Reflexões do
companheiro Fidel
O império por
dentro
(Terceira parte)
“CAPÍTULO 15
“O Almirante Mullen
compareceu perante o Comitê de Serviços Armados do Senado para sua audiência de
confirmação com vistas a um segundo mandato de dois anos, dois dias após a
primeira sessão dedicada à estratégia.
Em seu depoimento o Almirante se refere à estratégia sugerida por
McChrystal e acrescenta que isto ‘provavelmente signifique mais tropas’.
“Quando Obama soube do
testemunho de Mullen
“Na reunião dos principais do
Conselho de Segurança Nacional evidenciava que estavam furiosos. Os Generais e
Almirantes constantemente colocavam obstáculos ao Presidente.
“Emmanuel comentou que o que
se movia entre o Almirante e Petraeus não era correto, que todo mundo tinha
apoiado publicamente a noção de que era necessário enviar mais tropas. O
Presidente nem sequer teve uma oportunidade.
“Morrell opinava que Mullen
podia ter evitado a controvérsia em sua audiência, simplesmente dizendo que sua
função era a de assessor militar principal do Presidente dos Estados Unidos e
do secretário de Defesa, e que devia lhe dar suas recomendações a eles primeiro
antes de anunciá-las publicamente e que não considerava adequado
compartilhá-las antes com o Comitê.
“Morrell pensava que tudo
fazia parte da compulsão que Mullen sentia por comunicar
“O próprio Mullen ao sair ao
vestíbulo descobriu que ele mesmo era o tema de uma acalorada controvérsia.
“Emmanuel e Donilon
perguntaram-lhe: Como se supõe que nós devemos enfrentar este assunto? Você
disse isso, e o que é que devemos dizer nós?
“Emmanuel acrescentou que
esta notícia viraria manchetes em todos os noticiários noturnos.
“Mullen ficou surpreendido. A
Casa Branca sabia de antemão o que ele ia dizer, mas em seu depoimento não
tinha dado cifras específicas de tropas. Foi tão amorfo quanto pôde. Mas em sua
audiência de confirmação ele tinha que dizer a verdade e a verdade era que ele
compartilhava a noção da necessidade de uma contra-insurgência. ‘Isso é o que
eu penso’, disse. Qual era sua alternativa?
“Donilon se perguntava por
que Mullen usou a palavra ‘provavelmente’, e por que no tinha dito ‘não sei’.
Isso teria sido melhor.
“A manchete da primeira
página do The Washington Post da
manhã seguinte dizia: ‘Mullen: 'Provavelmente' serão necessárias mais tropas’.
“Obama convocou o General
aposentado Collin Powell a uma reunião privada no Escritório Oval em16 de
setembro. Sendo Republicano
“Fazendo referência ao
Afeganistão, Powell lhe comentou que não se tratava de uma decisão que era
tomada uma só vez, que era uma decisão que teria conseqüências para grande
parte de seu governo. Recomendou-lhe: ‘Senhor Presidente
“E também lhe aconselhou que
não se deixasse pressionar pelos meios de imprensa, que atuasse devagar, que
recopilasse toda a informação que necessitasse para garantir que depois ia se
sentir à vontade com a decisão tomada.
“Se o senhor decidir enviar
mais tropas
“‘O senhor tem que garantir
que a base de este compromisso seu será sólida
“O Presidente não apoiava
totalmente uma operação de contra-insurgência, porque isso significava assumir
a responsabilidade do Afeganistão por um longo período de tempo.
“O Presidente disse que
quando fosse recebida a valoração feita por McChrystal
“CAPÍTULO 16
“Em 29 de setembro Jones
convocou os principais do Conselho de Segurança Nacional para um debate de duas
horas, que servisse de preparação da reunião do dia seguinte, sem a presença do
Presidente.
“Qualquer pessoa que tivesse
visto um vídeo da reunião provavelmente ficaria sobressaltado. Após oito anos
de ter começado a guerra, ainda se batalhava por definir quais eram os
objetivos principais.
“Biden tinha escrito um memorando de seis
páginas exclusivamente para o Presidente, questionando os relatórios de
inteligência sobre os talibãs. Os
relatórios apresentavam o Talibã como o novo Al Qaeda. Como os talibãs eram os que combatiam contra
os estadunidenses, tornara-se usual que os árabes
“Biden indicou que estas
cifras eram exageradas, que o número de combatentes estrangeiros não
ultrapassava os 50 ou os 75 de cada vez.
