MENSAGEM DE FIDEL AOS ESTUDANTES
17 de Novembro de 2010
Caros estudantes universitários e demais
convidados:
Apraz-me imenso
a presença nesta reunião do Ministro do ensino superior, dos Reitores das
universidades de Havana, de uma representação da União de Jovens Comunistas,
presidida por sua Primeira-Secretária, da Direção Provincial e Nacional da
Federação de Estudantes do Ensino Médio.
Lembro-me daquele
17 de novembro de 2005. Comemorava-se o Dia Internacional do Estudante. Vocês
os universitários decidiram que eu falasse nesse dia. Completavam-se,
disseram-me, 60 anos de meu ingresso na Universidade, finalizando o ano 1945.
Nessa altura era um bocado mais jovem do
que hoje; tinha a idade de vocês. Mas juntos temos vivido uma etapa da vida.
Na minha
opinião, aquela reunião que tivemos na Universidade de Havana, há cinco anos,
jamais se repetiria. Já tinha 79 anos. Porém há apenas dois meses, para ser
mais exato, quando apresentei na Aula Magna o segundo livro de nossa guerra
revolucionária: “A contra-ofensiva estratégica”, em 10 de setembro de 2010, ao
finalizar, conversei com muitos veteranos daquelas lutas e quando saia do
recinto cumprimentei um entusiasta grupo de dirigentes estudantis
universitários que ficaram à minha espera, conversei com eles, explicaram-me sua
ansiosa espera do dia 17 para que lhes falara do discurso.
Gostei daquele
grupo. Não promoviam uma “revolução cultural”, queriam escutar novamente uma
reflexão sobre as idéias expostas naquele dia.
Esse encontro já
lhes pertencia. Era da opinião que transcorreria muito tempo entre o dia 10 de
setembro e o 17 de novembro; outras coisas passavam por minha mente e lhes
respondi: “ver-nos-emos nesse dia”.
Contudo sabia
que aquele discurso provocou mal-estar, devido ao momento que estávamos a viver
perante um poderoso inimigo que nos ameaçava cada vez mais, bloqueava
cruelmente nossa economia e esforçava-se por espalhar o descontento, promovendo
a violação das leis e as saídas ilegais do país, privando-o de uma reserva de
força de trabalho jovem, cultural e tecnicamente bem preparada. Muitos deles
eram levados mais tarde à realizar atividades ilícitas e a delinqüir.
Também estava o
fato de minha tendência à autocrítica e à ironia com relação a nossas próprias
ações. Apesar de ser cáustico em minhas palavras, defendi princípios e não fiz
concessões.
Lembrava tudo
isso, mas não as palavras exatas que usei, a totalidade dos argumentos
expressados, e a considerável extensão do discurso.
Solicitei aos
arquivos do Conselho de Estado uma cópia textual do mesmo, e deparei com 115
páginas em espaço simples que implica mais de 200 como estas que apenas excedem
as 40.
Durante as
últimas semanas o trabalho tem sido intenso, dedicado a muitas tarefas; entre
elas, reuniões de entrevistas com o diretor principal da web site Global Research, Michel Chossudovsky; a
esmagadora vitória eleitoral da extrema-direita dos Estados Unidos e, dentro dela,
a do grupo fascista do Tea Party, a
crise econômica sem precedentes; guerra de divisas, acompanhada de perto pela
Cúpula do G-20 em Seúl; a Cúpula da APEC em Yokohama, Japão e daqui a dois
dias, a Cúpula da NATO em Portugal nos dias 19 e 20 de novembro, que devemos acompanhar
de perto.
Apesar disso,
não me resignava a prorrogar ou suspender a data de nosso encontro.
Apoiado no texto
original, fui pinçando as idéias principais do discurso que proferi naquela
ocasião, para apresentá-las com as mesmas palavras que utilizei nesse momento.
Omiti, visando ser breve, numerosos exemplos que complementavam os critérios
que sustentava.
Confesso que
fiquei surpreendido com a atualidade das idéias expostas que, transcorridos cinco
anos, são mais atuais do que naquele momento, visto que muitas tinham relação
com o futuro, e os fatos se desenvolveram tal como foram previstos; acontece que
hoje, com os conhecimentos disponíveis
sobre fenômenos como a mudança climática, a crise econômica que ultrapassa
qualquer outra anterior, os perigos de guerra e a derivação do poder imperial
para o fascismo, exigem dos jovens universitários um máximo de consagração e
esforço na batalha ideológica.
Uma das
primeiras idéias que expressei foi a seguinte:
“Os fatores que fizeram possível a vida no
planeta Terra surgiram após bilhões de anos, essa vida frágil que pode
transcorrer entre uns poucos graus por baixo de zero e uns poucos graus por
cima de zero...”
Eu tentava recordar como eram aquelas
universidades, a que nos dedicávamos, que nos preocupava. Nos preocupávamos com
esta pequena ilha. [...] Ainda não se
falava de globalização, não existia a televisão, não existia a Internet, não
existiam as comunicações instantâneas de um extremo ao outro do planeta [...] Nos meus tempos, 1945, nossos
aviões de passageiros apenas chegavam a Miami...”
