisas com eles; e os doutores,
os ortopedistas, que vinham falar de ortopedia, ficaram zangados, porque não
entendiam porquê tinham feito isso, e que inclusive, iam-se queixar da atitude
como diplomatas desse escritório, como americanos. Impõem-lhes isso.
Mas não apenas impõem essa reuniões, se não também
outra modalidade, sobretudo quando vêm políticos americanos ou doutros países,
usam a seus empregados locais e obrigam a eles a terem reuniões com esses
visitantes, e isso pouco ético, por que se vem um senador ou um político, você
não pode concertar uma reunião com um empregado seu, porque você sabe qual é a
visão que dá? Está intoxicando esse
político americano que vem conhecer a realidade de Cuba, ao pô-lo a falar com
um empregado seu, com uma pessoa que você está pagando, e que sabe o que ele
vai dizer, isso é uma auto-intoxicação de informação.
Para findar, a melhor definição, acho eu, um pequeno deslize de
honestidade foi numa entrevista de um grupo de funcionários da Repartição de
Interesses de América sustida com a imprensa estrangeira, Citação: “O apoio que
lhes damos” –faz referência aos empregados locais– “é apenas moral e, nalgumas
ocasiões, damos para eles lanche, também aspirinas e canetas.” A história se
encarregará de ver o que queria dizer essa frase.
Randy Alonso: Obrigado Taladrid.
O destino final desta longa corrente, onde são muitos os que se
beneficiam com o dinheiro do orçamento americano, são os grupelhos
contra-revolucionários em nosso país, os empregados do repartição de Interesses
dos Estados Unidos e do governo americano. Sobre o financiamento e o apoio que
recebem esses grupelhos é o comentário de Manuel Hevia.
Manuel Hevia: Obrigado, Randy.
Na mesa redonda de hoje foi explicado com muita clareza, a estrutura
subversiva desta gigantesca operação de financiamento à contra-revolução em
Cuba. É importante avaliar agora a projeção direta desse processo, dentro de
nosso país.
Em primeiro lugar, pelo caráter de mercenários do governo dos Estados
Unidos desses grupos contra-revolucionários, o governo americano se viu
obrigado, desde sua criação a fornecer e financiar materialmente esses
grupelhos, e não apenas a eles, mas também, como já foi dito aqui, a toda a
estrutura de subversão que serve de alicerce a esse trabalho de financiamento.
Os centros mencionados aqui vão agir então como intermediários com esses
grupelhos os que vão abastecer do ponto de vista financeiro e material, logisticamente;
vão promover em diferentes países todo tipo de eventos sobre Cuba, vão pagar
revistas e a edição de propaganda anti-cubana; vão financiar também as viagens
de emissários a nosso país, para cumprir tarefas de enlace e fornecimento com
esse grupos e garantir o trabalho dos auto chamados jornalistas independentes,
que como todos sabemos, são os principais fornecedores de calúnias e infâmias à
mal chamada Rádio “Martí”, e outros libelos e autores doutras muitas ações
ilegais. Mas isso não é tudo, esses centros se beneficiam do negócio da
contra-revolução e a custa desse dinheiro, e não são poucas –Taladrid fazia
esse comentário– as denúncias por desvios e malversação desses recursos, os
altos salários dos diretores, e inclusive
das queixas dalguns cabecilhas internos, quando em ocasiões não recebem
o dinheiro que lhes foi prometido.
Esses centros enviam para os grupelhos não apenas dinheiro em efetivo,
mas também diferentes meios para facilitar a atividade deles, desde
computadores, impressoras, equipamentos de escritório, literatura e propaganda
até meios de comunicação.
Para tal se valem de diversos meios, que vão desde falsos turistas
–mencionados aqui também– que chegam em qualidade de emissários tentando
mascarar seus propósitos, até a própria mala diplomática do país que promove
essas ações e que utiliza essa via para introduzir materiais de propaganda, com
os que também são abastecidos esses grupelhos.