“Na quarta-feira 30 de
setembro o Presidente realizou a segunda reunião para analisar o problema do
Afeganistão e do Paquistão. Nesta
oportunidade o grupo de assistentes era maior. Petraeus estava presente.
“O Presidente perguntou: ‘Há
alguém aqui que pense que devemos nos retirar do Afeganistão?’ Todos ficaram
“‘Ora bom’, disse o
Presidente
“Obama também queria
afastar-se do tema do Afeganistão durante o restante da sessão.
“‘Comecemos por aquilo que
nos interessa, que é realmente o Paquistão, não o Afeganistão’, disse. ‘De fato, se quiserem, podem dizer aos
líderes paquistaneses que não vamos sair do Afeganistão.’
“Obama estabeleceu as regras
para o que restava da sessão. ‘Realmente quero me centrar nos Estados Unidos.
Considero que existem três objetivos chaves.
Um deles é proteger os Estados Unidos
“Lavoy e Petraeus fizeram
suas intervenções. MacChrystal fez uma apresentação sobre o que ele chamava
‘O Caminho’ para sua valoração inicial.
“Obama expressou: ‘Ora bom,
vocês fizeram seu trabalho, mas há três novos acontecimentos: os paquistaneses
estão a se comportar melhor; a situação no Afeganistão é ainda mais séria do
que o que antecipávamos; e as eleições afegãs não resultaram o ponto de viradela
que esperávamos ― um governo mais legítimo.’
“Biden era em favor da
conjetura, impugnada pelo Presidente
“Robert Gates propunha ter em
conta os interesses no exterior e os aliados.
“Finalizando a reunião
Hillary perguntou de que forma seriam utilizadas as tropas adicionais, aonde
iriam, se iam na qualidade de assessores, e como seriam aplicadas as lições
aprendidas no Iraque.
“As análises de inteligência
ao mais alto nível nunca foram concludentes acerca de uma ação no Afeganistão
nestes momentos. Um Afeganistão completamente desestabilizado cedo ou tarde
desestabilizaria o Paquistão. De modo que a pergunta diante do Presidente e sua
equipe era a seguinte: Podiam os Estados Unidos assumir esse risco?
“Gates se reuniu com o
embaixador paquistanês, Haqqani
“CAPÍTULO 17
“Obama se reúne com um grupo
bipartidário de aproximadamente 30 líderes do Congresso com o fim de lhes dar
uma informação atualizada sobre a revisão da estratégia.
“Vários legisladores
criticavam o enfoque de Biden que defendia uma ofensiva antiterrorista.
Interpretavam isso como uma forma de reduzir a presença dos Estados Unidos.
“Biden esclareceu
que não estava defendendo uma política que implicasse uma operação realizada
usando apenas as Tropas Especiais.
“O Presidente teve
que esclarecer que ninguém estava falando de abandonar o Afeganistão.
“McCain disse que
apenas esperava que a decisão não fosse tomada ligeiramente e que respeitava o
fato de que a decisão devia ser adotada por Obama como Comandante-em-Chefe.
“Obama lhe respondeu:
“Asseguro-lhe que não estou tomando nenhuma decisão de maneira ligeira. Você
tem toda a razão. Quem tem que tomar a decisão, sou eu como
Comandante-em-Chefe'.
“Obama continuou
dizendo: 'ninguém sente tanta urgência em tomar esta decisão – e fazê-lo de maneira correta - como eu.'
“Nesse mesmo dia
às 15h30 da tarde Obama voltou a reunir sua equipe para analisar a situação do
Paquistão.
“O consenso dentro
da comunidade de inteligência era que a situação do Afeganistão não ia ser
resolvida se não houvesse relações estáveis entre a Índia e o Paquistão.
“Mullen afirmava
que os programas de cooperação entre os exércitos dos Estados Unidos e de
Paquistão atingiram um montante de quase 2 bilhões anuais em equipamentos,
treinamentos e outras empresas.
“Houve sugestões de
abrir novas instalações no Paquistão no intuito de infiltrar fontes de
informação nas tribos e incluir assessores militares estadunidenses nas
unidades paquistanesas.
“Obama aprovou
todas as ações no terreno. Não era usual receber uma ordem imediata do
Presidente, porque até então nas sessões de trabalho se falava muito e não se
tomavam decisões.