“... acabava de acontecer uma terrível
guerra, que custou por volta de 50 milhões de vidas, e falo do momento aquele,
1945, quando ingressei na universidade, em 4 de setembro; bom, ingressei nessa
época, e vocês, logicamente, decidiram celebrar aquele aniversário num dia
qualquer.“
Mais para frente perguntei: Que mundo é esse
onde um império bárbaro proclama o direito de atacar por surpresa e de maneira
preventiva 60 ou mais países, que é capaz de levar a morte a qualquer canto do
mundo, utilizando as mais sofisticadas armas e técnicas de morte?
“Atualmente o império ameaça com atacar o Irã
se produz combustível nuclear.”
“Atualmente se debate a nível internacional
quais o dia e a hora, ou se será o império, ou utilizará — como fez no Iraque —
o satélite israelense para o bombardeio preventivo e imprevisto de centros de
pesquisa cujo objetivo é obter a tecnologia de produção do combustível nuclear.”
“... aquela nação exige seu direito a
produzir combustível nuclear como qualquer outra nação entre as
industrializadas e não ser obrigada a destruir a reserva de uma matéria prima,
que serve não só como fonte energética, mas também como fonte de numerosos
produtos, fonte de fertilizantes, fonte de têxteis, fonte de inúmeros materiais
que hoje têm um uso universal.”
“... veremos que aconteceria se bombardeassem
o Irã com o objetivo de destruir qualquer instalação que se dedique à produção
de combustível nuclear.”
“Nós jamais pensamos na fabricação de armas
nucleares. Nós temos outro tipo de armas nucleares, são nossas idéias [...] armas do poder das nucleares em virtude
do poder invencível das armas morais, [...] e também não
procurar armas biológicas [...] Armas para
combater a morte, para combater a Aids, para combater as doenças, para combater
o câncer, a isso dedicamos nossos recursos...”
“... em qualquer parte do mundo encontra-se
um cárcere secreto onde torturam os defensores dos direitos humanos; são os
mesmos que em Genebra, como cordeirinhos, votam, um a um, contra Cuba, o país
que não conhece a tortura, para honra e glória desta geração, para honra e glória
desta Revolução, para honra e glória de uma luta pela justiça, pela
independência, pelo decoro humano que deve manter incólume sua pureza e sua
dignidade!”
hoje de manhã chegavam notícias informando
sobre o uso de fósforo vivo em Al-Fallüjah, ali onde o império descobriu que um
povo, praticamente desarmado, não podia ser vencido e os invasores viram-se
numa situação onde não podiam ir embora nem ficar: se iam embora, voltavam os
combatentes; se ficavam, necessitavam essas tropas noutros lugares. Já morreram
mais de 2 000 jovens soldados norte-americanos, e alguns se perguntam, até
quando continuaram morrendo numa guerra injusta?...
“... converteram a entrada ao exército
numa fonte de emprego, contratam desempregados, e muitas vezes tentam contratar
o maior número de negros norte-americanos para suas guerras injustas, e chegam
notícias de que cada vez menos negros norte-americanos estão dispostos a se
inscreverem no exército, apesar do desemprego e da marginalização a que são
submetidos...”
“Procuram latinos, imigrantes que, tentando
escapar da fome, atravessaram a fronteira, essa fronteira onde todos os anos
morrem mais de 500 imigrantes, muitos mais em 12 meses que os que morreram
durante os 28 anos que durou o muro de Berlim.”
“... entravam os jovens nesta universidade,
que não era, certamente, a universidade dos humildes; era a universidade da
classe média, a universidade dos ricos do país, mas os jovens não se importavam
com as idéias de sua classe e muitos deles eram capazes de lutar, e assim o fizeram
ao longo da história de Cuba.
“Oito estudantes foram fuzilados em 1871 e
foram o alicerce dos mais nobres sentimentos e do espírito de rebeldia de nosso
povo...”
“Mella foi um deles, também pertencente à
classe média; porque os das classes mais pobres, os filhos dos camponeses, não
sabiam ler nem escrever...”
“... mencionei Mella, poderia mencionar
Guiteras, poderia mencionar Trejo, que morreu [...] um 30 de setembro, na luta contra
Machado;
“... quando a tirania batistiana voltou com
todo seu rigor, muitos estudantes lutaram e muitos estudantes morreram, e
aquele jovem de Cárdenas, Manzanita, como lhe chamavam, sempre rindo, sempre
amável, sempre carinhoso com os demais, se destacava pela sua valentia, sua
integridade [...]quando
enfrentava a polícia.”
Se você visita a casa onde viveu Echeverría —
José Antonio, vamos chamá-lo assim —, percebe que é uma casa boa, uma excelente
casa. Vejam só como os estudantes não se importavam com sua origem social,
nessa idade de tanta esperança, de tantos sonhos.
Naquela universidade, para estudar medicina
havia apenas uma faculdade e um só hospital docente, e muitos ganhavam prêmios,
primeiro prêmio em medicina e alguns, inclusive, de cirurgia sem terem operado
nunca a ninguém.
“Alguns o conseguiam [...] Assim surgiram bons médicos, não
uma massa de bons médicos — sim havia uma massa [...] que não tinham emprego, e quando
triunfou a Revolução, foram precisamente para os Estados Unidos, e ficou a
metade 3 000 e 25% dos professores. E daí partimos para o país de hoje, que se
ergue já quase como capital da medicina mundial.
“... o país
[...] já tem mais de 70 000 médicos.”