Gostaria oferecer alguns pormenores sobre essa ações, que embora
utilizam canais legais para introduzir o dinheiro e outros meios, essas ações
constituem verdadeiras operações ilegais.
Na mesa redonda de 24 de janeiro de 2001, há apenas um ano e quatro
meses, apontávamos que, segundo estudos realizados, calculava-se que entre os
anos 1993 e 1999, tinham acontecido mais de 325 ações de fornecimento
financeiro e material a esse grupelhos, com uma montante, que calculavamos
também em várias centenas de milhares de dólares e numerosos meios materiais
enviados desde o estrangeiro a esses cabecilhas.
Calcula-se nestes momentos que entre o ano 2000 e este ano 2002
aconteceram quase tantas ações de fornecimento, por diferentes vias, quanto
nesses anos entre 1993 e 1999. Só no anos 2001, poderíamos dizer tiveram lugar
aproximadamente 200 ações de fornecimento com essas características. O dinheiro
em efetivo, inclusive, entregue a cabecilhas de grupelhos
contra-revolucionários, só em 2001 –isto é, apenas o ano passado– calcula-se e,
100 000 dólares.
Randy Alonso: Esse é o dinheiro em efetivo.
Manuel Hevia: Pois é, em efetivo.
Gostaria sublinhar um elemento importante, Randy. Os fundos introduzidos
no país, tanto em dinheiro quanto em meios, são invariavelmente entregues em
Cuba àqueles cabecilhas, os que a máfia de Miami consideram mais úteis e engajados
com seus planos. Disso último, logicamente, vai depender, em grande medida, a
montante do fornecimento, que já nas mãos dos cabecilhas principais é
partilhado, no melhor dos casos, segundo sua própria conveniência.
O dinheiro dado pelo contribuinte americano, geralmente, a partir dessas
entregas, será utilizado em lojas de divisas para a compra de artigos de uso
pessoal, perfumes, bebidas, comidas em restaurantes e paladares, e pagamento de
taxis, como já foi explicado noutras mesas redondas.
Vou fazer referência a alguns exemplos que expressam a montante desses
muitos abastecimentos entregues por essas organizações de fachada da máfia de
Miami.
Por exemplo, os auto chamados jornalistas contra-revolucionários,
nomeadamente: Víctor Rolando Arroyo Carmona, Luis Alberto Rivera Leyva, Oscar
Espinosa Chepé, Rafael Ferro Salas, Eduardo Pérez Arrufa, receberam 12 600
dólares aproximadamente e muitos outros meios apenas no ano passado. Outros
três cabecilhas, também nesse mesmo período, receberam por volta de 12 000
dólares. Isto dá a idéia da montante de dinheiro que está fluindo, de forma
direta, a muitos desses cabecilhas.
Os contra-revolucionários Rafael Ávila Pérez, Carmelo Díaz Fernández,
Lázaro Gómez e Gladys González Noy receberam também, só em 2001, 4 500 dólares.
O cabecilha Pedro Álvarez Ramos recebeu, duma organização internacional
de caráter sindical ligada à máfia de Miami, 6 000 dólares em agosto de 2000.
No mês de abril do ano seguinte, esta mesma pessoa receberia outros 1 000
dólares.
Os cabecilhas Raúl Rivero e Elizardo Sánchez Santacruz receberam desde o
estrangeiro, entre 2001 e 2002, milhares de dólares por diferentes vias e
“conceitos”. Junta-se a isso computadores, meios de escritório, alimentos e
todo tipo de propaganda.
Randy Alonso: Prêmios criados para entregar-lhes dinheiro também a
essas duas personagens.
Manuel Hevia: Exatamente, Randy.
Gostaria sublinhar alguns pormenores com respeito a esses dois casos.
Por exemplo:
Junho de 2000: Um emissário proveniente do estrangeiro entrega a
Elizardo Sánchez uma quantidade aproximada de 5 000 dólares.