“CAPÍTULO 18
“Finalmente no dia
8 de outubro McChrystal tinha a oportunidade de apresentar sua opção para
incrementar as tropas só antes os principais (Obama não estava presente).
“A essência de sua
exposição, com 14 slides, era que as condições no Afeganistão eram muito pior
do que se pensava e que apenas uma ofensiva contra-insurgente que contasse com
plenos recursos podia remediar a situação.
“Jones disse que
ainda havia perguntas sem responder, e anotou no seu caderno que era impossível
pôr em prática qualquer estratégia para o Afeganistão que não abordasse o
problema dos santuários no Paquistão.
“McChrystal
colocava três opções:
“1. de
“2. 40 000 efetivos para proteger a população.
“3. 85 000 efetivos para atingir o mesmo
objetivo.
“McChrystal
esclareceu que o objetivo neste caso não era derrotar o Talibã, senão degradá-lo,
ou seja, impedir que voltasse a controlar partes chaves do país.
“Hillary perguntou
se era possível levar a cabo a missão de degradação com menor número de tropas
e o General lhe respondeu que não, que ele defendia a presença de 40 000
efetivos.
“No dia seguinte
Obama acordou com a notícia que lhe tinham outorgado o Prêmio Nobel da Paz.
“Nessa mesma
tarde, às 14h30 todos os membros do Conselho de Segurança Nacional teriam uma
sessão de trabalho com o Presidente. Ele começou a reunião pedindo-lhes que
dissessem o que deveria ser feito com a guerra.
“Lavoy começou
falando sobre o Paquistão e se obsessão com a Índia, e que os paquistaneses
tinham reservas acerca do compromisso dos estadunidenses.
“McChrystal disse
que a menos que a missão mudasse, ele apresentava as mesmas opções.
“Eikenberry
resumiu em 10 minutos suas opiniões, que eram bastante pessimistas. Concordava
com o fato de que a situação estava-se deteriorando e que era preciso enviar
mais recursos, mas achava que a ofensiva contra-insurgente era muito ambiciosa.
“Gates lembrou que
todos tinham proposto apenas três opções:
“1.
Contra-insurgência, quer dizer, construção da nação.
"2.
Antiterrorismo, que muitas pessoas acham que se trata de mísseis lançados desde
um navio no oceano.
“3. Antiterrorismo
plus, a estratégia proposta pelo Vice-presidente.
“Mas,
evidentemente, existiam mais opções e não apenas estas três. Gates acrescentou
que era preciso redefinir o objetivo e que provavelmente os Estados Unidos
tentavam conseguir ainda mais do que eles podiam alcançar.
“Petraeus
concluiu: 'Nós não vamos destruir o Talibã, mas precisamos negar-lhe o acesso a
zonas povoadas e a linhas de comunicação chaves para freá-los.'
“Biden perguntou:
'Qual seria a melhor estimativa de tempo para que as coisas desenvolvam-se na direção correta? Se dentro
de um ano não houver um progresso palpável, o que faremos?
“Não houve
resposta.
“Biden insistiu:
'Se o governo não melhorar e vocês recebessem tropas, qual seria o impacto?'
“Eikenberry
respondeu que, apesar de que os últimos oito anos não tinham sido muito
alentadores, houve pequenos progressos e que era possível capitalizá-lo, mas
que era impossível esperar avanços significativos nos próximos seis a doze
meses.
“CAPÍTULO 19
“Foi a vez de Hillary
na reunião do dia 9 de outubro. Hillary disse que o dilema era decidir o que
era o fundamental, se enviar mais efetivos ou um melhor governo, que para
evitar o colapso precisava-se de mais tropas, mas que isso não garantiria o
progresso.
“Perguntou se era
possível alcançar os objetivos no Afeganistão e no Paquistão sem o comprometimento
de enviar mais tropas. Ela mesma respondeu que a única forma de conseguir que o
governo mudasse era enviando mais tropas, mas que ainda assim não havia nenhuma
garantia que isso resultasse.
“Acrescentou que
todas as opções eram difíceis e insatisfatórias e disse: 'Nós temos sim um
interesse de segurança nacional visando garantir que o Talibã não nos derrote.
O mesmo acontece com a destruição de Al Qaeda, que seria difícil sem o
Afeganistão. É uma opção extremamente difícil, mas as opções são limitadas, a
menos que nos comprometamos e consigamos uma vantagem psicológica.'