“Nós ingressamos na universidade finalizando
o ano 1945, e iniciamos nossa luta armada no quartel Moncada em 26 de julho de
1953, [...] quase oito anos depois, e a
Revolução triunfa cinco anos, cinco dias e cinco meses após o Moncada, e depois
de um longo percurso pelos cárceres, pelo exílio, e pela luta nas montanhas. ”
“... não conhecíamos nem sequer muito bem as
leis de gravidade, íamos encosta acima lutando contra o império, já que era o
mais poderoso, [...] quando ainda
existia outra superpotência, [...] foi
marchando encosta acima que ganhamos experiência, que nosso povo e nossa
Revolução se fortaleceram até chegar aqui.”
“... o ser humano é o único capaz, [...] de passar por cima de todos os
instintos, [...] a natureza lhe impõe os
instintos, a educação impõe as virtudes...”
“...apesar da diferença entre os seres
humanos, possam ser um numa dada altura ou [...] ser milhões através das idéias.”
São as idéias as que nos unem, são as idéias
as que nos fazem um povo combatente, são as idéias as que nos fazem já não só
individualmente, mas sim coletivamente revolucionários, e é então [...] quando um povo jamais pode ser
vencido...”
“... aqui a 90 milhas do colossal império, o
mais poderoso que existiu jamais ao longo da história, e passaram 46 anos e lá
está mais distante que nunca conseguir fazer ajoelhar a nação cubana, aquela
que ofenderam e humilharam durante algum tempo...”
“Acho que foi (Ignácio) Agramonte, outros
dizem que (Carlos Manuel de) Céspedes, quem, respondendo aos pessimistas quando
ficou com 12 homens, exclamou: [...] com 12
homens se faz um povo [...] isso que se
chama uma consciência revolucionária, que é a soma de muitas consciências [...] É filha do amor à Pátria e de amor
ao mundo, não esquece aquilo de que Pátria é humanidade, proferido há mais de
100 anos.”
“Não esquecer jamais aqueles que durante anos
foram nossa classe operária e trabalhadora, que viveram as décadas de
sacrifício, os bandos mercenários nas montanhas, as invasões como a da Baía dos
Porcos, os milhares de atos de sabotagens que custaram vidas de nossos
trabalhadores açucareiros, da cana-de-açúcar, industriais, do comércio ou na
marinha mercante, ou na pesca, os que de repente eram atacados com canhões e
bazucas, só porque éramos cubanos, só porque queríamos a independência, só
porque queríamos melhorar a sorte de nosso povo...”
“Cuba fala quando tenha que falar e Cuba tem
muitas coisas que dizer, mas não está com pressa nem impaciente. Sabe muito bem
quando, onde e como pode desferir um golpe ao império, a seu sistema e a seus
lacaios.”
“... acho que esta humanidade e as grandes
coisas que é capaz de criar, devem ser preservadas enquanto possam ser preservadas.”
“... este admirável e maravilhoso povo, ontem
semente e hoje árvore crescida e com raízes profundas; ontem cheio de nobreza
em potência e hoje cheio de nobreza real; ontem cheio de conhecimentos em seus
sonhos e hoje cheio de conhecimentos reais, quando apenas está começando nesta
gigantesca universidade que é hoje Cuba.”
“... vão surgindo novos quadros e quadros
jovens.”
“Como vocês sabem, estamos em meio de uma
batalha contra os vícios, contra os desvios de recursos, contra o roubo...”
“... não pensem que o roubo de recursos e de
materiais é de hoje, ou do 'período especial', o 'período especial' agravou
isso, porque o 'período especial' criou muitas desigualdades e o 'período
especial' tornou possível que muitas pessoas tivessem muito dinheiro.”
“Do tempo que estou falando, para produzir
uma tonelada de betão, se consumiam 800 quilos de cimento e uma tonelada de um
bom betão [...] deve ser de mais ou menos 200
quilos. Vejam como se esbanjava, vejam como se desviavam recursos, como se
roubava.”
“Nesta batalha contra os vícios não haverá
trégua [...] e nós apelaremos à honra de cada
setor. Estamos certos de uma coisa: de que em cada pessoa há uma alta dose de
vergonha. Quando ela fica pensando não é um juiz severo, apesar de que, segundo
minha opinião, o primeiro dever de um revolucionário é ser sumamente severo
consigo próprio.”
“Crítica e autocrítica, é muito correto, isso
não existia; mas não, se vamos travar a batalha devemos usar projéteis de maior
calibre, é preciso utilizar a crítica e a autocrítica na sala da aula, na
organização de base do Partido, e depois fora dela, depois no município e
depois no país.”
“Posteriormente poderão surgir outras
perguntas: Quanto ganhamos? Caso surgir
a pergunta de quanto ganhamos, começaria a compreender-se o sonho de cada quem
viva de seu salário ou de sua justíssima aposentadoria.”
“... temos ganhado consciência e que a vida
toda é um aprendizado, até o último segundo, e começas a ver muitas coisas num
momento...”
“Uma conclusão que tirei após muitos anos:
entre muitos erros que todos temos cometido, o erro mais importante foi
acreditar que alguém sabia de socialismo, ou que alguém sabia como se constrói
o socialismo. Parecia ciência sabida,
tão sabida como o sistema elétrico concebido por alguns que se consideravam
peritos em sistemas elétricos. [...] seriamos
estúpidos se acreditarmos, por exemplo, que a economia –e que me perdoem as
dezenas de milhares de economistas que há no país- é uma ciência exata e
eterna, e que existiu desde a época de Adão e Eva.
