Reflexões
do companheiro Fidel
A OPINIÃO DE UM PERITO
Se me perguntassem quem é o mais conhecedor sobre o pensamento
israelita, responderia sem hesitar que é Jeffrey Goldberg. Jornalista
incansável, capaz de se reunir dezenas de vezes para indagar sobre o pensamento
de um líder ou de um intelectual israelita.
Naturalmente, ele não é neutral, é, sem dúvidas, pró israelita. Quando algum
deles não concorda com a política desse país também não adota um meio-termo
como posição.
Para o meu objetivo, o que interessa é conhecer o pensamento que norteia
os principais líderes políticos e militares desse Estado.
Sinto-me com autoridade para opinar, porque nunca fui anti-judeu e
compartilho com ele um profundo ódio contra o nazi-fascismo e o genocídio
perpetrado com crianças, mulheres e homens, jovens ou anciãos judeus contra os
quais Hitler, a Gestapo e os nazis, saciaram o seu ódio contra esse povo.
Pela mesma causa aborreço os crimes do governo fascista de Netanyahu,
que assassina crianças, mulheres e homens, jovens e anciãos na Faixa de Gaza e
na Cisjordânia.
No seu ilustrado artigo “O ponto de não retorno” que será publicado na
revista The Atlantic, no mês de
setembro de 2010, já conhecido através da Internet, Jeffrey Goldberg inicia o
seu trabalho de mais de 40 páginas do qual tiro as idéias essenciais para
conhecimento dos leitores.
“É possível que nalgum momento durante os próximos doze meses a
imposição de sanções econômicas devastadoras contra a República Islâmica do Irão
convença os seus líderes para que abandonem os esforços por conseguirem armas
nucleares. [...] Também resulta possível que as 'operações de frustração'
levadas a cabo pelos organismos de inteligência do Israel, dos Estados Unidos, da
Grã-Bretanha e de outras potências ocidentais [...] consigam desacelerar
nalguma medida considerável o avanço do Irão. Pode acontecer que o Presidente
Obama, quem declarou em muitas ocasiões que acha que a perspectiva de um Irão
nuclear é algo “inaceitável”, ordene um golpe militar contra as principais
instalações de armamentos e de enriquecimento de urânio do país.”
“Ao analisar a plausibilidade e as possíveis conseqüências de um golpe israelita
contra o Irão, não me dedico a fazer um exercício mental nem a um jogo de
guerra de um homem. O Israel já atacou e destruiu com sucesso em duas ocasiões
o programa nuclear de um inimigo. No ano 1981, os aviões de guerra israelitas
bombardearam o reator iraquiano em Osirak e travaram (para sempre, segundo o
resultado conseguido) as ambições nucleares de Sadam Hussein; e em 2007 os
aviões israelitas destruíram um reator de fabrico norte-coreano na Síria.
Portanto, um ataque contra o Irão seria sem precedentes no que se refere ao
alcance e à complexidade.”
“Durante mais de sete anos tenho estudado a possibilidade de que
finalmente aconteça esse golpe [...]. Nos meses transcorridos desde então
(março de 2009), entrevistei a aproximadamente 40 decisores israelitas atuais e
anteriores sobre um golpe militar, bem como a muitos funcionários
estadunidenses e árabes. Na maioria destas entrevistas coloquei uma pergunta
simples: Quais são as possibilidades percentuais de que o Israel ataque o
programa nuclear iraniano no futuro próximo? Nem todos responderam esta
pergunta, mas houve consenso de que há possibilidades que ultrapassam 50% de que
o Israel lançará um ataque no mês de julho próximo [...] pus à prova o consenso
falando com muitas fontes tanto dentro como fora do governo e pertencentes a
diferentes partidos políticos. Após mencionar a sensibilidade extraordinária do
tema, muitos deles falaram apenas a contragosto e com a condição de que não fossem
revelados seus nomes [...] O raciocínio dado pelos decisores israelitas não foi
complicado. O Irão, quando muito, precisa de um a três anos para conseguir uma
capacidade nuclear real. [...] E o elemento mais essencial da doutrina da
segurança nacional israelita, um princípio que data do decênio de 1960 [...] é
que não se deve permitir que nenhum adversário regional consiga a paridade
nuclear com o estado judeu renascido e ainda assediado.”
“Na nossa conversa antes de sua tomada de posse, Netanyahu não abordou o
tema em termos de paridade nuclear [...] Antes pelo contrário, definiu o
programa iraniano como uma ameaça não apenas para o Israel senão para toda a
civilização ocidental.”