Em 12 de abril de 2002 –há apenas umas semanas–, Frank Hernándes
Trujillo, ao qual se fez referência há uns minutos, entrega ao cabecilha
Elizardo Sánchez aproximadamente 30 kg de remédios, canetas e outros alimentos,
nessa ocasião.
No caso de Raúl Rivero, abril de 2000: Repórteres sem fronteiras, outra
organização também subversiva, conhecida e vinculada a toda essa ação de
subversão contra Cuba desde há alguns anos, entrega a esse cabecilha uma cifra
não determinada de dinheiro para partilhar entre um grupo de presos
contra-revolucionários.
Novembro de 2001: Raúl Rivero recebe várias centenas de dólares doutra
organização de Miami.
Maio de 2001: Raúl Rivero recebe várias centenas de dólares e alguns
objetos de uso pessoal, provenientes também duma dessas organizações de Miami.
Janeiro de 2001: Raúl Rivero recebe um computador pessoal e abundante
literatura.
Maio de 2002: Raúl Rivero recebe, precisamente de Frank Hernández
Trujillo, remédios e alimentos de diferente tipo.
A cabecilha Marta Beatriz Roque, recebeu desde 2001 até hoje 10 000
dólares, o que permitiu que adquirisse meios de todo tipo, incluindo
computadores, meios de comunicação, acesso a Internet e outros objetos de uso
pessoal.
A organização subversiva Repórteres sem fronteiras entregou, no último
ano, mais de 2 500 dólares a membros de grupelhos auto chamados “jornalistas
independentes”, sem contar muitos outros materiais de escritório, literatura e
propaganda.
A organização Nova Imprensa Cubana, sediada em Miami, receptora também
dalguns desses fundos oficiais do governo dos Estados Unidos, entregou entre
2000 e 2001 a quantidade de 40 000 dólares a grupelhos de imprensa
contra-revolucionária.
Guillermo Gortázar, da Fundação Hispano-Cubana, ligada estreitamente à
máfia de Miami, entregou 4 200 dólares a outros dois cabecilhas de grupelhos em
abril do ano passado.
O mencionado Frank Hernández Trujillo, cabecilha do Instituto para a
Democracia em Cuba e do chamado Grupo de Apoio à Dissidência, nos dois últimos
anos realizou, no mínimo, 53 ações de abastecimento a grupelhos dentro do país,
nomeadamente em alimentos e dinheiro em efetivo, através de emissários e outras
vias.
Este cabecilha –e penso que é um elemento muito interessante a avaliar–
viajou para Washington no início do mês
de abril deste ano e entrevistou-se com altos funcionários do Departamento de
Estado, com o objetivo de informar de suas atividades e tentar arrecadar novos
fundos para suas ações.
No financiamento de grupelhos participam também, desde território dos
Estados Unidos, outros grupos dum marcado caráter terrorista, os que da mesma
maneira fizeram chegar, neste ano, vários milhares de dólares em efetivo.
Colocarei vários exemplos:
O terrorista José Basulto, de Irmãos ao Resgate, entregou em janeiro do
ano passado 600 dólares a duas cabecilhas de grupelhos.
Em fevereiro do ano passado, Alpha-66 fez chegar 1 200 dólares ao
cabecilha Elizardo San Pedro Marín, apreendido em Cuba por atividades terroristas
dessa organização.
A organização terrorista 30 de Novembro entregou outros 600 dólares, em
Fevereiro desse ano, aos cabecilhas Marcos Lázaro Torres León e Mercedes
Figueroa. Em abril, desse mesmo ano, entregou a o primeiro desses cabecilhas
outros 400 dólares.
Contamos, Randy, com muitos mais exemplos que fariam inacabável esta
lista, mas indubitavelmente, exemplificam o dinheiro, seu montante e muitos
outros recursos enviados a esses mercenários através dessas organizações
testa-de-ferro da máfia de Miami e do império.