“Perde-se todo o senso dialético quando
alguém acredita que essa mesma economia de hoje é igual a aquela de 50 anos
atrás, ou 100 anos, ou há 150 anos, ou é igual à época de Lênin ou à época de Carlos Marx. A mil léguas de meu pensamento o revisionismo,
faço um verdadeiro culto a Marx, a Engels e a Lênin.”
Quando estudante soube teoricamente o que era
comunismo utópico, descobri que eu era um comunista utópico, porque todas
minhas idéias partiam de: “Isto não é bom, isto é mau, isto é um erro. Como vão
surgir as crises de superprodução e a fome quando há precisamente, mais
capacidade de criar riquezas. Não seria
mais simples produzi-las e reparti-las ?
Naquela altura parecia, como também achava
Carlos Marx na época do Programa de Gotha,
que o limite à abundancia radicava no sistema social; parecia que na medida em
que se desenvolviam as forças produtivas podiam produzir, quase sem limites, o
que o ser humano precisava para satisfazer suas necessidades essenciais de tipo
material, cultural, etc.
“Quando escreveu livros políticos, como O 18
Brumário, As lutas Civis na França, era um gênio escrevendo, tinha uma
interpretação claríssima. Seu Manifesto
Comunista é uma obra clássica. Você pode
analisá-la, pode ficar mais o menos satisfeito com umas coisas ou com
outras. Eu passei do comunismo utópico
para um comunismo baseado em teorias serias do desenvolvimento social...”
“Neste mundo real, que deve ser mudado, todo
estratega e táctico revolucionário, tem o dever de conceber uma estratégia e
uma estratégia que guiem ao objetivo fundamental de cambiar este mundo real. Nenhuma tática ou estratégia que divida seria
boa.
“Tive o privilégio de conhecer aos da
Teologia da Libertação uma vez no Chile, quando visitei a Allende no ano 1971,
e lá encontrei muitos padres ou representantes de diversas denominações
religiosas, e colocavam a idéia de juntar forças e lutar, sem levar em conta
suas crenças religiosas.
“O mundo está precisando desesperadamente de
uma unidade, Sé não conseguirmos conciliar o mínimo dessa unidade, não
chegaremos a lugar nenhum.
“Lênine, sobre tudo estudou as questões do
Estado; Marx não falava da aliança operário-camponesa, morava num país com
grande auge industrial; Lênine viu o mundo subdesenvolvido, viu aquele país
onde 80% ou 90% era camponês, e embora tivesse uma força operária poderosa nas
ferrovias e nalgumas industrias, Lênine viu com absoluta clareza a necessidade da aliança operária-camponesa,
da qual ninguém tinha falado, todos tinham filosofado, mas não tinham falado ao
respeito. E num enorme país semi-feudal,
semi-subdesenvolvido, é onde se produz a primeira revolução socialista, a
primeira tentativa verdadeira de uma sociedade igualitária e justa; nenhuma das
precedentes que foram escravistas, feudais, medievais, ou anti-feudais,
burguesas, capitalistas, embora falassem muito em liberdade, igualdade e
fraternidade, nenhum se propôs jamais uma sociedade justa.
“Ao longo da história, o primeiro esforço
humano sério tentando criar a primeira sociedade justa, começou há menos de 200
anos...”
“Com dogmatismo jamais se tivesse chegado a
uma estratégia. Lênine nos ensinou
muito, porque Marx nos ensinou a compreender a sociedade; Lênine nos ensinou a
compreender o Estado e o papel do Estado.”
“... quando a URSS se derrubou e ficou
sozinha, muita gente, entre elas nós, os revolucionários cubanos. Mas nós sabíamos o que devíamos fazer, e o
que tínhamos de fazer, quais eram nossas opções. Também estava o resto dos
movimentos revolucionários em muitas partes travando sua luta. Não direi quais, não vou dizer quem; mas se
tratava de movimentos revolucionários muito sérios, nos perguntaram se
negociavam ou não perante aquela situação desesperada, se continuavam lutando
ou não, ou se negociavam com as forças contrárias procurando uma paz, quando
nós sabíamos a que conduzia aquela paz.”
“... Eu lhes dizia: “Vocês não nos podem
pedir nossa opinião, são vocês os que iriam a lutar, são vocês os que
morreriam, não somos nós. Nós sabemos o que faremos, e o que estamos dispostos
a fazer; mas isso só pode ser decidido por vocês.”. Ai estava a mais extrema manifestação de
respeito ao resto dos movimentos e não a tentativa de impor baseados nos nossos
conhecimentos e experiências e o enorme respeito que sentiam por nossa
Revolução para saber o peso de nossos pontos de vista.”
“Acho que a experiência do primeiro Estado
Socialista, Estado que deveu compor-se e jamais destruir-se, tem sido muito
amarga. Não pensem que não temos pensado
é muitas ocasiões nesse fenômeno incrível mediante o qual uma das mais
poderosas potências do mundo, que conseguiu equiparar sua força com a outra
superpotência, um país que pagou com a vida de mais de 20 milhões de cidadãos a
luta contra o fascismo, um país que esmagou ao fascismo, desabou como se
desabou.