“'...Quando o crente de olhos desorbitados se apoderar das rédeas do
poder e das armas de morte maciça, então o mundo deverá começar a se preocupar
e isso é o que está acontecendo no Irão'”.
Na nossa conversa, Netanyahu negou-se a analisar o seu cronograma para a
ação, nem sequer se pensava na ação militar preventiva contra o programa
nuclear iraniano. [...] A convicção de Netanyahu é que o Irão não é apenas o
problema de Israel senão que é o problema do mundo e o mundo chefiado pelos
Estados Unidos tem o dever de encará-lo. Mas, Netanyahu não tem muita fé nas
sanções, não nas sanções relativamente fracas contra o Irão aprovadas
recentemente pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, nem nas mais fortes
impostas pelos Estados Unidos e os seus aliados europeus.”
"Mas, segundo as minhas conversas com os decisores israelitas, este
período de paciência, durante o qual Netanyahu espera ver se os métodos não
militares de Ocidente podem deter o Irão, terminará neste dezembro."
“O governo de Netanyahu já intensifica os seus esforços analíticos não
apenas no que se refere ao Irão, senão também sobre um tema que para muitos israelitas
é difícil perceber: o Presidente Obama. Os israelitas aprimoram-se em responder
o que constitui a pergunta mais premente para eles. Existem quaisquer
circunstâncias nas quais o Presidente Obama utilizaria a força para impedir que
o Irão adquira uma capacidade nuclear? Tudo depende da resposta.”
“O Irão exige a atenção urgente de toda a comunidade internacional e a
dos Estados Unidos particularmente por causa de sua habilidade sem igual para
empregar a força militar. Esta é também a posição de muitos líderes árabes
moderados. Há algumas semanas, em declarações inusualmente diretas o embaixador
dos Emirados Árabes Unidos nos Estados Unidos Yousef al-Otaiba me disse [...]
que o seu país apoiaria um golpe militar contra as instalações nucleares do Irão
[...] disse. “Os países pequenos, ricos e vulneráveis da região não querem ser
os que provoquem o grande fanfarrão se
ninguém vai apoiá-los.' “
“Vários líderes árabes disseram que a posição dos Estados Unidos no
Oriente Médio depende de sua disposição de encarar o Irão. Explicam, pensando
em seus interesses, que um ataque aéreo contra um punhado de instalações
iranianas não seria tão complexo nem problemático como, digamos, invadir o
Iraque. ''Isto não é um debate sobre a invasão ao Irão', disse-me um ministro
das relações exteriores árabes. 'Esperamos a realização de golpes específicos
contra várias instalações perigosas. Os Estados Unidos poderiam fazer isto com
muita facilidade'”.
“Barack Obama disse em incontáveis ocasiões que um Irão nuclear seria
'inaceitável' [...] Um Irão nuclear seria uma situação que mudaria o jogo, não
apenas no Oriente Médio mas no mundo todo. Acho que qualquer coisa que restasse
do nosso marco de não proliferação nuclear começaria a se desintegrar. Haveria
países no Oriente Médio que considerariam a possível necessidade de conseguir
armas nucleares também'”.
“Mas os israelitas duvidam que um homem que foi colocado como a antítese
de George W. Bush, o autor das invasões tanto do Afeganistão quanto do Iraque,
lançaria um ataque preventivo contra uma nação muçulmana.”
“'Todos escutamos o seu discurso
“O funcionário israelita me disse que 'o de Bush aconteceu há dois anos,
mas o programa iraniano era o mesmo e a intenção era a mesma. Por isso,
pessoalmente não espero que Obama seja mais Bush do que o próprio Bush'”
“Se os israelitas chegassem à conclusão definitiva de que Obama sob
nenhuma circunstância vai lançar um golpe contra o Irão, então começará a
contagem regressiva para um ataque unilateral israelita.”
“Os funcionários de inteligência israelitas acham que um golpe contra o Irão
poderia provocar uma represália total por parte de Hezbollah, o partidário do Irão
no Líbano, o qual segundo a maioria das estimativas de inteligência tem agora
até 45 000 mísseis (não menos de três vezes os mísseis que tinha no verão de
2006 durante a última série de enfrentamentos entre o grupo e Israel)."
“...Netanyahu não é o único que compreende este desafio, vários Primeiros-ministros
anteriores a ele abordaram a ameaça do Irão em termos existenciais semelhantes.
[...] Michael Orem, o embaixador do Israel nos Estados Unidos me disse que 'ele
tem um sentido profundo de seu papel na história judaica'”.