Randy Alonso: Organizações, Hevia, que estão, aliás, à expectativa
de qual será a chuva de dinheiro que irá cair depois das promessas do senhor
Bush, e embora alguns já fizeram declarações e a dizer: “Por favor, Presidente
não nos revele como seus empregados, não diga que está entregando dinheiro para
nós, não nos faça passar mais por seus empregados”, que já o mundo todo sabe,
não faz falta dizê-lo; mas há outros que saíram e disseram: “Não, não, não,
aqui não há que esconder nada, nós queremos que continuem a mandar-nos
dinheiro”.
Falávamos de Cuba Free Press, esta organização que recebe parte desse
financiamento e que distribui informação contra-revolucionária através de
Internet, pois publicou numa de suas páginas uma notícia que diz: “Demandam
opositores ajuda direta de Estados Unidos”, de 24 de maio de 2002, quatro dias
depois de que falasse o senhor Bush.
Diz essa informação: “Nosso movimento Cívico 6 de Janeiro declara que
estamos de acordo com o envio de ajuda direta do governo dos Estados Unidos a
grupos da oposição interna, afirma Bárbaro Antonio Vela Grego, presidente dessa
organização.
“Vela Grego disse: ‘Não admitimos que ninguém fale em nome dos grupos de
direita. Apoiamos’, disse Vela Grego, ‘todas as medidas do embargo e estamos
totalmente de acordo à ajuda que nos oferece o governo americano’.”
Isto é, a fórmula para esse contra-revolucionários, para esses grupelhos
contra-revolucionários é muito fácil: estrangulem o povo cubano e enviem-nos
todo o dinheiro possível. Essa é a política e a fórmula dos empregados
americanos em nosso país.
Penso que são elementos suficientes para demonstrar qual é a conexão
direta entre o dinheiro prometido pelo senhor Bush, a máfia
contra-revolucionária de Miami e os grupelhos que, como quinta coluna,
servem-lhes neste país.
Agradeço aos membros do painel que me acompanharam na tarde de hoje, e
também aos convidados que estiveram aqui conosco no estudo da televisão.
Compatriotas:
A política agressiva contra Cuba, ratificada pelo presidente americano
George W. Bush durante sua orgia mafiosa de Miami, em 20 de maio, recolhe entre
suas mais importantes decisões o aumento da já grande ajuda financeira à máfia
terrorista anti-cubana e aos grupelhos contra-revolucionários que lhes servem de
quinta coluna em nosso país para sua atividade subversiva contra a Revolução
cubana.
Enquanto 2 milhões de americanos perderam seus empregos no último ano
por recortes em suas empresas, enquanto mais de 120 000 habitantes de Nova
Iorque, deambulam sem casas pela grande maçã, enquanto mais de 126 000 postos
de enfermeiras estão vazios nos hospitais pelos baixos salários e a congelação
de postos de trabalho, o governo americano destina, com total desfaçatez e
desprezo por seus cidadãos, dezenas de milhões de dólares dos contribuintes
para financiar o derrubamento, por qualquer via, do governo legítimo e popular
doutra nação.
Os terroristas de Miami estão prontos para receber o dinheiro prometido
por Bush, esses terroristas que fizeram da contra-revolução uma indústria do
terror e dos lucros, e os empregados americanos em Cuba que tentam, com o
salário do patrão, viver dessa história, como eles próprios dizem, enquanto
tentam cumprir as ordens do chefe que lhes paga.
Mas a invasão ianque é cada vez mais custosa visto que, enquanto as
cifras sobem de dígitos, os resultados de seus planos de subversão contra a
nação cubana fracassam, cada vez más, estrepitosamente.
No entanto, do lado de cá dessa história, o povo desta ilha, carente de
grandes recursos, multiplica várias vezes sua educação, sua cultura, sua
consciência e a honra, armas inexpugnáveis para ganhar esta batalha.
Já o desse Martí: “São alguns os vendidos e os muitos os venais; mas dum bufido da honra pode deitar-se atrás os que por hábito de rebanho ou o apetite das lentilhas se saem das fileiras ao passo que ouvem o chicote que os convocam ou vem o prato servido.”
Continuamos em combate.
Boa noite.