“Será que as Revoluções estão chamadas a se
derrubarem, ou será que os homem podem fazer com que as revoluções se
derrubem?. Os homens podem ou não impedir, a sociedade pode ou não pode impedir
que as revoluções se derrubem?. Até
poderia acrescentar-lhes uma pergunta imediatamente. Acham que este processo revolucionário,
socialista, pode ou não derrubar-se?
(Exclamações de: “Não!”) Pensaram nisso alguma vez? Pensaram-no com profundeza?
“Sabiam de todas estas desigualdades que
estou falando? Conheciam certos hábitos generalizados? Sabiam que alguns ganhavam no mês quarenta ou
cinqüenta vezes o que ganha um desses médicos que está lá nas montanhas da
Guatemala, membro do contingente “Henry Reeve”? Pode estar noutros lugares
distantes da África. Pode até estar a milhares de metros de altura, nas
cordilheiras do Himalaia salvando vidas e ganha 5%, 10% do que ganha um ladrão
destes que vende gasolina aos novos ricos, que desvia recursos dos portos em
caminhões e por toneladas, que rouba nas lojas de divisa, que rouba num
hotel cinco estrelas, talvez trocando a garrafa de rum por outra que procurou,
a põe no lugar da outra e arrecada todas as divisas com as que vendeu os goles
que podem sair da garrafa de um tipo de rum mais ou menos bom.”
“Também se pode explicar por que hoje já não
talhamos mais a cana, não há quem a corte e as pesadas máquinas destroem os
canaviais. Os abusos do mundo
desenvolvido e os subsídios levaram os preços do açúcar que foram, naquele
mercado mundial, o preço do lixeiro de açúcar, enquanto que em Europa pagavam
duas ou três vezes mais a seus agricultores.”
“Eles estão aguardando um fenômeno natural e
absolutamente lógico, que é o falecimento de alguém. Neste caso me honraram
consideravelmente ao pensar
“Sim, eu tive uma queda muito grande, ainda
estou reabilitando-me deste braço (assinala), e vai melhorando. Agradeço muitíssimo as circunstancias em que
se quebrou meu braço, porque me obrigou a ter ainda mais disciplina, mais
trabalho, a dedicar mais tempo, a dedicar quase as 24 horas do dia a meu
trabalho, se já eu estava dedicando-as durante o período especial, agora dedico
cada segundo e luto mais do que nunca...”
”Esse caso é como aquele do cara (fazia
referência à revista Forbes)que
descobriu que eu era o homem mais rico do mundo.”
“Eu fiz uma pergunta para vocês, companheiros
estudantes, que não esqueci, nem sequer, e pretendo que vocês não a esqueçam
nunca, e é a pergunta que faço diante das experiências históricas conhecidas e
peço-lhes a todos, sem exceção, que reflitam: Pode ser ou não irreversível um
processo revolucionário? Quais seriam as idéias ou o grau de consciência que
tornariam impossível a reversão de um processo revolucionário?”
“O poder que tem uma liderança quando goza da
confiança do povo, quando confiam na sua capacidade. São terríveis as
conseqüências de um erro daqueles que têm maior autoridade, e isso aconteceu em
mais de uma ocasião nos processos revolucionários.
“São coisas que a gente medita. Estuda a
história, o quê aconteceu aqui, o quê aconteceu lá, o quê aconteceu lá, medita
sobre o que aconteceu hoje e sobre o quê acontecerá amanhã, para onde conduzem
os processos de cada país, para onde vai o nosso, como marchará o nosso, que
papel desempenhará Cuba nesse processo.”
“Foi por essa razão que eu disse aquela
palavra de que um dos nossos maiores erros no começo, e muitas vezes ao longo
da Revolução, foi acreditar que alguém sabia como se construía o socialismo.”
“Qual sociedade seria esta, ou que digna de
alegria quando nos reunimos em um lugar como este, um dia como este, se não
soubéssemos o mínimo do que se deve saber para que nesta ilha histórica, este
povo heróico, este povo que escreveu páginas não escritas por nenhum outro povo
na história da humanidade preserve a Revolução? Vocês não pensem que quem lhes
fala é um vaidoso, um charlatão, alguém que gosta do bluff. Transcorreram 46 anos e a história deste país é conhecida,
os habitantes deste país a conhecem; a daquele império vizinho também, o seu
tamanho, seu poder, sua força, sua riqueza, sua tecnologia, seu domínio sobre o
Banco Mundial, seu domínio sobre o Fundo Monetário, seu domínio sobre as
finanças mundiais, esse país que tem-nos imposto o mais brutal e incrível
bloqueio, sobre o qual se falou lá nas Nações Unidas e Cuba recebeu o apóio de
182 países que passaram e votaram livremente ultrapassando os riscos de votar
abertamente contra esse império. [...] Não apenas
fizemos esta Revolução com o nosso próprio risco durante muitos anos, em
determinado momento, tínhamos a certeza de que jamais se fossemos atacados
direitamente pelos Estados Unidos lutariam por nós, nem podíamos pedi-lo.”
Fazia referência à URSS.