A seguir Jeffrey Goldberg utiliza várias páginas relatando a história do
pai de Netanyahu, Bem-Sión a quem considera o historiador mais destacado do
mundo sobre a inquisição espanhola e outros destacados méritos, que
recentemente completou 100 anos de idade.
“Benjamin Netanyahu não é conhecido na maioria dos círculos por sua
flexibilidade no que respeita aos assuntos vinculados aos palestinos, apesar de
que ultimamente esteve tentando satisfazer algumas das exigências de Barack
Obama de que ajude a avançar o processo de paz.”
Concluída esta parte de seu artigo, Goldberg continua analisando a
complexa situação. Por vezes é muito rígido analisando um comentário do
ex-presidente iraniano Hashemi-Rafsanjani do ano 2001, no qual com certeza ele
fala sobre uma bomba que destruiria Israel; uma ameaça que foi criticada
inclusive pelas forças de esquerda que são inimigas de Netanyahu.
“Os desafios que representa um Irão com capacidade nuclear são mais
sutis que a própria possibilidade de um ataque direto, comentou-me Netanyahu.
[...] 'os atores agressivos dentro do Irão poderiam disparar mísseis e
participar em outras atividades terroristas e ao mesmo tempo teriam cobertura
para usar o material nuclear [...] Em vez de ser um acontecimento local,
independentemente da dor que poderia provocar, isto se tornaria também em um
acontecimento de caráter mundial. Em segundo lugar, este acontecimento
encorajaria os ativistas islâmicos em todos os cantos, em muitos continentes,
que acreditariam que isto é um sinal providencial, que este fanatismo conduz ao
caminho supremo do triunfo'.”
“'Provocar-se-ia uma grande mudança radical na balança de poder em nossa
zona', acrescentou.”
“Outros dirigentes israelitas acham que apenas o fato da ameaça de um
ataque nuclear por parte do Irão, misturado com as ameaças crônicas que vivem
cidades israelitas feitas pelas forças de mísseis de Hamas e o Hezbollah,
socavará gradativamente a capacidade do país de proteger os seus cidadãos mais
criativos e produtivos. [...] 'A verdadeira prova que temos é conseguir que
Israel seja esse local tão atrativo, esse local de vanguarda nas esferas da
sociedade humana, a educação, a cultura, a ciência, a qualidade de vida, ao
qual inclusive os jovens judeus que moram nos Estados Unidos queiram vir'.”
“Segundo várias enquetes, o patriotismo é um sentimento que é levado
muito
“UMA SEGUNDA-FEIRA À NOITE no início do verão, sentei-me no escritório
do decididamente detrator dos goyim,
Rahm Emanuel, chefe do gabinete da Casa Branca, e escutei vários funcionários
do Conselho de Segurança Nacional reunidos na sua mesa de conferências explicar
– com muitíssimas palavras – por que o estado judeu deve confiar em um
presidente não judeu dos Estados Unidos para que estes evitem que o Irão cruze
o limiar nuclear."
“Uma das pessoas sentadas à mesa,
Bem Rhodes, assessor adjunto de segurança nacional quem participou como autor
principal do recente material 'Estratégia de segurança nacional para os Estados
Unidos', bem como na preparação do discurso conciliatório do Presidente
“...Emanuel, cujo estado de ânimo por defeito é exasperado. [...] (um
ex-funcionário da administração Bush me disse que o seu presidente encarou o
problema contrário, envolvido em duas guerras e acreditando que o Irão não
estava tão próximo de cruzar o limiar nuclear, rejeitou o uso da força contra o
programa do Irão e deixou bem clara a sua opinião, 'mas, ninguém acreditou
nele').”
“Numa altura, exprimi a idéia de que por causa de razões muito óbvias,
poucas pessoas acreditavam que Barack Obama abriria uma terceira frente no
grande Oriente Médio. Um dos funcionários respondeu exaltadamente: 'O que temos
feito que te permita tirar a conclusão de que pensamos que um Irão com
capacidade nuclear seria uma situação tolerável para nós?'”
“Os funcionários da administração de Obama, particularmente os do
Pentágono, assinalaram em várias ocasiões que não concordam com a possibilidade
de preferir um ataque militar. No mês de abril, a subsecretária de defesa para
temas de política, Michele Flournoy, disse aos jornalistas que o uso da força
militar contra o Irão estava 'fora da mesa de negociações em um futuro
próximo'. Mais tarde ela se desdisse, mas o Almirante Michael Mullen, chefe do
Estado Maior Geral conjunto, também criticou a idéia de atacar Irão. [...]