Mullem apoiou
outros comentários de linha dura. Dennis Blair sugeriu que a política interna
podia ser um problema pelo número de baixas, pois no mês anterior essa cifra atingiu
40, o duplo do número alcançado no ano anterior. Ele se perguntava se valeria a
pena. A resposta era que o povo o apoiaria enquanto acreditasse que havia
avanços.
Pela primeira vez,
o Presidente teria uma estratégia elaborada por todos os membros do gabinete de
guerra, e nós poderemos dizer ao povo dos Estados Unidos o que estamos
fazendo', disse ele.
“Panetta opinava o
seguinte: 'Você não sair daí. Não pode derrotar o Talibã.' 'Eles não estavam
falando sobre a possibilidade de implantar uma democracia no estilo da
democracia de Jefferson no Afeganistão', dizia Panetta, quem achava que essa
era a base para reduzir a missão dos Estados Unidos e aceitar Karzai, apesar de
seus defeitos. Segundo Panetta, a missão era lutar contra Al Qaeda e garantir
que não existissem santuários. Era preciso trabalhar com Karzai.
“Susan Rice disse
que ainda não tinha tomado uma decisão, mas que achava que era preciso reforçar
a segurança no Afeganistão para derrotar Al Qaeda.
“Holbrooke disse
que precisavam de mais tropas; a questão era saber quantas e como usá-las.
“John Brennan
perguntava o que se tentava conseguir, visto que as decisões sobre segurança
que se adotariam aqui também seriam aplicadas em outras regiões. Se era um
governo não corrupto, que oferecia serviços a toda a população, isso não se
conseguiria enquanto ele estivesse vivo. 'É por isso', dizia ele, 'que as
palavras 'sucesso', 'vitória' e 'ganhar' complicam nossa tarefa.'
“Tinham transcorrido
já duas horas e meia. O Presidente disse que essas reuniões deram como
resultado uma definição útil do problema, que estava surgindo uma nova
definição.
“'Isto não o vamos
resolver hoje', disse Obama. 'Já reconhecemos que não podemos derrotar completamente
o Talibã.'
“Obama disse que
se ele aprovasse o envio de 40 000 efetivos, isso não bastaria para uma
estratégia de contra-insurgência que abrangesse todo o país.
“Obama perguntava
se era possível levar os afegãos ao ponto de que eles permitam aos Estados
Unidos retirar-se em um período de dois, três, quatro anos.
“'Não podemos
manter um compromisso por tempo indefinido nos Estados Unidos', disse Obama.
'Não poderemos manter o apoio interno e o de nossos aliados sem dar alguma
explicação que inclua os limites de tempo.'
“Holbrooke
regressou para seu escritório no Departamento de Estado, onde o pessoal
queixava-se de serem mantidos acordados toda a noite, lavrando analises que ninguém
lia.
“Holbrooke
respondeu que a pessoa à qual as encaminhavam sim as lia. Que as noites sem
dormir não tinham sido em vão e que deviam preparar um novo pacote de
relatórios para o Presidente. ”Assim conclui a síntese dos capítulos
Ontem foi
anunciada a publicação quase simultânea, de outro livro. Conversando comigo mesmo”, com prefácio de Barack Obama. Mas, desta
vez a edição será lançada em 20 idiomas. Segundo é afirmado, contém cartas e
documentos importantes da vida de seu
autor: nosso conhecido e prezado amigo Nelson Mandela.
Nos últimos anos
de seu cruel prisão, os Estados Unidos transformaram o sinistro regime da apartheid em uma potência nuclear,
fornecendo-lhe mais de meia dúzia de
bombas nucleares destinadas a golpear as forças internacionalistas cubanas para
impedir o seu avanço no território ocupado pela África do Sul na Namíbia. A
esmagadora derrota do exército da apartheid
no sul de Angola deu cabo do infame sistema.
Nossos
representantes na Espanha prometeram adquirir e enviar de imediato cópias do livro,
cujo lançamento estava anunciado para hoje 12 de outubro. Mas, quase às 18h nada
se sabia ainda, porque era feriado na Espanha e as livrarias não vendiam.
Cumpria-se o 518º aniversário do dia em que fomos descobertos e a Espanha virou
império.
Continuará amanhã.
Fidel Castro Ruz
12 de outubro de
2010.
19h12