“Com o desenvolvimento das tecnologias modernas
era ingênuo pensar ou pedir ou esperar que aquela potência lutara contra a
outra, se intervinha nesta pequena ilha que está aqui a 90 milhas, e tivemos a
certeza total de que nunca receberíamos esse apóio. Ainda mais: um dia lhes
perguntamos isso direitamente vários anos antes do seu desaparecimento:
‘Digam-no-lo francamente’ ‘Não.’ Responderam o que já sabíamos que íamos a
responder, e então, mais do que nunca, aceleramos o desenvolvimento da nossa
concepção e aperfeiçoamos as idéias tácticas e estratégicas com as que triunfou
esta Revolução e venceu, com uma força que inicia a sua luta com sete homens
armados contra um inimigo que dispunha 80 000 homens entre marinheiros,
soldados, policiais, etc, tanques, aviões, todo tipo de armas modernas que naquela
época podia-se possuir, era infinita a diferença entre nossas armas e as armas
que tinha aquela força armada treinada pelos Estados Unidos, apoiada pelos
Estados Unidos e fornecida pelos Estados Unidos.”
“Hoje temos muito mais do que sete fuzis, temos
todo um povo que aprendeu a utilizar as armas, todo um povo que, apesar de
nossos erros, tem tal nível de cultura, de conhecimento e de consciência que
nunca permitiria que este país se tornasse novamente em uma colônia deles.
“Este país pode autodestruir-se a si mesmo;
esta Revolução pode destruir-se, são eles os que hoje não podem destruí-la; nós
sim, nós podemos destruí-la e seria a nossa culpa.
“Tenho o privilégio de viver muitos anos,
isso não é um mérito, mas é uma excepcional oportunidade para dizer-lhes a
vocês, a todos os líderes da juventude, a todos os líderes das organizações de
massa, a todos os líderes do movimento operário, dos Comitês de Defesa da
Revolução, das mulheres, dos camponeses, dos combatentes da Revolução
organizados em todas as partes, lutadores durante anos que em cifra de centenas
de milhar cumpriram gloriosas missões internacionalistas..”
“... é impressionante ver os mais humildes
setores sociais deste país convertidos em 28 000 trabalhadores sociais e
centenas de milhar de estudantes universitários, universitários! Vejam que
força! E em breve veremos também em ação a aqueles que formamos há pouco tempo
na cidade esportiva.
“A cidade esportiva nos ensina sobre o
marxismo-leninismo; ensina-nos sobre as classes sociais; a cidade esportiva
reuniu há pouco tempo aproximadamente a 15 000 médicos e estudantes de medicina
e a alguns da ELAM, e outros que vieram inclusive de Timor Leste para estudar
medicina, nunca poderá se esquecer. Não acredito que se trate de um sentimento
pessoal de qualquer de nós.
“Nunca esta sociedade esquecerá essas imagens
das 15 000 batas brancas que ali se reuniram no dia em que se formaram os
estudantes de medicina, no dia em que foi criado o contingente “Henry Reeve”,
que já em um número considerável enviou suas forças para os lugares onde
aconteceram fenômenos excepcionais em um tempo muito mais breve do que
imaginávamos.
“Permitam-me dizer-lhes que hoje praticamente
o capital humano é, ou avança aceleradamente para tornar-se o mais importante
recurso do país, ultrapassando inclusive a o resto todos juntos. Não estou
exagerando.”
“Por ai descobrimos postos de gasolina
privados, alimentados com o combustível dos motoristas destes
caminhões-cisterna.
“Algo que é conhecido é que muitos dos
caminhões do Estado vão por um lado ou por outro e sempre alguém aproveita a
ocasião para visitar um parente, um amigo, uma família ou a namorada.
“Lembro aquela vez, há vários anos antes do
chamado período especial que vi rápido pela Quinta Avenida uma suntuosa carregadeira
frontal Volvo quase acabado de comprar, que naquela época custavam 50 000 ou 60
000 dólares. Senti curiosidade de saber para onde é que ia a aquela velocidade
e pedi ao escolta: “Espera, pergunta-lhe para onde vai, que te fale
francamente.” E confessou que ia visitar à namorada com aquele Volvo, que
corria a toda velocidade pela Quinta Avenida.
“Vereis coisas, Mio Cid – dizem que alguém
disse lá, seria Cervantes-, que farão falar às pedras.
“... coisas como essas aconteceram. E,
geralmente, o sabemos tudo, e muitos disseram: “A Revolução não pode; não, isto
é impossível; não, ninguém pode solucionar isto.” Sim, isto vai solucioná-lo o
povo, isto vai solucioná-lo a Revolução
e de que maneira. É apenas uma questão de ética? Sim, é, antes de mais, uma
questão de ética; mas, além disso, é uma questão econômica vital.
“Este é um dos povos mais esbanjadores de
energia combustível do mundo. Aqui ficou demonstrado, e vocês com toda a
honradez o disseram, e é muito importante. Ninguém sabe quanto custa a
eletricidade, ninguém sabe quanto custa a gasolina, ninguém sabe o valor que
tem no mercado. Ia dizer-lhes que é muito triste quando uma tonelada de
petróleo pode custar 400 e de gasolina 500, 600, 700 e por vezes chegou a
atingir 1000, e é um produto cujo preço não vai diminuir, alguns apenas
circunstancialmente e não por muito tempo, porque o produto físico se
esgota...”
“Nós vemos as nossas minas de níquel, que vão
deixando o buraco onde houve muito níquel. Isso também está acontecendo com o
petróleo, as grandes jazidas já apareceram e cada vez são menos. Esse é um tema
sobre o qual pensamos muito.”