“Numa região que é tão instável nesta altura, já não precisamos de mais
instabilidade'.”
“...sob nenhuma circunstância o presidente tem descartado a idéia de
evitar a proliferação mediante o uso da força. [...] Gary Samore, funcionário
do Conselho de Segurança Nacional que supervisa o programa da administração
contra a proliferação, disse-me que os israelitas concordam com as avaliações
estadunidenses de que o programa iraniano de enriquecimento de urânio está
cheio de problemas.”
“'...podemos determinar, levando em conta os relatórios da OIEA, que
para os iranianos não tudo vai bem' , afirmou Samore. Especialmente as
centrífugas que eles estão a operar baseiam-se no uso de uma tecnologia
inferior. Estão encarando dificuldades técnicas, em parte pelo trabalho
desenvolvido para negar-lhes o acesso aos componentes estrangeiros. Quando eles
fabricam as peças, as mesmas não são submetidas a nenhum tipo de controle da
qualidade'.”
“Dennis Ross, ex negociador de paz no Oriente Médio, quem se desempenha
atualmente como funcionário de alto nível dentro do Conselho de Segurança
Nacional, afirmou durante a reunião que ele acha que os israelitas compreendam
agora que as medidas instigadas pelos Estados Unidos desaceleraram o avanço do Irão
e que a administração está trabalhando para convencer os israelitas – e outras
partes na região – de que a estratégia de sanções 'tem possibilidades de
funcionar'.”
“'O presidente disse que ele não tem retirado nenhuma carta da mesa de
discussão, mas vejamos por que nós pensamos que esta estratégia poderia
funcionar'. [...] No passado mês de junho – como não tinham respondido ao nosso
convite bilateral – o presidente disse que adotaríamos medidas no mês de setembro.”
“Ross [...] as sanções que o Irão enfrenta atualmente talvez pudessem
modificar a forma de pensar do regime. ‘As sanções vão transcender. Têm lugar
num momento em que os iranianos têm uma má administração: os iranianos terão de
fazer recortes nos subsídios [para os alimentos e o combustível]; já estão
enfrentando a alienação do povo; existe divisão dentro da elite e entre a elite
e o resto do país... ‘“
“Uma pergunta que segundo parece nenhum funcionário da administração
deseja responder é a seguinte: o que é que farão os Estados Unidos se fracassam
as sanções? Vários funcionários árabes queixaram-se comigo porque a
administração de Obama ainda não lhe informou quais são suas intenções, nem
sequer de maneira geral.”
“’Os eleitores de Obama gostam de saber que a administração demonstrou
que não deseja iniciar uma luta contra o Irão, porém esse não é assunto de
política interna’, expressou esse chanceler. ‘O Irão manter-se-á nesse caminho
temerário a não ser que a administração comece a falar de forma não razoável. A
melhor forma de evitar um ataque contra o Irão é fazer com que o Irão creia que
os Estados Unidos estão a ponto de atacá-los. Temos que conhecer quais as
intenções do presidente neste assunto. Somos seus aliados’. De acordo com duas
fontes dentro da administração, este assunto provocou tensões entre o
Presidente Obama e o recentemente demitido do cargo de diretor de inteligência
nacional, Almirante Dennis Blair. Segundo estas fontes, Blair, de quem se dizia
fez muita ênfase na ameaça que representa o Irão, disse ao presidente que os
aliados árabes dos Estados Unidos necessitavam mais palavras tranqüilizadoras.
Dizem que Obama não gostou do conselho.”
“Em Israel, logicamente, custa muito aos funcionários entender o
Presidente Obama, apesar das palavras tranqüilizadoras que receberam de
Emanuel, de Ross e de outros.”
“Há pouco tempo, o chefe da inteligência militar israelita,
Major-General Amos Yadlin, fez uma visita secreta a Chicago para se reunir com
Lester Crown, multimilionário cuja família é dona de uma parte importante de
General Dynamics, um contratante militar. Crown
[...] ‘Compartilho com os israelitas o sentimento de que certamente
temos a capacidade militar e a vontade de usá-la. A ascensão do Irão não é algo
que convenha aos Estados Unidos para nada.
“'Apoio o presidente', disse Crown, 'mas eu gostaria que [os
funcionários da administração] fossem um pouco mais extrovertidos ao falarem.
