Reflexões do companheiro Fidel
O FANTASMA DA CASA BRANCA
Há três dias, na sexta-feira
10 de Outubro, o mundo se abalava sob o impacto da crise financeira de
Wall Street. Já se perdeu a conta dos
milhões de dólares em notas de papel que a Receita Federal injectou nas
finanças mundiais para que os bancos continuem a funcionar e os poupadores não
percam o seu dinheiro.
A reunião dos Ministros das Finanças do Grupo
dos 7 acordou aplicar as seguintes medidas:
“Adoptar acções decisivas e empregar todas as ferramentas
disponíveis para apoiar instituições financeiras importantes para o sistema e
prevenir a sua falência.
“Dar todos os passos necessários para descongelar os
mercados de créditos e monetários e assegurar-se de que os bancos e outras
instituições financeiras tenham amplo acesso a liquidez e fundos.
“Garantir que os bancos e outros intermediários financeiros
maiores possam, segundo a sua necessidade, reunir capital de fontes públicas,
bem como privadas, em montantes suficientes para restabelecer a confiança e
permitir-lhes continuar dando empréstimos às famílias e aos negócios.
“Assegurar que os respectivos seguros nacionais de
depósitos e o programa de garantias sejam robustos e consistentes de molde a
que os depositantes retalhistas continuem a ter confiança na segurança dos seus
depósitos.
“Agir, quando for apropriado, para relançar os
mercados secundários para hipotecas.”
Nesse mesmo dia, o Secretário do
Tesouro dos Estados Unidos confirmou que o governo comprará acções dos bancos, somando-se
com isso à iniciativa britânica. Tanto os
Estados Unidos quanto o Reino Unido indicaram que irão adquirir acções
preferentes, que são as que recebem lucros primeiro, mas que não têm direito
a voto.
O presidente Bush não considerou necessária a sua presença
nessa reunião dos Ministros das Finanças. Reunir-se-ia com eles no sábado. Onde estava ele na sexta-feira 10 de Outubro? Nada menos que
Por razões puramente
demagógicas, esta lhe solicitara publicamente levantar com carácter provisório
a proibição de enviar ajuda directa a familiares e afectados pelos dois
furacões destruidores que açoitaram o nosso povo. Raúl Martínez, um ex-prefeito
de Hialeah, rival do congressista Lincoln Díaz‑Balart, tinha feito
críticas à actual política de quem fraudulentamente foi eleito Presidente com
menos votos nacionais que o seu adversário, em virtude do peso da Flórida na
contagem de votos eleitorais, quando na verdade nem sequer tinha ali a maioria.
No domingo 12 de Outubro a
União Europeia, sob a presidência da França, acordou solicitar aos Estados
Unidos a organização duma cimeira para “refundar o sistema financeiro
internacional”. Assim o declarou o
presidente Nicolás Sarkozy, após uma reunião dos países da Zona Euro em Paris.
Sarkozy indicou que a Europa agora
deve se juntar aos Estados Unidos e a outras potências para atacar de raiz
as causas da crise financeira que tem afundado os mercados bursáteis.
“Devemos convencer os nossos
amigos estadunidenses sobre a necessidade de uma cimeira internacional para a refundação
do sistema financeiro”, assinalou Sarkozy, presidente de turno da UE. Não será um presente para os bancos, afirmou com
ênfase o Presidente da França.
O presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush entra hoje nos seus últimos 100 dias, ensombrecido por
uma altíssima impopularidade e uma das crises económicas mais importantes das
últimas décadas.
Por sua parte, o ministro brasileiro
de Fazenda, Guido Mantega, criticou hoje o FMI por colocar os países avançados
como modelos a seguir, e disse que na reforma futura do sistema financeiro não devem
primar as normas dessas nações.
“O mundo assiste incrédulo enquanto
a crise actual revela fraquezas e erros graves na política de países que eram tidos
como modelos, países que eram apresentados como referências de bom governo”, disse
Mantega perante o Comité Monetário e Financeiro Internacional, principal órgão
directivo do FMI.
Com a economia mundial feita
cacos, o Presidente dos Estados Unidos, conduzido a esse cargo de forma tão
irregular e irresponsável, colocou em apuros todos os aliados da NATO e o Japão,
o mais desenvolvido e rico parceiro militar, económico e tecnológico dos
Estados Unidos no Pacífico.
Hoje Miami é uma grande folia,
e Bush se tornou um fantasma.
As bolsas não caíram mais
porque já estavam no chão. Hoje respiravam felizes com as colossais injecções
de dinheiro que de novo as incharam artificialmente às custas do futuro.
Contudo, o absurdo não pode se manter. Bretton Woods agoniza. O mundo não voltará
a ser o mesmo.
Fidel Castro Ruz
13 de Outubro de 2008
17h:20