“... mas existiam, se não me engano
aproximadamente 3 000 entidades que operavam divisas convertíveis e decidiam
com bastante amplitude as despesas em divisas convertíveis de seus lucros, se
compro isto ou aquilo, se pintar, se comprar melhor um carrinho e não continuo
com o carrinho velho que temos. Nós compreendemos que nas condições deste país
essa situação devia ser ultrapassada...”
Houve simplesmente que fechar as usinas
açucareiras ou íamos para a Fossa de Bartlett. O país tinha muitos economistas,
muitos, muitos e não tento criticá-los, mas com a mesma honestidade que falo
sobre os erros da Revolução posso perguntar-lhes por que não descobrimos que a
manutenção daquela produção, quando havia tempo que a URSS se derrubou, o preço
do petróleo era de 40 dólares por barril e o preço do açúcar estava muito
baixo, por que não se racionalizava aquela indústria e por que era preciso
semear 20 000 (1 caballeria =
“Havia muito tempo que a URSS tinha-se
derrubado, ficamos sem combustível do dia para a noite, sem matérias-primas,
sem alimentos, sem produtos para a higiene pessoal, sem nada. Talvez fosse
preciso que acontecesse o que aconteceu, talvez foi necessário que sofrêssemos
o que sofremos, dispostos, como estávamos a dar a vida cem vezes antes de
entregar a Pátria, antes de entregar a Revolução...”
“Talvez foi necessário porque temos cometido
muitos erros, e são os erros que estamos tentando retificar, se quiserem, que estamos retificando.”
“...sem abuso de poder!, nada justificaria
jamais que algum de nós tentara abusar do poder. Sim, devemos atrever-nos,
devemos ter coragem de dizer as verdades, [...] você não está obrigado a dizê-las
todas de uma vez, as batalhas políticas tem a sua táctica, a informação
adequada, seguem também o seu caminho. [...] Não importa o que digam os
bandidos e as notícias que cheguem amanhã ou depois de amanhã, ri melhor quem
ri por último.”
“A questão não é imprimir notas e
distribuí-las sem terem equivalente em mercadorias ou serviços...”
“Finalmente demos as casas de
presente, alguns as compravam, eram donos, pagaram 50 pesos mensais, 80 pesos,
bom, segundo a troca, se o recebiam de Miami, eram aproximadamente US$ 3.00;
alguns vendiam-na, US$ 15.000, US$ 20.000, no final dos anos a tinham
pagado com menos de US$ 500.
“Pode o país pode resolver seu problema de
habitação presenteando casas? Quem as recebia, o proletário, o humilde? Muitos
humildes receberam a casa de presente e depois venderam-na ao novo rico. Quanto
podia pagar o novo rico por uma casa? Isso é socialismo?
“Pode ser uma necessidade num momento
determinado, também pode ser um erro, visto que o país sofreu um golpe
esmagador, quando de um dia para o outro aconteceu o derrubamento da grande
potência e nos deixou sozinhos, e perdemos todos os mercados para o açúcar e
deixamos de receber víveres, combustível, até madeira para poder enterrar de
maneira cristã os nossos mortos. E todos
achavam: “Isso se derruba”, e os muito estúpidos ainda acreditam nisso, que
isto vai cair e se não acontece agora, depois. E quanto mais ilusões tenham e
mais pensem, mais devemos pensar nós, e mais conclusões devemos tirar, para que
a derrota jamais atinja este glorioso povo que tanto confia em nós todos.”
“Que o império não venha a criar
cárceres para torturar homens e mulheres progressistas do resto do continente
que se ergue atualmente decidido rumo à segunda e definitiva independência!”
“É melhor que não fique nada do
nosso passado nem de nenhum de nossos descendentes antes que tenhamos que viver
novamente uma vida tão repugnante e miserável.”
“Enganaram o mundo. Quando
surgiram os meios de comunicação em massa apoderaram-se das mentes e governavam
não só com mentiras, mas também com reflexos condicionados. Não é o mesmo uma
mentira que um reflexo condicionado: a mentira afeta o conhecimento; o reflexo
condicionado afeta a capacidade de pensar. E não é o mesmo estar desinformado
que perder a capacidade de pensar, porque já criaram-te os reflexos: “Isto é
mau, isto é mau; o socialismo é mau; o socialismo é mau”, e todos os ignorantes
e todos os pobres e todos os explorados dizendo: “O socialismo é mau” “O
comunismo é mau” e todos os pobres, todos os explorados e todos os analfabetos
repetindo: “O comunismo é mau. ”
“Cuba é má, Cuba é má”, disse o
império, o disse em Genebra, o disse em vários lugares, e todos os explorados
deste mundo, todos os analfabetos e todos os que não recebem atendimento
médico, nem educação, nem te emprego garantido, que não têm nada garantido: “A
Revolução Cubana é má, a Revolução Cubana é má”.
“De que falam? Que faze o
analfabeto? Como pode saber que o Fundo Monetário Internacional é bom ou mau, e
que os lucros são mais altos, e que o mundo é submetido e saqueado
incessantemente através de mil métodos desse sistema? Ele não sabe.