Sentir-me-ia mais a vontade se soubesse que eles têm a disposição de usar a
força militar, como último recurso. Não se pode ameaçar ninguém e fazer-lhe
acreditar
“Vários funcionários inclusive me perguntaram se eu achava que Obama era
anti-semita. Respondi-lhes esta pergunta usando uma citação de Abner Mikva,
outrora Congressista, juiz federal e mentor de Obama, quem afirmou em 2008:
'Acho que quando tudo isto terminar, as pessoas dirão que Barack Obama foi o
primeiro presidente judeu'. Expliquei-lhes que Obama conhecia bem a obra de
escritores, acadêmicos legais e pensadores judeus e que um grande número de
seus amigos, partidários e assessores eram judeus. No entanto, o filo-semitismo
não é necessariamente o mesmo que concordar com o Partido Likud de Netanyahu, a
propósito, também não é o mesmo entre os judeus que moram nos Estados Unidos
que – ao igual que o presidente por quem votaram em grandes quantidades -
apóiam, geralmente, a solução da existência de dois estados e têm suas reservas
no que se refere aos assentamentos judeus na Ribeira Ocidental.”
“Rahm Emanuel indicou que a administração estava tentando enfiar uma
agulha: oferecendo um apoio ‘inquebrantável’ ao Israel; protegendo-o das conseqüências
de uma bomba nuclear iraniana; mas pressionando-o para que procure uma fórmula conciliatória
com os palestinos. […] os últimos seis Primeiros-ministros do Israel, incluído
Netanyahu que ─no seu primeiro período eleitoral a finais do decênio de
1990, para desgosto do seu pai─ procurou uma fórmula conciliatória com os
palestinos, para defender seu caso. ‘Rabin, Peres, Netanyahu, Barak, Sharon,
Olmert ─cada um deles procurou algum tipo de solução negociada que fosse
conveniente para o Israel do ponto de vista estratégico’, sublinhou. Houve
muitas outras ameaças enquanto os sucessivos governos do Israel têm tentado
continuar um processo de paz.”
“…o Israel deve analisar cuidadosamente se um golpe militar valeria a
pena pelo grande problema que isso desataria. ‘De momento não tenho certeza no
que eles andam, qualquer que fosse o momento, independentemente do que façam, eles
não parariam’ o programa nuclear, acrescentou. ‘Eles apenas o adiariam’.”
“Foi então quando reparei que, em alguns temas, os israelitas e os
estadunidenses não estavam falando a mesma língua.”
“EM MINHAS CONVERSAS com ex generais da força aérea e estrategistas israelitas,
prevaleceu um tom moderado. Muitas das pessoas que entrevistei estiveram
dispostas, em condição de anonimato, a dizer por que seria difícil para o Israel
atacar as instalações nucleares iranianas.
Alguns generais israelitas, ao igual que seus colegas estadunidenses, punham
em causa a própria idéia de começar um ataque.
‘Empregaríamos melhor nosso tempo se nos dedicássemos a fazer lobby com
Barack Obama para que ele o faça, em vez de tentar fazê-lo nós próprios’,afirmou
um general. ‘Somos muito bons neste tipo de operações, mas é um passo muito
grande para nós. Contudo, os estadunidenses podem fazer isso com um mínimo de dificuldades.
Para nós é demais’.”
“Estes aviões teriam que regressar a seu país com rapidez, em parte
porque a inteligência israelita considera que o Irão logo ordenaria Hezbollah para que lançasse os mísseis contra
cidades do Israel, e seriam precisos os recursos da força aérea israelita para
perseguir os grupos de mísseis do Hezbollah.”
“…no caso de um ataque unilateral israelita contra o Irão, sua missão
seria combater contra as forças lança-mísseis do Hezbollah. […] manter na
reserva agora o Hezbollah até que o Irão possa cruzar o limiar nuclear.”
“…Hezbollah ‘perdeu muitos dos seus homens. […] Essa é uma das razões pelas quais tivemos quatro
anos de tranqüilidade. O que tem mudado no decurso desses últimos quatro anos é
que o Hezbollah tem aumentado sua capacidade para lançar mísseis, mas nós temos
elevado também nossa capacidade’. Em relação a um possível ataque israelita
contra o Irão, Eisenkot terminou dizendo: ‘Nossa prontidão combativa significa
que o Israel tem liberdade de ação’.”
“Os Estados Unidos ver-se-iam também como cúmplices de um ataque israelita,
mesmo quando estes não tivessem sido advertidos com antecedência. A hipótese ─que nem sempre é correta─
de que o Israel só atua com a aprovação dos Estados Unidos é um ponto de vista
habitual no Oriente Médio, que os israelitas dizem que estão tendo
“‘Muitos israelitas pensam que os iranianos estão construindo um
Auschwitz. Temos que fazer com que eles saibam que temos destruído esse Auschwitz,
ou temos que fazer com que eles saibam que o intentamos, porém fracassamos’.”
“É claro que tem dirigentes israelitas que pensam que um ataque contra o
Irão resulta arriscado demais. […] ‘Não queremos que os políticos nos coloquem
em uma posição difícil devido à palavra Shoah’,
disse um general.”
“Depois de ter observado mais de uma dezena de vezes diferentes, em mais
de uma dezena de escritórios diferentes, a fotografia dos aviões da força aérea
israelita sobrevoando Auschwitz, foi que consegui perceber a contradição que isso
encerrava. Se os físicos judeus que criaram o arsenal nuclear israelita tivessem
podido fazer uma viagem no tempo e espaço, e enviar um esquadrão de caças-bombardeiros
em 1942…”
“Benjamin Netanyahu considera, por razões de segurança nacional, que se
as sanções fracassam, ele ver-se-ia obrigado a tomar medidas. Não obstante, um ataque israelita contra as
instalações nucleares iranianas ─tenha sucesso ou não─ pode fazer
com que o Irão redobre seus esforços ─desta vez contando com a
solidariedade internacional─ para desenvolver um arsenal nuclear. Isso
poderia provocar também o caos para os Estados Unidos no Oriente Médio. […]
Peres considera o programa nuclear iraniano como algo potencialmente
catastrófico. […]
Quando lhe perguntei se ele acreditava na opção militar, disse-me: ‘Por que
devo declarar uma coisa como essa?’.”
“Na base de meses de entrevistas, cheguei a acreditar que a administração
sabe que é quase seguro que o Israel em breve empreenderá ações contra o Irão se
nada ou ninguém mais detém seu programa nuclear […] A começos deste ano, eu
concordava com muitos israelitas, árabes ─e iranianos─ que acreditavam
que não existiam possibilidades de que Obama recorresse ao uso da força para
deter o Irão: ainda não acredito que ele tenha muitas possibilidades de recorrer
às ações militares no futuro imediato; por uma só razão: o Pentágono se mostrou
particularmente pouco entusiasta em torno a essa idéia. Mesmo assim, é evidente
que Obama está apanhado no meio deste problema. […] Denis McDonough, Chefe do
Estado-maior do Conselho de Segurança Nacional, disse-me: ‘o que vê no Irão é o
encontro de uma série de prioridades importantes do presidente, que vê uma
séria ameaça para o sistema de não proliferação a nível mundial, uma ameaça que
pode conduzir a outras atividades nucleares em uma região tão volátil, e uma ameaça
para um amigo próximo dos Estados Unidos: o Israel. Acho que podem ser vistas várias correntes
que se estão juntando, o que responde à interrogante de por que isto é tão
importante para nós’.”
“Quando lhe perguntei a Peres o que ele pensava sobre o esforço de
Netanyahu por apresentar este caso perante a administração de Obama, Peres me respondeu
[…] que seu país sabe qual é seu lugar, e que isso dependia do presidente estadunidense
e que só o presidente dos Estados Unidos podia decidir finalmente como
salvaguardar melhor o futuro de Ocidente. Toda esta história tem mais relação com
seu mentor: David Ben-Gurion.
“‘Pouco depois que John F. Kennedy foi eleito presidente, Ben-Gurion se reuniu
com ele no hotel Waldorf-Astoria’ em Nova Iorque, contou-me Peres. ‘Depois da
reunião, Kennedy acompanhou Ben-Gurion ao elevador e lhe disse: 'Senhor Primeiro-ministro,
quero lhe dizer que resultei eleito presidente graças à sua gente, por isso, o
que posso fazer por você
“Peres continuou explicando o que ele via como interesse verdadeiro do
Israel. ‘Não queremos ganhar-lhe ao presidente’, disse-me. ‘Queremos que o
presidente ganhe’.”
“Jeffrey Mark
Goldberg é um jornalista norte-americano-israelita. É um dos autores e
jornalistas do staff da revista The
Atlantic. Trabalhou previamente para a revista The New Yorker. Goldberg escreve principalmente sobre temas internacionais,
com preferência sobre o Oriente Médio e África. Alguns o denominam como o mais
influente jornalista-blogguer em assuntos relacionados com o Israel.”
Fidel Castro Ruz
25 de agosto de 2010
18h18