“Não ensinam a ler nem a escrever
as massas, todos os anos gastam um milhão de milhões em publicidade; e não é só
o que gastam, senão que gastam criando reflexos condicionados, porque ele
comprou Palmolive; aquele, Colgate; mais outro, sabonete Candado, porque,
simplesmente, o repetiram cem vezes, associaram-no a uma imagem bonita,
semearam-lhe, talharam-lhe o cérebro. Eles, que falam tanto a respeito da
lavagem de cérebro, talham-no, dão-lhe forma, tiram ao ser humano a capacidade
de pensar; e se fizessem isso com alguém formado na universidade que pode ler
um livro, seria menos grave.
“O que é que pode ler o
analfabeto? Como é que percebe que o estão enganando? Como á que percebe que a
maior mentira do mundo quer dizer que isso é democracia, o sistema podre que
impera aí e na maior parte, por não dizer em quase todos os países que copiaram
este sistema? [...] Isso é o que
faz com que a gente seja, transcorrido algum tempo, ainda mais revolucionário
do que era quando ignorava muita coisa e apenas conhecia os elementos da
injustiça e da desigualdade.
“No momento em que lhes digo isto não estou
teorizando, embora tenhamos que teorizar; estamos atuando, marchamos visando uma
mudança total de nossa sociedade.”
“O preço do petróleo não se
corresponde atualmente com nenhuma lei de oferta e demanda; seu preço depende
de outros fatores: da escassez, do esbanjamento colossal dos países ricos, e
ele não tem nada a ver com nenhuma lei econômica. É sua escassez perante uma
crescente e extraordinária demanda.”
“Instamos o povo todo a que
coopere nesta grande batalha, que não é só a batalha do combustível, da
eletricidade, é a batalha contra todos os roubos, de qualquer tipo, em qualquer
lugar.”
“Não
tenho nada contra ninguém, mas também não tenho nada contra a verdade. Não me
casei com a mentira, para aquele que se zangar, sinto muito, mas posso lhe
advertir de antemão que perderá a batalha, e não será um ato de injustiça nem
de abuso de poder.”
“Você
gasta finalmente US$ 1,9 por cada 300 quilowatts de eletricidade; quer dizer,
um preço de US$ 0,63 centavos por um quilowatt cubano de eletricidade. Que
maravilha!
“Quanto
gasta o povo de Cuba, por culpa desse dólar que enviaram a você de lá? Porque
este não foi um dólar que você ganhou, ou um peso, trabalhando [...] te mandam de lá, alguém que foi
sadio, tudo o que estudou foi gratuito desde que nasceu, não está doente, são
os cidadãos mais saudáveis que chegam aos Estados Unidos, têm uma lei de
ajuste, e, além disso, lhe proíbem enviar remessas.
“Lógico
que você não gastou nem um centavo do que lhe enviaram em medicina, a medicina
está subsidiada, se a comprou numa farmácia, essa que não se levaram nem
venderam por ai, você gastou 10% do que custam
“... um dia [...] a Revolução, com os instrumentos
desenvolvidos pela técnica, poderá saber onde se encontra cada caminhão, em
qualquer lugar, em qualquer rua. Ninguém vai poder fugir no caminhão e ir
visitar a tia, [...] a noiva. Não
é que seja mau visitar o familiar, o amigo, a noiva, mas não no caminhão
destinado para o trabalho...”
“É preciso aplicar também a máxima
racionalidade no salário, nos preços, nas aposentadorias e pensões. Zero
esbanjamento. [...]. Não somos
um país capitalista, em que tudo foi deixado ao azar.
“Subsídios ou gratuidade só nas coisas
essenciais e vitais. [...] E com que
pagamos os custos? [...] Tudo isso
está ao nosso alcance, tudo pertence ao povo, a única coisa não permissível é
esbanjar riquezas de forma egoísta e irresponsável.
“Realmente, minha intenção não era ministrar
uma conferência sobre temas tão sensíveis, mas teria sido um crime não
aproveitar essa oportunidade para dizer algumas coisas que têm a ver com a
economia, com a vida material do país, com o destino da Revolução, com as
idéias revolucionárias, com as razões pelas quais iniciamos esta luta, com a
força colossal que temos hoje, o país que somos e poderemos continuar sendo, e
muito mais do que somos.”
“Falo a vocês com toda a confiança com que
lhes posso falar.”
“...o país terá muito mais, mas não será
jamais uma sociedade de consumo, será uma sociedade de conhecimentos, de
cultura, do desenvolvimento humano mais extraordinário que possa ser concebido,
desenvolvimento da cultura, da arte, da ciência
[...]
com uma plenitude de liberdade que ninguém poderá tolher. Isso sabemos
hoje, não é preciso proclamá-lo, embora sim lembrá-lo.”
“Ninguém deve ter direito de fabricar armas
nucleares. Ainda menos o privilégio que pretende ter o imperialismo para impor
seu domínio hegemônico e tirar aos países do Terceiro Mundo seus recursos
naturais e matérias-primas.”
“Deve acabar no mundo a prepotência, os
abusos, o império da força e do terror. Este desaparece diante da ausência
total de medo e cada vez são mais os povos que têm menos medo, cada vez serão
mais os que se revoltem e o império não poderá sustentar o infame sistema que
ainda sustenta.”
“É justo demais lutar por isso, e por isso
devemos empregar todas nossas energias, todos nossos esforços, nosso tempo
todo, para poder dizer na voz de milhões ou de centenas ou de bilhões. Vale a
pena ter nascido! Vale a pena ter vivido!”
Foi assim que conclui aquele discurso, que
hoje ratifico novamente.
Muito obrigado
17 de novembro de 2010